sábado, janeiro 19, 2019

IMAGINÁRiO #753

José de Matos-Cruz | 01 Maio 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

DIVERTIR
Há vinte anos, Donald Duck ficou duplamente órfão, com a morte de Carl Barks (1901-2000). Por uma estranha coerência, que entre os mais velhos significa fidelidade, o pai adoptivo de Donald emancipara-o quando faleceu o seu criador público, Walt Disney (1901-1966). Antes, Barks foi carpinteiro, metalúrgico, cowboy, tipógrafo e trabalhou num aviário! Deram-lhe continuidade outros artistas talvez mais inventivos, mas bem menos originais… Donald Duck nasceu no grande ecrã, em The Wise Little Hen (1934), cedendo-lhe voz Clarence Nash. E como herói de papel na mesma altura, com a adaptação em quadradinhos do filme curto animado; em 1937, era já titular de uma revista. Em português, apareceu através do Brasil - em 1950, a editora Abril lançou O Pato Donald, nessa altura com as autênticas aventuras sob chancela Disney; as proezas apócrifas vieram depois. A rebaptizada Margarida, sua noiva eterna, surgira na América em 1937; quanto ao resto da família, os sobrinhos Huguinho, Luisinho e Zezinho iniciaram diabruras no ano seguinte. Testemunham as memórias de Carl Barks: «A princípio, pretendi apenas divertir. Mas, à medida que as personagens ganharam vida própria, cada uma passou a ter uma filosofia especial». IMAG.7-8-31-298-391-463-470-545

CALENDÁRiO

19MAR1928-18SET2018 - Marceline Rozenberg, aliás Marceline Loridan-Ivens: Cineasta e escritora francesa, casada com Joris Ivens - «Envolvi-me na luta pela libertação dos povos: era uma maneira de fazer qualquer coisa da vida. E acabei por partilhar o destino atribulado do meu marido».

20SET-08NOV2018 - Em Lisboa, Galeria Francisco Fino apresenta Exercício de Divisão - instalação de Marcius Galan (Brasil), sendo curadora Inês Grosso.

1934-25SET2018 - Maria Helena de Castro Neves de Almeida, aliás Helena Almeida - Artista plástica portuguesa (pintura, desenho, fotografia, instalação) - «Ando em círculo; os ciclos voltam. O trabalho nunca está completo, tem de se voltar a fazer. O que me interessa é sempre o mesmo: o espaço, a casa, o tecto, o canto, o chão; depois, o espaço físico da tela, mas o que eu quero é tratar de emoções. São maneiras de contar uma história» (in Dias Quase Tranquilos - 2005). IMAG.461-475-486-554-582-723

26SET2018-06JAN2019 - Em Cascais, Fundação D. Luís I expõe, no Museu Condes de Castro Guimarães, Pintura de Carlos Solano de Almeida.

27SET2018 - Midas Filmes estreia A Árvore / Drvo (2018) de André Gil Mata; com Filip Zivanovic e Peter Fradelic. IMAG.284-517-522

28SET-28DEZ2018 - Em Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal expõe, em parceria com Clube Português de Banda Desenhada/CPBD, A Fábrica de Sonhos - Os Primeiros 25 Anos da Agência Portuguesa de Revistas (1948-1973), sendo curadores João-Manuel Mimoso e Carlos Gonçalves. IMAG.384-487-725

COROLÁRiO

18NOV1898-28JUN1989 - Georg Henri Anton Ivens, aliás Joris Ivens: Cineasta holandês, documentarista e escritor, activista social - «Sou um artista militante»; casado com Marceline Loridan-Ivens - «Joris aceitou a minha liberdade, e eu aceitei a dele».

PARLATÓRiO

A natureza dotou-me de um talento musical que não renego e pelo qual, aliás, me sinto orgulhoso, pois trouxe-me também paz interior, além de me permitir, ainda, proporcionar prazer às pessoas.
Pyotr Ilyich Tchaikovsky

ANUÁRiO

1510-1583 - Fernão Mendes Pinto: Comerciante, aventureiro, explorador e expedicionário português, tendo alcançado o Japão em 1543, autor de Peregrinação, com organização de Frei Belchior Faria [Peregrinaçam de Fernam Mendez Pinto em que da conta de muytas e muyto estranhas cousas que vio & ouvio no reyno da China, no da Tartaria, no de Sornau, que vulgarmente se chama de Sião, no de Calaminhan, no do Pegù, no de Martauão, & em outros muytos reynos & senhorios das partes Orientais, de que nestas nossas do Occidente ha muyto pouca ou nenhua noticia. E também da conta de muytos casos particulares que acontecerão assi a elle como a outras muytas pessoas. E no fim della trata brevemente de alguas cousas, & da morte do Santo Padre Francisco Xavier, unica luz & resplandor daquellas partes do Oriente, & reitor nellas universal da Companhia de Iesus]. IMAG.17-122-148-426-541-584-593

COMENTÁRiO

Peregrinação
Formoso livro de aventuras, como não há segundo na língua portuguesa é a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto. O autor, depois de andar vinte anos pela Ásia, soldado, negociante, pedinte, embaixador, cortesão, jesuíta, pirata, «treze vezes cativo, dezassete vendido», pega da pena e escreve. Escreve na sua casinha do Pragal, frente ao Tejo, pobre e desiludido, saudoso dos bons e aventurosos tempos, e, ao largo dos acontecimentos, é provável que a memória, senão a fantasia, falseie o pormenor. Mas, em geral, palpita no que nos conta a mais viva das realidades.
Não faltou, porém, quem o açoimasse de impostor, a tal ponto se entrelaçam na narrativa, de insistente e imprevisto modo, o romanesco e o maravilhoso. E as velhas de soalheiro, que são as almas de S. Tomé deste mundo, abanavam a cabeça e riam: Fernão, Mentes? Minto.
Modernas investigações históricas, textos japoneses vindos a lume, as cartas dos religiosos que missionavam no Oriente, livros de viagens, atestam a fidedignidade da Peregrinação. A Ásia era aquilo e um europeu, transplantado para semelhante meio, decerto menos bárbaro em religião e moral, mais atrasado em progresso material do que a Europa, tinha que reagir daquele modo. Fernão Mendes Pinto e mais comparsas enxertam-se perfeitamente na acção político-social dos Portugueses no Índico. E a Peregrinação está dentro do Rebus Emanudis Gestis, com não menos voga e não menos vezes traduzida aquela obra que esta.
Além de tudo, há um acento de sinceridade em Mendes Pinto, um ar tão natural de modéstia, que se lhe não pode negar crédito. E tal livro queda na nossa língua, tão de acordo com o espírito da raça, uma verdadeira epopeia, diríamos uns segundos Lusíadas.
Aquilino Ribeiro

MEMÓRiA

02MAI1750-1784 - Manuel Orlandi Blasco de Nebra, aliás Manuel Blasco de Nebra: Compositor e organista espanhol, de cuja obra restam 26 sonatas e seis pastorelas rústicas para cravo e piano forte - «A sua música aponta o caminho do futuro» (Jorge Calado). IMAG.324-482

1492-06MAI1540 - Joan Lluís Vives i March, aliás Ioannes Lodovicus Vives, aliás Juan Luís Vives: Humanista nascido em Valência, de origem judaica - «Duas são as feras que em nós produzem mais danos: uma, cruel e selvagem, a inveja; outra, mansa e doméstica, a adulação». IMAG.361

06MAI1880-1918 - David de Figueiredo dos Reis Sousa, aliás David de Sousa, aliás David de Souza: Músico português, violoncelista, compositor e maestro, professor do Conservatório Nacional (1916), tendo integrado orquestras em Inglaterra, na Alemanha Imperial e na Rússia. IMAG.677

07MAI1840-1893 - Pyotr Ilyich Tchaikovsky: Compositor russo - «Sento-me ao piano sempre às nove da manhã, e as musas donzelas foram aprendendo a ser pontuais, em relação a cada uma das nossas reuniões». IMAG.235-261-273-280-296-310-337-364-441-640-698

VISTORiA

Introdução à Sabedoria
A verdadeira sabedoria é julgar bem das coisas, com inteiro juízo e não estragado, de tal maneira que estimemos cada qual naquilo que ela é e não nos vamos atrás das coisas vis como se fossem preciosas, nem desprezemos as preciosas por vis, nem vituperemos as que merecem louvor, nem louvemos as que, por si, merecem ser vituperadas.
Porque não há erro no entendimento nem vício que não nasça daqui, nem há coisa em toda a vida que maior destruição traga que ter danado o juízo, de maneira que não possa apreciar e estimar as coisas em seu verdadeiro e justo preço.
Juan Luís Vives
(excerto)
BREVIÁRiO

Assírio & Alvim edita Transporte No Tempo de Ruy Belo (1933-1978).  
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Warner edita em CD, sob chancela Erato, Bela Bartók [1881-1945]: Violin Concertos Nºs. 1 & 2 por Renaud Capuçon, com London Symphony Orchestra sob a direcção de François-Xavier Roth.
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Guerra & Paz edita, com Inatel, Teatro da Trindade - 150 Anos de Paula Gomes Magalhães. IMAG.147-197-208-307-471

EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

A MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS - 14

Futuro. Arcaica a missa de resgate, ou além da missão apologética. Um futuro espúrio de rituais, em que a pura rotina se inspirasse…
Continua 
 

quinta-feira, janeiro 17, 2019

IMAGINÁRiO #752

José de Matos-Cruz | 24 Abril 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004
 
PRONTUÁRiO

PROEZAS
De tempos a tempos, há filmes que nos reconciliam com os elementos essenciais do cinema: fascínio e entretenimento. Por isso são raros e logram tocar, ou mesmo surpreender. Este é o primeiro aspecto a distinguir O Tigre e o Dragão (2000) - uma obra maior em plena viragem de milénio, e na voragem actual dos audiovisuais. Porém, o seu cariz excepcional não deriva da insolitude, antes de uma feliz fusão entre a arte e a tecnologia. Por detrás de tal sucesso está um autor com a versatilidade e o talento de Ang Lee - cuja experiência se revela determinante e, ao mesmo tempo, acaba por consumar um projecto original. Lee inspirou-se num clássico de Wang Du Lu, publicado em início do Século XX, e referencial do wu xia - vertente da tradição oral da China, na qual convergem a bravura e o maravilhoso. Algo que tem a ver com as raízes culturais ou os valores mais entranhados. Assim, evoluem o ideal de justiça e os lutadores erráticos - com equivalência nos paladinos medievais da Europa, ou na saga do Oeste americano. Exaltando as proezas dos proscritos sociais, cuja marginalidade é superada pela perícia física e os prodígios sobrenaturais. Lee presta tributo à ingenuidade e ao fabuloso ancestrais, exibindo a capacidade de voar dos heróis, ao nível da sua coragem e da sua integridade. Caprichando sobre um imaginário deslumbrante, balético, em que o domínio das artes marciais contrasta a subtileza da exegese espiritual. IMAG.5-84-552

CALENDÁRiO

26AGO-16SET2018 - Em Viseu, Pavilhão Multiusos da Feira de S. Mateus expõe Grão Vasco Ilustrado, em organização do GICAV / Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu. IMAG.681

1932-10SET2018 - Paul Virilio: Filósofo francês, arquitecto e urbanista, activista social - «Não sou um revolucionário, sou um revelacionário».

21SET-04NOV2018 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta Através de… Ana Vieira [1940-2016] Na Colecção de Serralves, sendo curadores Marta Almeida e Ricardo Nicolau. IMAG.612

22SET-02DEZ2018 - Em Coimbra, Centro de Artes Visuais apresenta Sair - exposição de artes plásticas de Ana Vieira (1940-2016), sendo curadores Albano Silva Pereira e Paulo Pires do Vale. IMAG.612

25SET-15OUT2018 - Biblioteca Municipal de Sesimbra apresenta Projecto (In)Finito - exposição de pintura de Paz Nóbrega.

28SET2018-20JAN2019 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Sempre Na Moda - exposição fotografia de Norman Parkinson (EUA, 1913-1990). IMAG.749

11OUT2018-06JAN2019 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta Pedro Costa: Companhia - exposição múltipla (filme, fotografia, pintura, desenho, escultura), sendo curadores Nuno Crespo e João Ribas. IMAG.31-65-115-120-279-363-545-641-703

03-08DEZ2018 - Teatro Municipal de Vila Real exibe Manoel de Oliveira [1908-2015]: O Imaginário do Douro - retrospectiva fílmica, com programação de António Preto.
IMAG.2-11-23-41-42-48-60-68-72-74-83-134-158-161-164-165-170-175-178-190-199-201-203-205-206-208-214-221-222-224-225-237-241-242-244-248-256-277-283-285-287-293-295-301-335-342-347-350-358-384-394-400-431-432-451-494-501-539-546-563-565-567-572-606-629-642-645-661-686-703-734

VISTORiA

Morro de amor pelo meu pátrio Minho, pela vila dos Arcos, pela Casa de Casares, onde a minha infância dorme, onde esperei, feliz, envelhecer, escrevendo mais livros, sempre livros, onde cuidei morrer e, como Goethe, pedindo luz e luz, sempre mais luz, de janelas rasgadas sobre o Vez, sobre a fonte que jorra da carranca, sobre as minhas amadas laranjeiras. Fausto, morro de amor pelos meus livros, pelos romances que pensei, fugidos, perdidos e sumidos, pois já não bolem as suas almas em meu clima de desespero, ao qual só é possível deixar que espumem versos em cascata e a esmo, de espontânea geração, milagrosos, de insólito fenómeno.
Tomaz de Figueiredo
- Viagens No Meu Reino

COMENTÁRiO

Keil, Arquitecto dos Jardins e Parques de Lisboa
O projecto do Parque de Monsanto constitui uma obra incontornável no quadro das grandes intervenções levadas a cabo em Lisboa durante o Século XX. Transferindo para a periferia da cidade o grande parque, revela um novo entendimento da questão dos espaços verdes urbanos integrados na escala mais vasta da área metropolitana e da expansão da cidade. No final da década dos anos 40, as obras do Clube de Ténis ou do Restaurante de Montes Claros vão traduzir-se em felizes momentos do percurso de Keil do Amaral, atingindo subtilmente aquele sentido de depuramento, de despojamento que vinha explorando desde as primeiras pesquisas da paixão holandesa. Com efeito, a partir de 1948 Keil assume uma maior modernidade segundo os códigos do Movimento Moderno, dando um novo sentido à sua produção: no Restaurante de Montes Claros, liberta o plano do chão, no Clube de Ténis, rasga grandes envidraçados e resolve a cobertura com uma enorme agilidade.
Ana Tostões
- Keil do Amaral: o Arquiteto e o Humanista
MEMÓRiA

24ABR1930-2005 - Henrique Baptista Vaz Pacheco do Canto e Castro, aliás Canto e Castro: Actor português - «Nunca me arrependi de ter escolhido ser actor». IMAG.27-63-101-272-286-339

1897-24ABR1970 - Cassiano Viriato Branco, aliás Cassiano Branco: Arquitecto português - «Enquadrou a sua arquitectura na nossa atmosfera, no nosso ambiente, na nossa cultura, na nossa relação com o espaço e, inclusivamente, na nossa relação com o território» (Gonçalo Ribeiro Telles). IMAG.142-272-299-447-622-634

1904-24ABR1980 - Alejo Carpentier y Valmont, aliás Alejo Carpentier: Ficcionista, ensaísta e musicólogo cubano - «Tentarei, na minha obra imediata, reflectir um processo histórico que me levou a tomar consciência de mim próprio e a saber que, ao concretizar essa mesma obra, não só trabalho para mim como o faço também para todos os outros». IMAG.520

25ABR1930-2014 - Irwin Lawrence Mazursky, aliás Paul Mazursky: Dramaturgo e cineasta americano, actor, produtor, argumentista e realizador de Uma Mulher Só (1978) - «A revolução sexual, a contestação do casamento, o divórcio e a emancipação das mulheres, as crises da meia-idade e da masculinidade, a psiquiatria e a terapia de grupo, foram tema de [suas] comédias satíricas ou dramáticas» (Eurico de Barros). IMAG.492-525

1935-25ABR2010 - Dorothy Michelle Provine, aliás Dorothy Provine: Actriz americana do teatro, do cinema e da televisão, no elenco de O Mundo Maluco (1963 - Stanley Kramer) ou A Grande Corrida à Volta do Mundo (1965 - Blake Edwards) - «A cor dos meus cabelos, as minhas pernas e as minhas medidas traçaram o meu destino aos olhos dos produtores». IMAG.300-499

1832-26ABR1910 - Bjørnstjerne Martinus Bjørnson, aliás Bjornstjerne Bjornson: Poeta, novelista e dramaturgo norueguês, Prémio Nobel da Literatura em 1903 - «Na política, a verdade deve esperar o momento em que todos dela necessitem». IMAG.398

27ABR1930-2016 - Arlindo Duarte de Carvalho, aliás Arlindo de Carvalho: Compositor e maestro português, autor de Fadinho Serrano, e distinguido com a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores / SPA (2011). IMAG.651

28ABR1910-1975 - Francisco Caetano Keil Coelho do Amaral, aliás Francisco Keil do Amaral: Arquitecto português, galardoado com a Medalha de Ouro da Exposição Internacional de Paris (1937), lançou as bases do Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, iniciado em 1955 - «Quando em plena ditadura salazarista a arquitectura portuguesa se divide entre os mentores do regime e o desejo de um funcionalismo de carácter internacional, [destaca-se] como a figura que com mais energia e lucidez defende as bases para a construção de uma perspectiva de trabalho diferente, teoricamente racional e formalmente ligada às identidades locais, apelando a uma linguagem simples e equilibrada, inspirada na continuidade e no sentido integrador que parece constituir uma constante da arquitectura portuguesa.» (Raul Hestnes Ferreira - Keil do Amaral e a Arquitetura). IMAG.284-413-478-503

1916-28ABR2000 - Penelope Knox, aliás Penelope Fitzgerald: Ficcionista, poeta, biógrafa e historiadora inglesa, distinguida com o Booker Prize (1979), autora de A Livraria - «Simultaneamente sábio e triste. Um livro vivamente recomendado» (Library Journal). IMAG.404-591

29ABR1930-2017 - Jean Raoul Robert Rochefort, aliás Jean Rochefort: Actor e cineasta francês, intérprete de Vamos a Isto Que É Festa (1975 - Bertrand Tavernier) - «A vida passa demasiado depressa». IMAG.698

1902-29ABR1970 - Tomaz Xavier Cardoso de Figueiredo, aliás Tomaz de Figueiredo: Escritor português, autor de A Toca do Lobo - «Passeei em Coimbra com o chamado grupo da Presença, do qual em verdade não fiz parte, umas vezes aceitando e outras recusando, outras até ensinando e guiando, pois, independente e selvagem como era e me conservo – por graça de Deus! – impossível deixar-me arrebanhar, aceitar qualquer diácono ou pontífice». IMAG.272-432-648

30ABR1930-1992 - Pierre-Félix Guattari, aliás Félix Guattari: Escritor e filósofo francês - «A escrita alfabética não é feita para os analfabetos mas pelos analfabetos; passa pelos analfabetos, esses operários inconscientes. O significante implica uma linguagem que, com ele, sobrecodifica uma outra, enquanto que a outra é toda codificada em elementos fonéticos. E se o inconsciente comporta, de facto, o regime tópico duma dupla inscrição, não é estruturado como uma linguagem, mas como duas.» (O Anti-Édipo - Capitalismo e Esquizofrenia - com Gilles Deleuze).

BREVIÁRiO

Arte de Autor edita, na saga em banda desenhada de Corto Maltese por Hugo Pratt (1927-1995), Sob o Signo de Capricórnio (1970) e Sempre Um Pouco Mais Longe (1970-71).
IMAG.1-26-47-65-69-75-157-256-286-308-360-382-418-423-431-454-527-536-614-636-675-697

E-Primatur edita O Filho da Mãe de José Vilhena (1927-2015). IMAG. 19-149-587-617-687

Casa das Letras edita Homens Sem Mulheres de Haruki Murakami; tradução de Maria João Lourenço. IMAG.337-521-577

E-Primatur edita Babbit de Sinclair Lewis (1885-1951); tradução de Bernardo Ramos. IMAG.743
 

quarta-feira, janeiro 02, 2019

IMAGINÁRiO #751

José de Matos-Cruz | 16 Abril 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

DEAMBULAÇÕES
Prosseguindo a sua deambulação - no exílio de todas as consciências sobre um passado de pesadelo, em busca da dimensão íntima que lhe restitua o ideal de paz - Luís Ferchot trocara o Velho Continente pelo Novo Mundo. Entre os becos de Harlem, pelas docas de Brooklyn ou na penitenciária de Sing-Sing, o inferno humano foi-lhe mostrado em Nova Iorque. Pelo final de Leo, um Luís maduro mas perturbado voltou a atravessar o Atlântico, até Paris, ao encontro de um irmão que desconhecia, porém capaz de desvendar-lhe os volúveis laços familiares. Mas nem tudo correu bem, e os dois tiveram que escapar para Espanha - como Etchezabal nos desvendou, por 1936, em plena Guerra Civil. Um ano depois, no mês de Julho, Luís e a fotógrafa americana Kim tentam opor-se aos sabotadores da rectaguarda, A Quinta Coluna. Nesse volúvel conflito entre opressão ou dignidade, violência ou rebelião, a aprendizagem da liberdade definir-se-á como a lição mais perturbante, no palco da história…
Eis fragmentos de Luís Má Sorte (1982) - um clássico da banda desenhada franco-belga, concebido por Frank Giroud (texto) & Jean-Paul Dethorey (ilustração). Um relato denso, complexo, sobre heróis precários, assombrados pela realidade e as memórias ancestrais.
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CALENDÁRiO

20MAI2018-31MAR2019 - Em Vila de Frades, Quinta do Quetzal apresenta Drawing Africa On the Map - exposição colectiva de desenho / instalação, sendo curadora Aveline de Bruin.

07SET-18NOV2018 - Galeria Municipal do Porto expõe Musonautas, Visões & Avarias 1960-2010 - 5 Décadas de Inquietação Musical No Porto, sendo curador Paulo Vinhas.
18SET2018 - Em Lisboa, Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema expõe Écran Cego. E Projecção de Céu de Carlos Nogueira. IMAG.732-746

19SET2018-06JAN2018 - Em Lisboa, Museu Colecção Berardo expõe 1968: O Fogo das Ideias de Marcelo Brodsky (Argentina), sendo curadora Inês Valle.

20SET-25NOV2018 - Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado apresenta Extinção, 2018 - instalação / vídeo de Salomé Lamas, sendo curadora Emília Tavares. IMAG.491-663

20SET2018-06JAN2019 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe Robert Mapplethorpe [EUA, 1946-1989]: Pictures - retrospectiva fotográfica, sendo curador João Ribas.

20SET2018-13JAN2019 - Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva apresenta, na Casa-Atelier, Theatro Natural - exposição de desenho / pintura de Manuel Vieira.

20SET2018-13JAN2019 - Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva expõe, no Museu, Educação Sentimental - A Colecção [António] Pinto da Fonseca, sendo curador Victor Pinto da Fonseca.

26OUT-11NOV2018 - No Fórum Luís de Camões, decorre 29º Festival Internacional de Banda Desenhada - Amadora Bd 2018.

VISTORiA


Sabe, o meu tipo de lealdade era uma lealdade ao meu país, não às suas instituições ou aos seus governantes oficiais. O país é algo real, é o substancial, o eterno; é algo a preservar, com que temos de preocupar-nos e a que devemos ser leais. As instituições são estranhas, são meras roupas, e as roupas podem ser mudadas, caso se tornem ásperas, se deixarem de ser confortáveis, se não mais protegerem os corpos do inverno, da enfermidade ou da morte. Ser leal aos trapos, disparar em prol dos trapos, venerar os trapos, morrer pelos trapos, isso é lealdade ao irracional, é puramente animal. É algo que pertence à monarquia, que foi inventado pela monarquia; deixemos, pois, que a monarquia conserve tais valores.
Mark Twain - A Connecticut Yankee In King Arthur's Court

MEMÓRiA

1706-17ABR1790 - Benjamin Franklin: Jornalista, editor, cientista, filantropo e diplomata americano - «Considerar que o mundo não tem um criador, é o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão numa tipografia». IMAG.270-271-547

20ABR1840-1916 - Bertrand-Jean Redon, aliás Odilon Redon: Pintor francês, artista gráfico, ligado ao simbolismo e co-fundador do Salon des Indépendants (1884) - «Dou liberdade à minha imaginação, no sentido de utilizar tudo o que a litografia pode oferecer-me. Cada uma das minhas muitas peças é o resultado de uma procura apaixonada do máximo que pode ser extraído da conjugação do uso de lápis, papel e pedra». IMAG.569

1899-20ABR1980 - Alfred Joseph Hitchcock, aliás Alfred Hitchcock: Cineasta inglês - «Quando um filme é bom, o som pode ser desligado sem problemas… Os espectadores continuarão a ter uma ideia exacta do que estão a ver».
IMAG.3-4-14-19-26-29-44-48-49-51-71-85-111-112-142-146-163-168-179-188-191-238-271-280-283-288-307-312-327-351-354-377-381-384-386-428-429-440-449-495-500-501-521-528-550-562-573-588-591-613-617-644-652-654-718-730-738-746

21ABR1870-1958 - Óscar Courrège da Silva Araújo, aliás Óscar da Silva: Compositor e pianista português, autor de Marcha Triunfal Para o Centenário da Índia (1898) e da ópera Dona Mécia (1901) - «O seu semblante emana um carisma especial» (Fialho de Almeida). IMAG.376-649

1835-21ABR1910 - Samuel Longhorne Clemens, aliás Mark Twain: Escritor americano - «Se recolheres um cão faminto e lhe deres conforto, ele não te morderá. Eis a diferença entre o cão e o homem».  
IMAG.60-193-248-271-345-436-446-540

22ABR1640-1723 - Mariana Mendes da Costa Alcoforado, aliás Mariana Vaz Alcoforado, aliás Mariana Alcoforado: Religiosa portuguesa, do Convento de Nossa Senhora da Conceição em Beja - «Considera, meu amor, a que ponto chegou a tua imprevidência. Desgraçado!, foste enganado e enganaste-me com falsas esperanças. Uma paixão de que esperaste tanto prazer não é agora mais que desespero mortal, só comparável à crueldade da ausência que o causa.» (Cartas de Uma Freira Portuguesa - Primeira - excerto). IMAG.210-428

23ABR1910-2005 - Simone Thérèse Fernande Simon, aliás Simone Simon: Actriz francesa, intérprete de The Devil and Daniel Webster (1941 - William Dieterle) ou Cat People / A Pantera (1942 - Jacques Tourneur) - «William Dieterle fez de mim a mensageira do diabo». IMAG.28-272

1873-23ABR1940 - Alberto de Oliveira, aliás Alberto d’Oliveira: Poeta e ensaísta português, ligado ao simbolismo, autor de Palavras Loucas (1894) - «Fazei vossas odes d’esta visão intensa do que fomos, se o Passado vos tenta: dizei de vossos Avós as arrebatadas cavalarias, e buscai sua coragem de ânimo nas feições esmaiadas dos painéis…» (Do Neogarrettismo No Teatro).

VISTORiA

À Minha Filha

Vejo em ti repetida,
A anos de distância,
A minha própria vida,
A minha própria infância.

É tal a semelhança,
É tal a identidade,
Que é só em ti, criança,
Que entendo a eternidade.

Todo o meu ser se exala,
Se reproduz no teu:
É minha a tua fala,
Quem vive em ti, sou eu.

Sorris como eu sorria,
Cismas do meu cismar,
O teu olhar copia,
Espelha o meu olhar.

És como a emanação,
Como o prolongamento,
Quer do meu coração,
Quer do meu pensamento.

Encarnas de tal modo
Minha alma fugitiva,
Que eu não morri de todo
Enquanto sejas viva!

Por que mistério imenso
Se fez a transmissão
De quanto sinto e penso
Para esse coração?

Foi como se eu andasse
Noutra alma a semear
Meu peito, minha face,
Meu riso, meu olhar…

Meus íntimos desejos,
Meus sonhos mais doirados,
Florindo com meus beijos
Os campos semeados.

Bendita é a colheita,
Deus confiou em nós…
Colhi-te, flor perfeita,
Eco da minha voz!

Foi o amor, foi o amor,
Ó filha idolatrada,
O sopro criador
Que te tirou do nada!

Deus bendito e louvado,
Ó filha estremecida,
Por te cá ter mandado
A reviver-me a vida!
Alberto d’Oliveira
- Lar
BREVIÁRiO

Assírio & Alvim edita Primavera Autónoma das Estradas de Mário Cesariny (1923-2006).
IMAG.17-19-20-29-66-123-179-430-442-475-486-505-537-582-587-641-647-657-669-693-708-711

Polydor edita em CD, sob chancela BBC, On Air Deluxe Edition por The Rolling Stones.
IMAG.54-118-206-309-313-384-463-556-655-665

Relógio D’Água edita Maigret e o Seu Morto de Georges Simenon (1903-1989); tradução de Lima de Freitas. IMAG.47-241-253-721

EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

A MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS - 13

Herança extinta ou heresia funesta. Eis o arrojo visceral, a quimera catártica, que um premonitório Damião de Magalhães vislumbraria, reinvestido em tal derradeiro crepúsculo sobre o cais místico da Ibéria.
Continua