O
novo segmento de Aurora Boreal, criada por José de Matos-Cruz,
corresponde ao 4º Universo da primeira série, O Princípio
Infinito, e intitula-se A Mecânica Celeste. A edição, sob chancela
Apenas Livros, será apresentada no próximo encontro da Tertúlia BD
de Lisboa (na Casa do Alentejo), no dia 4 de Dezembro, a
partir das 19h, onde igualmente estarão disponíveis para consulta e
para aquisição os restantes #1, #2 e #3.
Explorando
o universo criativo de uma Lisboa misteriosa e
mágica, povoada por super-heróis e seres sobrenaturais, que fora
revelada originalmente na saga d'O Infante Portugal, a enigmática
Aurora Boreal prossegue, assim, as suas aventuras por novos mundos, e
através de outras realidades e dimensões.
Aurora
Boreal e O Princípio Infinito: Quarto Universo – A Mecânica
Celeste é o último de quatro livros de cordel do ciclo inicial
desta heroína, concebida por Susana Resende e com ilustrações
suas, e dos artistas Daniel Maia, Teotónio Agostinho e Renato Abreu,
que igualmente assina a capa e a contracapa desta edição
culminante. O livro é completado por uma galeria de esboços e de
desenhos adicionais, e um foto-painel da autoria de Renato Abreu, com
texto de José de Matos-Cruz.
Aurora
Boreal Surgiu na saga d’O Infante Portugal, nascida de uma
relação efémera entre a soviética Oktobraia e o cósmico
Malsão. Irradiando além das luzes e das trevas, a sua aparência
torna-se Presente, ao romper os ciclos da infância e da
realidade, pelo capricho súbito e intenso de uma libertação…
A
Mecânica Celeste
Odores
pestilentos, sabores equívocos e ruídos estridentes...
Isto
tudo misturado, invisível ao foco cintilante – que
desvenda
os graus e degraus da realidade,
revela
os perigos da volúpia humana, dispersa as trevas infinitas ou
precárias.
Farol
do Bugio. Garras astrais ou ancestrais ali o cravaram,
volúvel,
como um caleidoscópio profundo e paradoxal.
Aurora
Boreal e O Princípio Infinito
Quarto
Universo: A Mecânica Celeste
(Apenas
Livros)
Autor:
José de Matos-Cruz
Ilustração:
Renato Abreu,
Daniel
Maia, Susana Resende e Teotónio Agostinho
BD: Renato Abreu (arte) + José de Matos-Cruz (texto)
José
de Matos-Cruz | 01 Março 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
EXPERIÊNCIAS
«Confesso
que tenho ideias formadas sobre os quadradinhos, a sua importância
como arte e expressão. Em minha opinião, não se trata de uma
linguagem autónoma, se bem que raros criadores têm logrado uma obra
incomparável, embora nem sempre reconhecida pelo público» - assim
fala Max
Cabanes,
um dos mais prestigiados autores de banda desenhada, na expressão
franco-belga. Revelado entre nós por Cabra
Cega
/ Colin Maillard
- galardoado em 1990 com o Grande Prémio no Festival de Angoulême
-, Cabanes regressou com Paixões
(1996),
a partir de um insinuante e ousado argumento de Sylvie
Brasquet.
A
acção decorre em 1975, relatando as experiências de férias, em
Inglaterra, da jovem Pascale, aluna do austero Colégio de St.
Joseph. Sexo, religião, valores e preconceitos, revelações e
libertinagem, contrastam-se numa narrativa insólita, irónica, entre
o discurso convencional e a ilustração sem complexos. Em causa, o
retrato simbólico e crítico de uma época em que a crise de
mentalidades, por tempos de rotura e transição, representaria uma
vivência determinante para o mundo presente. Afinal, como remataria
Cabanes, «é preciso não ficarmos presos ao passado - as coisas
evoluem e, com elas, nós próprios e as nossas expectativas».
IMAG.524
CALENDÁRiO
13JUL-16SET2018
- Em Coimbra, Museu Nacional de Machado de Castro expõe, em Tesouros
Partilhados com Museu
Nacional Grão Vasco, Virgem
da Ternura - Ícones Russos do Legado Pereira da Gama.
18ABR-01SET2018
- Em Matosinhos, Casa do Design expõe Portugal
Imaginário - Turismo, Propaganda e Poder (1910-1970),
sendo curadores José Bártolo e Sara Pinheiro.
09AGO-22SET2018
- No Porto, Maus Hábitos apresenta no ciclo Caravana,
promovido por Saco Azul, Eu
Nunca Emergi / Emergir Para Afundar
- exposição de pintura, fotografia, escultura e arte digital de
Volkan Diyaroglu (Turquia).
1932-11AGO2018
- Vidiadhar Surajprasad Naipaul, aliás Vidia Naipaul, aliás V.S.
Naipaul: Escritor e jornalista britânico, nascido em Trinidad, autor
de The Mistic Masseur (1957),
distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (2001) - «Eu sou a
soma dos meus livros». IMAG.460
1947-13AGO2018
- Filipe Alberto do Paço d’Oliveira Mendes, aliás Filipe Mendes,
aliás Phil Mendrix:
Músico português de rock,
compositor, instrumentista e vocalista, ligado a Os Chinchilas,
Roxigénio ou Ena Pá 2000 - «Desde cedo considerado um virtuoso da
guitarra eléctrica, e conhecido como o
Jimi Hendrix português»
(Luís Miguel Queirós).
1942-16AGO2018
- Aretha Louise Franklin, aliás Aretha Franklin, aliás the
Queen of Soul:
Cantora e pianista americana, compositora, empresária e produtora,
intérprete de Respect
(1967) - «Eu sou a minha música».
IMAG.211
28SET2018
- Em Matosinhos, Casa da Arquitectura expõe Infinito
Vão - 90 Anos de Arquitectura Brasileira,
sendo curadores Fernando Serapião e Guilherme Wisnick.
COMENTÁRiO
Frédéric
Chopin
A
sua apresentação foi sempre nobre e bela; os seus tons cantados,
ora num forte
ora no mais suave piano. Teve de passar por infinitas dores, para
ensinar aos pupilos o seu legato,
o seu estilo cantabile
de tocar. A sua crítica mais severa era: «Ele – ou ela – não
sabe como combinar duas notas simultaneamente». Exigia, também, uma
precisa adesão ao ritmo. Odiava tudo o que fosse vagaroso e
demorado, como rubatos
fora do lugar, ou exagerados andamentos…
E é precisamente a esse respeito que as pessoas cometem os maiores
erros, ao tocar as suas obras.
Friederike
Muller
VISTORiA
As
irmãs não se entregavam a grandes conversas. Agatha, loura, baixa e
decidida, revoltava-se contra a atmosfera doméstica, contra a
doutrina da outra face.
Sobrevivia só no mundo, e estava a ponto de conquistar a sua
independência. Insistia no valor dos juízos mundanos, das
aparências, das maneiras, da situação social, coisas que Miriam
desdenhava.
D.H.
Lawrence
-
Filhos e Amantes
(1913 - excerto)
MEMÓRiA
MAR1360-1415
- Philippa of Lancaster, aliás D. Filipa de Lencastre, Rainha de
Portugal: Princesa inglesa, filha do primeiro Duque de Lencastre,
casou com El-Rei D. João I (1387), tendo fortalecido por laços
familiares os acordos do Tratado de Aliança Luso-Britânica, que
perdura até hoje. IMAG.43
01MAR40-104
- Marco Valério Marcial: Poeta hispano-latino - «O homem bom amplia
o espaço da sua vida: poder usufruir da vida passada, é poder viver
duas vezes». IMAG.495
01MAR1810-1849
- Fryderyk Franciszec, aliás Frédéric
Chopin: Pianista polaco radicado em França, compositor do período
romântico - «O meu desejo é que conseguisse eliminar todos os
pensamentos que envenenam a minha felicidade, mas acabo por tirar uma
espécie de prazer ao ser indulgente com eles».
1885-02MAR1930
- David Herbert Lawrence, aliás D.H. Lawrence: Escritor inglês -
«Come e embriaga-te com Baco, ou mastiga pão seco como Jesus, mas
não fiques sentado sem um dos deuses».
IMAG.50-58-280-401-530-593-656-669
02MAR1930-2018
- Thomas Kennerly Wolfe, aliás Tom Wolfe: Escritor e jornalista
americano, ficcionista e ensaísta, autor de A
Fogueira das Vaidades (1987)
- «Provavelmente, o mais dotado escritor americano, pois consegue
fazer mais coisas com palavras do que qualquer outro» (William F.
Buckley). IMAG.120-729
03MAR1920-2011
- Ronald William Fordham Searle, aliás Ronald Searle: Ilustrador e
cartoonista britânico, autor de St
Trinian’s School (1948) -
«Até ao fim, com um lápis e um pedaço de papel, continuou a
desenhar tranquilamente, o que nos dá ideia da diferença de
carácter entre ele e um ser humano comum» (Russell Branddon).
IMAG.390
04MAR1810-1879
- José Feliciano de Castilho Barreto e Noronha, aliás Castilho
José, aliás José Feliciano de Castilho - Escritor, bibliotecário
e jornalista português, radicado no Brasil - «Em nome do progresso,
que abrandou os nossos hábitos, da Constituição, cujo espírito
suprime os escusados padecimentos corporais, da lei, que apagou em
nossos códigos as manchas de sangue, apareça de novo uma lei de
bronze, declarando o divertimento nacional dos touros impolítico,
imoral, impossível». IMAG.698
05MAR1930-2011
- Jean Tabary: Ilustrador francês de banda desenhada, nascido na
Suécia, criador de Iznogoud
(1962, com René Goscinny) - «Je veux être calife à la place du
calife!». IMAG.119-372
06MAR1930-2014
- Lorin Varencove Maazel, aliás Lorin Maazel: Maestro americano,
violinista e compositor - «Um sobredotado - porque não dizê-lo: um
génio, na pura acepção da palavra. Para ele, tudo vinha com
facilidade, tudo absorvia, tudo dominava. Era brilhante» (B.M. -
Diário de Notícias).
IMAG.222-525
PARLATÓRiO
Frédéric
Chopin
A
sua aparência fazia lembrar algumas plantas de finos caules, que o
menor contacto pode quebrar.
Franz
Liszt
Ninguém
encarna tão completamente a ligação entre os espirituais
afro-americanos, os blues,
o R&B
e o rock’n’roll,
o modo como a diversidade e o sofrimento se transformam em algo cheio
de beleza, e vitalidade, e esperança.
Barack
Obama
BREVIÁRiO
Dom
Quixote edita Se Numa Noite de
Inverno Um Viajante de Italo
Calvino (1923-1985); tradução de José Colaço Barreiros.
IMAG.51-439-482-531-631-676-686
Warner
edita em CD, Hitchhiker de
Neil Young. IMAG.101-157-254-339
Dom
Quixote edita O Nosso Agente
Em Havana de Graham Green
(1904-1991); tradução de Ana Lourenço.
IMAG.10-160-180-387-388-485-671-676
EXTRAORDINÁRiO
OS
SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico
A
MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS -
10
Inquieto,
extrovertido, Damião de Magalhães ia-se teimando de que apenas lhe
prezaria um qualquer refúgio solitário. Agora, que recobrava em
razão, de onde ousara por megalomania. Sem glória, encoberto, ante
o dissoluto e o ouropel. Onde o céu levantara a névoa,
dissipar-se-ia o seu fascínio. Quando o escorbuto não o vitimara,
torturavam-no já os escrúpulos.
José
de Matos-Cruz | 24 Fevereiro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
FATALIDADE
Ultrapassando
a mera cinefilia sobre uma obra de culto, o fenómeno de Princesa
Mononoke/Princess
Mononoke
estende-se às virtualidades duma apreensão ocidental sobre um filme
genuinamente asiático, e em especial de características gráficas.
Nos Estados Unidos, foi considerada a mais importante animação
oriunda do Japão, até à data, permitindo ainda revelar Hayao
Miyazaki,
um realizador talentoso e sensível, com inspiração essencial no
imaginário tradicional e popular do seu país.
Estreada
em Tóquio em 1997, logrou o segundo maior sucesso comercial do ano.
A Miramax decidiu recriar
integralmente uma Versão
Inglesa
(1999), mantendo implícita fidelidade ao espírito
original. Por sugestão de Quentin Tarantino, seu admirador, foi
incumbido da supervisão Neil
Gaiman,
prestigiado escritor britânico de quadradinhos. Profundo conhecedor
das mitologias universais, tal como repercute em The
Sandman,
Gaiman devotou-se a uma intensa pesquisa sobre o lendário nipónico,
à época ritualizada por Princesa
Mononoke.
Em causa, a «floresta oriental do Século XVI», luxuriante e
fantástica. Quando os domínios naturais são devastados pelo clã
Tatara, o Grande Deus atribui extraordinários poderes às suas
divindades, assim aparecendo criaturas medonhas, ilusórias. Por
fatalidade, uma delas é morta pelo jovem Ashitaka, o último
guerreiro do clã Emishi, em risco de
extinção… IMAG.17-21-25-26-34-49-59-86-117-188-203-240-243-537-667-714-739
CALENDÁRiO
07JUL-14OUT2018
- Museu Municipal de Tavira expõe, com Museu Calouste Gulbenkian /
Colecção Moderna, Mulheres
Modernas Na Obra de José de Almada Negreiros
(1893-1970), sendo curadora Mariana Pinto dos Santos.
24JUL-07OUT2018
- Museu Municipal de Caminha apresenta, com Museu de Arte
Contemporânea de Serralves, Quase
Tudo o Que Sou Capaz -
exposição de pintura, desenho e escultura (1961-1989) de Ângelo de
Sousa (1938-2011), sendo curadora Paula Fernandes.
IMAG.91-349-373-393-604
26JUL-22AGO2018
- Em Lisboa, Sociedade Nacional de Belas-Artes apresenta, na Galeria
Pintor Fernando Azevedo, O
Espaço Onde Todos Cabem -
exposição de pintura de Ana Ruepp.
1923-01AGO2018
- Maria Celeste Rebordão Rodrigues, aliás Celeste Rodrigues:
Fadista portuguesa, irmã de Amália Rodrigues - «Nunca se meteu na
minha carreira artística, felizmente. Se não, eu tinha desistido.
Canto à minha maneira, canto as minhas cantiguinhas. Como eu sinto.
Nunca a imitei. Tentei fugir à maneira de ela cantar… Há tantos
alfaiates. Eu não tinha de ser como ela».
07AGO-04SET2018
- Em Lisboa, Instituto Cultural Romeno expõe Manifesto
de Mihai Ţopescu (Roménia).
PARLATÓRiO
Sermões
A
escolha é obra da graça, como diz o Apóstolo: «No tempo presente
subsiste um resto, por causa da escolha da graça». E acrescenta:
«Se isto foi pela graça, não foi pelas obras; de outra sorte, a
graça já não seria graça».
Ouve-me,
ó ingrato, ouve-me! «Não fostes vós que me escolhestes, mas eu
que vos escolhi». Não tens razão para dizer: fui escolhido porque
já acreditava. Se acreditavas nele, já o tinhas escolhido. Mas
ouve: «Não fostes vós que me escolhestes». Não tens razão para
dizer: antes de acreditar, já realizava boas acções, e por isso
fui escolhido. Se o Apóstolo diz: «O que não procede da fé é
pecado», que obras boas podem existir anteriores à fé? Ao ouvir
dizer: «Não fostes vós que me escolhestes», que devemos pensar?
Que éramos maus e fomos escolhidos para nos tornarmos bons, pela
graça de quem nos escolheu. A graça não teria razão de ser, se os
méritos a precedessem. Mas a graça é graça. Não encontrou
méritos, foi a causa dos méritos. Vede, caríssimos, como o Senhor
não escolhe os bons, mas escolhe para fazer bons.
«Eu
vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais frutos, e o
vosso fruto permaneça».
Santo
Agostinho
-
Comentários ao Evangelho de
São João
PARLATÓRiO
Quando
eu era mais jovem, a arte era uma coisa solitária. Sem galerias,
nenhum coleccionador, nenhum crítico. Nenhum dinheiro. Entretanto,
foi uma época de ouro. Pois não tínhamos nada a perder, e sim um
sonho para realizar. Hoje, não é a mesma coisa. É uma época de
muita conversa, de actividade, de consumismo. O que é melhor para a
sociedade como um todo, não me aventuro a conjecturar. Mas eu sei
que muitos dos que são induzidos neste tipo de vida estão,
desesperadamente, em busca daqueles momentos de tranquilidade, nos
quais nos podemos refazer e crescer. Devemos todos ter esperança de
encontrá-los.
Mark
Rothko
ANUÁRiO
354-430
- Aurélio Agostinho, dito de Hipona, aliás Santo Agostinho:
Escritor, filósofo, teólogo e bispo latino - «A esperança tem
duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação
ensina-nos a não aceitar as coisas como estão; a coragem,
esclarece-nos sobre o modo de as mudar». IMAG.19-34-116-227-282-481
MEMÓRiA
FEV1630-1684
- Josefa de Ayala Cabrera Figueira, aliás Josefa de Óbidos: Pintora
portuguesa barroca, nascida em Espanha e consagrada pelos trabalhos
de inspiração religiosa e pelas naturezas-mortas; raro exemplo de
mulher que, à sua época, exercia o ofício, assinava e datava os
seus quadros - que «traduzem a decepção de quem esperava muito
mais e não achou… Não tivesse a artista tanto nome e os pareceres
dos críticos seriam mais benévolos, pois sua pintura, embora sem
nada excepcional, possui relativo interesse» (Fernando de Pamplona).IMAG.264-475-567
1903-25FEV1970
- Markus Rothkowitz, aliás Mark
Rothko: Pintor russo, naturalizado americano - «Um quadro ganha
vida, na presença do espectador que for sensível, e cuja
consciência lhe atribui uma outra dimensão e amplitude».
IMAG.269-436
29FEV1920-2016
- Simone Renée Roussel, aliás Michèle Morgan: Actriz francesa de
teatro, cinema e televisão - «Espanta-me como os seus olhos se
podem tornar duros, a sua boca insolente e a sua voz cruel» (Robert
Chazal - 1957). IMAG.655
BREVIÁRiO
Dom
Quixote edita Manuel Maria Barbosa du Bocage
[1765-1805] - Antologia de
Poesia Erótica; organização
de Fernando Pinto do Amaral.
A
exposição Mulheres Modernas
Na Obra de José de Almada Negreiros
reúne 55 desenhos e pinturas – a maioria pertencente ao
acervo da Colecção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian –, assim
como excertos da obra literária do artista e textos publicados nos
jornais e revistas da época.
A
mulher moderna emancipada está presente na produção artística de
Almada: na moda dos anos vinte ou através da representação de
mulheres fumadoras, sedutoras, rebeldes, artistas, cantoras,
bailarinas, atrizes, desportistas ou acrobatas. No entanto,
ainda subiste o olhar masculino e voyeur que
dominou a história da arte, tornou o corpo feminino em objeto e fez
dele parte substancial da sua tradição.
A
figuração feminina enquanto força de trabalho também é evocada
através da representação de mulheres do mar, cuja expressão
endurecida e sofrida anuncia preocupações realistas, presentes na
obra plástica de Almada dos anos trinta.
Manifesto
Ao
longo de 2017, Mihai Ţopescu desenvolveu, na localidade de Poienari,
Roménia, um projecto de land
art intitulado Paradise
Forest, e que constou da
coloração de uma floresta para que o espetador se deparasse com um
espetáculo inédito, que fizesse soar um sinal de alarme em relação
à poluição ambiental, desmatamento e necessidade de proteger a
natureza.
«A
floresta está encarnada! O artista enche-nos com todos os seus
sentimentos, enquanto a natureza, a partir da qual Mihai Ţopescu
cria a sua realidade, nos chama para o seu templo. Aqui, no templo
cheio de colunas coloridas, subimos no silêncio de um dia de
descanso imaculado», comentou o crítico Adrian Buga.
O
projeto de land art foi
transposto para uma escultura-objeto-instalação, em jeito de
Manifesto.
Segundo
Mihai Țopescu,
«é uma luta pessoal com os meus semelhantes. Pretendo fazê-los
perceber que, mal pomos o pé num sítio, destruímo-lo. Enquanto
artista, não posso sair à rua e manifestar-me de uma forma
clássica, mas tento fazê-lo através de símbolos».
EXTRAORDINÁRiO
OS
SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico
A
MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS -
9
Ali,
Damião de Magalhães foi então surpreendido por uma populaça que,
aos morras e vivas, se acotovelava entre a língua das águas e uma
edificação monumental. O efémero e o eterno. Do morro descampado,
em transe, que um dia ele conhecera, mantinha-se apenas uma porção
de ervas e árvores, posta à qual aquela turba humana pudesse
restituir um frémito providencial.
José
de Matos-Cruz | 16 Fevereiro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
OUSADIAS
Uma
das mais fascinantes e talentosas duplas artísticas, na banda
desenhada de expressão europeia, Schuiten
& Peeters
formam uma parceria quase mítica pela singular e deslumbrante obra
publicada. Sob original chancela Casterman, Memórias
do Eterno Presente(1993),
do ciclo Les
Cités Obscures,
propõe uma variação sobre o universo do filme Taxandria
de Raoul Servais, do qual Benoît Peeters foi co-argumentista, sendo
a concepção gráfica de François Schuiten. Estamos no País do
Eterno Presente, seguindo a passagem de Aimé - um miúdo libertário,
como sempre atrasado de manhã, ao ir para a escola - pelas ruas e
edifícios dessa fantástica metrópole, solitária e arruinada. Uma
história que Aimé nos revela, curioso e ousado, enquanto
protagoniza um futuro virtual… Com uma alternativa titular em
Memórias
do Eterno Retorno,
eis a prodigiosa arquitectura do imaginário - plena de referências
irónicas e alegóricas, pela magistral recriação de Schuiten &
Peeters. Segundo este, «a partir da banda desenhada, podemos
referenciar outras famílias de imagem. Desde logo, há uma relação
privilegiada com os filmes clássicos».
IMAG.215-248-269-400-444-520-532
CALENDÁRiO
18ABR1918-19JUL2018-
Shinobu Hashimoto: Cineasta japonês, realizador e produtor,
argumentista (de Akira Kurosawa: Às
Portas do Inferno/Rashomon -
1950 e Os Sete
Samurais/Shichinin no Samurai
- 1954) - «A mera partilha de argumentos não gera clássicos ou
obras-primas, mas evita certas incongruências, que não escapam ao
cuidado de vários olhares» (2006).
13JUL-06OUT2018
- Em Braga, Gnration apresenta All
the Way Down - instalação
de Matthew Biederman (EUA), integrada no programa Scale
Travels, em parceria com o
Laboratório Ibérico de Nanotecnologia/LIN.
20JUL-23SET2018
- Em Lisboa, Galeria da Boavista apresenta Pálpembrana
- exposição de escultura, instalação e filme de Alice dos Reis,
sendo curadores Sara Antónia Matos e Pedro Faro.
23JUL-30SET2018
- Em Matosinhos, Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões apresenta
A Conspiração das Formas
- exposição colectiva / selecção de Obras
da Colecção de Serralves,
sendo curadora Gabriela Vaz-Pinheiro.
26JUL2018-31DEZ2019
- Em Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência
apresenta Moranças | Habitats
Tradicionais da Guiné-Bissau
- exposição de fotografia e desenho (1959-1960) de Fernando
Schiappa Campos, António Saragga Seabra e Amadeu de Castilho Soares,
sendo curadores Catarina Mateus e João Santos.
27JUL-14SET2018
- Em Lisboa, Galeria Abysmo apresenta Ilustração
Portuguesa - exposição
colectiva de trabalhos publicados em 2017-2018.
06-09SET2018
- Passeio Marítimo de Algés apresenta a quinta edição de Comic
Con Portugal - megaevento
cultural promovido por City Conventions in the Yard, incluindo
cinema, televisão, banda desenhada, literatura, o mundo do cosplay,
gaming, new media,
música, Pop Asia e expositores. IMAG.544-596-707-Extra
SUMÁRiO
Marcos
Portugal
Aos
nove anos, Marcos António da Fonseca Portugal ingressou no Seminário
da Patriarcal de Lisboa, onde estudou com João de Sousa Carvalho.
Viveu
oito anos em Itália, de Setembro de 1792 até 1800. Aí estreou pelo
menos 21 óperas, a maior parte delas bufas, com um sucesso sem
precedentes, e milhares de representações.
No
Rio de Janeiro, juntou-se à coroa real portuguesa, por vontade
expressa de D. João VI. Chega ali em 1811, compondo sobretudo música
sacra.
Com
a saúde debilitada, não acompanhou a corte no regresso a Lisboa.
Compôs um Hino da
Independência do Brasil,
cantado durante dezenas de anos.
Morreu
a 17 de Fevereiro de 1830, no Rio de Janeiro, aos 67 anos. Tinha
nascido em Lisboa, a 24 de Março de 1762.
30MAR2013
- Diário de Notícias
VISTORiA
A
Despedida
Três
modos de despedida Tem o meu bem para mim: - «Até logo»;
«até à vista»; Ou «adeus» – É sempre assim.
«Adeus»,
é lindo, mas triste; «Adeus»… A Deus entregamos Nossos
destinos: partimos, Mal sabendo se voltamos.
«Até
logo», é já mais doce; Tem distancia e ausência, é certo; Mas
não é nem ano e dia, Nem tão-pouco algum deserto.
Vale
mais «até à vista», Do que «até logo» ou «adeus»; «À
vista», lembra, voltando, Meus olhos fitos nos teus.
Três
modos de despedida Tem, assim, o meu Amor; Antes não tivesse
tantos! Nem um só… Fora melhor.
António
Correia de Oliveira
MEMÓRiA
16FEV1850-1911
- Maximiliano Eugénio de Azevedo, aliás Maximiliano d’Azevedo: -
Escritor e jornalista, militar português, autor de Histórias
das Ilhas-
Reminiscências dos Açores e da Madeira
(1909) - durante mais de dez anos, coadjuvou Latino Coelho na
preparação dos materiais para a história política e militar de
Portugal nos fins do Século XVIII e princípios do Século XIX.
1762-17FEV1830
- Marcos António da Fonseca Portugal, aliás Marcos Portugal:
Compositor português, e organista celebrado de música erudita, com
carreira e sucesso internacional - em 1792, partiu para Itália,
graças à protecção do príncipe regente e futuro Rei D. João VI;
em 1801, a sua ópera Non
Irritare le Donne
foi seleccionada para reabrir o Teatro Italiano de Paris.
IMAG.169-270-303-364
17FEV1930-2015
- Ruth Barbara Rendell, aliás Ruth Rendell: Escritora inglesa de
romances policiais, criadora do Inspector Reginald Wexford - «Uma
observadora elegante e perspicaz da sociedade, muitos dos seus
premiados thrillers
e mistérios psicológicos de crime sublinharam as causas ela
apoiava» (Gail Rebuck). IMAG.224-227-296-567
17FEV1940-1993
- Nelson Dias: Artista plástico português, ilustrador de Wanya
- Escala Em Orongo (1972) -
«A violência que perpassa é sempre contada em flashback,
como recordação - tanto do que vitimou Orongo, como do que ocorreu
na Terra, antes de ter superado uma atávica inclinação guerreira».
IMAG.166-173-178-263-385-404-551
1878-20FEV1960
- António Correia de Oliveira: Poeta português - «Cristão, um
trovador e um cavalheiro. Cantou, como os maiores, o sentimento do
Povo, o encanto da Terra e a fascinação do Céu» (Caldeira
Coelho). IMAG.668-699
22FEV1900-1983
- Luís Buñuel Portolés, aliás Luís Buñuel: Cineasta espanhol -
«A nossa memória é nossa consciência, a nossa razão, a nossa
acção, o nosso sentimento… Sem ela, somos nada. A imaginação é
o nosso primeiro privilégio, tão inexplicável como o fenómeno que
a provoca».
IMAG.172-263-314-369-428-501
TRAJECTÓRiA
NELSON
DIAS
Nasceu
em Matosinhos, a 17 de Fevereiro de 1940. Concluiu o Curso Superior
de Pintura em 1964, na Escola Superior de Belas Artes do
Porto/FBA-UP. Realizou a sua primeira exposição individual na
Galeria Quadrante/Lisboa, em 1968. Nos anos que se seguiram, realizou
várias encomendas para tapeçaria e, no campo da pintura, efectuou
intensa pesquisa numa linguagem pop,
que nunca veio a público. Em 1972, publicou o álbum de banda
desenhada Wanya, Escala Em
Orongo, com texto de Augusto
Mota. Em 1973, estes mesmos artistas concretizaram Copra,
a Flor da Memória.
Durante
a sua carreira, Nelson Dias participou em inúmeras exposições
colectivas, em Portugal e no estrangeiro, e realizou várias
exposições individuais, de que se destacam as últimas: 1989 -
Anamnésias
(Galeria São Francisco - Lisboa), 1990 - Metamorfoses
(Galeria AlfaMixta - Lisboa), 1991- Géneses
(Galeria Espiral - Oeiras). Está representado no Museu Armindo
Teixeira Lopes, no museu Bello Pinero na Corunha/Espanha, no Museu da
Caixa Geral de Depósitos e em inúmeras colecções particulares. À
data do seu falecimento, em 26 de Janeiro de 1993, fazia parte
integrante, como Professor Agregado, do corpo docente da FBA-UL, onde
exercia docência desde 1982.
Foi
distinguido com o 1º Prémio na Bienal de Desenho da Cooperativa
Árvore (Porto, 1985), o 2º Prémio no Concurso Internacional de
Desenho Perez Villaamil (Corunha/Espanha, 1988), o 1º Prémio de
Desenho na III Bienal de Escultura e Desenho das Caldas da Rainha
(1991), e o 1º Prémio de Pintura no V Concurso Internacional de
Pintura de Freiburg (Alemanha, 1992).
BREVIÁRiO
Dom
Quixote edita Vida e Obra de
Fernando Pessoa (1888-1935)
de João Gaspar Simões (1903-1987).
Dom
Quixote edita Isto Não Pode
Acontecer Aqui de Sinclair
Lewis (1885-1951); tradução de José Roberto.
EXTRAORDINÁRiO
OS
SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico
A
MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS -
8
E
no entanto, o fantasmagórico Damião de Magalhães atravessara já
Cascais, espantado e escorraçado com os sinais dos tempos,
prosseguindo um erradio litoral para as bandas de Lisboa. Estava,
afinal, com o sol em ocaso, nesse cúmulo telúrico que lhe havia
sido familiar, Belém, onde e quando se tornava ilíquida a fusão de
marés, entre Tejo e Atlântico.