segunda-feira, fevereiro 04, 2019

IMAGINÁRiO #756

José de Matos-Cruz | 24 Maio 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

SORTILÉGIOS
A carreira de Don Bluth, como herdeiro e dissidente da companhia Walt Disney na animação, culminaria em Titan - Depois da Destruição da Terra (2000), sempre aliado a Gary Goldman. Conjugou-se assim o investimento comercial, com uma reciclagem do material clássico - em que o processo tecnológico, ou as actuais potencialidades artísticas, reinstalassem o sortilégio e o fascínio populares. Bluth & Goldman propõem uma técnica de animação mista, entre duas e três dimensões, fundindo o universo gráfico com a textura digital. O resultado é um imaginário denso e dinâmico…
Eis o ano de 3028, quando a humanidade atingiu as galáxias, mantendo porém o coração na Terra. Ora, quando o planeta-mãe é instantaneamente destruído pelos Drej, uma raça invejosa e predadora, alguns sobreviventes escapam na gigantesca nave Titan, com destino desconhecido. Cale, o filho do cientista que a concebeu, tem na sua mão o código genético para a localizar, mantendo em si a esperança. A Titan preserva segredos que poderão recriar a Terra. Ante um desafio de ressurreição, aliado à bela Akima e ao comandante Corso, a bordo da Valkyrie, Cale assumirá a própria identidade original - em reconciliação com o pai, por quem se julgara abandonado. IMAG.175-506-619

CALENDÁRiO

1933-06OUT2018 - María de Montserrat Bibiana Concepción Caballé i Folch, aliás Montserrat Caballé: Cantora lírica espanhola - «As suas voz e doçura estarão sempre connosco» (Pedro Sánchez).

1943-07OUT2018 - Maria Ema Mendes de Campos, aliás Mariema: Cantora e actriz portuguesa, de teatro, televisão e cinema, intérprete de O Fado Mora Em Lisboa (1965) - «Tinha uma maneira de representar que era diferente, muito aberta, sempre muito risonha e quase chaplinesca» (Vítor Pavão dos Santos).

11OUT2018 - Midas Filmes estreia 9 Dedos / 9 Doigts (2017) de F.J. Ossang; coprodução de O Som e a Fúria, com Diogo Dória e Paul Hamy. IMAG.284

11OUT2018 - Cinemundo estreia Fátima: O Derradeiro Mistério / Fátima, el Ultimo Misterio (2017) de Andrés Garrigó; com Fran Calvo e Eva Higueras González.

11OUT2018 - Leopardo Filmes coproduziu, e estreia O Caderno Negro (2018) de Valeria Sarmiento; sobre Livro Negro de Padre Dinis de Camilo Castelo Branco (1825-1890), com Lou de Laâge e Victoria Guerra. IMAG.357-430

20OUT2018-03MAR2019 - Em Vila Franca de Xira, Museu do Neo-Realismo apresenta a exposição de pintura Candido Portinari [1903-1962 - Brasil] Em Portugal, sendo curadoras Raquel Henriques da Silva e Luísa Duarte Santos. IMAG.79-553-689

VISTORiA
Felicidade Impossível

Felicidade impossível disse a lua afinando a sua guitarra

Meu coração está sempre não no lugar certo

Simplesmente não esperava ver a mesma
horrível e infestada condição no
lado exactamente oposto no corpo dela –
Estava agora mais surpreso e
atónito – e agora Olhava
dentro dos olhos dela & ela tinha
olhos calmos de um profundo oliva pacíficos dóceis tristes
olhos que me pareciam dizer
estou bem – é gentileza sua
ter trazido comida para mim
e quero agradecer
mas não sei a sua Língua
então digo silenciosamente com meus olhos
Peter Orlovsky

VISTORiA

Não sei se foi o Adolfo Casais Monteiro que um dia, na aula de Português, me pediu para explicar um trecho dos Lusíadas depois de ter lido o meu exercício sobre o assassínio de Inês de Castro… Passados poucos meses, a liberdade mental de Adolfo Casais Monteiro meteu-o na cadeia. Apareceu, então, como professor de Português o animal que regia Latim e que a meu respeito tinha a mais fraca das opiniões.
Ruben A.
- O Mundo à Minha Procura (1968 - excerto)
TRAJECTÓRiA

Ruben A. Leitão
Ficcionista e ensaísta português, Ruben Alfredo Andresen Leitão nasceu a 26 de maio de 1920, em Lisboa, e morreu a 26 de setembro de 1975, em Londres. Formado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra, foi docente na área da Língua e Cultura Portuguesas na Universidade de Londres (1947-1952), tendo sido convidado para desenvolver atividade docente na Universidade de Oxford alguns meses antes da sua morte. Entre 1954 e 1972, foi funcionário da Embaixada do Brasil em Lisboa. Estudioso de D. Pedro V, tendo procedido à edição de documentos de governação e correspondência inédita do monarca, foi ainda autor de vários verbetes no Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão. Integrou, em 1972, o Conselho de Administração da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, no domínio da qual foi responsável por uma importante atividade de edição. Colaborou com algumas publicações periódicas, tendo, por exemplo, redigido inúmeras recensões críticas na secção de Livros Escolhidos no Diário Popular, entre 1963 e 1974. Estreou-se, em 1949, com Páginas, uma obra híbrida, misto de diário e de ficção, cujo sexto volume seria editado em 1970. Chocando pela mordacidade, pela irreverência linguística e pela desconstrução dos eixos narrativos tradicionais, estreara-se, entretanto, na novelística com o romance Caranguejo, publicado em 1954, a que se seguiria, em 1965, um dos seus maiores sucessos, A Torre da Barbela (prémio Ricardo Malheiros), obra que sobrepõe, num delírio verbal apostado na caricatura da psicologia portuguesa, várias épocas da História da nacionalidade. A segunda metade da década de 60 será marcada pela publicação dos três volumes autobiográficos: O Mundo à Minha Procura. Em 1973, publicou a sua última obra, a novela Silêncio para 4, deixando inédito o romance de inspiração histórica Kaos. A obra vasta de Ruben A. incide particularmente sobre dois tipos de registos literários: a ficção autobiográfica e a ficção histórica. Num longo itinerário de conhecimento da existência através do ato de escrita, seja no registo diarístico, seja ficcional, seja histórico, Ruben A. é um dos autores que, partindo da fratura da identidade operada por Fernando Pessoa ou por Mário de Sá-Carneiro, mais recorrentemente problematizam o desdobramento do eu, numa reflexão que culminaria com obras como O Outro que Era Eu, uma introspeção sobre o «processo de desintegração do eu abandonado à sensação de “embarcar no Outro”, até ao acontecimento insólito de “integração total de um ser em outro” enquanto sinónimo de uma nova era». Este projeto de busca de si mesmo alcança, em obras como A Torre da Barbela e Kaos, uma dimensão de busca da identidade coletiva que, pela subversão cronológica, se posiciona como crítica irónica e surrealizante a uma certa forma de ser português. Pouco conhecido como autor dramático, Ruben A. é autor de uma peça em dois atos, Júlia, publicada em 1963, onde, segundo Luiz Francisco Rebello (cf. 100 Anos de Teatro Português (1880-1980), Porto, ed. Brasília, 1984, p. 35), «é notória a influência do moderno teatro inglês em geral e de T. S. Eliot em particular», tendo ainda deixado alguns textos inéditos, como a peça em um ato Triálogo.

MEMÓRiA

24MAI1940-1996 - Iosif Aleksandrovich Brodsky, aliás Joseph Brodsky: Poeta russo, naturalizado americano, distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (1987) «pela genuinidade como autor, imbuída de um pensamento claro e de intensidade poética» - «Sou judeu - um poeta russo, e um ensaísta inglês». IMAG.276-548

25MAI1930-2016 - Sonia Flis, aliás Sonia Rykiel: Estilista e escritora francesa, pertencente ao movimento do prêt à porter  (a moda sem complexos, fabricada em série) - «Adoro tudo o que apimenta a vida - um bom Saint-Émilion, chocolate preto, homens». IMAG.637

26MAI1920-1975 - Ruben Alfredo Andresen Leitão, aliás Ruben A.: Escritor português, autor de D. Pedro V - Um Homem e Um Rei (1950) - «A História não pode idealizar figuras quando elas têm valor para transcender o ambiente literário - perde-se a lenda e fica o homem na mais pura concepção da actuação vivida.». IMAG.52-406-478-531

1782-27MAI1840 - Niccolò Paganini: Compositor e violinista italiano - «Isto é um homem! Isto é um violino! Isto é artista! Céus! Que sofrimentos, que miséria, que tortura nestas quatro cordas!» (Franz Liszt). IMAG.92-392-497

29MAI1880-1936 - Oswald Arnold Gottfried Spengler, aliás Oswald Spengler: Filósofo e historiador alemão, autor de A Decadência do Ocidente (1918) - «Eis o final da Democracia. No mundo das verdades, a prova decide tudo. No mundo das realidades, por sua vez, quem decide é o êxito. Pelo Dinheiro, a Democracia anula-se a si própria, depois de o dinheiro ter anulado o espírito.». IMAG.562

1936-29MAI2010 - Dennis Lee Hopper, aliás Dennis Hopper: Actor e cineasta americano - «Tinha eu dezoito anos, e julgava que era o melhor actor do mundo… Até que conheci James Dean. Antes, nunca tinha visto ninguém a improvisar. Nunca tinha visto alguém que fizesse coisas que não estavam no papel. Fiquei deslumbrado!». IMAG.127-250-257-305-564

1933-30MAI2010 - Peter Anton Orlovsky, aliás Peter Orlovsky: Poeta da beat generation, companheiro de Allen Ginsberg - «Um espírito original e requintado» (Gregory Corso - 1977). IMAG.306-426

BREVIÁRiO

Cavalo de Ferro edita A Revolta dos Anjos de Anatole France (1844-1924); tradução de Álvaro Salema. IMAG.306-463

Sibila Publicações edita Só Acontece aos Outros de Maria Antónia Palla.

Ponto de Fuga edita O Mundo É Redondo de Gertrude Stein (1874-1946); tradução de Luísa Costa Gomes, ilustrações de Rachel Caiano. IMAG.677
 

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