segunda-feira, março 30, 2015

Penim Loureiro – Curso de Banda Desenhada no Museu Bordalo Pinheiro

Entre 11 de Abril e 30 de Maio, todos os Sábados, das 14h às 17h, decorre o Curso de Banda Desenhada no Museu Bordalo Pinheiro (Campo Grande, 382, Lisboa), organizada por Penim Loureiro, com a colaboração dos autores João Mascarenhas, André Oliveira, Daniel Maia, Susana Resende, Rosário Félix, Lígia Sousa e, ainda, aparição especial (como anfitrião do Lisbon Studio) de Nuno Lourenço Rodrigues.
Destinado a maiores de 16 anos, este Curso é especialmente indicado para todos aqueles que querem conhecer um pouco mais acerca do fascinante universo da Banda Desenhada e pretendem fugir da trivialidade e de histórias estereotipadas. Para quem procura uma nova forma de libertar a criatividade e testar os seus próprios limites artísticos, para os que nunca tentaram a narrativa gráfica mas gostavam de experimentar algo inovador, ou para os que até já se iniciaram nesta área, mas perderam o ânimo e agora gostariam de voltar.

Características: 1º Módulo (Aprender algumas técnicas básicas da Banda Desenhada. Enfrentar o medo de desenhar ou até mesmo esboçar BD. Descobrir como superar possíveis limitações no argumento ou no desenho) | 2º Módulo (Estimular a criatividade através da linguagem da Banda Desenhada. Ganhar motivação para realizar projetos de narrativa gráfica dando ênfase ao estilo pessoal através da prática e da troca de experiências).
Duração: 1º Módulo - 4 dias | 2º Módulo - 4 dias. Custo: Cada módulo - 50 euros | Dois módulos (curso completo) - 90 euros. Limites de inscrição: Mínimo - 5 participantes | Máximo - 20 participantes. Inscrições e informações: museu.bordalopinheiro@cm-lisboa.pt | tel. 218 170 671.

sexta-feira, março 27, 2015

IMAGINÁRIO #550

José de Matos-Cruz | 08 Fevereiro 2016 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

EXPANSÕES

Além das peripécias aventurescas que popularizaram os paladinos juvenis, através de gerações, a escola franco-belga adquiriu maturidade por distintas vertentes, em que se virtualizam outros horizontes do imaginário. Assim contribuíram artistas como François Bourgeon - cuja inspiração histórica culminaria com Os Companheiros do Crepúsculo ou Os Passageiros do Vento. Em 1993, estas séries tiveram uma fascinante alternativa, com a apresentação de A FOnte da SOnda - iniciando a saga fantástica O Ciclo de Cyann, graças à colaboração entre Bourgeon e o argumentista Claude Lacroix. A revelação deste épico impressionante, sensual, prosseguiria, depois, com Seis Estações em IlФ - mais um estranho planeta onde a indómita Cyann buscará o precioso antídoto, para as terríveis febres amarelas que vitimam o seu povo, num outro mundo a anos-luz de distância… Imprevisível, surpreendente, tal jornada heróica - sob meticulosa concepção / exploração por Bourgeon & Lacroix - simboliza, também, a aprendizagem íntima e afectiva, de uma mulher em resgate da própria humanidade.


CALENDÁRiO

¸1930-07JAN2015 - Rodney Sturt Taylor, aliás Rod Taylor: Actor australiano de cinema e televisão, radicado nos EUA, protagonista de Os Pássaros / The Birds (1963 - Alfred Hitchcock) - «Foi um grande companheiro, e tornou-se um enorme apoio para mim. Éramos muito, muito bons amigos» (Tippi Hedren). IMAG.429-500

07JAN2015 - Em Paris, durante um ataque terrorista às instalações do jornal satírico Charlie Hebdo, por dois homens armados, conotados ao extremismo islâmico, morrem doze pessoas, entre as quais cinco artistas/ilustradores - Stéphane Charbonnier/Charb (director - n. 1967), Bernard Verlhac /Tignous (n. 1957), Philippe Honoré (n. 1941), Jean Cabut/Cabu (n. 1938) e Georges Wolinski (n. 1934). IMAG.499

MEMÓRiA

¨1920-11FEV1986 - Frank Herbert: Escritor americano de ficção científica, autor de Dune / Duna (1963-65) - «O homem é um idiota em não dar tudo de si, sempre, no acto de criação. Alguém escreve algo num papel. Não está a destruir, está a plantar uma semente. Então, não tem que se preocupar com inspiração, ou qualquer coisa no género. É apenas uma questão de se sentar e de pôr-se a trabalhar. Eu nunca tive problemas por escrever, apenas, um parágrafo. Fala-se muito nisso. Pela minha parte, havia dias em que me sentia relutante em escrever, ou às vezes durante semanas inteiras, outras até mais tempo. Então, preferiria muito mais pescar, por exemplo, ou pôr-me a afiar lápis, ou ia nadar, ou… Por que não? Mas, depois, voltando à leitura do que havia produzido, era incapaz de distinguir entre o que me ocorreu facilmente e o que elaborei, sentando-me e decidindo: “Bem, chegou a hora de escrever, e é isso que agora vou fazer”. Não havia diferença entre uma coisa e outra que registei no papel». IMAG.111-462

¸11FEV1926-2010 - Leslie William Nielsen, aliás Leslie Nielsen: Actor canadense - «A violência nas comédias ao estilo vaudeville corresponde a uma técnica muito própria; assumimo-la, estamos a fazer algo específico… Isto é, fazemos o público rir».IMAG.333

¨12FEV1856-1931 - Henrique Lopes de Mendonça: Ficcionista, poeta, dramaturgo e cronista português - «Mulher que anda no paço há de ter embaraço. / Se o crédulo marido ignorava este adágio, / Que se queixe de si, quando vir o naufrágio / Que lhe escangalha o lar.» (A Morta - 1890). IMAG. 87-258-336

¨13FEV1906-1994 - Agostinho da Silva: Filósofo, ensaísta e pedagogo português - «Quem pretende servir os homens tem aí a melhor dádiva a fazer-lhes: a de se manter sem desvio nas épocas piores, quando todos os outros recorreram ao subterfúgio e a todos cegou a mesma escuridão de um mal presente» (Considerações - excerto). IMAG.20-71-144-158-461

1910-14FEV1996 - Fernando Carvalho Trindade Bento, aliás Fernando Bento: Ilustrador, figurinista, pintor, autor de banda desenhada - transpôs As Mil e Uma Noites de Adolfo Simões Muller, e colaborou no Cavaleiro Andante a partir de 1952.IMAG.257-299-307-328-367-533                

VISTORiA     

O Povo Culto
¨Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno.
Agostinho da Silva
- Diário de Alcestes (excerto)

TRAJECTÓRiA

Fernando Bento, As Aventuras de Uma Vida
Chamava-se Fernando Bento e foi um dos mais notáveis autores portugueses de banda desenhada, no tempo em que esta ainda era (apenas) histórias aos quadradinhos. Em Fevereiro último fez dez anos que nos foi servido um dos últimos tesouros coloridos por Fernando Bento. Foi nas páginas da revista Selecções BD (II série) e era uma vinheta do seu (inacabado) Regresso à Ilha do Tesouro, uma sequela do clássico de Stevenson, que o mestre português dos quadradinhos adaptou com argumento de Jorge Magalhães. Nele, o jovem Jim Hawkins, enquanto desce por uma amarra de um barco encalhado, afirma: «A aventura correu melhor do que eu esperava!» O mesmo se pode dizer, sem dúvida, da vida e obra de Fernando Carvalho Trindade Bento, nascido em Lisboa a 26 de Outubro de 1910.
Com os seus heróis fez A Volta ao Mundo em 80 Dias, levando muitos leitores ao longo de várias gerações a dar consigo A Volta a Portugal em Bicicleta, conhecer Histórias da Nossa História, partilhar uma Viagem ao Centro da Terra, percorrer Vinte Mil Léguas Submarinas, subir A Montanha do Fim do Mundo ou avançar pelo espaço Da Terra à Lua, em companhia de Um Herói de 15 Anos, 34 Macacos e Eu, Beau Geste, Matias Sandorf ou Quintino Durward, até à Ilha do Tesoiro, tudo em Mil e Uma Noites maravilhosas e mágicas.
Vividas, sentidas, sofridas em constantes sobressaltos, sem sair de casa, descobertas nas fantásticas, vibrantes e envolventes páginas aos quadradinhos que delineou com um traço elegante, único e personalizado, vivo, ágil e dinâmico, se bem que fosse (ou porque era) autodidacta, apenas com um curso de desenho por correspondência, obtido na escola parisiense ABC.
Na sua formação «prática», no entanto, encontram-se também longos períodos nos movimentados bastidores teatrais do Coliseu dos Recreios, local de trabalho do pai, onde, quem sabe, foi beber o sentido dos diálogos, a noção de movimento, a agilidade na composição das pranchas, a técnica de picado e contrapicado, o ritmo narrativo, a legibilidade e a eficácia da narrativa sequencial que viriam a distingui-lo como um caso único na nona arte nacional.
No entanto, nada parecia dirigi-lo para a BD, pois foi no mundo do teatro, na concepção de figurinos e cenários (muito elogiados) para A Última Maravilha e O Fim do Mundo que se fez notado, tinha apenas 25 anos. E só três anos depois surgiriam os primeiros quadradinhos, na secção infantil do jornal República.
Estava longe de saber, certamente, mas muitas seriam as revistas que se lhe seguiriam - Pim-Pam-Pum!, Diabrete, Cavaleiro Andante, foram as mais significativas - onde, a par da BD, espraiou também a sua arte por capas, ilustrações, caricaturas e desenhos humorísticos, como maquetista e director gráfico… Tudo feito em serões e tempos livres pois, «profissionalmente», foi sempre funcionário de escritório da BP.
A sua bibliografia - em que muitas vezes teve ao lado argumentistas como Helena Neves, Maria Amélia Bárcia ou Adolfo Simões Müller - é feita especialmente da adaptação de episódios da história pátria e de clássicos infantis, da literatura ou de aventuras (especialmente Júlio Verne, mas também Robert Louis Stevenson, Herman Melville, Enid Blyton…), que soube recriar como poucos, em verdadeiras versões em quadradinhos, que patenteavam o espírito e todas as qualidades dos originais no novo suporte e que faziam igualmente sonhar. Foram cerca de três décadas de redobrado labor, até aos anos 1970, vividos mais longe das páginas desenhadas, às quais só regressaria de forma pontual.
Até ao tal Regresso à Ilha do Tesoiro, corria a década de 1990 e tinha Fernando Bento ultrapassado já a barreira dos 80 anos, em que (re)encontrou energia e mestria para, num traço com todas as qualidades que lhe eram conhecidas mas renovado na forma, de uma surpreendente modernidade, voltar a fazer vibrar todos os que leram as novas pranchas de reencontro com Jim Hawkins, Ben Gunn ou o pirata Long John Silver!
A morte - invejosa da sua arte? - levá-lo-ia a 14 de Fevereiro de 1996, pondo um ponto final nas suas aventuras, impedindo-o de terminar esta obra e de ver impressos os seus últimos desenhos.
F. Cleto e Pina
- 30OUT2010 - NS - Diário de Notícias / Jornal de Notícias

PARLATÓRiO

¨Em minha opinião, a ficção científica é inspiradora, e aponta em direcções muito interessantes. Isto é, orienta-nos para dimensões eventuais. Graças à nossa imaginação, podemos tentar outras oportunidades, tomar opções distintas. Por tendência, ficamos presos a escolhas limitadas. Pensamos: «Bom, a única possibilidade é...» ou «Se, pelo menos...» Algo que se siga a tais suposições elimina, de imediato, quaisquer alternativas. Torna tão básica a nossa perspectiva, que não conseguimos ver para além do que sucede à nossa volta. O ser humano tem tendência a não olhar para mais longe. Actualmente, porém, sentimo-nos impelidos a ampliar o nosso raio de visão, a reparar em tudo o que infligimos ao mundo que nos rodeia. Então, em meu entender, a ficção científica pode tornar-se significativa, e relevante. Não me parece que, apenas, escrever um livro como Admirável Mundo Novo, ou como 1984, evite que as coisas ali tratadas acabem por ocorrer. Mas considero que esses testemunhos, especulativos, tornam menos provável que assim aconteça. Em suma, ganhamos consciência de que, porventura, se está a correr o risco de que possam tornar-se realidade.
Frank Herbert

quarta-feira, março 25, 2015

O Infante Portugal e As Tramóias Capitais

2015 marcará o 10º aniversário do nascimento d’O Infante Portugal. Inicialmente criado para protagonista do conto “Com Penas de Anjo e a Expiação do Demo,” incluído no livro Os SobreNaturais (2005), sequela d’Os EntreTantos (Editorial Notícias; 2003), também por José de Matos-Cruz, este universo criativo de nuances mágicas e super-heróicas foi posteriormente desenvolvido em seriado em website próprio, recuperando o formato dos folhetins do século passado, e contou nas capas dos capítulos desta Primeira Jornada com a participação gráfica de vários dos mais renomados ilustradores portugueses de banda desenhada.

A obra foi depois compilada em livro pelo selo editorial do próprio autor, Kafre (2007), e mais tarde, em simultâneo a uma Segunda Jornada, foi reeditado pela Apenas Livros (2010), que assumiu a publicação da trilogia.

“Lisboa é uma cidade imaginária, intemporal, onde se entrecruzam ou entrechocam  alfacinhas solitários, vadios e boémios, cidadãos ilustres, super-heróis fantásticos,  jornalistas e filósofos, mulheres prodigiosas, infandos malfeitores,  necrófagos e estapafúrdios, intelectuais sórdidos, amorais e puritanos, políticos ubíquos,virgens fatais, náufragos e forasteiros, angélicos facínoras, autóctones estrangeirados, emigrados neurasténicos, arrivistas e refractários, insubmissos conformados, aberrações umbilicais e outras virtuais aparições, em fantasmagorias e abominações, em artimanhas e manigâncias, em dissídios e adversidades, em compromissos e rupturas, em perigos e desafios, em sensos comuns e sentidos proibidos, em memórias efémeras e leviandades consagradas, amalgamando-se entre ruínas e vielas, rotinas e vivências, equívocos e assombros, pactos e traições, euforias e nostalgias, artimanhas e maquinações, tudo num turbilhão precário ou numa monotonia secular.

Sol e lua… E, certa manhã, nos arredores da capital, quando o Infante Portugal porfiava em mais um descanso do guerreiro, sob a identidade pública de Rui Ruivo, um impoluto causídico, após mais uma banal incursão nocturna, entre insónias e convulsões, entre horrores e irrisões, eis que tudo recomeça… Ao receber um telefonema provocador de Vulcão,  o seu mais infame e funesto antagonista.”


O Infante Portugal e As Tramóias Capitais
Kafre | 1ª Edição: 2007
Edição online: 2005-2007
Autor: José de Matos-Cruz
Ilustradores: Isabel Aboim, Filipe Abranches, Renato Abreu, Luís Diferr,
José Carlos Fernandes, José Garcês, António Jorge Gonçalves, Luís Louro,
Zé Manel, Pedro Massano, José Ruy, Eugénio Silva e Augusto Trigo.
Capa Brochada, 84 páginas | Prosa ilustrada
[Esgotado]

Imagem de capa por Pedro Massano e brasão por José Garcês.

terça-feira, março 24, 2015

IMAGINÁRiO #549

José de Matos-Cruz | 01 Fevereiro 2016 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004


PRONTUÁRiO

VERTENTES
Revelado em Portugal com Crónicas Incongruentes (1986) e Quotidiano Delirante (1987), Miguelanxo Prado logo atraiu os leitores, sensibilizados por uma visão crítica, irónica ou onírica. A sofisticada narrativa, o grafismo estilizado deste artista galego (nascido na Corunha, em 1958), adquiriram outras virtualidades com O Manancial da Noite (1991), de colaboração com Fernando Luna; reafirmando-se pessoalmente em Quotidiano Delirante - Tomo 2 (1990), sobre os rituais urbanos, rurais e periféricos; O Traço de Giz (1993), uma surpreendente obra-prima insular; Tangências (1995), através do elã homem/mulher; Pedro e o Lobo (1995), sobre um conto de Serguei Prokofiev; até Carta de Lisboa (1995), em transfiguração estética da nossa capital. Distinguido com o Troféu de Honra no Amadora Bd ’94, Prado regressou até nós com Fragmentos da Enciclopédia Délfica (1985), a sua surpreendente e recuperada obra de estreia; ou A Mansão dos Pimpão (2005), que recebeu os Prémios ao Melhor Argumento e ao Melhor Álbum Estrangeiro no Salão do Comic de Barcelona… Sarcástico, mas aliciante argumentista; caricatural, mas expressivo ilustrador, Prado explora lances de aparente rotina, sobre o indivíduo e a sociedade, além do tempo, transfigurando-os esteticamente, em flagrantes de perturbante actualidade. LIMAG.117-241-263


CALENDÁRiO         

¸11DEZ2014 - NOS Audiovisuais estreia Uma Noite Na Praia (2013) de São José Correia; com Lucinda Loureiro e Victor Norte.

®1941-22DEZ2014 - António Montez: Actor português de teatro, televisão e cinema - «…Um grande profissional, […] um homem que me ensinou muito. Ensinou-me literalmente a falar e deixou que eu partilhasse momentos que recordo como pertencendo à categoria dos melhores da minha vida» (Heitor Lourenço). LIMAG.10

¯1944-22DEZ2014 - John Robert Cocker, aliás Joe Cocker: Cantor britânico, intérprete de You Are So Beautiful (1975) e You Can Leave Your Hat On (1986) - «Era uma pessoa incrível e adorável, que deu tanto ao mundo que vamos todos sentir muito a sua falta» (Paul McCartney).
                   
¢03-16JAN2014 - Em Lisboa, Eka Palace apresenta Psicobullets and Pills - exposição de pintura de Sara Franco. LIMAG.168-248-416-430

¢30JAN-03MAI2915 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe Forma Aberta de Oskar Hansen.

¢12FEV-31MAI2015 - No Centro de Arte Moderna/CAM, em Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian expõe Isto É Uma Ponte de Bernard Frize.

¢12FEV-31MAI2015 - No Centro de Arte Moderna/CAM, em Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian expõe Antes e Depois de Miguel Ângelo Rocha.

¢20FEV-31MAI2015 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe Architectonisation de Monica Sosnowska.
   
MEMÓRiA

¯04FEV1906-1945 - Dietrich Bonhoeffer: Poeta e teólogo alemão - «Se embarcas no comboio errado, não adianta seguires pelo corredor na direcção oposta». LIMAG.510

E1807-05FEV1876 - William J. Bailey: Físico britânico, radicado na América - «Quem nunca duvidou, nunca acreditou. Onde está a dúvida, está também a verdade - pois uma é a sombra da outra».

¨1470-03FEV1536 - Garcia de Resende: Cronista, poeta, médico, arquitecto, autor de Miscelânea e Variedade de Histórias (ed. 1554) - «Muitos emperadores, reis e pessoas de memória, polos rimances e trovas sabemos suas estórias e nas cortes dos grandes Príncepes é mui necessária na gentileza, amores, justas e momos e também para os que maus trajos e envenções fazem, per trovas sam castigados e lhe dam suas emendas» (Prólogo ao Cancioneiro Geral - 1516 - excerto). LIMAG.92-296


VISTORiA
     
Da Caça
¨Ó que caça tam real
que se caça em Portugal!

Rica caça, mui real,
que nunca deve morrer,
pera folguar de lhe correr
toda jente natural.

Linda caça, mui sobida,
se descobre em nossa vida,
a qual nunqua foi sabida,
nem seu preço quanto val.

O da gram mata Lixboa,
onde toda caça voa!
Arabia, Persia e Goa,
tudo cabe em seu curral.

Calequd e Cananor,
Melláqua, Tauriz menor,
Adem, Jafo jnterior,
todos veem per huú portal.

Talhamar da grã riqueza,
Damasquo com fortaleza,
Troia, Cairo, cõ sa grãdeza,
nom domarom nunqua tal.

Ho mui sabio Salamom,
que fez o grande montom,
teve [sa] parte e quinhom,
mas nom todo ho cabedal.

Ouro, aljofar, pedraria,
gomas e especearia,
toda outra drogaria
se recolhe em Portugal.
?Garcia de Resende
- Da Caça Que Se Caça Em Portugal (excerto)

A Insurreição dos Peles-Vermelhas
¨Davy Crockett deslizou sorrateiramente do selim e, sem ruído, avançou por entre as moitas, até encontrar um enorme carvalho, perto da margem do rio Tallapoosa. Ficou tão quieto, colado à árvore, que parecia fazer parte do tronco. Dali podia, com os seus olhos penetrantes, vigiar o rio em ambas as direcções.
Não se avistava qualquer ser vivo; no entanto, as marcas frescas de mocassins, na terra mole da margem, mostraram a Crockett o que ele queria saber. Furtivamente, rastejou de novo por entre as moitas.
Em voz baixa, dirigiu-se aos homens que o aguardavam no lugar onde deixara o cavalo.
– Os Creek passaram por aqui – disse – e dirigiram-se para sul, ainda não há muito tempo. O que pensa fazer, major?
O major Russell observou o céu.
– O melhor é voltarmos para o acampamento, antes que a escuridão nos impeça de vermos o caminho – replicou. – Vamos!

?Enid Lamonte Meadowcroft
- Davy Crockett (excerto) - Tradução de Ana Ribeiro

INVENTÁRiO

PEDRO SÓ
¸Em 1971, Alfredo Tropa realizou Pedro Só, com produção do Centro Português de Cinema/CPC e da Média Filmes. Em causa, Pedro, Romance de Um Vagabundo de Manuel Mendes - que feleceu sem conhecer a adaptação final por Tropa, numa sua primeira longa metragem, aliado aos jornalistas Afonso Praça - também intérprete; e Fernando Assis Pacheco - que lhe revelara a obra. Eis a errância de um camponês de aldeia montanhosa do interior - que, após uma rixa entre famílias, se põe em fuga… Segundo Tropa, «Pedro não é analfabeto, mas sim o chamado vagabundo consciente, revoltado contra os preconceitos, um homem rebelde e livre». António Montez foi o protagonista, com Jorge Ramalho no companheiro e Ermelinda Duarte como prostituta; intervêm ainda actores do teatro universitário, e o povo de Trás-os-Montes. Com orçamento estimado em mil contos, sob direcção de João Matos Silva, a rodagem decorreu na região de Mirandela - em Múrias e Valbom dos Figos. Elso Roque assinou a fotografia, com interiores decorados por António Casimiro. Numa linha ficcional de implicações dramáticas e sociais, ressalta um testemunho sobre os rituais quotidianos, as fainas e as comunidades, através do tempo e das paisagens. Elemento aliciante é a música tradicional, executada pela Banda de Nogueira; e de Manuel Jorge Veloso, com poemas de Assis Pacheco para a voz de Manuel Freire. Pedro Só estreou no Apolo 70, em Junho de 1971; exibido no Festival de Valladolid em 1972, recebeu uma Menção Especial do Júri.
      
ANTIQUÁRiO

X06FEV1336 - No Convento de São Francisco, em Évora, celebram-se os desposórios do Infante D. Pedro, futuro D. Pedro I, filho de El-Rei D. Afonso IV e de D. Beatriz de Castela, com a Infanta D. Constança Manuel, filha de D. João Manuel de Castela. LIMAG.38-189-324-509

ANUÁRiO

¨ 1898-1966 - Enid Lamonte Meadowcroft: Escritora americana - «Depois de verificares que a razão te assiste, segue para diante… Por isso, bater-me-ei pelo que considero justo, custe o que custar!» (Davy Crockett).

BREVIÁRiO

¨Edições 70 lança O Império da Visão - Fotografia No Contexto Colonial Português (1860-1960); organização de Filipa Lowndes Vicente.

¨Esfera dos Livros edita História da Expansão e do Império Português de João Paulo Oliveira e Costa, José Damião Rodrigues e Pedro Aires Oliveira.
        
EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

ENTRE AS TERRAS DO SOL E O REINO DAS TREVAS - 12
Portanto, Hélio Alvorada tinha duas opções. Ou entrava no recém Túnel d’El-Rei – que ligava ao Pinheiro e, antes de ali chegar, desapareceria no âmago das trevas. Ou seguiria até à nova Ponte de D. Pia Maria, e lá havia de se soltar – qual precipício, para o vazio inanimado.

– Continua   

sexta-feira, março 20, 2015

Edições Kafre

Kafre é o selo editorial de José de Matos-Cruz, através do qual o editor/autor publicou a nível independente várias obras de prosa e poesia, tais como Tempo Possível e outras Fábulas (1967), Não Vai a Parte Alguma/Não Vem de Nenhum Lugar (1968 e 1997), Cafre (1970), Livro dos Temas (1970 e 1997), Alma de Cadáver (1985), A Erosão dos Lábios (1992), Cama, Leão! (1997), Folhetos Kafre (série de treze folhetins; 1998), Cardo as Charlot em Portugal – 1916 (1998), Artur Costa de Macedo, um olhar à câmara (1998), Aurélio da Paz dos Reis: Das flores aos Fotogramas (1998), Histórias & Testemunhos 1908-1922 (1998), Estórias Invisíveis (1999), Hexálogo – Os Livros da Luz (2000), Os Palcos Giratórios – 7 Peças de Teatro em 1 Acto (1966-70) (2004), Ano Teatral: 1885 (2006 e 2007), Ano Teatral: 1897 (2008), e a edição original d'O Infante Portugal e As Tramóias Capitais (2007).

O logótipo da chancela é baseado num linóleo da autoria de Cação Biscaia. 

quinta-feira, março 19, 2015

Exposição: Vasco Granja e o Cinema de Animação (C.C.C.)

Organizada a partir do espólio de Vasco Granja (1925-2009) sobre cinema de animação, com referências inevitáveis à banda desenhada, a mostra Vasco Granja e o Cinema deAnimação, patente na galeria do pátio interno da Fundação D. Luís I – Centro Cultural de Cascais, propõe uma visão de cariz pessoal, aliando um testemunho contextualizado pelas suas vivências e memórias, patentes ou alusivas aos documentos e materiais da posse dos seus herdeiros.
A exposição manifesta-se portanto, não apenas no cunho artístico ou lúdico, mas sobretudo nos sinais e emoções de quem privou intimamente com Vasco Granja, e usufruiu das suas paixões e experiências significativas. As quais sagraram uma intervenção ampla e pioneira na divulgação em Portugal dos quadradinhos e da animação, com uma autêntica motivação e sensibilidade que lhe eram características. O estilo peculiar de Vasco Granja, o seu entusiasmo e generosidade, pairam por este universo fascinante e diverso, em que o pleno privilégio do imaginário corresponde, afinal, à própria evolução que – através das suas diversas tendências e expectativas, concretizações e manifestações, por todo o mundo – marcou um vasto e decisivo panorama cultural e de entretenimento, a partir de meados do Século XX.





A mostra estará patente entre 7 Março e 19 Abril (2015); de terça-feira a domingo, entre 10h-18h.
Preço ao público – 3,00€ (1,50€ a residentes).

quarta-feira, março 18, 2015

IMAGINÁRiO #548

José de Matos-Cruz | 24 Janeiro 2016 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004


PRONTUÁRiO

PROJECÇÕES
Autor versátil e fulgurante, ao estilizar as potencialidades gráficas ou narrativas da banda desenhada, em que evoluem - pelo signo erótico - a aliciante insurreição ficcional ou uma perversa sofisticação estética, Milo Manara - argumentista & ilustrador - leva às últimas consequências, em Nua Pela Cidade (2001), uma subversão primordial sobre O Perfume do Invisível /Il Profumo dell'Invisibile (1986), estilizando em Bea - que se julga incorpórea e transparente - a mulher idealizada ou mutante… Ironia, exibicionismo - através de peripécias / experiências excitantes, sob uma vertigem obsessiva / exuberante - pontuam ou transgridem, além dos preconceitos e das convenções, este universo transfigurado, cuja heroína pretenderia consumar todas as ambições transgressivas, todos os impulsos fantasistas. Mesmo que, depois de inúmeras peripécias, as suas ilusões se dissolvam em busca da felicidade. Eis reincidências libidinosas ou dissolutas, entre visões de uma saga interminável - que se transferem, perturbantes, ao próprio olhar do leitor. Assim em causa e reexposto - pelo desafio libertino, libertário do imaginário…
IMAG.3-13-52-64-132-140-147-221-305-365-501

CALENDÁRiO

11DEZ2014-29MAR2015 - Em Lisboa, Museu do Design e da Moda/MUDE apresenta De Matrix à Bela Adormecida - exposição de figurinos de António Lagarto. IMAG.20

¸18DEZ2014 - Praça Filmes estreia O Gigante (2012) de Júlio Vanzeler e Luis da Matta Almeida; e Papel de Natal (2014) de José Miguel Ribeiro, com Crista Alfaiate e Ivo Canelas. IMAG.113-539

MEMÓRiA

¸24JAN1926-2013 - Georges Lautner: Cineasta francês, realizador de O Irresistível Avantureiro / Le Guignolo (1980) - «Tinha a ciência do cinema popular» (Rémy Julienne). IMAG.491

¨25JAN1746-1830 - Stéphanie Félicité du Crest de St-Aubin, Condessa de Genlis: Escritora francesa - «As qualidades do espírito produzem invejosos; as do coração, logram amigos».

¨1878-25JAN1946 - Afonso Lopes Vieira: Poeta português - «Se um inglês ao passar me olhar com desdém, / num sorriso de dó eu pensarei: – Pois bem! / se tens agora o mar e a tua esquadra ingente, / fui eu que te ensinei a nadar, simplesmente. / Se nas Índias flutua essa bandeira inglesa, / fui eu que t’as cedi num dote de princesa. / E para te ensinar a ser correcto já, / coloquei-te na mão a xícara de chá…» (Pois Bem! - excerto). IMAG.76-98-307-327

¨27JAN1826-1889 - Mikhail Yevgrafovich Saltykov-Stcherdrine, aliás Nikolai Shchedrin: Satírico russo - «Teve a sensação de que o tinham metido vivo num caixão, que estava entaipado, num sono letárgico, incapaz de mover um só membro, e que ouvia o Sanguessuga a insultar-lhe o cadáver…» (A Família Golovliov). IMAG.345

¨28JAN1916-01MAR1996 - Vergílio Ferreira: Escritor português - «Um autor fixa um tema. Mas esse tema, revelando, como revela, um interesse, revela sobretudo que foi só em torno dele que o artista pôde realizar-se como tal». IMAG.78-212-241-323

¨1940-28JAN1996 - Iosif Aleksandrovich Brodsky, aliás Joseph Brodsky: Poeta russo, naturalizado americano, distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (1987) - «Sou judeu - um poeta russo, e um ensaísta inglês». IMAG.276

¨29JAN1866-1944 - Romain Rolland: - Escritor francês, distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (1915) - «É belo ser-se justo. Mas a verdadeira justiça não permanece sentada diante da sua balança, a ver os pratos a oscilar. Ela julga e executa a sentença». IMAG.102-496

¨1880-29JAN1956 - Henry Louis Mencken, aliás Henry Mencken: Jornalista e analista social americano - «Em resumo, a fé pode ser definida como uma crença ilógica na ocorrência do improvável». IMAG.290

1871-31JAN1926 - José Luiz Gomes de Sá Júnior: Negociante de bacalhau, com armazém de Rua do Muro dos Bacalhoeiros, na Ribeira do Porto; autor da receita Bacalhau à Gomes de Sá, oferecida ao proprietário do restaurante O Lisbonense, na Cidade Invicta. IMAG.309


VISTORiA     
Os Ninhos
¨Os passarinhos
Tão engraçados,
Fazem os ninhos
Com mil cuidados.
 
São p’ra os filhinhos
Que estão p’ra ter
Que os passarinhos
Os vão fazer.
 
Nos bicos trazem
Coisas pequenas,
E os ninhos fazem
De musgo e penas.
 
Depois, lá têm
Os seus meninos,
Tão pequeninos
Ao pé da mãe.
 
Nunca se faça
Mal a um ninho,
À linda graça
De um passarinho!
 
Que nos lembremos
Sempre também
Do pai que temos,
Da nossa mãe!
Afonso Lopes Vieira
         
INVENTÁRiO

O FILME DAS PALAVRAS
¨Em meados do século passado, Vergílio Ferreira tentava romper a chamada noite fascista com uma Manhã Submersa. Estava-se, mais propriamente, em 1953. Então, a censura impediu a publicação deste romance autobiográfico, que seria editado no ano seguinte - após o corte de um pequeno episódio que, mais tarde, foi reinserido na obra, um sucesso na sua carreira.
Tudo começa assim: «Tomei o comboio na estação de Castanheira, depois que o Calhau deixou de me abraçar. Foi ele que me trouxe no carro de bois de D. Estefânia, em cuja casa, como se sabe, me talharam o destino. Minha mãe veio ainda à igreja, pela madrugada, ver-me partir; mas sentindo-me tão distante como se eu fosse preso, como se eu já pertencesse a um mundo que não era o seu - mal me falou».
Cinco lustros depois, falava eu com Vergílio Ferreira como Reitor do Seminário onde António, o seu alter-ego, foi parar desentranhado do seio materno e do meio social de miséria, em que se vivia por uma suposta década de 1940. Encontrámo-nos num cenário de fantasmas e assombrações, de réplicas e mutantes. Vergílio Ferreira nascera na aldeia de Melo, em 1906. Em Lisboa veio a falecer, já com noventa anos.
O cenário em causa era onde Lauro António dirigia Manhã Submersa, distinguindo série de televisão (1979) e longa metragem (1980), um dos filmes mais amados do pós-25 de Abril de 1974. Vergílio Ferreira concordara em encarnar uma das suas criaturas literárias, exorcizando os próprios traumas espectrais de infância. A experiência da interpretação iniciara-a com apenas seis anos, em peças de amador.
Considerando o novo desafio «uma prova terrível», para Vergílio Ferreira «o teatro é diferente do cinema: este fatiga, quebra-se o elã, o entusiasmo posto na representação - uma dádiva tão íntima de nós. Há, por outro lado, o artificialismo, todas as luzes usadas: como poderá um criador trabalhar com tanto material, com tal multidão de elementos técnicos? Gosto muito de cinema, mas jamais seria realizador!»
O vínculo de Lauro António a Vergílio Ferreira, que este considerava «uma atenção especial», principiara em 1975 com o curto Prefácio a Vergílio Ferreira e, além da apresentação televisiva Vergílio Ferreira Numa Manhã Submersa (1979), estendeu-se ainda a Mãe Genoveva (1983), na série Histórias de Mulheres. O filho daquele, Frederico Corado, adaptou e transpôs, por sua vez, A Estrela (1994).
A produção do Prefácio coube a Lauro António e a Manuel Guimarães, que antes mantivera uma estreita ligação ao escritor. Este fizera o texto para o documentário (sobre Júlio) Resende (1969), e Manuel Guimarães evocara Alegria Breve nas palavras finais do seu filme Lotação Esgotada (1972). Já no pós-25 de Abril, cinematizou um crepuscular Cântico Final (1975), concluído pelo filho Dórdio Guimarães.
Pare rematar a precária ligação entre Vergílio Ferreira e a sétima arte, há que referir a média metragem O Encontro (1978) por António de Macedo. Vergílio Ferreira aparece ainda em O Dia das Comunidades (1977), a cargo da Unidade de Produção Cinematográfica Nº 1, e participou em Táxi Lisboa (1996) de Wolf Gaudlitz. Sem dúvida, trata-se de um autor a redescobrir, nas suas plenas virtualidades.
Vergílio Ferreira tinha uma clara consciência sobre o que distingue um romance, ou «a arte da palavra», da sua transposição para cinema, «através das imagens e dos sons». «Este desafio será sempre apaixonante, porém delimita duas obras distintas - cada uma, com expectativas próprias. Ao ver este filme, eu não vou reviver a minha experiência, nem sentir-me num ambiente pessoal. Serei, apenas, um espectador.»
Aliás, à distância, observando Vergílio Ferreira como actor precário, em intervalos da rodagem, foi curioso analisar o seu ensaio de gestos e expressões, para a personagem que ele configurara do real, e com a qual se debatia agora em outros ciclos da ficção. Por um estranho fenómeno, que eu não me atrevi a desvendar, às vezes sentava-se à secretária de Reitor, e o autor tomava notas com a sua letra meticulosa.
«Ainda hesitei em escrever Manhã Submersa. Após alguns capítulos, decidi parar. Publiquei o primeiro na revista Vértice. Então, o Fernando Namora mandou-me uma carta, entusiasmado, incitando-me a continuar. Não me interessava uma narrativa confessional, sobre a adolescência, motivação em que a Presença foi fértil. Mas o romance permitiu-me recriar, denunciando uma sociedade fechada, totalitarista.»
@José de Matos-Cruz

PARLATÓRiO

¨Há dentro de nós um poço. No fundo dele é que estamos, porque está o que é mais nós, o que nos individualiza, a fonte do que nos enriquece no em que somos humanos.
Vergílio Ferreira

BREVIÁRiO

¨Museu do Fado edita, com INCM/Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Poetas Populares do Fado Tradicional de Daniel Gouveia e Francisco Mendes.

¯Sony edita em CD, Xscape por Michael Jackson (1958-2009). IMAG.204-256-411