José
de Matos-Cruz | 24 Maio 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
SORTILÉGIOS
A
carreira de Don Bluth, como herdeiro e dissidente da companhia Walt
Disney na animação, culminaria em Titan
- Depois da Destruição da Terra
(2000), sempre aliado a Gary Goldman. Conjugou-se assim o
investimento comercial, com uma reciclagem do material clássico - em
que o processo tecnológico, ou as actuais potencialidades
artísticas, reinstalassem o sortilégio e o fascínio populares.
Bluth
& Goldman
propõem uma técnica de animação mista, entre duas e três
dimensões, fundindo o universo gráfico com a textura digital. O
resultado é um imaginário denso e dinâmico…
Eis o ano de 3028,
quando a humanidade atingiu as galáxias, mantendo porém o coração
na Terra. Ora, quando o planeta-mãe é instantaneamente destruído
pelos Drej, uma raça invejosa e predadora, alguns sobreviventes
escapam na gigantesca nave Titan, com destino desconhecido. Cale, o
filho do cientista que a concebeu, tem na sua mão o código genético
para a localizar, mantendo em si a esperança. A Titan preserva
segredos que poderão recriar a Terra. Ante um desafio de
ressurreição, aliado à bela Akima e ao comandante Corso, a bordo
da Valkyrie, Cale assumirá a própria identidade original - em
reconciliação com o pai, por quem se julgara abandonado.
IMAG.175-506-619
CALENDÁRiO
1933-06OUT2018
- María de Montserrat Bibiana Concepción Caballé i Folch, aliás
Montserrat Caballé: Cantora lírica espanhola - «As suas voz e
doçura estarão sempre connosco» (Pedro Sánchez).
1943-07OUT2018
- Maria Ema Mendes de Campos, aliás Mariema: Cantora e actriz
portuguesa, de teatro, televisão e cinema, intérprete de O
Fado Mora Em Lisboa (1965) -
«Tinha uma maneira de representar que era diferente, muito aberta,
sempre muito risonha e quase chaplinesca» (Vítor Pavão dos
Santos).
11OUT2018
- Midas Filmes estreia 9 Dedos
/ 9 Doigts (2017) de F.J.
Ossang; coprodução de O Som e a Fúria, com Diogo Dória e Paul
Hamy. IMAG.284
11OUT2018
- Cinemundo estreia Fátima: O
Derradeiro Mistério / Fátima, el Ultimo Misterio (2017)
de Andrés Garrigó; com Fran Calvo e Eva Higueras González.
11OUT2018
- Leopardo Filmes coproduziu, e estreia O
Caderno Negro (2018)
de Valeria Sarmiento; sobre Livro
Negro de Padre Dinis
de Camilo Castelo Branco (1825-1890),
com Lou de Laâge e Victoria
Guerra.
IMAG.357-430
20OUT2018-03MAR2019
- Em Vila Franca de Xira, Museu do Neo-Realismo apresenta a exposição
de pintura Candido Portinari
[1903-1962 - Brasil] Em
Portugal, sendo curadoras
Raquel Henriques da Silva e Luísa Duarte Santos. IMAG.79-553-689
VISTORiA
Felicidade
Impossível
Felicidade
impossível disse a lua afinando a sua guitarra
Meu
coração está sempre não no lugar certo
Simplesmente
não esperava ver a mesma
horrível
e infestada condição no
lado
exactamente oposto no corpo dela –
Estava
agora mais surpreso e
atónito
– e agora Olhava
dentro
dos olhos dela & ela tinha
olhos
calmos de um profundo oliva pacíficos dóceis tristes
olhos
que me pareciam dizer
estou
bem – é gentileza sua
ter
trazido comida para mim
e
quero agradecer
mas
não sei a sua Língua
então
digo silenciosamente com meus olhos
Peter
Orlovsky
VISTORiA
Não
sei se foi o Adolfo Casais Monteiro que um dia, na aula de Português,
me pediu para explicar um trecho dos Lusíadas depois de ter lido o
meu exercício sobre o assassínio de Inês de Castro… Passados
poucos meses, a liberdade mental de Adolfo Casais Monteiro meteu-o na
cadeia. Apareceu, então, como professor de Português o animal que
regia Latim e que a meu respeito tinha a mais fraca das opiniões.
Ruben
A.
-
O Mundo à Minha Procura (1968
- excerto)
TRAJECTÓRiA
Ruben
A. Leitão
Ficcionista
e ensaísta português, Ruben Alfredo Andresen Leitão nasceu a 26 de
maio de 1920, em Lisboa, e morreu a 26 de setembro de 1975, em
Londres. Formado em Ciências Histórico-Filosóficas pela
Universidade de Coimbra, foi docente na área da Língua e Cultura
Portuguesas na Universidade de Londres (1947-1952), tendo sido
convidado para desenvolver atividade docente na Universidade de
Oxford alguns meses antes da sua morte. Entre 1954 e 1972, foi
funcionário da Embaixada do Brasil em Lisboa. Estudioso de D. Pedro
V, tendo procedido à edição de documentos de governação e
correspondência inédita do monarca, foi ainda autor de vários
verbetes no Dicionário de
História de Portugal, dirigido
por Joel Serrão. Integrou, em 1972, o Conselho de Administração da
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, no domínio da qual foi responsável
por uma importante atividade de edição. Colaborou com algumas
publicações periódicas, tendo, por exemplo, redigido inúmeras
recensões críticas na secção de Livros
Escolhidos no Diário
Popular, entre 1963 e 1974.
Estreou-se, em 1949, com Páginas,
uma obra híbrida, misto de diário e de ficção, cujo sexto volume
seria editado em 1970. Chocando pela mordacidade, pela irreverência
linguística e pela desconstrução dos eixos narrativos
tradicionais, estreara-se, entretanto, na novelística com o romance
Caranguejo, publicado
em 1954, a que se seguiria, em 1965, um dos seus maiores sucessos, A
Torre da Barbela (prémio
Ricardo Malheiros), obra que sobrepõe, num delírio verbal apostado
na caricatura da psicologia portuguesa, várias épocas da História
da nacionalidade. A segunda metade da década de 60 será marcada
pela publicação dos três volumes autobiográficos: O
Mundo à Minha Procura. Em
1973, publicou a sua última obra, a novela Silêncio
para 4, deixando inédito o
romance de inspiração histórica Kaos.
A obra vasta de Ruben A. incide particularmente sobre dois tipos de
registos literários: a ficção autobiográfica e a ficção
histórica. Num longo itinerário de conhecimento da existência
através do ato de escrita, seja no registo diarístico, seja
ficcional, seja histórico, Ruben A. é um dos autores que, partindo
da fratura da identidade operada por Fernando Pessoa ou por Mário de
Sá-Carneiro, mais recorrentemente problematizam o desdobramento do
eu, numa reflexão que culminaria com obras como O
Outro que Era Eu, uma
introspeção sobre o «processo de desintegração do eu abandonado
à sensação de “embarcar no Outro”,
até ao acontecimento insólito de “integração total de um ser em
outro” enquanto sinónimo de uma nova
era». Este projeto de busca
de si mesmo alcança, em obras como A
Torre da Barbela e Kaos,
uma dimensão de busca da identidade coletiva que, pela subversão
cronológica, se posiciona como crítica irónica e surrealizante a
uma certa forma de ser português. Pouco conhecido como autor
dramático, Ruben A. é autor de uma peça em dois atos, Júlia,
publicada em 1963, onde, segundo Luiz Francisco Rebello (cf. 100
Anos de Teatro Português (1880-1980), Porto,
ed. Brasília, 1984, p. 35), «é notória a influência do moderno
teatro inglês em geral e de T. S. Eliot em particular», tendo ainda
deixado alguns textos inéditos, como a peça em um ato Triálogo.
MEMÓRiA
24MAI1940-1996
- Iosif Aleksandrovich Brodsky, aliás Joseph Brodsky: Poeta russo,
naturalizado americano, distinguido com o Prémio Nobel da Literatura
(1987) «pela genuinidade como autor, imbuída de um pensamento claro
e de intensidade poética» - «Sou judeu - um poeta russo, e um
ensaísta inglês». IMAG.276-548
25MAI1930-2016
- Sonia Flis, aliás Sonia Rykiel: Estilista e escritora francesa,
pertencente ao movimento do prêt
à porter (a moda sem
complexos, fabricada em série) - «Adoro tudo o que apimenta a vida
- um bom Saint-Émilion, chocolate preto, homens». IMAG.637
26MAI1920-1975
- Ruben Alfredo Andresen Leitão, aliás Ruben A.: Escritor
português, autor de D. Pedro
V - Um Homem e Um Rei (1950)
- «A História não pode idealizar figuras quando elas têm
valor para transcender o ambiente literário - perde-se a
lenda e fica o homem na mais pura concepção da actuação
vivida.». IMAG.52-406-478-531
1782-27MAI1840
- Niccolò Paganini: Compositor e violinista italiano - «Isto é um
homem! Isto é um violino! Isto é artista! Céus! Que sofrimentos,
que miséria, que tortura nestas quatro cordas!» (Franz Liszt).
IMAG.92-392-497
29MAI1880-1936
- Oswald Arnold Gottfried Spengler, aliás Oswald Spengler: Filósofo
e historiador alemão, autor de A
Decadência do Ocidente
(1918) - «Eis o final da Democracia. No mundo das verdades, a prova
decide tudo. No mundo das realidades, por sua vez, quem decide é o
êxito. Pelo Dinheiro, a Democracia anula-se a si própria, depois de
o dinheiro ter anulado o espírito.».
IMAG.562
1936-29MAI2010
- Dennis Lee Hopper, aliás Dennis Hopper: Actor e cineasta americano
- «Tinha eu dezoito anos, e julgava que era o melhor actor do mundo…
Até que conheci James Dean. Antes, nunca tinha visto ninguém a
improvisar. Nunca tinha visto alguém que fizesse coisas que não
estavam no papel. Fiquei deslumbrado!». IMAG.127-250-257-305-564
1933-30MAI2010
- Peter Anton Orlovsky, aliás Peter Orlovsky: Poeta da beat
generation, companheiro de
Allen Ginsberg - «Um espírito original e requintado» (Gregory
Corso - 1977). IMAG.306-426
BREVIÁRiO
Cavalo
de Ferro edita A Revolta dos
Anjos de Anatole France
(1844-1924); tradução de Álvaro Salema. IMAG.306-463
Sibila
Publicações edita Só
Acontece aos Outros de Maria
Antónia Palla.
Ponto
de Fuga edita O Mundo É
Redondo de Gertrude Stein
(1874-1946); tradução de Luísa Costa Gomes, ilustrações de
Rachel Caiano. IMAG.677
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