José
de Matos-Cruz | 24 Junho 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
TESTEMUNHOS
Antigo
crítico dos Cahiers
du Cinéma,
já após a licenciatura, Claude Chabrol estreou-se como realizador
em finais dos anos ’50. Autor de um ensaio sobre Alfred Hitchcock
com Eric Rohmer, actor e produtor, assinou alguns filmes essenciais
nas duas décadas subsequentes, em França, focando a solidão
existencial, a perversão das relações, a decadência dos
compromissos - retalhos de primordial análise e encenação
sofisticada, quanto à derrocada burguesa. Assim privilegia uma
atmosfera oculta, interiormente ritualizada, cuja fatalidade criminal
contamina
vivências e afeições, sob os signos do bem e do mal, a um ritmo
avassalador, pela patente cínica na fluidez dos diálogos,
contrastando as regras convencionais do espectáculo americano. Em
teoria e tarefa partilhada com François Guérif, Chabrol assumiu
Como
Fazer Um Filme -
lançado por Publicações Dom Quixote, na colecção Arte e
Sociedade - para aspirantes e diletantes, abordando todas as fases de
um processo criativo e técnico, complexo e virtual, em que a vasta
experiência coteja a indústria com a mesma displicência que
referencia as escolas de cinema. Reflectindo, afinal, o testemunho do
engenho sobre o testamento de génio: «Disse, quando era
principiante, que não são precisas mais de quatro horas - mesmo não
sendo dotado - para aprender a realização, e ainda o penso».
CALENDÁRiO
20OUT2018-12JAN2019
- Em Lisboa, Galeria Zé dos Bois apresenta Querela
- exposição de objectos, esculturas e peças de parede de Liz Craft
(EUA).
07NOV2018-10MAR2019
- Em Lisboa, Museu Colecção Berardo apresenta Purple
- instalação de vídeo em seis ecrãs por John Akomfrah (GB).
1922-12NOV2018
- Stanley Martin Lieber, aliás Stan Lee: Autor americano de
quadradinhos, argumentista e editor, presidente da Marvel Comics,
cocriador de Spider-Man,
Hulk,
Doctor Strange,
Fantastic Four,
Daredevil,
X-Men,
Iron Man
ou Thor
- «Personagens de carne e osso, com personalidade. É isso que
qualquer história deve ter, mas as bandas desenhadas não o
exprimiam… Havia, apenas, bonecos de papel» (1992).
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1936-15NOV2018
- António Emanuel Comprido Dias de Deus, aliás António Dias de
Deus: Investigador e ensaísta português de quadradinhos, autor de
Os Comics Em Portugal - Uma
História da Banda Desenhada (1997)
- «Consideradas sob uma perspectiva socio-económica, as histórias
aos quadradinhos só alcançam especificidade cultural quando atingem
o estádio em que são impressas, distribuídas e vendidas a muitas
pessoas por baixo custo.». IMAG.526
23NOV2018-17FEV2019
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta
North South /East West
- exposição de fotografia de Ted Witek.
24NOV2018-31MAR2019
- Em Vila
Franca de Xira, Museu do Neo-Realismo apresenta O
Mundo Começou às 5 e 47 -
exposição de Hugo Canoilas, Miguel Castro Caldas e Tatiana Macedo,
sendo curadoras Sandra Vieira Jürgens e Paula Loura Batista, e dando
continuidade ao ciclo de arte contemporânea Cosmo/Política.
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COMENTÁRiO
Sinto
falta do verde, o verde é o alimento moral, o verde mantém a
suavidade das atitudes e a quietude da alma. Se tirar esta cor à
vida, tudo ficará seco e mau. Os animais ferozes devem o seu
carácter unicamente ao facto de não viverem entre o verde. Eu,
quando encontro um arbusto, colho algumas folhas e meto-as no bolso.
Depois, no meu quarto, olho-as com amor e pego-lhes carinhosamente.
Antoine
de Saint-Exupéry
-
Cartas do Pequeno Príncipe
MEMÓRiA
24JUN1930-12SET2010
- Claude Henri Jean Chabrol, aliás Claude Chabrol: Cineasta francês,
realizador, produtor, argumentista e actor - «A estupidez é
infinitamente mais fascinante do que a inteligência. A inteligência
tem as suas restrições. Para a estupidez, não há limites».
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24JUN1970-2012
- Bernardo da Costa Sassetti Pais, aliás Bernardo Sassetti:
Compositor e pianista português, bisneto de Sidónio Pais,
sobrinho-neto de Luís de Freitas Branco - «Nunca tive nenhum músico
com quem tivesse uma sintonia tão profunda. Eu vou para cantar, e
ele já sabe o que vou fazer. De repente, tenho uma inflexão, e o
Bernardo cala-se e pega na minha inflexão» (Carlos do Carmo).
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1882-27JUN1970
- Pierre Dumarchey, aliás Pierre Mac Orlan: Novelista e letrista
francês - «A natureza e os
livros pertencem aos olhos de quem os vê… As
palavras são mais misteriosas do que os próprios factos».
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29JUN1900-1944
- Antoine Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry,
aliás Antoine de Saint-Exupéry: Escritor e ilustrador francês,
autor de O Principezinho / Le
Petit Prince - «As
pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações… Nunca
compreendem nada sozinhas, e é fatigante para as crianças estarem
sempre a dizer-lhes como as coisas são».
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1922-29JUN2000
- Vittorio Ambron Gassman, aliás Vittorio Gassman: Actor italiano do
cinema e do teatro - «O único erro de Deus foi não ter dado duas
vidas ao ser humano: uma para ensaios, outra para actuar».
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ANUÁRiO
1800-1872
- José da Costa Sequeira: Professor de Desenho de Arquitectura da
Academia Real de Belas Artes desde 1836, autor de Nocões
Theoricas de Architectura Civil,
«distinto criador e ornamento da arte nacional» (Diário
de Notícias - 08NOV1872).
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VISTORiA
Quando
lhes falamos de um novo amigo, as pessoas nunca se informam do
essencial. Não perguntam: «Qual é o som da sua voz? Quais os
brinquedos que prefere? Será que colecciona borboletas?» Mas
perguntam: «Qual é sua idade? Quantos irmãos tem? Quanto pesa?
Quanto ganha o seu pai?» Só então é que elas julgam conhecê-lo.
Se dizemos às pessoas crescidas: «Vi uma bela casa de tijolos
cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado…», elas não
conseguem, de modo nenhum, fazer uma ideia da casa. É preciso
dizer-lhes: «Vi uma casa de seiscentos contos». Então, elas
exclamam: «Que bonita!»
Antoine
de Saint-Exupéry
-
O Principezinho
TRAJECTÓRiA
Nasceu
na freguesia de Nossa Senhora da Ajuda, em Belém, em 1800. Filho de
Pedro Victor da Costa Teixeira e de D. Mariana Rosa das Dominações.
Seu pai fora alferes do Regimento de Infantaria N.º 1, fizera parte
da Legião Portuguesa, e morreu na famigerada retirada da Rússia em
1811. José da Costa não tinha o apelido Sequeira. Começou a usá-lo
com licença de seu tio materno, o célebre pintor Domingos António
de Sequeira. Estudou na Casa do Risco, no real Palácio da Ajuda,
desde 1818 até 1821, em que o promoveram a ajudante arquitecto
supranumerário, lugar que desempenhou sob a direcção dos
arquitectos Fabri e Rosa, até 1824, em que o despacharam para as
obras públicas. Desde essa época entrou em comissões diversas, e
foi incumbido de obras de muita importância, como em Cascais,
Sesimbra e Runa; do plano da Igreja da Senhora da Rocha, em Linda a
Pastora, de 1828 a 1832; da direcção dos trabalhos do Jardim de S.
Pedro de Alcântara, em 1836; da construção do quartel para o
antigo Batalhão Naval, em 1845; da construção do edifício para o
Real Observatório Astronómico de Lisboa, do plano para a conclusão
do Real Paço da Ajuda, do jazigo real de São Vicente de Fora. Um
dos fundadores e primeiro secretário da Associação dos Arquitectos
Civis Portugueses, secretário da Academia de Belas Artes de Lisboa;
sócio correspondente da Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro e
de outras sociedades estrangeiras; cavaleiro da Ordem de São Tiago,
do mérito científico, literário e artístico. Era homem de estudo
e de muita aplicação, e por isso respeitado na sua classe.
Silvestre Pinheiro Ferreira convidara-o para a direcção da secção
artística da Encyclopedia
Portugueza, e o Visconde de
Castilho pediu-lhe para escrever uma nota para a Traducção
dos Fastos. Colaborou no
Archivo da Associação dos Architectos. Morreu na sua casa de Lisboa
em 1872.
Representar,
não está longe da loucura. Um actor trabalha, projectando o seu
carácter nos outros. É uma espécie de esquizofrenia.
Vittorio
Gassman
Há
quem crie pontes, e inove na investigação médica. Eu comecei a
escrever histórias sobre pessoas fictícias que faziam coisas
extraordinárias e alucinantes, e vestiam fatos de super-heróis. Mas
acho que acabei por perceber que o entretenimento não é facilmente
descartado…
Stan
Lee
(2014)
BREVIÁRiO
A
Casa dos Ceifeiros edita Bom
Dia, Tristeza de Françoise
Sagan (1935-2004); tradução de Isabel St. Aubyn, ilustração de
Mily Possoz. IMAG.13-63-484-520
Edições
do Saguão lança A Balada do
Velho Marinheiro de S.T.
Coleridge (1772-1834); tradução e posfácio de Alberto Pimenta. IMAG.391-476
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