quinta-feira, junho 27, 2019

IMAGINÁRiO #778

José de Matos-Cruz | 08 Novembro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

CONTRASTES
O cinema bélico alcançou em 1969, com Patton de Franklin J. Schaffner, um dos seus expoentes mais empolgantes e anacrónicos. Impressionante pela dimensão espectacular, sagrando a indústria artística de Hollywood. Controverso como biografia do General George S. Patton, considerado um dos génios da II Guerra Mundial. Os deveres militares, os requisitos da honra, os desígnios estratégicos, os dilemas da glória, contrastam-se na personalidade complexa e arrogante deste herói americano - entre o paraíso da História e o inferno dos seus fantasmas - a que George C. Scott confere um portentoso desempenho, justamente galardoado com o Oscar ao Melhor Actor. Com rodagem na Europa e no Norte de África, outros galardões da Academia distinguiram o Melhores Filme, Argumento (de Francis Ford Coppola e Edmund H. North), Cenografia e Montagem. Segundo Franklin J. Schaffner, eis «o estudo de uma personagem, não uma tese. A guerra aparece, apenas, como pano de fundo, porque era a profissão desse homem».  
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CALENDÁRiO

1924-21FEV2019 - Stanley Donen: Cineasta americano, coreógrafo e bailarino, encenador e produtor, «o mestre do Musical» (Jean-Luc Godard), realizador de Serenata à Chuva / Singin’ In the Rain (1952 - com Gene Kelly) - «Para mim, dirigir é como o sexo: quando é bom, é muito bom; mas, quando é mau, continua a ser bom». IMAG.97-225-312-705

22FEV-03JUN2019 - Em Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian expõe, no Espaço Conversas, O Pirgo de Chaves - cruzamento entre escultura / arqueologia de Francisco Tropa, sendo curadores Sérgio Carneiro e Penelope Curtis.  
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1933-23FEV2019 - João Dagoberto Forte Bigotte Chorão, aliás João Bigotte Chorão: Escritor português, professor e investigador, ensaísta literário, especialista na obra camiliana - «Autor de uma crítica humanista ou ontológica, que parte da obra para o homem, tantas vezes esquecido numa visão apenas formalista da literatura» (Quetzal - 2014). IMAG.272-293-559

1929-28FEV2019 - Andreas Ludwig Priwin, aliás André Previn: Compositor americano nascido na Alemanha, maestro e orquestrador, pianista de jazz, autor de bandas sonoras para filmes distinguido com quatro Oscars - «Um dia sem música, é um dia perdido».

28FEV2019 - Leopardo Filmes estreia A Portuguesa (2018) de Rita Azevedo Gomes; com Carla Riedenstein e Marcello Urgeghe. IMAG.172-404-718

28FEV2019 - Lanterna de Pedra produziu, e estreia Imagens Proibidas (2018) de Hugo Diogo; com Elmano Sancho e Diana Costa e Silva. IMAG.325

28FEV-28JUL2019 - Alfândega do Porto apresenta, no Centro de Congressos, Escher - exposição do artista holandês Maurits Cornelis Escher (1898-1972), sendo comissário Federico Giudiceandrea. IMAG.702

07MAR2019 - NOS Audiovisuais estreia Snu (2019) de Patrícia Sequeira; com Inês Castel-Branco e Pedro Almendra. IMAG.603

ELUCIDÁRiO

Leis de Kepler
Lei das Órbitas: Os planetas descrevem órbitas elípticas ao redor do Sol, sendo que este ocupa um dos focos da elipse.
Lei das Áreas: O segmento imaginário que une o centro do Sol e o centro do planeta varre áreas proporcionais aos intervalos de tempo dos percursos.
Lei dos Períodos: O quadrado do período de revolução de cada planeta é proporcional ao cubo do raio médio da respectiva órbita.
Lei da Gravitação Universal: Os corpos atraem-se com forças que são directamente proporcional à sua massa, e inversamente proporcional ao quadrado de suas distâncias.

MEMÓRiA

1822-08NOV1890 - César Auguste Jean Guillaume Hubert Franck, aliás César Franck: Compositor e organista belga, autor de Symphonie En Ré Mineur - «Ousei muito, mas, para a próxima vez, como vereis, ousarei ainda mais». IMAG.367-398

11NOV1850-1893 - António Carvalho da Silva, aliás Silva Porto: Pintor português, ligado ao Naturalismo - «…Não sorri, e parece longe… imerso na doce melancolia poética que ninguém lhe arranca, e com o espírito flutuando em mundo cor de safira e luar!» (Correio da Manhã - 1885). IMAG.287-372-767

1933-12NOV2010 - Henryk Mikolaj Górecki, aliás Henryk Górecki: Compositor polaco, distinguido com a Ordem da Águia Branca - «Música feita por meios tecnológicos é como feijão artificial… O problema é que o feijão artificial, quando plantado, não germina». IMAG.331-445

13NOV1850-1904 - Robert-Louis Stevenson, aliás Robert L. Stevenson: Escritor americano, ficcionista e poeta - «Os espíritos tranquilos não se confundem, continuam em seu próprio ritmo na ventura e na desgraça, tal como os relógios durante as tempestades».  
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1571-15NOV1630 - Johannes Kepler: Astrónomo, astrólogo e matemático alemão - «São grandes as vantagens industriais derivadas do princípio económico da divisão do trabalho - porém, e por isso mesmo, privou-se o trabalho do homem de alma e de vida». IMAG.56-115-123-124-302-344-352-590

VISTORiA

Na água dos olhos,
a contemplação.
No vento alado,
o perfume das rosas.
No trigo dourado,
a promessa do pão.
Cesar Franck

Entre os dois, sentia que tinha de escolher agora.
As minhas duas naturezas tinham memória em comum, mas todas as outras faculdades eram distribuídas muito desigualmente entre elas.
Preferi, então, o doutor já envelhecido e insatisfeito, mas rodeado de amigos e a alimentar honestas esperanças.
Dei um resoluto adeus à liberdade, à relativa juventude, ao passo leve, aos impulsos saltitantes e aos prazeres secretos que gozara na máscara de Hyde.
Talvez fizesse essa escolha com alguma reserva inconsciente, porque não desisti da casa em Soho, nem destruí as roupas de Eduard Hyde que tenho sempre prontas no meu gabinete.
Porém, durante dois meses, fui fiel à minha resolução.
Levei durante esses dois meses uma vida de tal severidade como nunca tinha levado, e gozei as compensações de uma boa consciência.
Logo o tempo começou, afinal, a obliterar o frescor de meu alarme.
Os louvores da consciência passaram a ser uma questão de hábito.
Comecei a ficar torturado com dores e anseios.
Era Hyde que lutava pela liberdade.
Finalmente, numa hora de fraqueza moral, compus mais uma vez e mais uma vez engoli a droga metamorfoseante.
O meu demónio, que por muito tempo tinha estado engaiolado, saiu rugindo.
No momento em que tomei a droga, fiquei consciente de uma propensão mais desenfreada e furiosa para o mal.
Devia ter sido isto, suponho, que desencadeou na minha alma a tempestade de impaciência com que ouvi as cortesias de minha infeliz vítima.
R.L. Stevenson
- O Médico e o Monstro (1886 - excerto)
COMENTÁRiO

A crença no efeito das constelações deriva, em primeiro lugar, da experiência – tão convincente, que só pode ser negada por gente que nunca a examinou
É, portanto, impossível que a razão não previamente instruída pudesse imaginar algo, senão que a Terra seria um tipo de casa imensa com a cúpula do céu no topo; não teria movimento e, dentro dela, o Sol tão pequeno passaria de uma região para outra, como um pássaro esvoaçando pelo ar
A Geometria existiu, e continua a existir, desde antes da Criação. É coeterna, com a mente de Deus… A Geometria forneceu a Deus um modelo para a Criação… A Geometria é o próprio Deus.
Johannes Kepler
BREVIÁRiO

Gradiva edita Charles Darwin [1809-1882] - A Bordo do Beagle de Christian Clot (texto) e Fabio Bono (desenho); tradução de Elsa Venturini. 
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Bertrand Editora lança Janela Indiscreta - O Que Dizem as Estrelas de Mário Augusto, com ilustrações de André Carrilho e prefácio de Daniela Ruah.  
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Quarto de Jade edita Planície Pintada de Diniz Conefrey e Maria João Worm - adaptação, em narrativa gráfica, de quatro textos indígenas da América do Norte.  
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quinta-feira, junho 20, 2019

IMAGINÁRiO #777

José de Matos-Cruz | 01 Novembro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

EXPANSÕES
Forjados na Equidade, na Honra e na Verdade, os super-heróis expandiram-se da banda desenhada à animação, para sagrar as Justice League Adventures, sob a chancela Cartoon Network. Simultaneamente, em 2002, tal universo recriado transferiu-se para os quadradinhos originais - em lançamento DC Comics, sendo as capas assinadas pelos incomparáveis Bruce Timm e Alex Ross. Num satélite de vigilância Watchower, que paira em altitude sobre a Terra, encontram-se os mais formidáveis paladinos actuais: Superman, Wonder Woman, Batman, Martian Manhunter, Green Lantern, Hawkgirl, The Flash… Eles são a esperança transcendente da humanidade, para exterminar o mal e a perversão - num recôndito lugar planetário, ou algures no universo ilimitado. Escrita por Ty Templeton, a primeira missão teve ilustração de Min S. Ku & Dan Davis, e a acção principia sob uma ameaça iminente - quando um misterioso meteoro cai algures, numa periferia americana. A Justice League é chamada a investigar, deparando-se com os riscos de um conflito intergaláctico, cujo inimigo principal indiciaria um responsável insuspeito: o próprio Green Lantern, fazendo vacilar os companheiros! IMAG.6-27-586

CALENDÁRiO

1933-19FEV2019 - Karl-Otto Lagerfeldt, aliás Karl Lagerfeld: Criador alemão de alta-costura, ligado à casa Chanel, designer, fotógrafo e ilustrador - «A moda é efémera, perigosa e injusta».

1936-19FEV2019 - Geraldes Lino: Autor e divulgador português de banda desenhada, colecionador, articulista e palestrante, editor, fanzinista e blogger - «Desde criança, um apaixonado da banda desenhada. Não é de estranhar, visto que ele e a revista infanto-juvenil O Mosquito nasceram ambos em Janeiro de 1936, e ela foi a sua primeira leitura logo aos sete anos, porque aprendera a ler aos seis. Foi assim que se tornou um leitor fascinado de histórias aos quadradinhos nas várias revistas da especialidade que foram surgindo em Lisboa, sua terra natal» (Síntese Autobiográfica Na 3ª Pessoa). IMAG.45-103-127-149-229-493-Extra

18JUL1929-21FEV2019 - José Carlos de Sequeira Costa, aliás Sequeira Costa: Pianista e pedagogo português - «Formámos uma escola excecional: Beethoven, que ensinou Karl Czerney, que foi professor de Franz Liszt, que por sua vez ensinou Vianna da Motta, eu, seu discípulo, e, a seguir a mim, Artur Pizarro» (2008). IMAG.158

21FEV2019 - NOS Audiovisuais estreia Portugal Não Está à Venda (2018) de André Badalo; com Pedro Teixeira e Rita Pereira. IMAG.328

VISTORiA

A Estupidez
Se a estupidez, com efeito vista por dentro, não se confundisse com o talento, se, vista por fora, não tivesse todas as aparências do progresso, do génio, da esperança, ninguém desejaria ser estúpido e não existiria a estupidez. Pelo menos, seria muito fácil combatê-la.
O pior é que ela tem qualquer coisa de extraordinariamente natural e convincente. Por isso, quando alguém considera um cromo mais artístico do que um quadro a óleo, este juízo comporta uma parte de verdade muito mais simples de demonstrar que o génio de Van Gogh. Da mesma forma se torna muito mais fácil e rentável ser-se um dramaturgo muito mais poderoso do que Shakespeare, um romancista mais igual do que Goethe; um bom lugar-comum é sempre mais humano que uma nova descoberta. Não surge um único pensamento importante do qual a estupidez não saiba imediatamente aproveitar-se, ela pode mover-se em qualquer direcção e assumir todos os trajes da verdade. A verdade, essa só tem um traje, um só caminho, por isso fica sempre de pior partido.
Robert Musil
- O Homem Sem Qualidades (1930-1943, excerto)
MEMÓRiA

1811-NOV1890 - Ignacio de Vilhena Barbosa: Escritor e erudito português, fundador de O Universo Pittoresco (1839), sócio bibliotecário da Academia Real das Ciências, autor de Monumentos de Portugal (1886). IMAG.249-357

1936-01NOV2010 - Carlos Amado: Escultor, cenógrafo, professor universitário - «Um artista e uma personalidade humana de uma disponibilidade afectiva singular, que procurou conciliar uma tradição clássica do renascimento italiano com a modernidade que se verificou no início do século XX, tendo acompanhado de perto o percurso de artistas e intelectuais de várias gerações» (António Valdemar). IMAG.330-585

1856-02NOV1950 - George Bernard Shaw: Dramaturgo e ensaísta irlandês - «Imaginar é o princípio da criação. Nós imaginamos o que desejamos, queremos o que imaginamos e, finalmente, criamos aquilo que queremos… Não há segredos mais bem guardados do que os segredos que todos conhecem».
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1924-02NOV2010 - Rudolf Borisovich Barshai, aliás Rudolf Barshai: Maestro e violinista russo, celebrado pelo arranjo e interpretação de composições musicais de Sergei Prokofiev (1891-1953) e Dmitri Shostakovich (1906-1975). IMAG.580

1944-05NOV2010 - Jill Clayburgh: Actriz do cinema americano - «Acho que as pessoas olham para mim, no ecrã, e pensam que sou uma personagem muito sensível. Mas isso não é o que eu faço melhor. As minhas melhores personagens são as que, em termos emocionais, estão a desfazer-se a olhos vistos».IMAG.331-464

06NOV1860-1935 - Bento de Sousa Carqueja, aliás Bento Carqueja: Escritor e jornalista português, autor de A Liberdade de Imprensa (1893) - «Desejo não ser nada no meu País, fora do meu lugar de jornalista e da minha cadeira de professor». IMAG.525

06NOV1880-1942 - Robert Musil: Escritor austríaco - «Não é o génio que se adianta um século em relação ao seu tempo, é a Humanidade que se encontra cem anos atrás dele». IMAG. 56-202-231-236-297-366-370

06NOV1930-2013 - Alcino Peixoto de Castro Soutinho, aliás Alcino Soutinho: Pintor e arquitecto português, referencial da Escola do Porto - «Discreto, moldado por uma sensibilidade feita de curiosidade imensa, culto como poucos, corajoso, cidadão empenhado e com causas, nunca perdendo de vista a luta por uma sociedade diferente e justa» (Valdemar Cruz). IMAG.491

1912-07NOV1990 - Lawrence George Durrell, aliás Lawrence Durrell: Escritor britânico, nascido na Índia, autor de Papisa Joana - «É necessária muita energia e muita neurose para escrever um romance. Se fôssemos realmente sensatos, faríamos outra coisa». IMAG.368-690

1942-07NOV2010 - Manuel Cintra Ferreira: Crítico de cinema, programador da Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema - «Foi através dos filmes e dos textos que sobre eles escreveu que expressou o seu humanismo, a sua cidadania e o seu gosto artístico» (António Loja Neves). IMAG.26-72-92-161-169-331-397-501

SUMÁRiO

George Bernard Shaw
Polemista e dramaturgo, nasceu em Dublin e iniciou carreira como crítico de artes. Exercitou a ficção e o ensaio, mostrando o poder de fogo da ironia cortante e a visão do mundo peculiar em que vivia. Consagrou-se no teatro, deixando clássicos como A Profissão da Sra. Warren (1893) e Pigmalião (1913), esta última, a sua peça mais popular, e que, em 1964, deu origem ao filme My Fair Lady. Em 1925, foi agraciado com o Prémio Nobel de Literatura.

PALATÓRiO

Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem «Por quê?». Eu sonho com as coisas que nunca foram, e digo «Por que não?»… Nenhuma pergunta é tão difícil de se responder, como aquela cuja resposta é óbvia.
George Bernard Shaw

Procuramos preencher o vazio da nossa individualidade e, por um breve momento, desfrutamos da ilusão de estar completos. Mas é, apenas, uma ilusão. O amor une e, depois, divide.
Lawrence Durrell
COMENTÁRiO

Ignacio de Vilhena Barbosa
A [sua] existência tem corrido plácida e serena, semeando afectos, e não tendo ódios. Permita que no frontispício d’este seu livro se inscreva não só a homenagem que é devida pelo crítico à sua vasta erudição e ao seu formoso talento, mas também a homenagem que é devida por um confrade à bondade nativa do seu coração e à levantada nobreza do seu carácter.
Pinheiro Chagas
- Prefácio a Monumentos de Portugal (1886)
EXTRAORDINÁRiO

OS HUMANIMAIS - Folhetim Aperiódico

À TRIPA SOLTA, A COBRA É MOLE - 8

Foi assim. A Xarolas fez-lhe tudo o que é preciso para endoidecer um homem, até ele visar com raiva toda a humanidade, e estar capaz de desfazê-la às postas. Com tal bestialidade, que o palerma do Catraio nem tugiu nem mugiu. Já em pedaços, era uma atracção mórbida e anónima para eventual espectáculo qual sensação bizarra. Ao gosto de cientista com apetites góticos. Portanto, Julião Silvares levou ao gáudio os fanáticos aprendizes da Escola Médico-Cirúrgica, que desbarataram seus restos espectrais perante o olhar embevecido e académico do mestre Deodato Seromenho.
Continua

quarta-feira, junho 19, 2019

IMAGINÁRiO-Extra: ORION #3+4

Com coordenação e edição de Renato Abreu, surge o número #3/4 do fanzine Orion, acessível online na Yumpu, com data de Junho de 2019, e tendo ainda uma edição de referência em papel, destinada aos colaboradores. São eles Andro Malis, Bernardino Costantino, Françoise Duvivier, Jeremy Smookler, Joan Blaisse, José de Matos-Cruz, Léo Quiévreux, Luís Filipe Silva, Luís Louro, Marco Limbo Maraggi, Nicola Rettino, Ornela Michelli, Sarah Fisthole e Sofia Gonçalves Lobo.
Entretanto, os números anteriores de Orion continuam patentes online na Yumpu: o #0, experimental e aparecido em Março de 2018; o #1, referenciado a Julho de 2018; e o #2, com data de Janeiro de 2019, podendo também ser estabelecidos contactos através de: Zorion@sapo.pt
 
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segunda-feira, junho 17, 2019

IMAGINÁRiO #776

José de Matos-Cruz | 24 Outubro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

TESTEMUNHOS
À época, as ocorrências da guerra colonial não tiveram, no cinema português, uma expressiva incidência directa, em actualidades e reportagens, ao contrário do que havia sucedido noutros períodos marcados pelas circunstâncias político-militares. Por dois motivos principais: a influência da censura e a importância sucedânea da televisão. Em alternativa, o documentarismo africano mereceu um notável incremento, graças ao apoio oficial, especialmente sobre Angola e Moçambique, em múltiplas vertentes - sociais, económicas, turísticas, de ensino - sempre com uma dinâmica de progresso e desenvolvimento. Por outro lado, desde meados dos anos de 1960, a guerra colonial reflectiu-se na área ficcional da nossa cinematografia, com destaque para as longas metragens. Em causa, sobretudo, estão os conflitos individuais - os quais se repercutem pelo envolvimento familiar e comunitário, através das convencionais implicações dramáticas. Entretanto, a partir de finais do Século XX, passou a registar-se - em pequeno e grande ecrãs, com a assinatura ou o desempenho das novas gerações - uma multiplicidade significativa de propostas romanescas e testemunhadoras.
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CALENDÁRiO

02FEV-14ABR2019 - Em Lisboa, Galeria Quadrum expõe Assentamento de António Bolota - em jogo, a arquitectura, a engenharia dos materiais e a escultura, sendo curadora Sara Antónia Matos. IMAG.597-641

08FEV-06MAI2019 - Em Lisboa, Espaço Projecto do Museu Calouste Gulbenkian expõe Moi Je Suis la Langue et Vous Êtes Les Dents de Yto Barrada (Marrocos/França), sendo comissária Rita Fabiana.

09FEV-27ABR2019 - Em Lisboa, Galeria Zé dos Bois apresenta Mil Órbitas por António Poppe - exposição de colagens, desenhos, caligrafias, livros e esculturas, sendo curador Natxo Checa. IMAG.461

1941-15FEV2019 - Bruno Ganz: Actor suíço do teatro, da televisão e do cinema internacionais, intérprete de A Cidade Branca (1982 - Alain Tanner) - «Os guiões têm de me agarrar, de me irritar, de me seduzir. Não quero repetir-me nos meus papéis». IMAG.127-208-268

15FEV-21ABR2019 - Em Lisboa, Museu da Marioneta apresenta, com Monstra - Festival de Animação de Lisboa, A Magia dos Estúdios Aardman (GB) - exposição de marionetas, cenários, esquissos e storyboards de filmes e séries televisivas. IMAG.159

15FEV-19MAI2019 - Em Lisboa, Culturgest apresenta Once In A Life Time [Repeat] - exposição antológica de João Onofre, sendo curador Delfim Sardo. IMAG.575

19FEV-24JUN2019 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe, com Museo Guggenheim Bilbao e Kunsthall Rotterdam, I’m Your Mirror de Joana Vasconcelos, sendo comissário Enrique Juncosa. IMAG.294-497-761

22FEV-20ABR2019 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Mapa Luga, Uma Lacuna - exposição de desenho Rui Horta Pereira. IMAG.541-601-735

02MAR2019 - Em Lisboa, Galeria Diferença expõe Diários de Lisboa de André Ruivo. IMAG.375-378-390-405-407-416-430-435-596-771

VISTORiA

Contigo o Céu

Se me aparto de Ti, Deus de bondade,
que ausência tão cruel! Como é possível
que me leve a um abismo tão terrível
pendor infeliz da humanidade.

Conforta-me, Senhor, que esta saudade
me despedaça o coração sensível;
se a Teus olhos na cruz sou desprezível,
não olhes para a minha iniquidade.

À suave esperança me entregaste,
e o preço do Teu sangue precioso
me afiança que não me abandonaste.

Se justo, castigar-me Te é forçoso,
lembra-Te que Te amei e me criaste
para habitar contigo o Céu lustroso!
Alcipe
(D. Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre)

MEMÓRiA


25OUT1890-1953 - Raul Ferrão: Maestro e compositor português, autor de Abril Em Portugal, oficial do exército, engenheiro químico, professor - «O nome de Raul Ferrão fica sinónimo com os bons momentos da música portuguesa» (D. Belo). IMAG.417-464

25OUT1930-2015 - Joaquim Manuel Durão, aliás Joaquim Durão: Xadrezista português, Mestre Internacional - «Trabalhei muito pelo xadrez. Foram treze anos dedicados ao dirigismo da FIDE/Federação Internacional de Xadrez, influenciando os destinos da modalidade, nos bons e nos maus momentos» (1999). IMAG.569

26OUT1910-1996 - Fernando Carvalho Trindade Bento, aliás Fernando Bento: Ilustrador, figurinista, pintor, autor de banda desenhada - transpôs As Mil e Uma Noites de Adolfo Simões Muller, e colaborou no Cavaleiro Andante a partir de 1952. IMAG.257-299-307-328-367-533-550-578-643

1901-27OUT1980 - José Claudino Rodrigues Miguéis, aliás José Rodrigues Miguéis: Escritor português - «Começo a compreender, com espanto, o que me move: um desejo de identificação com os humildes deste mundo.» (Gente da Terceira Classe - 1962). IMAG.311-350-376

28OUT1900-1967 - Eduardo Augusto D’Oliveira Morais Melo Jorge Malta, aliás Eduardo Malta: Pintor português, distinguido com o Prémio Columbano (1936), director do Museu de Arte Contemporânea (1959-1967) - «Os retratos de Eduardo Malta vivem carnal e espiritualmente» (Teixeira de Pascoaes). IMAG.612

31OUT1750-1839 - D. Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre: Condessa de Oeynhausen-Gravenburg, Condessa de Assumar e Marquesa de Alorna, poetisa de nome literário Alcipe - «Nos discretos caracteres, / Vão teus olhos magoados / Ora lendo o seu conforto, / Ora o decreto dos Fados. // Já te lanças brandamente / No seio da paciência; / Já te recreia admirar / O aspecto da Providência. // Eu te sigo, suspirando, / E teço então sobre a lira / Estas cantigas saudosas / Que o contemplar-te me inspira. // Se os meus versos te consolam, / Sempre a branda simpatia / Conduzirá no silêncio / A Musa que teme o dia!» (A Uma Freira Em Chelas). IMAG.246-296-726

31OUT1950-2016 - Zaha Mohammad Hadid, aliás Zaha Hadid: Arquitecta inglesa de origem iraquiana, distinguida com o prémio Pritzker em 2004 - «O que a fazia diferente, era essa vontade de dar movimento ao espaço» (Lina Santos). IMAG.613

TRAJECTÓRiA

Raul Ferrão

Ninguém diria, mas o compositor de algumas das mais populares e conhecidas canções, fados e marchas de Lisboa era… militar de carreira! Raul Ferrão escreveu música para mais de uma centena de peças de teatro e revistas e ainda para alguns dos mais aclamados filmes portugueses.
A ele se devem êxitos como Cochicho, As Camélias, Burrié, Velha Tendinha, Rosa Enjeitada, Ribatejo, e ainda canções para os filmes A Canção de Lisboa, Maria Papoila, Aldeia da Roupa Branca e Varanda dos Rouxinóis; e escreveu ainda música para operetas como A Invasão, Ribatejo, Nazaré, Colete Encarnado ou Senhora da Atalaia.
Em 1907, com 17 anos de idade, ingressou na carreira militar. Foi professor da Escola de Guerra em 1917 e 1918, depois de ter cumprido comissões de serviço em África durante a I Guerra Mundial.
Ferrão, formado em engenharia química, começou a compor durante os anos vinte e chegou a ser representante da antecessora da Sociedade Portuguesa de Autores, a Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais, em congressos internacionais de direitos de autor.
Extraordinariamente produtivo como compositor (só na década de quarenta escreveu música para quase quarenta revistas!), as suas criações atravessaram gerações, e basta recordarmos duas das mais importantes: Lisboa Não Sejas Francesa, originalmente composta para a opereta A Invasão, e o eterno Coimbra, que, contudo, tem uma história curiosa.
De facto, a melodia de Coimbra existia desde 1939 sem que Ferrão conseguisse que lha aceitassem numa peça. A canção foi ficando na gaveta até que, finalmente, apareceu em 1947 no filme Capas Negras, onde foi criada por Alberto Ribeiro, ironicamente, sem grande sucesso. Só três anos mais tarde, quando Amália a interpreta numa digressão internacional, a canção se tornaria popular em todo o mundo, ficando conhecida no estrangeiro como Avríl au Portugal ou Apríl in Portugal… Ferrão ainda assistiu ao triunfo desta canção enjeitada antes de falecer em 1953. O realizador e produtor televisivo Ruy Ferrão, seu filho, encarregou-se de manter viva a sua memória.

COMENTÁRiO

FERNANDO BENTO

Com um historial esparso, mas de notável qualidade, graças a um leque de artistas que, tendo-se afirmado pela época áurea, persistiram em actividade, a banda desenhada portuguesa constitui um fecundo património - ciosamente preservado por coleccionadores, apreciado por leitores nostálgicos e, ao ressurgir em álbum, seduzindo as mais jovens gerações.
Um exemplo único, a nível internacional, pelo fascinante grafismo, ágil e harmonioso, inconfundível, Fernando Bento tem justa evocação - através de obras-primas clássicas, oportunamente relançadas. Um universo fabuloso e aliciante, a redescobrir do original preto-e-branco à prancha colorida.

VISTORiA

Ao longo dos passeios de Nova Iorque, por sobre as estações e galerias do subway, abrem-se grandes respiradouros gradeados por onde cai de tudo: o sol, a chuva, o luar e a neve, luvas, lunetas e botões, papelada, chewing gum, tacões de sapatos de mulheres que ficam entalados e até dinheiro. Às vezes, lá no fundo, no lixo acumulado, ou em poças de água estagnada, brilham moedas de níquel e mesmo de prata.
José Rodrigues Miguéis
- Arroz do Céu (1962, excerto)
BREVIÁRiO

Porto Editora lança Burgueses Somos Nós Todos ou Ainda Menos de Mário de Carvalho. IMAG.327-410-528-541-542-543-581-603-612-618-666-676-6784
 

terça-feira, junho 11, 2019

Imaginário-Extra: Directório #2

Secção adicional, temática e aperiódica, que complementa as newsletters do Imaginário, os Extra destacam matérias da actualidade, em formato de divulgação e/ou crítica. Abaixo listados estão os mais recentes vinte Imaginários-Extra, de Maio de 2018 a Março de 2019.
Para consultar os primeiros trinta Extra, consulte o Directório #1 – AQUI.

#31 – Orion: Fanzine de Ficção-Científica
#32 – Paulo Monteiro, cineasta
#33 – Susana Resende: Curso de BD no Montijo
#34 – Susana Resende: 1º e 2º Iniciação à Arte Sequencial

#35 – Renato Abreu: Orion #1


#36 – 1º Barreiro IlustraBD
#37
– Comic Con Portugal em Algés
#38
– Nomeações aos XVI Troféus Central Comics
#39
Aurora Boreal e O Princípio Infinito – Livro Dois [Apenas Livros]
#40
– Susana Resende: Gatos Baralhados [Apenas Livros]



#41
– José Ruy: Dois novos Álbum em Quadradinhos [Âncora Editora]
#42
– Aurora Boreal e O Infante Portugal no Amadora BD e XVI TCC
#43
Aurora Boreal e O Princípio Infinito – Livro Três [Apenas Livros]
#44
Aurora Boreal e O Princípio Infinito – Livro Quatro [Apenas Livros]
#45
– Renato Abreu: Orion #2




#46
– Jorge Magalhães, até sempre
#47
Aurora Boreal e O Princípio Infinito [Apenas Livros]
#48
– Zé Manel, até sempre 

#49 – Geraldes Lino, até sempre
#50
– Susana Resende: Lances em Banda Desenhada