quarta-feira, agosto 29, 2018

IMAGINÁRiO #732

José de Matos-Cruz | 24 Novembro 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

TESTEMUNHOS
O melodrama humanista - para usarmos a definição de um dos maiores actores clássicos, Spencer Tracy, que tão bem o assumiu e simbolizou - é uma das vertentes essenciais do cinema americano, sob o signo de Hollywood. E, ciclicamente, voltam a percorrê-la realizadores de prestígio firmado, como Mimi Leder - uma das raras mulheres com tal estatuto, e favorita do produtor Steven Spielberg - com Favores Em Cadeia (2000), partindo de um romance de Catherine Ryan Hyde, adaptado por Leslie Dixon. Em causa, está uma leitura reformista, simbólica, impregnada pelos valores éticos e testemunhadores, a sublimar em tempos de crise - numa sociedade insolidária, com o desmoronamento da família, a rotura entre gerações, a incomunicabilidade pessoal. Mas numa abordagem contemporânea, em que a expectativa intimista substituísse a fantasia convencional, deixando patente a relação masculino/feminino, que Mimi Leder, de um modo subtil, reverte e desmitifica, quanto às respectivas correspondências sexuais. Eis um olhar inquieto, de múltiplas arestas e facetas… IMAG.728

PARLATÓRiO

Estou cansado e, às vezes, deprimido com as políticas miseráveis ​​deste país… Os últimos dez ou doze anos da minha vida, passaram-se entre os especuladores sórdidos nos Estados Unidos e os aventureiros políticos em Espanha, tendo-me mostrado, tanto, o lado escuro da natureza humana, que eu começo a ter dúvidas dolorosas sobre o meu próximo; e a olhar para trás, com tristeza, para o período confiante da minha carreira literária, quando, pobre como um rato, mas rico em sonhos, via o mundo através da minha imaginação, e era capaz de acreditar que os homens eram tão bons quanto eu desejava que eles fossem…
Washington Irving

Se algum dia alguém me perguntasse que aprendizagem deveria um jovem fazer para chegar a romancista, se o ofício se ensinasse, eu diria que enquanto a vida lhe não desse todas as voltas e reviravoltas, amores, sofrimentos, repúdios, sonhos, frustrações, equívocos, etc., etc., seria avisado que o mandasse ensinar a sapateiro, não para saber deitar tombas e meias solas, porque nem para tanto ele usufruirá, às vezes, com a escrita, mas para que ganhasse o hábito de padecer bem, amarrado ao assunto durante largos anos, antes que provasse o paladar gostoso de algumas horas de pleno prazer.
Alves Redol
VISTORiA

Vou de Suspiros

Vou de suspiros todo est’ar enchendo,
vou a terra de lágrimas regando,
mais água aos rios, mais às fontes dando,
e com meu fogo em tudo fogo acendo.

E quando os olhos meus, senhora, estendo
para onde o Amor e vós m’estais chamando,
as altas serras em qu’os vou quebrando
da vista me tolher s’estão doendo.

Mas nisto acode Amor, que sempre voa;
eu pelas asas, eu pelo arco o tenho,
‘té me levar consigo onde desejo.

E jurarei, senhora, que vos vejo,
jurarei qu’essa doce voz me soa.
Nesta imaginação só me sostenho.
António Ferreira
- Poemas Lusitanos
CALENDÁRiO

17MAI-15SET2018 - Em Lisboa, Arquivo Fotográfico Municipal expõe Fotografias de Trabalho. E Outros Desenhos de Carlos Nogueira.

20MAI-2SET2018 - Em Vila Real, Museu da Vila Velha apresenta
Exposição Cancelada de João Dixo (1941-2012), sendo curadora Paula Pinto. IMAG.420

COMENTÁRiO

Gaibéus, 1940
Gaibéus tem a sua história. Banal talvez, às vezes ingénua, noutras sábia ou astuta, mais do que tudo dramática. Gaibéus nasceu quando muitos morriam por nós. Não o esqueçamos.
Seria absurdo, mesmo num mundo paradoxal, olvidar o que a esses devemos. Impõe-se recordar certas datas: em Março de 1938 as tropas hitlerianas entravam na Áustria; em Setembro ocupavam o território dos Sudetas e conseguiam a paralisia estratégica da Checoeslováquia; em Março de 1939, ainda sem combate, o nazismo ocupava o resto daquele país; em 1 de Setembro de 1939 penetrava na Polónia. Seguiu-se a segunda grande guerra, que deixou o rasto do seu apocalipse: 55 milhões de mortos e 5 milhões de desaparecidos.
Pressentiram-na desde 1936 muitos homens desse tempo. Eu estava com eles. Gaibéus germinou nessa época e foi consciência alertada antes de ser romance. Quem o ler, portanto, deve ligá-lo às coordenadas da história de então. Só dessa forma saberá lê-lo na íntegra.
Este romance não pretende ficar na literatura como obra de arte. Quer ser, antes de tudo, um documentário humano fixado no Ribatejo. Depois disso, será o que os outros entenderem.
Alves Redol
(1965)

MEMÓRiA

24NOV1929-2011 - Carlo Peroni, aliás Perogatt: Ilustrador e animador italiano, co-criador de Calimero (1963) - «Em Itália, a banda desenhada ainda é considerada um produto de segunda categoria, para crianças, enquanto noutros países goza de uma justa consideração, e os leitores são em geral mais velhos. Entre nós, os quadradinhos destinam-se aos rapazes, os adultos envergonham-se de os adquirir. Para mim, e desde que tenham qualidade, podem agradar a toda a gente» (2009 - a Piero Tonin). IMAG.389

1783-26NOV1859 - Dietrich Knickerbocker, ou Jonathan Oldstyle, ou Geoffrey Crayon, aliás Washington Irving: Escritor americano, autor de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça - «Uma língua afiada é a única ferramenta que fica ainda mais cortante pelo uso continuado». IMAG.240-413-674

26NOV1909-1994 - Eugen Ionescu, aliás Eugène Ionesco: Dramaturgo francês, de origem romena, autor maior do teatro do absurdo - «Não há religião para a qual a vida de todos os dias não seja considerada uma prisão; e não existe filosofia ou ideologia em que não transpareça que vivemos em alienação. Um homem com alma não é como os outros homens… Pela minha parte, sempre desconfiei das verdades colectivas». IMAG.252-460

26NOV1919-2013 - Frederik George Pohl Jr, aliás Frederik Pohl: Escritor e editor americano, mestre de ficção científica, autor de Ultimato à Terra - «Eis o meu objectivo: reestruturar o mundo em que vivemos, e depois ficar à espera do que acontece». IMAG.481

1911-28NOV1969 - José María Arguedas Altamirano, aliás José Maria Arguedas: Escritor e antropólogo peruano - «Illa denomina certa espécie de luz e os monstros que nasceram feridos pelos raios da lua. Illa é um menino de duas cabeças ou um bezerro que nasce decapitado; ou um penhasco gigantesco, todo negro e luzidio, cuja superfície é atravessada por um largo veio de rocha branca, de opaca luz; é também illa uma maçaroca cujas fileiras de milho se entrecruzam ou formam remoinhos; são illa os touros míticos que habitam no fundo dos lagos solitários, das altas lagoas rodeadas de espadana, povoadas de patos negros. Todos os illa causam o bem ou o mal, mas sempre no grau supremo.» (Os Rios Profundos).

1528-29NOV1569 - António Ferreira: Escritor português, poeta e dramaturgo - «Não cabe em mim tal bem-aventurança. / É pouco uma alma só, pouco uma vida, / Quem tivesse que dar mais a tal fogo! // Contente a alma dos olhos água lança / Pelo em si mais deter, mas é vencida / Do doce ardor, que não obedece a rogo.» (Poemas Lusitanos). IMAG.187-244

1911-29NOV1969 - António Alves Redol: Escritor português - Um autor «nasce todos os dias, insubmisso e firme, tanto para detectar injustiças, qualquer que seja a sociedade onde viva, como para repudiar o próprio ripanço que se apodera de alguns». IMAG.107-256-347-352-500-610

VISTORiA

A Cantora Careca

CENA I
(Interior burguês de uma casa inglesa, com poltronas inglesas. Tarde inglesa. O Sr. Smith, inglês, sentado na poltrona com chinelos ingleses, fuma o seu cachimbo inglês, lendo um jornal inglês, perto da lareira inglesa. Usa óculos ingleses e um pequeno bigode esbranquiçado inglês. Ao seu lado, numa outra poltrona inglesa, a Sra. Smith, inglesa, remenda meias inglesas. Um longo momento de silêncio inglês. O relógio inglês dá dezassete badaladas inglesas).
SRA. SMITH: Veja, são nove horas. Tomamos sopa, comemos peixe, batatas com toucinho e salada inglesa. As crianças beberam água inglesa. Comemos bem esta noite. É porque moramos nos arredores de Londres e o nosso nome é Smith.
SR. SMITH (continua a ler, estala a língua)
SRA. SMITH: As batatas vão muito bem com toucinho e o azeite da salada não estava rançoso. O azeite do vendeiro da esquina é de melhor qualidade que o azeite do vendeiro da frente; é até melhor que o azeite do vendeiro da esquina de baixo. Mas isso não quer dizer que para eles o azeite seja ruim.
SR. SMITH (continua a ler, estala a língua)
SRA. SMITH: Mas, mesmo assim, o azeite do vendeiro da esquina é sempre melhor.
SR. SMITH (continua a ler, estala a língua)
SRA. SMITH: Mary, desta vez, cozinhou bem as batatas. Da última vez, ela não as deixou cozinhar devidamente. Eu só gosto de batatas quando elas estão bem cozidas.
SR. SMITH (continua a ler, estala a língua)
SRA. SMITH: O peixe estava fresco. Eu lambi os beiços. Repeti duas vezes. Não, três vezes. Por causa disso precisei ir à casa de banho. Você também repetiu três vezes. Só que da última vez, comeu menos que das duas primeiras vezes, enquanto eu comi muito mais. Comi mais que você esta noite. Por que será? Geralmente é você que come mais. Não é por falta de apetite.
Eugène Ionesco
(excerto)

BREVIÁRiO

E-Primatur edita Ivanhoe de Walter Scott (1771-1832); tradução de António Vivalma e Helder Guégués. IMAG.24-270-334-387

domingo, agosto 26, 2018

IMAGINÁRiO-Extra: BARREIRO Ilustra BD


A exposição Barreiro Ilustra BD, um novo evento dedicado à arte sequencial, emergente na margem sul, vai estar pa-tente no Auditório Municipal Augusto Cabrita, de 1 de Setembro até 14 de Outubro, sendo o acesso gratuito.

Este encontro de banda desenhada e de ilustração surgiu de uma parceria entre a Câmara Municipal do Barreiro e o ilustrador João Raz, administrador do blogue Desenhos, Inks & Rabiscos, com o intuito de proporcionar a todos os amantes e interessados na área um contacto privilegiado com 39 artistas portugueses que integram o sector; entre os convidados, constam Ana Pais, Artur Filipe, Carlos Rocha, Catarina Tei-xeira, Daniel Silva Lopes, Daniel Maia, Derradé, Diana Marques, Dina Barbosa, Diogo Carvalho, Diogo Mané, Eliseu Gou-veia, Filipe Duarte, Henrique e Duarte Gandum, Inocência Dias, João Amaral, João Gordinho, João Raz, Luís Belerique, Mariana Flores, Miguel Falcato, Miguel Mendonça, Nuno Saraiva, Osvaldo Medina, Patrik Caetano, Paulo Monteiro, Paulo Montes, Pedro Brito, Pedro Potier, Phermad, Picalima, Quico Nogueira, Rui Ramos, Samuel Santos, Sérgio Santos, Sofia Neto, Susana Resende e Tânia Cardoso.
A mostra contará também com uma homenagem ao autor de comics e ilustrador norte-americano Bernie Wrightson, figura mundial incontornável, e recentemente falecido.

No dia 22 de Setembro, entre as 16h e 22h, realiza-se, no âmbito da mostra, um Encontro com Autores, durante o qual os visitantes podem obter autógrafos e conversar com os convidados, bem como adquirir edições ou arte original.

Neste dia, entre outros lançamentos, será disponibilizado Aurora Boreal e O Princípio Infinito: 2º Universo - O Teatro Anatómico, por José de Matos-Cruz, ilustrado por Susana Resende, Renato Abreu, Teotónio Agostinho e Daniel Maia, com uma banda desenhada adicional por este último, publicado por Apenas Livros; e um baralho de cartas autoral, Gatos Baralhados, por Susana Resende, produzido pela mesma chancela.

segunda-feira, agosto 20, 2018

IMAGINÁRiO #731

José de Matos-Cruz | 16 Novembro 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

IMPREVISTOS
Afinal, aconteceu mesmo, o que nenhum fanático dos mais intratáveis super-heróis se atreveria sequer a imaginar: em 2001, o galáctico Silver Surfer, o híbrido Sub-Mariner, o monstruoso Hulk e o virtual Dr. Strange - que são também, quatro dos mais poderosos e temidos guerreiros do Universo Marvel - juntaram forças, para protegerem o nosso Mundo! Mas, que terrível ameaça levaria tais abencerragens, que se detestam não-cordialmente, a constituir The Defenders? Bom, antes de mais, convém apreciar como Nighthawk, Hellcat e Valkyrie se comportaram, de imediato, ao aperceberem-se de tão impressionante aliança… Aliás, o próprio ilustrador Erik Larsen nem queria acreditar, quando o argumentista Kurt Busiek lhe propôs o desafio em causa: «É natural que os cidadãos em perigo se sintam aliviados, quando os Avengers aparecem. Mas, os Defenders? A primeira reacção das pessoas é escapar, se é que ainda lhes resta para onde!» IMAG.105-306-695

CALENDÁRiO

10ABR-10JUN2018 - Em Vila Nova de Gaia, FNAC GaiaShopping apresenta Maciço Antigo - exposição de fotografia de Luís Preto (Novo Talento FNAC Fotografia 2017).

05MAI-23JUN2018 - Em Braga, Museu Nogueira da Silva, Galeria Shairart Dst e Basílica dos Congregados apresentam Os Instantes da Matéria - exposição de escultura de Paulo Neves, sendo curadora Helena Mendes Pereira.

09MAI-15JUL2018 - Em Lisboa, Galeria Baginski apresenta For Us a Book Is a Small Building - instalação de Fernanda Fragateiro. IMAG.427-641-680

13MAI-01JUL2018 - Em Sines, Centro Cultural Emmerico Nunes apresenta Spectrum - exposição de fotografia do colectivo Hélice - Duarte Amaral Netto, João Paulo Serafim, Rodrigo Tavarela Peixoto e Valter Ventura. IMAG.297-360-398-405-712

15MAI-25AGO2018 - Em Lisboa, Kunsthalle Lissabon apresenta Tente En el Aire - instalação de Sol Calero (Venezuela).

21MAI2018 - O escritor cabo-verdiano Germano Almeida é distinguido com o Prémio Camões 2018. IMAG.271

1926-22MAI2018 - Júlio Artur da Silva Pomar, aliás Júlio Pomar: Artista plástico (pintura, desenho, escultura, cerâmica, gravura) e escritor (poesia) português: «Eu tenho uma grande necessidade de fazer coisas, de clarificá-las e de transformá-las. Mais que um pintor de quadros, sou alguém que gosta de transformar o seu quadro» (à Agencia Efe - 2016).  
IMAG.19-312-449-495-505-534-552-553-562-582-596-604-610-620-631-635-646-652-676-710-715

1933-22MAI2018 - Philip Milton Roth, aliás Philip Roth: Escritor americano, ficcionista e ensaísta - «Agrada-me escrever sobre sexo. É um tema sem fim! Porém, a maioria das peripécias que narro nos meus livros nunca aconteceu. No entanto, são necessários alguns elementos de realidade, para começar a inventar». IMAG.182-198-240-290-328-375-390-412-440-479-637

25MAI-10JUN2018 - Em Beja, decorre o XIV Festival Internacional de Banda Desenhada, sendo director Paulo Monteiro.  
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PARLATÓRiO

Edifica como se fora para a eternidade; vive como se ora mesmo houvesses de morrer.
Raul Lino

MEMÓRiA

1891-16NOV1959 - Florencio Molina Campos: Pintor e ilustrador argentino - «O teu estilo não pode perverter-se. Trabalha e sofre nessas imagens, que deformas tão harmoniosamente!» (Pio Collivadino). IMAG.369

1887-17NOV1959 - Heitor Villa-Lobos: Compositor e maestro brasileiro - «Considero minhas obras como cartas que escrevi à posteridade, sem esperar resposta». IMAG.251-601-652

1922-17NOV1989 - João de Freitas Branco: Musicólogo e matemático português, autor de História da Música Portuguesa (1959), filho de Luís de Freitas Branco - «Foi, sem dúvida, o grande educador musical dos portugueses» (Jorge Calado). IMAG.392

1910-18NOV1999 - Paul Frederic Bowles, aliás Paul Bowles: Escritor e compositor americano, autor de Sob o Céu Que Nos Protege (1949) - «Ninguém imaginaria, ao ver as duas aldeias espraiarem-se lá adiante, uma mais acima do que a outra, no sopé da montanha batida pelo sol, que a inimizade existia entre elas. E no entanto, quem as visse de mais perto, notaria certas diferenças nos respectivos desenhos que faziam na paisagem» (A Missa do Galo - 1985, excerto). IMAG.204-247-251-304-469-582-672

21NOV1879-1974 - Raul Lino da Silva, aliás Raul Lino: Arquitecto e ensaísta português, artista e pensador - projectou o Pavilhão Português na Exposição Universal de Paris (1900), a Casa de Santa Maria em Cascais (1902), a Casa dos Patudos em Alpiarça (1904), a Casa do Cipreste em Sintra (1912), o Cinema Tivoli em Lisboa (1924) ou o Pavilhão do Brasil na Exposição do Mundo Português (1940) -, autor de A Nossa Casa - Apontamentos Sobre o Bom Gosto na Construção das Casas Simples (1918), devotado «à necessidade que há de re-humanizar a vida, de salvar aquilo que temos de mais precioso, a nossa alma, que no decurso de muitos séculos fomos aprendendo a venerar como sede da própria consciência» (1957). IMAG.40-169-186-251-447-474-585

22NOV1879-1942 - Julio Salvador Sagreras, aliás Julio Sagreras: Compositor, guitarrista e pedagogo argentino, fundador da Academia de Guitarra (1905) - «Hagase presente al alumno que los puntos puestos al lado del número que indica la cuerda, significan que las demás notas que siguen, corresponden a esa misma cuerda». IMAG.397

24NOV1849-1924 - Frances Eliza Hodgson Burnett, aliás Frances Hodgson Burnett: Escritora inglesa, autora de O Jardim Secreto (1911) - «O jardim tinha um aspecto tão maravilhoso, que parecia que alguns magos o teriam atravessado, ao mesmo tempo que o concebiam.». IMAG.363-488


BREVIÁRiO

Dom Quixote edita O Escritor Fantasma de Philip Roth (1933-2018); tradução de Francisco Agarez.

Feitoria dos Livros edita Regressos de Manuel Teixeira Gomes (1860-1941).IMAG.276-343-458-657

Relógio D’Água edita O Que Maisie Sabia de Henry James (1843-1916); tradução de Daniel Jonas. IMAG.229-414-437-552

VGM edita em CD, sob chancela Alia Vox, Henricus Isaac Nel Tempo di Lorenzo de’ Medici & Maximilian I, 1450-1519 por La Capella Reial de Catalunya e Hespèrion XXI, sob a direcção de Jordi Savall.

VISTORiA

Talvez eu não tenha bom génio, mas como posso saber, se possuo tudo o que quero e todos me tratam bem? Pode ser que eu seja um horror, insuportável, mas ninguém o saiba, porque nunca passei por nada que me fizesse sofrer.
Frances Hodgson Burnett
- A Princesinha (1905, excerto)

Olhar e Sentir

Olhar e sentir
por dentro do corpo a massa de que é feito o avesso dele.
Ossos músculos nervos veias
tudo o que está no corpo e mundo é
a pintura contém e depõe na tela e
se acaso aí o pintor deixou reservas
nesse sem nada o avesso do mundo se
recolhe e mostra a face.
Júlio Pomar
- TRATAdoDITOeFEITO (2003)

EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

A MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS - 1

10 de Junho de 1974
Damião de Magalhães sentia todo corpo como um feixe de dores. A consciência ainda não se tinha em si, mas ele sabia que estava algures, de rastos e perdido em lugar ermo. Era noite, junto à praia, pois as pernas oscilavam com as ondas, e tinha uma das mãos enterrada na areia. A outra apertava a longa barba grisalha. A sua mente cerrada submergia pela íntima adversidade, qual turbilhão de trevas que o tivesse desorientado da empresa primordial.
Continua
 

quarta-feira, agosto 15, 2018

IMAGINÁRiO #730

José de Matos-Cruz | 08 Novembro 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

AFEIÇÕES
Em 1989, o veterano Herbert Ross (1927-2001) realizou Flores de Aço / Steel Magnolias, transpondo um argumento de Robert Harling, baseado em peça teatral de que também é autor, com grande sucesso na Broadway. As principais personagens são mulheres, e elas protagonizam o desafio de uma afirmação solidária - para além das tensões, das angústias, dos egoísmos ou das diferenças pessoais. Assim, quatro amigas partilham as emoções, assumem os percalços, restabelecendo-se dos desencantos, exorcizando os seus fantasmas. É do passado que conservam essa peculiar cumplicidade - numa pequena cidade do Luisiana, Natchitoches, onde Harling se inspirou na corajosa experiência materna - apesar dos distintos rumos, quanto às respectivas existências: uma como mãe e doméstica; outra irascível e solitária, mas rica; a terceira casada com o ex-presidente da câmara; a última proprietária dum salão de beleza - onde todas se costumam encontrar. Tal núcleo virtual reconstitui-se com duas jovens: uma recém-chegada, aceite como empregada naquele estabelecimento; e a filha da primeira, que opta pelo matrimónio e ter crianças, apesar de doença à qual pode sucumbir. Um dilema na vertigem da afeição e da morte, transfigurada por seis actrizes extraordinárias: Shirley MacLaine, Olympia Dukakis, Sally Field, Julia Roberts, Daryl Hannah e Dolly Parton.

CALENDÁRiO

17OUT1948-13MAI2018 - Margaret Ruth Kidder, aliás Margot Kidder: Actriz canadiana naturalizada americana, intérprete de Lois Lane na saga fílmica de Superman (1978-1987) - «Na tela, era mágica. Como pessoa, foi a mulher mais simpática, divertida e carinhosa que conheci» (Mark Hamill).

17MAI-01SET2018 - Em Lisboa, Galeria Zé dos Bois apresenta A Invenção do Sim e do Não - exposição de pintura de Jorge Queiroz, sendo curador Natxo Checa. IMAG.351-603-621-666-715

18MAI-17JUN2018 - Museu das Artes de Sintra / Mu.Sa apresenta A Paisagem - Imagem de Sintra - exposição de pintura, desenho e gravura (meados do Século XVIII / finais do Século XIX).

24MAI2018 - NOS Audiovisuais estreia O Labirinto da Saudade (2018) de Miguel Gonçalves Mendes; sobre a obra epónima / com a participação de Eduardo Lourenço. IMAG.17-123-175-189-331-419-475-498

VISTORiA

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles
EPISTOLÁRiO

El-Rei D. Manuel II ao Primeiro Ministro

Meu caro Teixeira de Sousa
Forçado pelas circunstâncias vejo-me obrigado a embarcar no yatch real Amelia. Sou português e sê-lo-ei sempre. Tenho a convicção de ter sempre cumprido o meu dever de Rei em todas as circunstâncias e de ter posto o meu coração e a minha vida ao serviço do meu Pais. Espero que ele, convicto dos meus direitos e da minha dedicação, o saberá reconhecer! Viva Portugal! Dê a esta carta a publicidade que puder. Sempre mº afectuosamente
Manuel R.
- yatch real Amelia - 5 de Outubro de 1910
PARLATÓRiO

Grace Kelly

Ela entregou-se com empenho às artes, à cultura e ao envolvimento social, particularmente através da sua atenção às crianças, aos incapacitados e aos idosos.
Rainier III do Mónaco


MEMÓRiA

1528-08NOV1599 - Francisco Guerrero: Compositor espanhol da Renascença - «Considerava que a música polifónica devia estar muito presente nas cerimónias religiosas, e assim o mostrou ao Papa Pio V, na dedicatória de um dos seus livros de música. Além disso, era de opinião que a música sacra devia contar com poucos ornamentos e ser mais austera, para assim honrar a Deus» (Mercedes Cebrián Coello). IMAG.389-677

09NOV1929-2016 - Imre Kertész: Escritor húngaro, sobrevivente do Holocausto, distinguido com o Prémio Nobel da Literatura em 2002 (por «uma escrita que suporta a experiência frágil do individual contra a bárbara arbitrariedade da História»). IMAG.613

1901-09NOV1969 - Cecília Benevides de Carvalho Meireles, aliás Cecília Meireles: Poetisa e pintora brasileira - «Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre».

1907-09NOV1969 - Carlos Augusto da Silva Ramos, aliás Carlos Ramos: Músico português, fadista e guitarrista - «Genuíno e típico alfacinha a todo o pano, com agradabilíssimo pendor romântico, foi um dos intérpretes de Fado mais benquistos perante o genérico auditório português. Possuidor de uma voz harmoniosa e quente, que dominava como queria, sob postura tranquilamente modesta e discreta, conseguiu lançar-se numa carreira artística a tempo integral, no decurso da qual protagonizou grandes êxitos, sobretudo no início da década de sessenta, divulgado através da rádio com frequente apreço» (António Torre da Guia). IMAG.150-249

10NOV1759-1805 - Johann Christoph Friedrich von Schiller, aliás Friedrich Schiller: Poeta e filósofo alemão - «Queres conhecer-te a ti mesmo, olha como agem os outros: / Queres compreender os outros, olha em teu próprio coração… / O que rejeitares do momento, / Eternidade nenhuma o restituirá!». IMAG.71-252-513

12NOV1929-1982 - Grace Patricia Kelly, aliás Grace Kelly: Actriz americana de cinema, princesa do Mónaco - «A emancipação da mulher fê-la perder o seu mistério». IMAG.47-250-381-386-495

15NOV1889-1932 - Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio de Bragança Orléans Saboia e Saxe-Coburgo Gotha, aliás El-Rei D. Manuel II, o Patriota: «Um Homem que viveu intimamente, em perfeita lealdade consigo mesmo, o juramento que prestara ao País de o servir como Monarca Constitucional e na melancolia do exílio, em vez de deixar mirrar a alma na estreiteza corrosiva do ressentimento e da desforra» (Joaquim de Carvalho).  
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COMENTÁRiO

Grace Kelly
François Truffaut: …Não tenho a certeza de que o seu gosto coincida com o da maioria das pessoas. Parece-me que o público masculino gosta das mulheres chamativas, e isso poderia confirmar-se pelo facto de algumas delas atingirem o estatuto de estrelas, embora intervenham quase sempre em filmes medíocres - como Jane Russell, Marilyn Monroe, Sophia Loren, Brigitte Bardot. Creio que a grande maioria do público aprecia o sexo explícito ou, como o senhor diz, «o sexo estampado no rosto».
Alfred Hitchcock: É possível, mas você mesmo concorda comigo, que elas só têm feito filmes maus. E porquê? Porque, com elas, não pode haver surpresa nem, portanto, cenas impecáveis; com elas, não há a descoberta do sexo. Tome em atenção o princípio de Ladrão de Casaca / To Catch a Thief (1955). Fotografei Grace Kelly impassível, e a posição mais frequente que escolho é a de perfil, com um ar clássico, muito esbelta e glacial. Mas, enquanto caminha pelos corredores do hotel, e Cary Grant a acompanha até à porta do quarto, o que faz ela? Sem rodeios, mete os seus lábios entre os do homem.
François Truffaut: Isso é verdade, mas aí esperava-se tudo, menos uma tal reacção. No entanto, em meu entender, a sua teoria do sexo um pouco frígido é algo que o senhor consegue impor, independentemente da inclinação natural do público, a quem apetece ir logo ver as tais mulheres fáceis.
Alfred Hitchcock: Talvez tenha razão, mas não se esqueça de que, quando um filme meu acaba, sente-se que os espectadores estão satisfeitos.
François Truffaut: Eu não me esqueço, mas atrevo-me a propor uma hipótese: não acha que esse aspecto dos seus filmes agrada mais ao público feminino do que ao masculino?
Alfred Hitchcock: É possível, mas responder-lhe-ei que, num casal, é a mulher quem escolhe o filme que vão ver; e direi mais, é ela quem decide, no fim, se era bom ou mau. As mulheres podem suportar a vulgaridade na tela, desde que não a protagonizem pessoas do seu próprio sexo. O meu trabalho com Grace Kelly consistiu em proporcionar-lhe, de Chamada Para a Morte / Dial M For Murder (1954) a Ladrão de Casaca, papéis cada vez mais interessantes, de um filme para o outro. Em Ladrão de Casaca, que era sobretudo uma comédia nostálgica, eu sabia que não podia optar por um final completamente feliz. Por isso rodei aquela cena que decorre numa árvore, quando Grace Kelly segura Cary Grant por uma manga. Cary Grant deixa-se convencer, casará com Grace Kelly, mas a sogra irá viver com eles. Deste modo, será um epílogo quase trágico.
François Truffaut
- O Cinema de Alfred Hitchcock

BREVIÁRiO

Universal edita, sob chancela Parlophone, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Anniversary Edition) por The Beatles.  
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quinta-feira, agosto 09, 2018

IMAGINÁRiO #729

José de Matos-Cruz | 01 Novembro 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

METAMORFOSES
Autor versátil e fulgurante, ao estilizar as potencialidades gráficas / narrativas da banda desenhada, em que evoluem - pelo signo erótico - a aliciante insurreição ficcional ou uma perversa sofisticação estética, Milo Manara revelou em 1999, como argumentista e ilustrador, A Metamorfose de Lucius / La Métamorphose de Lucius, subvertendo-se como artista da líbido… Ironia, exibicionismo - através de peripécias / experiências excitantes, sob uma vertigem obsessiva / exuberante - pontuam ou transgridem, além dos preconceitos e das convenções, este universo múltiplo, transfigurado, cujo herói - descendente de Plutarco - se dirige da Macedónia à Tessália, acabando por consumar todas as ambições luxuriantes, todos os impulsos fantasistas. Assim corporizando fábulas incríveis de mágicos e de feiticeiras, de horríveis mutações - mesmo que, depois de inúmeras peripécias e temáticas, tudo se dissolva nas ilusões mais efémeras e sumptuosas. Eis, pois, reincidências sediciosas ou dissolutas, entre visões de uma saga interminável - que se transferem, perturbantes, ao próprio olhar do leitor.
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CALENDÁRiO

13MAR-17JUN2018 - Em Lisboa, Casual Lounge Caffé apresenta Schiappa 2018 - exposição de pintura de Pedro Schiappa.

21MAR-16SET2018 - Em Lisboa, Museu Colecção Berardo expõe Linha, Forma e Cor - Obras da Colecção Berardo, sendo curadores Rita Lougares e Jorge André Catarino.

05MAI-23JUN2018 - Em Lisboa, Galeria 111 apresenta Azimute - exposição de pintura, vídeo e objectos de Pedro Vaz, sendo curador Sérgio Fazenda Rodrigues.

1930-14MAI2018 - Thomas Kennerly Wolfe, aliás Tom Wolfe: Escritor e jornalista americano, ficcionista e ensaísta, autor de A Fogueira das Vaidades (1987) - «Como campeão do esplendor estilístico, não tem rival no mundo ocidental» (Joseph Epstein). IMAG.120

18MAI-09SET2018 - Em Lisboa, Culturgest apresenta Michael Biberstein [1948-2013]: X - Uma Reprospectiva - exposição de pintura, sendo curador Delfim Sardo. IMAG.606

19MAI-17JUN2018 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta, no ciclo OitoXOito, Reflexão - exposição de figurações e geometrias em composições abstractas de Jéssica Rosa.

26MAI-11NOV2018 - Em Vila Franca de Xira, Museu do Neo-Realismo apresenta Conflito e Unidade - exposição de João Ferro Martins, Mafalda Santos e Susana Gaudêncio, sendo curadoras Sandra Vieira Jürgens e Paula Loura Batista, e dando continuidade ao ciclo de arte contemporânea Cosmo/Política. IMAG.706

COMENTÁRiO

Lucram com a desordem os governos desacreditados, que, vivendo apenas de viver, tendo violado todas as leis, faltado a todos os deveres, perdido toda a estima pública, necessitam de romancear revoluções, que recomendem o zelo da administração pela estabilidade da paz, autorizem a perpetração de insídias contra o direito desarmado, e encubram, na confusão das ruas, a mão da polícia, que passa, executando os seus cálculos de eliminação homicida.
Ruy Barbosa
- Obras Completas
PARLATÓRiO

Como etnólogo, só posso constatar que o mundo contemporâneo perdeu a fé nos seus próprios valores. Sei que este não é, aliás, o nosso problema principal, mas todos sabemos que, no fim de contas, nenhuma civilização se pode desenvolver, se não possui valores aos quais se agarrar profundamente. Acredito, por sinal, que nenhuma civilização possa, sequer, manter-se na situação em que a nossa se encontra.
Claude Lévi-Strauss
(2003)
VISTORiA

Quem a Tem…

Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
Desta terra em que nasci.

Embora ao mundo pertença
E sempre a verdade vença,
Qual será ser livre aqui,
Não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
É quase um crime viver.

Mas embora escondam tudo
E me queiram cego e mudo,
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
Jorge de Sena

MEMÓRiA

1908-01NOV2009 - Claude Lévi-Strauss: Antropólogo e filósofo francês - «A humanidade está constantemente às voltas com dois processos contraditórios: um tende a criar um sistema unificado, enquanto o outro visa manter ou restaurar a diversificação.» (Race et Histoire - 1952). IMAG.278-684

02NOV1919-1978 - Jorge Cândido de Sena, aliás Jorge de Sena: Escritor português, poeta e ficcionista, dramaturgo e ensaísta, professor universitário - «Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta / quanto esse arroto de passadas glórias. / Amigos meus mais caros tenho nela, / saudosamente nela, mas amigos são / por serem meus amigos, e mais nada.» (A Portugal - excerto)  
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1922-02NOV2009 - José Luis López Vázquez de la Torre, aliás José Luís López Vázquez: Actor espanhol do cinema, do teatro e da televisão - «A sua filmografia pertence ao puro património espanhol, foi um dos maiores tragicómicos do nosso cinema.» (El País - 2009). IMAG.277-362

1933-03NOV2009 - Sheldon Dorf: Artista e coleccionador americano de banda desenhada, fundador do Comic-Con - «Era uma pessoa de uma generosidade extrema, inteiramente dedicado à fruição e à divulgação da arte dos quadradinhos, tendo-se esforçado por reunir os leitores e os criadores» (J.M. Mike Towry). IMAG.277-448

05NOV1849-1923 - Ruy Barbosa de Oliveira, aliás Ruy Barbosa: Escritor, filólogo, jurista e político brasileiro - «De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.» (Discurso no Senado - 1914). IMAG.249-409

1903-05NOV1989 - Vladimir Samoylovych Horowitz, aliás Vladimir Horowitz: Pianista de origem ucraniana (ao tempo do Império Russo), naturalizado americano (1944) - «Há três espécies de pianistas: os pianistas judeus, os pianistas homossexuais e os maus pianistas». IMAG.661

06NOV1919-2004 - Sophia de Mello Breyner Andresen: Poetisa portuguesa, distinguida com o Prémio Camões (1999) - «Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio / E suportar é o tempo mais comprido. // Peço-Te que venhas e me dês a liberdade, / Que um só de Teus olhares me purifique e acabe. // Há muitas coisas que não quero ver. // Peço-Te que sejas o presente. / Peço-Te que inundes tudo. / E que o Teu reino antes do tempo venha / E se derrame sobre a Terra / Em Primavera feroz precipitado.» (Princípio).  
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1857-06NOV1929 - Columbano Augusto Bordalo Pinheiro, aliás Columbano Bordallo Pinheiro: Pintor português - Era «misantropo, fechado em si, dado a análises exaustivas, a dissecações cruéis, teve apenas um grande amor - a pintura» (Diogo de Macedo). IMAG.155-197-301-482-635-695

1925-06NOV1999 - Luís José Teixeira da Fonseca, aliás Teixeira da Fonseca: Cineasta português, realizador e actor - «Inspiro-me numa sátira construtiva, de quem luta por uma vida melhor». IMAG.56-227-457

COMENTÁRiO

Columbano - Desenhar Para a Pintura
A prática do desenho para Columbano não constitui, de modo geral, prática autónoma. Pelo contrário, ela reafirma Columbano como pintor, como um artista que recorreu ao desenho quase exclusivamente como campo de ensaio para estudos de composição, de orquestração de luzes, de caracterização de pormenores anatómicos e de atitudes individuais de figuras que integram composições maiores. Se os desenhos registam as variações estilísticas ao longo deste período, muitas vezes acompanhando as transformações pictóricas, será na mudança de um género para outro que estas diferenças se tornam evidentes: do intimismo das cenas de interior pequeno-burguesas, que por vezes impregna os retratos, para o carácter mundano que perpassa em alguns estudos de figuras femininas; ou da vocação realista dos retratos, que oscilam entre a fidelidade naturalista e a vontade de caracterização psicológica, para o sentido dramático e teatral das pinturas de história. A este ritmo, assistimos a abordagens plásticas diferentes, que adoptam a espontaneidade da linha como condutora da composição ou a substituem pelo valor estrutural da luz, num tratamento apoiado na mancha ou em marcações de claro-escuro, até chegar à linearidade livre e solta dos estudos de composição para os grandes relatos de pintura de história e ciclos decorativos, cuja complexidade explica a abundância de estudos, com destaque para o tema camoniano, no geral, e para as pinturas decorativas do Museu Militar, em particular.
María Jesús Ávila

BREVIÁRiO

Dom Quixote edita Memórias Secretas de Mário Cláudio; a partir das personagens de banda desenhada Príncipe Valente, Bianca Castafiore (em Tintin) e Corto Maltese. IMAG.51-220-520-522-541-591-600-723-725