quinta-feira, setembro 27, 2018

IMAGINÁRiO #736

José de Matos-Cruz | 24 Dezembro 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

RIVALIDADES
Sondando um género com as maiores tradições no cinema americano - a aventura criminal, cuja memória se mitificou em mais de meio século - Andrzej Bartkoviak explora em Romeo Deve Morrer (2000) - seu filme de charneira como realizador - um confronto sem tréguas e avassalado pela resistência ou subversão de estranhos códigos e valores. Ao ritual exterminador, expiatório, corresponde o contraste psicológico e afectivo dos protagonistas: Jet Li, impondo-se em Hollywood pela senda marginal, numa aguerrida cumplicidade com a cantora Aaliyah. Graças à execução do veterano produtor Joel Silver, o resultado é um espectáculo feérico, estigmatizado entre a ambição e a insolitude. Coadjuvando as expectativas dos argumentistas Eric Bernt e John Jarrell - sobre a efusão alegórica de uma cumplicidade romântica, a partir de circunstâncias tensas e trágicas - Li reivindica a essência de uma intriga evocativa de Romeu e Julieta, em que o virtuosismo de William Shakespeare fosse modernizado ao estilo hip hop pelas artes marciais. Habitual director de fotografia, Bartkoviak evoca uma exacerbação clássica / humanista que se precipita sobre o território portuário de Oakland, como microcosmo de rivalidades raciais e de conflitos sangrentos. Assim, o crepúsculo ético e social da democracia deflagraria, com o assassinato do filho de um dos mais poderosos gangues orientais, deixando implícita uma retaliação vingadora por parte da família afro, cujo líder está aliás inocente. O desempenho circunstancial sobre a verdade e a mentira, a falta de escrúpulos e os compromissos fatídicos, será assumido por um precário casal, representativo das duas comunidades.

CALENDÁRiO

16JUN-09SET2018 - Em Lisboa, Museu do Dinheiro e Torreão Nascente da Cordoaria Nacional apresentam Escutar as Águas - exposição múltipla com obras da Colecção Schneider e de Artistas Portugueses, sendo curador Paulo Pires do Vale.

19JUN-17SET2018 - Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto/FAUP expõe Neighbourhood: Where Álvaro Meets Aldo - sobre Álvaro Siza Vieira e Aldo Rossi (1931-1997), sendo curadores Nuno Grande e Roberto Cremascoli.  
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22JUN-01OUT2018 - Em Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian expõe Terceira Fábrica. De Caxemira a Lisboa, Via Caldas - instalações de Praneet Soi (Índia), sendo curador João Carvalho Dias.

29JUN-02SET2018 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Pintar É Uma Maneira de Pensar - exposição de artes plásticas de Victor Belém (1938-2015).

29JUN-24SET2018 - Em Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian expõe 13 Shots - instalações de Aimée Zito Lema (Holanda), sendo curadoras Luísa Santos, Ana Cachola e Daniela Agostinho.

01JUL2018 - Fundado em 1864, o jornal Diário de Notícias passa a diário digital, com uma edição semanal em papel (aos domingos).  
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PARLATÓRiO

Tudo isto vem do vício do modo como entre nós se administra, vem da política miserável que a tal respeito se tem seguido. Custa crer que haja ainda quem conserve um contrato que não presta para nada, que é absurdo, que tem pretensões de uma medida financeira; mas que não é senão um foco de vexames! Não é um contrato financeiro, é um escândalo. Não é útil ao País, é sim vexatório para os povos. Somos nós os únicos na Europa que conservamos uma coisa tão inaudita, é uma instituição que cumpre acabar com ela de uma vez para sempre. Só não acaba com ela a administração que não pode, não sabe ou não tem honra para administrar os negócios públicos!…
José Estêvão
- Discurso na Câmara dos Deputados (08JAN1852 – excerto)

MEMÓRiA

25DEZ1899-1957 - Humphrey DeForest Bogart, aliás Humphrey Bogart: Actor americano, «a maior estrela masculina do cinema norte-americano de todos os tempos» (American Film Institute) - «Tenho o meu nome ligado a mais maus filmes do que qualquer outro actor conhecido na história do cinema» 
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26DEZ1809-1862 - José Estêvão Coelho de Magalhães, aliás José Estêvão: Jornalista e político português - «Revolucionário, militar, parlamentar, jornalista, advogado, professor, mação e filantropo, a sua presença em todas as áreas da actividade nacional marcou, de forma indelével, a primeira metade do século XIX português com a qual tende a confundir-se. Ninguém, melhor do que ele, traduziu as contradições e os conflitos de um período tão complexo onde a realidade se esconde, muitas vezes, perante leituras simplistas e apressadas em que as ideologias predominam» (Júlio Rodrigues da Silva). IMAG.32-244-252-296-393

26DEZ1949-2011 - Fernando Jorge da Ponte de Lima Barreto, aliás Jorge Lima Barreto: Compositor, intérprete e musicólogo português, co-fundador do grupo Telectu - «Uma força, o maior, a palavra pioneiro nele terá de ser repetida muitas vezes, vezes sem conta, porque ele foi pioneiro em tudo» (Vítor Rua). IMAG.364

31DEZ1869-1954 - Henri-Émile-Benoît Matisse, aliás Henri Matisse: Artista plástico francês, mestre do fauvismo, distinguido na Bienal de Veneza (1950) - «Na verdade, um pintor não tem outros inimigos sérios, a não ser os seus maus quadros… Eu não pinto coisas. Pinto a diferença entre coisas».  
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COMENTÁRiO

Matisse
Era um artista no sentido medieval do termo. O seu trabalho era muito simples, escolhido para exprimir o que ele mesmo sentia. Era um trabalhador sem obstinação. Nos seus cadernos de trabalho, várias páginas têm apenas alguns riscos. Afinal, esses traços, reconhecíveis por todos, mostram de maneira evidente a sua significação, o resultado de muitas horas de trabalho.
Régine Pernoud

ANTIQUÁRiO

29DEZ1959 - Em Lisboa, o Presidente da República Américo Thomaz inaugura o Metropolitano - então, a décima quarta rede de metro da Europa, e a vigésima quinta a nível mundial; o bilhete simples custa 1$50 escudos, e tem duas linhas em Y, de Sete Rios e de Entre Campos até à Rotunda do Marquês de Pombal e, a partir daí, uma linha única até aos Restauradores. IMAG.101

ANUÁRiO

1959 - Arthur Duarte realiza o documentário Metropolitano de Lisboa, com produção da Tobis Portuguesa; recolhido nos Restauradores por Artur Agostinho, um casal - Francisco Callado e Gina Mayo - é convidado a visitar o novo transporte subterrâneo da capital, pouco tempo antes da inauguração, sendo prestadas informações e esclarecimentos aos futuros utentes. IMAG.20-27-55-94-95-130-131-154-223-227-268-307-332-334-347-348-395-434-457-496-572-574-673

BREVIÁRiO

Cavalo de Ferro edita Octaedro de Julio Cortázar (1914-1984); tradução de Isabel Pettermann. IMAG.205-298-330-454-539-546-563-602-614

Universal edita em CD com DVD (de Nadia Zhdanova), sob chancela Deutsche Grammophon, Wolfgang Amadeus Mozart [1756-1791] / [Serguei] Rachmaninov [1873-1943]: Concertos pelo pianista Grigori Sokolov, com Mahler Chamber Orchestra sob a direcção de Trevor Pinnock, e BBC Philharmonic sob a direcção de Yan Pascal Tortelier.   IMAG.36-55-68-90-102-106-118-172-186-205-216-217-220-227-277-284-285-290-317-321-342-349-375-406-412-431-449-457-475-500-503-529-534-547-589-597-640-666-667-688-703-707-708-715-721-725

Dom Quixote edita O Castelo dos Destinos Cruzados de Italo Calvino (1923-1985); tradução de José Colaço Barreiros.  
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Cavalo de Ferro edita A Consciência das Palavras de Elias Canetti (1905-1994); tradução de Paulo Osório de Castro. IMAG.388-478-524

EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

A MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS - 4

Nada e o Centro do Mundo. Assim se faz história.
Em tortuosa caminhada, pela orla dos penhascos, desde o Guincho até à Boca do Inferno, Damião de Magalhães parou a mirar uns quantos gatos, que ali acordavam, espreguiçando. Também ele estava meio entorpecido, pelo frio e pela ansiedade, que lhe tolhiam um paradeiro na cartografia de seu porvir.
Continua

segunda-feira, setembro 24, 2018

IMAGINÁRiO #735

José de Matos-Cruz | 16 Dezembro 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

DERIVAÇÕES
«Se é o típico leitor de Dilbert, a questão que o assalta neste momento é a seguinte: “Como é que este livro me pode servir de arma para embaraçar os meus inimigos?”. Admito que se trata de uma generalização de mau gosto. Quanto mais nobreza de espírito tiverem os leitores do Dilbert ao pensarem “Como é que este livro me pode servir de arma para embaraçar os meus inimigos?”, mais os outros estarão a esforçar-se por arranjar maneira de roubar este livro aos amigos e dizer que foi emprestado»… Quem assim escreve, na expectativa de lucrar, é Scott Adams, autor de banda desenhada. Em Como Tramar os Colegas!, trata as vivências pessoais / profissionais de Dilbert, segundo o princípio: «Os trabalhadores mais ineficientes são, sistematicamente, colocados no local onde podem causar menos danos - a gestão». Originalmente, Dilbert ganhou fama e proveito nas tiras diárias em The New York Times, distribuindo-se depois por uns 1950 outros jornais. Dilbert é um engenheiro informático, com cerca de trinta anos, cínico e inútil, considerando o seu chefe «um idiota de cabelo espetado». Scott Adams colheu inspiração como engenheiro de sistemas na Pacific Bell - permanecendo nesta companhia dos telefones durante anos. Para não perder o contacto com sua matéria-prima, embora estando sempre a olhar-se ao espelho.
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CALENDÁRiO

01JUN-09SET2018 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta a exposição colectiva Zéro de Conduite: Obras da Colecção de Serralves, sendo curadores João Ribas, Ricardo Nicolau e Paula Fernandes.

07JUN-28JUL2018 - Em Lisboa, Galeria das Salgadeiras apresenta Mergulho - exposição de desenho de Rui Horta Pereira.  
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08JUN-21JUL2018 - Em Lisboa, Fundação Carmona e Costa expõe, na Sociedade Nacional de Belas Artes, Clareira - Escultura 1984-2018 de Manuel Rosa, sendo curadores Manuel Costa Cabral e Nuno Faria.

19-30JUN2018 - Em Lisboa, Cinema São Jorge apresenta Stuart - exposição de desenho de Stuart Carvalhais (1887-1961), com organização do Diário de Notícias e curadoria de André Carrilho.
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19JUN-09SET2018 - Em Cascais, Fundação D. Luís I expõe, no Museu Condes de Castro Guimarães, Viragem de Época: Centenário do Regicídio Na Rússia. IMAG.102-220-332-360-503

21JUN2018 - Midas Filmes estreia Spell Reel (2017), documentário de Filipa César.

23JUN-22JUL2018 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe, no ciclo OitoXOito, Diálogo de Cor de Xavier Almeida Garrett.

28JUN-02SET2018 - Centro de Exposições de Odivelas apresenta A Singularidade do Branco - exposição de pintura de João Moniz.

VISTORiA

Génese

Sozinho, à margem do caminho, um verme.
Passam, repassam bandos pela estrada.
E alguns vão vê-lo… ou antes: vêm ver-me,
Com um dó que dói como uma chicotada!

Passam, repassam bandos pela estrada…
Levantam pó que desce a envolver-me.
E outros, por animarem a jornada,
Jogam à bola com minh’alma inerme.

Passam. E à margem do caminho, triste,
Respiro o pó que inda no ar persiste…
Cai das estrelas o silêncio, o espanto.

Qualquer coisa de absurdo me sufoca.
Maior do que eu, sobe-me a alma à boca.
Falta-me o ar, incho de angústia… – E canto.
José Régio

MEMÓRiA

1786-16DEZ1859 - Wilhelm Carl Grimm, aliás Wilhelm Grimm: Escritor alemão, com Jacob Grimm, conhecidos como Irmãos Grimm - autores de Grande Dicionário Alemão, coligiram fábulas infantis e relatos fantásticos - «Aqueles dias do colapso de todos os estabelecimentos existentes até ao momento permanecerão para sempre perante meus olhos… O ardor com o qual os estudos em Alemão Antigo eram perseguidos ajudou a superar a depressão espiritual… Sem sombra de dúvida, a situação do mundo, e a necessidade de nos envolvermos na tranquilidade do conhecimento, contribuíram para o despertar da literatura há muito esquecida; mas nós buscámos não apenas algo de consolo no passado, como a nossa esperança, naturalmente, era que este curso devesse contribuir um tanto para o regresso de dias melhores» (1806).
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1946-17DEZ2009 - Daniel Thomas O'Bannon, aliás Dan O’Bannon: Argumentista e realizador do cinema americano - «Os filmes de terror são uma matéria frágil e, uma vez visto o original, deixam de assustar» (2007). IMAG.15-283-337-514-538-580

1901-18DEZ1999 - Robert Bresson: Cineasta francês - «Para estabelecer bem a diferença, sublinhada por Jean Cocteau, entre os filmes correntes e a arte cinematográfica… É pelo cinematógrafo que reviverá a arte que o cinema está a querer matar. O cinematógrafo é uma escrita com imagens e movimentos e sons, e umas e outros só têm valor pelas suas posições e relações… É um novo modo de escrever, logo de sentir». IMAG.254-340-502-699

1894-22DEZ1969 - Josef Von Sternberg: Cineasta austríaco - «Nunca, antes, fora inventado algo tão intenso e complexo como a actividade artística de realizador de cinema». IMAG.254-281-375-466-468-660

1901-22DEZ1969 - José Maria dos Reis Pereira, aliás José Régio: Escritor, editor e pintor português - «Foi em meu nome que fiz, / A carvão, a sangue, a giz, / Sátiras e epigramas nas paredes / Que não vi serem necessárias e vós vedes.» (Poema do Silêncio).
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1906-22DEZ1989 - Samuel Barclay Beckett, aliás Samuel Beckett: Ficcionista e dramaturgo irlandês - «Eu sempre tentei. E sempre falhei. Não interessa. Volto a tentar. Volto a falhar. Porém, falharei melhor». IMAG. 78-100-256-339-558

23DEZ1929-1988 - Chesney Henry Baker Jr, aliás Chet Baker: Compositor americano, trompetista de jazz, ligado ao movimento cool - «Para ele, o jazz é a improvisação num território ilimitado, o país da nossa realidade mais íntima» (Enrico Pieranunzi).
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INVENTÁRiO

ROBERT BRESSON

Pintor de formação, realizador de longas metragens desde 1943, Robert Bresson dirigiu algumas obras-primas do cinema francês: Diário dum Pároco de Aldeia (1950), Fugiu Um Condenado à Morte (1956), O Carteirista (1959), Peregrinação Exemplar (1965), Amor e Morte (1967), Uma Mulher Meiga (1969), Quatro Noites de Um Sonhador (1971)…
Considerando que «o cinematógrafo é o poder de trazer o passado ao presente», Bresson - galardoado com o Grande Prémio de Criação no Festival de Cannes, em 1983 - é um visionário da liberdade. Fugiu Um Condenado à Morte põe em causa as instituições repressivas; O Carteirista julga a sociedade; O Processo de Joana d’Arc (1963) organiza o tribunal da História.
Os dilemas da fé, pela vocação cristã, perturbam em Peregrinação Exemplar - sobre o itinerário de um burro hostilizado, cujo destino é a iluminação. Outro tema fulcral nos labirintos de Bresson, a vitimação feminina domina Amor e Morte ou Uma Mulher Meiga, persistindo pelas Quatro Noites de Um Sonhador, na mácula dum amor puro e inocente.

PARLATÓRiO

Sombra é mistério e luz é claridade. A sombra oculta, a luz revela. Saber o que revelar e o que ocultar, e em que medida, eis tudo o que concerne à arte.
Josef Von Sternberg

COMENTÁRiO

Chet Baker

Com seu trompete romântico, foi um dos criadores do west coast jazz, a variante californiana do cool lançado por Miles Davis e Gerry Mulligan, e, como cantor, influenciou a bossa nova.
Helton Ribeiro

BREVIÁRiO

Quarto de Jade edita Afluentes de Adobe - livro de imagens e poemas por Diniz Conefrey, Maria João Worm e Alexandre Sarrazola.
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Bertrand edita António Variações: Entre Braga e Nova Iorque de Manuela Gonzaga; sobre António Joaquim Rodrigues Ribeiro (1944-1984).
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Gradiva edita Eça de Queirós [1845-1900] - Cronista de Annabela Rita.
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Na série Astérix o Gaulês de René Gosciny & Albert Uderzo, Asa edita Astérix e a Transitálica de Jean-Yves Ferri e Didier Conrad.
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Distrijazz edita em CD, sob chancela ECM, Bells For the South Side por Roscoe Mitchell.

Biscoito Fino edita em CD, Caravanas de Chico Buarque.
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sexta-feira, setembro 14, 2018

IMAGINÁRiO #734

José de Matos-Cruz | 08 Dezembro 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

PRENÚNCIOS
Projecto amadurecido, e de concretização pacientemente ambicionada por Manoel de Oliveira (1908-2015), Non ou A Vã Glória de Mandar (1990) consubstancia e, afinal, subverte algumas das suas obsessões essenciais - entre a tradição e a modernidade, o enraizamento e o universalismo. Envolvido por um momento culminante da nossa história actual, Non é uma evocação trágica, onírica, sobre o demencial épico em que, ao longo dos séculos, se representou A Vã Glória de Mandar. Trata-se do culminar na carreira de Oliveira, segundo um ambicioso investimento na arte e no espectáculo. O alcance euro-africano, implícito em Non, expande-se esplendoroso pela amplitude do imaginário - em transe ou êxtase. «Terrível palavra é o Non», sagra Oliveira - citando o Padre António Vieira. Em mente, teria a mística do Quinto Império, que lhe estava associada. Através de um envolvimento contemporâneo, protagonizado por alguns soldados já no crepúsculo da guerra colonial, pouco antes do 25 de Abril de 1974, reflecte-se a identidade pátria, quanto a momentos em que se consumou A Vã Glória de Mandar, desde os prenúncios da nacionalidade.
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CALENDÁRiO

10MAI-08SET2018 - Em Lisboa, Galeria Filomena Soares apresenta A Grande Onda - exposição de fotografia de Letícia Ramos (Brasil). IMAG.516

15MAI-29SET2018 - Em Lisboa, Atelier-Museu Júlio Pomar apresenta O Que Pode a Arte? 50 Anos do Maio de 68 - exposição colectiva de Júlio Pomar, Ana Vidigal, Carla Filipe, João Louro, Jorge Queiroz, Ramiro Guerreiro e Tomás da Cunha Ferreira, sendo curadores Hugo Dinis e Nuno Crespo.

24MAI-09SET2018 - Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva apresenta, na Sala de Exposições Temporárias, Le Couple - retrospectiva de pintura de Arpad Szènes (1897-1985).  
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1953-27MAI2018 - António Loja Neves: Jornalista e escritor português, cineasta e actor, analista e crítico (filmes, livros) - «O desenvolvimento é imparável e o progresso reconhecido, e de nada serve aos conservadores perorarem sobre as virtudes do papel: as novas tecnologias aperfeiçoaram ferramentas que facilitam tanto a vida que seria estultícia imaginar, hoje, um mundo sem esses bens adquiridos, muito menos com seres humanos que os não utilizassem no dia-a-dia.» (Expresso - 2007). IMAG.6-397

09JUN-28OUT2018 - Em Vila Franca de Xira, Museu do Neo-Realismo apresenta Entre o Mato e a Roça - exposição de fotografia de Emiliano Dantas (Brasil), também curador com Fernando Marques e Helena Seita.

14JUN2018 - Medeia Filmes estreia Caminhos Magnéticos (2017) de Edgar Pêra; com Dominique Pinon e Alba Baptista.  
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21JUN-09SET2018 - Em Lisboa, Museu do Oriente expõe Desenho a Carvão de Somboon Hormtientong (Tailândia).

28JUN-16SET2018 - Em Lisboa, Museu do Oriente expõe Das Terras do Preste João, sendo comissária Isabel Boavida. IMAG.55
 
PARLATÓRiO


Sejamos corteses com todos, mas íntimos de poucos, e façamos esses poucos serem bem testados, antes que de lhes concedermos a nossa confiança… A verdadeira amizade é uma planta de crescimento lento, deve ser posta à prova e resistir aos choques da adversidade, antes de lhe atribuirmos tal nome – amizade.
George Washington

MEMÓRiA

1785-08DEZ1859 - Thomas Penson De Quincey, aliás Thomas De Quincey: Escritor e intelectual inglês, autor de Confissões de Um Opiómano Inglês (1821) - «O simples entendimento, por muito útil e indispensável que possa ser, é a faculdade mais maligna no ser humano, aquela em que se deve confiar menos. E, no entanto, a grande maioria das pessoas não depende de nenhuma outra - o que pode servir na vida vulgar, mas não para os propósitos filosóficos.» (Knocking At The Gate In Macbeth - 1823). IMAG.387-526

08DEZ1919-1996 - Moisey Samuilovich Vaynberg, aliás Mieczyslaw Weinberg: Compositor soviético de origem polaca/judaica - «Muitas vezes, as suas obras possuem um humor subtil e um forte sentido de ironia» (Simon Wynberg). IMAG.540-552

09DEZ1909-1966 - António Pedro da Costa, aliás António Pedro: Escritor, encenador e artista plástico português - «Apetecia-me ser de seda e chagas, como os santos, / Que me brocassem de oiro a dobra do vestido, / E me coroassem de mitras e me espetassem flechas.». IMAG.75-150

1915-13DEZ2009 - Paul Anthony Samuelson, aliás Paul Samuelson: Economista americano, professor universitário, autor de Fundamentos da Análise Económica (1947), Prémio Nobel da Economia (1970) - «A bela adormecida da política económica estava à espera do alegre beijo de novos paradigmas, novos assalariados e novos problemas». IMAG.283-421-514

1732-14DEZ1799 - George Washington: Político e militar americano, primeiro presidente constitucional dos EUA (1789-1797) - «A liberdade é uma planta que cresce depressa, quando ganha raízes». IMAG.359

GALERiA

Das Terras do Preste João


Das Terras do Preste João convida o visitante a conhecer aspectos da rica diversidade cultural da Etiópia, em tempo de celebração dos 500 anos de relações diplomáticas e cooperação técnica entre este país e Portugal.
Os três núcleos expositivos organizam-se em torno de peças emblemáticas, convocadoras de histórias que abrem uma fresta iluminadora sobre o passado e o presente da terra onde emergiu a nossa humanidade comum, a terra que foi sede de um dos grandes impérios da Antiguidade, a terra que não se subjugou à vaga colonizadora e que, por isso, encarnou a esperança de uma África livre e independente – uma terra de segredos, mitos e artes que convidarão à viagem.
No primeiro núcleo descobrem-se, em paralelo, a visão europeia sobre a Etiópia centrada na figura cristomimética do Preste João e as histórias que se desenvolveram a partir da lenda fundadora, centrada na relação exogâmica entre a Rainha do Sabá e o Rei Salomão.
A demanda do reino abissínio e as relações que firmaram uma história partilhada dão passagem para o segundo núcleo, em que se foca o elemento religioso da vida do povo etíope através das artes do fogo, da gravura, da pintura, da caligrafia e iluminura.
O terceiro núcleo abre uma janela sobre os modos de vida e a cultura material, com peças de uso quotidiano e fotografias que dão conta de usos e costumes dos povos das terras altas da Etiópia.

BREVIÁRiO

E-Primatur edita Taras Bulba de Nikolai Gogol (1809-1852); tradução de Maria Vassilieva e Larissa Shotropa. IMAG.118-219-223-361-474-593-637-699

Afrontamento edita Poemas do Desterro de Ovídio (43aC-17dC); selecção e tradução de Albano Martins. IMAG.118-479-698




EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

A MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS - 3

E todavia a qualquer tempo, quando já rompia a aurora, Damião de Magalhães recuperaria a arquitectura das memórias, a arqueologia do imaginário – que eram a sua herança fundamental, temerária, quanto ao destino de Portugal. Não mais Terra Ignota ou Mar Incógnito.
Convicto, contrafeito, o Náufrago das Descobertas ergueu-se pois, despojou-se da roupa esfarrapada e dos adereços pessoais, embrenhando-se numa actualidade virtual ao assumir a original nudez humana…
Continua