quarta-feira, julho 30, 2014

IMAGINÁRiO #515

José de Matos-Cruz | 16 Maio 2015 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO
FANTASIAS
Uma pequena rústica do Kansas. Dorothy Gale vive na quinta de uma tia, tendo por companheiro o simpático cão Toto. Mas este começa a dar provas de agressividade, perante seres que não suporta. Assim, um cíclope leva Dorothy, adormecida, com Toto, para o país dos Munchkins. Ao acordar, a menina descobre em seu redor um mundo de sonho, onde o povo vive orientado por uma fada boa, Glinda. Ela aconselha Dorothy, com saudades, a consultar o Feiticeiro de Oz, para lhe sugerir um meio de regresso ao Kansas. Então, Dorothy percorre as estradas dessa terra prodigiosa - em companhia de bizarras personagens, que vai encontrando: Hank o Espantalho, à procura de cérebro; Hickory o Homem-de-Lata, em busca de um coração; e o Leão Preguiçoso, ansiando ter coragem. Seguem por um caminho de tijolos amarelos, até à Cidade Esmeralda. Mas a Bruxa Má está disposta a capturá-los, enviando macacos voadores. Afinal, o segredo do Feiticeiro é que ele não existe, enquanto tal; trata-se de um hábil e amável velhote, que prediz o futuro, à medida dos desejos de cada um…


CALENDÁRiO
¢16MAI-15JUN2014 - No Passeio Marítimo, Câmara Municipal de Cascais apresenta, com Fundação D. Luís I, a 6ª Edição do Concurso / Exposição Internacional de Escultura - ArteMar Estoril 2014.

¢17MAI2013-21SET2014 - Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga apresenta Os Sabóias. Reis e Mecenas. Turim (1730-1750) - exposição de 103 peças oriundas do Museo Civico de Arte Antica - Palazzo Madama de Turim, classificadas Património da Humanidade pela Unesco (1997).

¸18MAI2014 - Perto de Senhora da Aparecida, de Lousada e do Porto, e por iniciativa de Abi Feijó, é inaugurada a Casa/Museu de Vilar - A Imagem em Movimento, dedicada ao cinema de animação e com valências expositiva e pedagógica. IMAG.60

¢22MAI-26OUT2015 - Em Cascais, Casa das Histórias Paula Rego apresenta 1961: Ordem e Caos - exposição pintura, gravura e desenho de Paula Rego, Victor Willing (1928-1988), Eduardo Batarda e Bartolomeu Cid dos Santos (1931-2008). IMAG.11-13-31-146-199-205-258-269-325-336-342-351-357-364-370-388-399-416-464-486-489

¢05JUL-05OUT2014 - Em Lisboa, Museu da Electricidade expõe Dissecação/Dissection - Um Olhar Para o Futuro de Alexandre Farto, aliás Vhils.
                
MEMÓRiA
¸16MAI1905-1982 - Henry Fonda: Actor do cinema americano - «Não posso opinar sobre o método, nunca o estudei em representação. Isto não significa que esteja, deste modo, a exprimir uma opinião - não sei o que é». IMAG.23-35-179-205-382-437

¸16MAI1915-2010 - Mario Monicelli: Argumentista e cineasta italiano - «Uma comédia italiana é dramática. A situação é quase sempre trágica, mas tratada de uma maneira humorística. As pessoas morrem, e não há um final feliz». IMAG.214-333-475

¯18MAI1935-2010 - Manuel Ivo Cruz: Compositor português, maestro, musicólogo e historiador - Filho do maestro Ivo Cruz (1901-1985), fundou e dirigiu os Cursos Internacionais da Costa do Estoril, e foi distinguido com a Ordem do Rio Branco (Brasil). IMAG.336-337

O1853-19MAI1895 - José Martí: Escritor, político e filósofo cubano - «Os homens são como as estrelas: alguns geram a sua própria luz, enquanto outros reflectem o brilho que elas recebem». IMAG.404

¨1802-22MAI1885 - Victor Hugo: Escritor e estadista francês - «Há pessoas que deixam cair um vaso de flores do quinto andar, e dizem: ofereço-lhe rosas». IMAG.28-44-92-180-212-240-314-360

¨23MAI1735-1814 - Charles-Joseph, Príncipe de Ligne: Nobre, oficial e homem de letras belga - «De todas as ilusões que cultivámos na vida, a mais agradável é a esperança de que se ocupem de nós depois de não existirmos. Este fumo de glória não é desarrazoado, e pode mover-nos a praticar grandes coisas». IMAG.494

COMENTÁRiO
O FEITICEIRO DE OZ
¸Dirigido por Victor Fleming, O Feiticeiro de Oz / The Wizard of Oz (1939) converteu-se em clássico exemplar e no modelo perfeito, entre as produções da Metro-Goldwin-Mayer - através duma síntese fascinante, entre fantasia, cores, alegria e canções. Eis um espectáculo deslumbrador, feérico, em efabulativa transfiguração do imaginário americano, com inspiração melódica de E.Y. Harburg & Harold Harlen. Judy Garland, Billie Burke, Frank Morgan, Ray Bolger e Jack Haley sobressaem num magnífico elenco, dando vida ao argumento de Noel Langley, Florence Ryerson & Edgar Allan Wolf - segundo um romance de Lyman Frank Baum, já levado ao cinema em 1925, e em remakes pela variante teatral The Wiz (1978 - Sidney Lumet) ou na produção australiana Oz. O original teve, aliás, duas sequelas: Return To Oz (1985 - Walter Murch) ou, antes, Journey Back To Oz (1964-74 - Hal Sutherland), pela animação; género em que se expandiu, ainda, O Feiticeiro de Oz (1990), por Turner Entertainment. Em 1904, Frank Baum concebeu também The Queer Visitors From the Marvelous Land of Oz, versão directa em quadradinhos, ilustrada por Walt McDougall e com relançamento da Eternity (1991).
 
GALERiA
1961: Ordem e Caos
¢A exposição 1961: Ordem e Caos reúne um vasto conjunto de obras de  Paula Rego produzido durante as décadas de 1960 e 1970, pretendendo documentar e analisar o início do seu percurso artístico e o impacto no panorama português da época.
As obras concebidas por Paula Rego durante estes anos remetem para a situação política do país, comentando-a de forma sarcástica e crua. Ao sublinhar esta orientação temática, aprofundam-se as inquietações políticas que atravessaram a obra da pintora neste período em particular, mas também em fases posteriores do seu trabalho.
Para além das obras de Paula Rego, mostram-se ainda trabalhos de outros artistas portugueses, que assumiram também uma postura crítica em relação à situação política e à vida social e cultural do país, ao mesmo tempo que desenvolveram uma linguagem figurativa própria: Bartolomeu Cid dos Santos e Eduardo Batarda. Explora-se, assim, a ligação de pesquisas diferenciadas e inovadoras no campo da figuração, a partir dos anos ‘60, com o comentário político, social e cultural.
Esta exposição inclui ainda obras de Victor Willing (da colecção da Casa das Histórias) que evidenciam a cumplicidade artística e vivencial que estabeleceu com Paula Rego. Considerado na Slade School como spokesman for his generation, pelo seu brilhantismo intelectual, este artista representa desde o início da formação académica de Paula Rego a sua referência tutelar, a ligação mais imediata ao panorama artístico da época.


Para além da apresentação de pintura, gravura e desenho, um núcleo documental surge no espaço expositivo reforçando a evocação dos momentos mais marcantes do início do percurso artístico de Paula Rego ocorridos em Portugal: a sua primeira apresentação pública no nosso país (1961), a atribuição de uma bolsa de estudo pela Fundação Calouste Gulbenkian (1962-1963) e a primeira exposição individual na Sociedade Nacional de Belas-Artes (1965). As iniciativas da Fundação Calouste Gulbenkian tiveram claro impacto na carreira de Paula Rego, e reflectem-se também na aquisição de um vasto número de obras da sua autoria desde 1965, pelo que esta instituição é destacada nesta panorâmica histórica também pelo número de obras cedidas para 1961: Ordem e Caos.

Dissecação/Dissection
¢Pela primeira vez, um museu em Portugal faz uma exposição de Vhils. Ao longo de três meses, o Museu da Eletricidade exibe a obra do mais famoso street artist nacional.
Vhils é hoje um nome reconhecido no panorama artístico internacional, com intervenções de grande impacto que vão de Xangai a São Paulo, de Bogotá a Paris, de Moscovo a Nova Iorque.
Com um estilo único, a obra de Vhils não se limita a usar os muros da cidade como suporte, revelando uma grande capacidade de intervenção e invenção de espaços e meios.
Vhils destrói, para criar a sua arte. «Tento focar-me na destruição como acto criativo; é algo que trouxe do graffiti. Acredito que somos todos formados por camadas de tecido histórico e social. O nosso sistema social é produto do mesmo processo de camadas, e acredito que, ao removermos e expormos essas camadas - pela sua destruição - conseguimos alcançar algo mais puro», revelou recentemente o artista ao site Wynwood Walls
Para a exposição Dissecção/Dissection, Vhils utiliza materiais recolhidos no Campus do Museu da Eletricidade e nas ruas de Lisboa. E apresenta, no interior e exterior do Museu da Eletricidade, peças totalmente inéditas, criadas a partir de temas usuais da sua obra: os deslocados e os desalojados urbanos, que convocam e problematizam a memória colectiva das cidades, a vertigem das suas imagens, as histórias dos seus habitantes.
Vhils é o nome artístico de Alexandre Farto, nascido no Seixal há 27 anos. De grafitter dos subúrbios de Lisboa a artista de renome internacional, passou pouco mais de uma década. Estudou em Londres e alcançou a notoriedade quando uma obra sua surgiu ao lado de um original de Banksy, no Cans Festival de 2008.
  
PARLATÓRiO
¨O inverno cobre a minha cabeça, mas uma eterna primavera vive no meu coração…
Victor Hugo
        
BREVÁRiO
¸Warner edita em Blu-ray, O Feiticeiro de Oz / The Wizard of Oz (1939) de Victor Fleming; com Judy Garland e Ray Bolger. IMAG.29-35-46-116-204-309-334

¨Presença edita Guerra e Paz de Lev/Leon Tolstoi (1828-1910); tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra. IMAG.56-194-299-305-358-363-444-506

¯Universal Music edita em CD, Fado É Amor de Carlos do Carmo. IMAG.166-314-434-463-509

sexta-feira, julho 18, 2014

IMAGINÁRiO #514

José de Matos-Cruz | 8 Maio 2015 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO      
INSPIRAÇÕES
«João de Deus tem a inspiração serena, espontânea, quase inconsciente… As suas poesias são verdadeiras flores do campo, mas das mimosas, das encantadoras na sua singeleza, das que, guardadas num álbum, conservam perfeitamente a delicadeza da forma, o colorido transparente da corola, o aveludado do cálice, a disposição encantadora das pétalas…» Assim o Diário de Notícias mencionava, em 1895, o poeta e pedagogo (1830-1896) - autor de Campo de Flores e criador do método de leitura Cartilha Maternal - a quem José Ruy presta homenagem em João de Deus - A Magia das Letras, sob chancela Âncora Editora, e com versão em mirandês, La Magie de las Letras, em tradução por Amadeu Ferreira.
A vertente histórica, de reflexão ou testemunho, continua a ser, em quadradinhos, uma das alternativas mais aliciantes e populares - graças ao artista talentoso e versátil, que vem ilustrando, solidário, o testemunho cultural, os desafios singulares e os ideais colectivos, ao delinear a expressão e o carácter com que nos posicionamos, na realidade.
IMAG.4-16-19-36-61-78-96-117-129-141-149-197-223-224-252-263-267-271-279-305-392-416-430-504

MEMÓRiA
¨08MAI1705-1739 - António José da Silva, o Judeu: Dramaturgo brasileiro - «Zombando se diz as verdades…». IMAG.34-66-183-247-443

¨1893-08MAI1975 - Dino Segre, aliás Pitigrilli: Jornalista e escritor italiano - «A medicina é a arte de acompanhar a vítima, com palavras gregas, à derradeira morada». IMAG.417

¯10MAI1495 - O patriarca da hospitalidade, São João de Deus nasce em Montemor-o-Novo; ali foram erigidos igreja e convento «da religião que o santo fundara», tendo falecido em Granada, em 08MAR1550. 10MAI1865 - Diário de Notícias. IMAG.266

1900-11MAI1985 - Chester Gould: Autor americano de banda desenhada, criador de Dick Tracy (1931) - «Convenci-me de que, se a polícia não conseguia capturar os bandidos, tinha eu de criar um herói capaz de lhes dar caça». IMAG.24-151-277-341

¯12MAI1845-1924 - Gabriel Fauré: Compositor francês, autor de Requiem Op. 48 - «A sua concepção resultou de um prazer pessoal».

¢1901-12MAI985 - Jean Dubuffet: Pintor francês, teórico da criatividade crua e bruta - «A arte dirige-se à mente, e não ao olhar. Sempre foi considerada com este significado pelos povos primitivos, e eles tinham razão. A arte é um idioma, o mecanismo do conhecimento, o instrumento da comunicação».

¨1856-14MAI1925 - Henry Rider Haggard, aliás H.R. Haggard: Escritor britânico, autor de As Minas de Salomão (1885) - «O Todo-Poderoso concedeu-nos as nossas vidas, e suponho que Ele esperaria que nós as protegêssemos… Pelo menos sempre agi nesse sentido, e espero não me ter enganado, quando a minha hora soar». IMAG.35-261

15MAI1915-2009 - Paul Samuelson: Professor universitário, Prémio Nobel da Economia em 1970 - «Transformava tudo o que tocava: os fundamentos teóricos de sua área, o modo como a economia foi ensinada em todo o mundo» (Susan Hockfield). IMAG.283-421
      
CALENDÁRiO
¢1940-12MAI2014 - Hans Rudolf Giger, aliás H.R. Giger: Artista plástico suíço, pintor, escultor e designer, ligado ao surrealismo e ao fantástico, colaborador em Alien, o 8º Passageiro (1978 - Oscar aos Efeitos Visuais) - «O que eu pinto, está para além das palavras».

¸15MAI2014 - Bando à Parte produziu, e estreia 1960 de Rodrigo Areias; com Fernando Távora. IMAG.284-414

31MAI-15JUN2014 - Em Beja, decorre o X Festival Internacional de Banda Desenhada, sendo director Paulo Monteiro. IMAG.36-250-305-416

VISTORiA
®Júpiter: Ai, Mercúrio, que este raio que ignominiosamente adorna a minha omnipotente dextra é o que agora se fulmina contra o meu peito! Não é esta aquela trissulca chama que devorou a soberba dos Ancélados e Tifeus; é, sim, a frágua de todos os raios, a fúria de todas as fúrias e o estrago de todos os estragos; e, para melhor dizer, é o simulacro de Cupido, cuja voadora seta, penetrando as eminências do monte Olimpo, sacrilegamente atrevida, chegou a penetrar a imunidade de meu peito; e assim, como ofendido e lastimado, já que nesse rapaz tirano, nesse monstro, nesse Cupido, não posso vingar o mal que padeço, quero ao menos na sua estátua debuxar as linhas da minha vingança.
António José da Silva
- Anfitrião ou Júpiter e Alcmena
(excerto)

TRAJECTÓRiA
H.R. HAGGARD
¨Sir Henry Rider Haggard (1856-1925) nasceu em Bradenham, condado de Norfolk, Inglaterra, oitavo entre dez irmãos. Ao contrário deles, foi enviado para uma escola pública para concluir os seus estudos, porque o pai via nele alguém que «não ia chegar a parte alguma» e achava não ter meios para continuar a pagar-lhe uma educação privada. Após falhar a entrada no exército, é enviado para um explicador privado, em Londres, de modo a preparar o exame de admissão ao British Foreign Office, no qual nunca chega a ingressar. Em vez disso, é enviado para a África do Sul, com uma posição não remunerada, como assistente do secretário do vice-governador da colónia do Natal. Em 1878, torna-se escrivão do Supremo Tribunal do Transval e escreve ao pai, indicando que tenciona regressar a Inglaterra e casar. O pai proíbe-o de o fazer, até ter logrado uma carreira. Quando regressa a Inglaterra, casa com uma amiga da irmã, Mariana Margitson, volta para África e tem três filhas, entre as quais Lilias Haggard, que viria a escrever a sua biografia (The Cloak That I Left). Regressa a Inglaterra em 1882, e instala-se em Norfolk. Haggard dedica-se ao estudo de Direito e começa a exercer em 1884. Fraco advogado, passa grande parte do tempo a escrever romances, algo que considera mais lucrativo. Influenciado pelos grandes exploradores da África colonial, e as ruínas de antigas civilizações perdidas, cria a personagem Allan Quatermain. Envolve-se na reforma da agricultura e é membro de muitas comissões territoriais, trabalho que lhe proporciona diversas viagens às colónias e possessões inglesas. É armado Knight Bachelor em 1912, e Knight Commander of the Order of the British Empire em 1919. Escritor prolífero deixa atrás de si um total de setenta e três obras.
     
COMENTÁRiO
À medida que se consome mais do mesmo bem, a utilidade (psicológica) total aumenta. Contudo, com novas unidades sucessivas do mesmo bem, a sua utilidade total crescerá a uma taxa cada vez mais lenta devido a uma tendência fundamental da capacidade psicológica de as pessoas se tornarem menos entusiastas ao apreciarem mais do mesmo bem.
Paul Samuelson
- Economia
(excerto)

INVENTÁRiO
UNIVERSO ALIENS
¸De um modo aliciante, o fantástico é um dos géneros que melhor reflectem as virtualidades do imaginário, sob os auspícios da ficção científica: em quadradinhos, pelo talento e engenho artístico; no cinema, graças também ao prodígio dos efeitos especiais. Verificam-se, assim, sugestivas transposições - através de um cruzamento entre estes dois modos artísticos, de criatividade e entretenimento.
Num panorama americano, tal fenómeno tornou-se cada vez mais significativo, ao envolver várias companhias associadas, nas vertentes edigráfica e audiovisual, tendo em vista um mercado potencial e recorrente, quanto à oferta de produtos especializados. Do ecrã para o papel, a saga Alien converteu-se num exemplo fecundo e sugestivo, pela conexão entre a 20th Century-Fox e a Dark Horse Comics.
Quatro filmes exploraram distintas implicações bélicas e de terror - sobre o confronto épico entre colonos humanos e uma raça extraterrestre, pela sobrevivência em dimensões alternativas do tempo e do espaço: Alien, o 8º Passageiro (1978 - Ridley Scott), Aliens, o Recontro Final (1986 - James Cameron), Alien, a Desforra (1992 - David Fincher) e Alien, o Regresso (1997 - Jean-Pierre Jeunet).
Extrapolando a concepção original de Dan O’Bannon, Aliens foi título para uma publicação periódica, em banda desenhada, na qual colaboraram diversos argumentistas e ilustradores. A feroz criatura, concebida por H.R. Giger, expandiu-se como símbolo duma ameaça totalitária e monstruosa - que, em 1989, se repercutiu numa mini-série primordial, por Mark Verheiden & Mark A. Nelson.
Outras variantes, nos anos ’90: Alien 3 - adaptação da sequela, por Steven Grant, Christopher Taylor & Rick Magyar; Newt’s Tale - por Mike Richardson & Jim Sommerville, sobre história de Cameron; Colonial Marines - uma exacerbação do mito, por Chris Warner, Tony Atkins & Paul Guinan; e Aliens Vs. Predator - por Warner & Randy Stradley, pondo em confronto duas abominações galácticas.

BREVÁRiO
¨Dom Quixote edita Tudo Passa de Vassili Grossman (1905-1964); tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra. IMAG.408-482

¯Megamusica edita em CD, sob chancela Alia Vox, Diego Ortiz [1510-1570]: Recercadas del Tratado de Glosas por Jordi Savall, Ton Koopman e Andrew Lawrence-King.

¨Vega edita O Peregrino Encantado de Nikolai Leskov (1831-1895); tradução de Natália Vakhmistrova. IMAG.506

¯Hyperion edita em CD, Gabriel Fauré [1845-1924]: Piano Music por Angela Hewitt. IMAG.319-489


sábado, julho 12, 2014

IMAGINÁRiO #513

José de Matos-Cruz | 1 Maio 2015 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO
SUBVIVÊNCIAS
Segundo as convenções romanescas da arte norte-americana, o imaginário criminal é a preto-e-branco. Por um lado simbolicamente, quanto aos contrastes radicais entre o bem e o mal; e também por motivos cinéfilos, na tradição no filme de gânguesteres configurada em Humphrey Bogart. Entre tais nexos éticos e estéticos, Jacques Tardi veio propor um estilo híbrido, através de Griffu - um cinzento neutro, tal como se perverteu o conflito eterno das luzes contra as trevas; uma sombria gama gráfica, em que se dissimula a fauna urbana de vigaristas, escroques, chantagistas… Afinal, só a violência é vermelha como a cor do sangue, cujo sabor seco e salgado também escapa à banda desenhada.
Nascido vítima em 1977 e, entretanto, alvo de muitas mortes como cobrador de dívidas, este anti-herói logra sobreviver entre a miséria humana, a marginalidade social, enfrentando cada ameaça como um patético fio de intriga, em que acaba por se enforcar. O dito é simbólico, menos grotesco que uma bala real de calibre 22! Mas tanto faz, num mundo que - para o argumentista Jean-Patrick Manchette - «entre 1920 e os dias de hoje, é totalmente dominado por sacanas». Ou, como remata Tardi, eis «uma história de gente corrupta e vilões da pior espécie». IMAG.312-336-347

CALENDÁRiO
¸08MAI2014 - Pandora Filmes estreia As Ondas de Abril/Les Grandes Ondes de Lionel Baier; com Francisco Belard e Valérie Donzelli.

¯1939-08MAI2014 - Jair Rodrigues de Oliveira, aliás Jair Rodrigues: Cantor brasileiro, intérprete de Deixa Isso Pra Lá - «Vai deixar, além da grande história, o seu sorriso contagiante!» (Tico Santa Cruz).

VISTORiA
À Noite
¨Faz baixar, radiante deus – há campos sedentos
Do frescor do orvalho, homens tombam combalidos,
Lassos deslocam-se os corcéis –
Vem, faz baixar à terra o teu carro.

Vê quem, das ondas cristalinas do mar,
Meiga, a sorrir te acena! O imo diz-te quem é?
Mais céleres voam os corcéis,
Vê, Tétis, a divina, acena-te.


Rápido, o condutor logo do carro desce,
Nos braços dela cai, Cupido assume a rédea,
Inertes mantêm-se os corcéis,
Da torrente embebe-se a frescura.

Elevada pelos céus, em seu silencioso passo,
Baixa, olorosa, a noite; a ela segue-se o lasso
Amor. Ah, sim, descansai e amai!
Febo, o amante, a repousar está.
 Friedrich Schiller

Sonho da Rosa
¨Se me recordas, entristeço e faço
por que o teu vulto sensual me esqueça
e o teu olhar, a tua boca, e essa
graça de graça que tu pões no passo.

Sonho-fumo esgarçando-se no espaço –
nas mãos em concha amparo-te a cabeça,
e sem que a minha boca desfaleça
beijo-te a boca e cinge-te o meu braço.



Já, no jardim deserto da tristeza,
vens aos meus olhos como a luz acesa
que uma penumbra dolorida apaga…

Vai-se extinguindo o meu desejo… Olha:
tu foste a rosa que ao abrir se esfolha,
nuvem perdida que no céu divaga…
 Branquinho da Fonseca
- Poemas (1926)

ITINERÁRiO
VIEIRA PORTUENSE
- Carreira Demasiado Efémera
¢ Francisco Vieira nasceu no Porto em 1765. Aos 17 anos matricula-se como aluno extraordinário na Aula Régia de Desenho e Figura, em Lisboa. Dois anos mais tarde está em Roma onde obtém um 1.º prémio de Desenho. Aí frequenta o atelier de Domenico Corvi. Aos 29 anos dá aulas de Pintura na Academia de Belas Artes de Parma. Viaja muito, frequenta cortes europeias e, em 1799, executa grandes pinturas religiosas para a Ordem Terceira de S. Francisco do Porto. Com 37 anos o pintor pronuncia o discurso inaugural da Academia de Desenho e Pintura e é nomeado pintor da Real Câmara, para executar com Domingos Sequeira pinturas do Palácio da Ajuda. Morre em 1805, no Funchal, com 39 anos.
FEV2009 - Diário de Notícias

MEMÓRiA
¨04MAI1905-1974 - António José Branquinho da Fonseca: Ficcionista, poeta e dramaturgo português, filho de Tomás da Fonseca - «Quer como poeta, quer como dramaturgo, ficaram-se devendo a Branquinho da Fonseca algumas das mais positivas realizações do nosso vanguardismo pós-modernista. Nos três primeiros anos da Presença, foram precisamente os seus versos - a par dos de Edmundo de Bettencourt e dos do António de Navarro desse período - os que melhor documentaram a inquieta continuidade do espírito do Orpheu» (David Mourão-Ferreira). IMAG.131-407-465

®05MAI1925-2010 - Jaime Salazar Sampaio: Poeta e dramaturgo português - O seu teatro era «um acto de resistência contra a censura, o que explica em parte a ambiguidade e o hermetismo dos seus textos de antes da revolução» (Maria João Brilhante). IMAG. 235-298-299-307-427

¸06MAI1895-1926 - Rodolfo Alfonso Raffaello Pierre Filibert Guglielmi di Valentina D'Antonguolla, aliás Rodolfo Valentino: Actor italiano radicado nos EUA - «Generalizar sobre as mulheres, é perigoso. Especificar sobre elas, é infinitamente pior».

¸06MAI1915-10OUT1985 - Orson Welles: Cineasta americano, actor e encenador - «Em relação aos meus filmes, creio que não se baseiam tanto numa busca como numa pesquisa… Se estivermos à procura de algo, o labirinto é o local mais adequado para a investigação». IMAG.33-44-120-186-188-231-238-243-266-272-326-332-333-373-397-424-468

¨07MAI1925-2008 - Luiz Pacheco: Escritor português - «De entrevista em entrevista é a mesma chapa, vêm com perguntas de chapa. É como a outra: “O que é que você pensa da juventude de hoje?” Eu não penso nada, eu nem conheço os meus filhos…» (a Guilherme Pereira). IMAG.68-180-198-312-411

¢13MAI1765-02MAI1805 - Francisco Vieira de Matos, o Vieira Portuense: Pintor de elementos históricos e paisagísticos, lente de desenho na Academia de Desenho e Pintura do Porto. IMAG.34

¨1759-09MAI1805 - Friedrich Schiller: Poeta e filósofo alemão - «O que rejeitares do momento, / Eternidade nenhuma o restituirá!». IMAG.71-252

PARLATÓRiO
¨As palavras ditas sem reflexão, inspiradas pela cólera, não lançam raízes em parte alguma; porém, quando sugeridas pelo ciúme, alastram quais plantas parasitas, crescem e deitam ramagem sobre a árvore que é o coração, ensombrando-o.
Friedrich Schiller

®O tema do deslumbramento da personalidade encontra-se em inúmeras das minhas peças.
[A influência do teatro do absurdo] é inegável. Não ao nível da componente metafísica, mas das técnicas do diálogo e das situações. Ponho em cena, normalmente, homens isolados que, remotamente, se quereriam integrar mas não sabem como.
Jaime Salazar Sampaio

ANTIQUÁRiO
05MAI1835 - É criado o Conservatório de Música, instalado na Casa Pia de Lisboa. Em 1836, foi instituído o Conservatório Geral de Arte Dramática - que, com a incorporação do Conservatório de Música, foi seccionado em Escola de Música e Escola de Teatro e Declamação (que incluía a Dança), a cargo dos seus mentores iniciais, João Domingos Bomtempo e Almeida Garrett, e instalado no Convento dos Caetanos. IMAG.13-40-64-100-164-171-175-187-213-383

BREVÁRiO
¯Tradisom edita em CD, José Viannada Motta [1868-1948] - Canções, Lieder, Romanzas pela soprano Ana Maria Pinto e pelo tenor João Rodrigues, com o pianista Nuno Vieira de Almeida. IMAG.158-175-182-187


EXTRAORDINÁRiO
OS ALTERNATIVOS
- Folhetim Aperiódico
                                
ATRAPALHADO NA CARCAÇA
O ESCARAVELHO FAZ-SE MORTO - 7
Moedinhas a tilintar, atiradas para o avental garrido de Graciosa, eram o seu melhor despertador. E o próprio Damião tinha um gesto reflexo de estender a manápula, caso pressentisse aproximar-se alguma alma caridosa. Nem um tostão caía em saco roto.
Ao pôr da tarde, lá se arrastava aquele par ímpar, de preferência até à Mercearia Flor Silvestre - dobrada a Esquina dos Gatos, no coração de Alfama. O Senhor Florêncio da Silveira tinha toda a paciência para lhes trocar os caóticos montes de metal por umas quantas tiras de papel, saindo ambos a ensalivar os dedos já excitados para contar as notas. Com estas, faziam uns rolinhos que, depois, guardavam ciosamente, envoltos em pratas de cigarros.
Continua