PRONTUÁRiO
PROTAGONISMOS
Ao
longo de decénios, a supremacia da indústria artística, sob o
signo de Hollywood, permitiu ao cinema americano não só impor a sua
perspectiva sobre as culturas e as civilizações de todos os tempos,
mas também rever a História à sua imagem e semelhança, num
artifício glorioso inclusive sobre os eventos ainda recentes. Pelo
termo da II Guerra Mundial, e a propósito de Objectivo:
Burma (1945 - Raoul Walsh),
registou-se mesmo um incidente diplomático entre os Aliados, pois,
numa missão nevrálgica contra as forças nipónicas na Birmânia,
em plena frente do Pacífico, os ianques protagonizaram
um sucesso que, efectivamente, coube aos ingleses. Idêntica
estratégia predadora
envolveu Submarino U-571
(2000) de Jonathan Mostow, também argumentista com David Ayer e Sam
Montgomery. O reactivar da controvérsia suscitou um esclarecimento
no final desta saga fictícia,
cujo objectivo seria enaltecer a coragem dos que, realmente,
executaram a operação em causa. Uma vez mais, os britânicos - a
quem se ficou a dever a captura da máquina de descodificação
Enigma, utilizada nas intercomunicações com segredo
militar pela Marinha
germânica. Tudo se passa em Abril de 1942, quando os Estados Unidos
já entraram oficialmente
no conflito, e a batalha do Atlântico atravessa duros reveses.
CALENDÁRiO
19JAN-24FEV2019
Em Portimão, Museu Municipal expõe O
Desporto Na Filatelia Portuguesa.
IMAG.482-697
1940-28JAN2019
- Susan Hiller: Artista americana radicada em Inglaterra, tendo-se
dedicado à pesquisa / criação paraconceptual,
através de pintura, escultura, escrita, fotografia, vídeo,
performance e instalação.
01FEV-28ABR2019
- Em Lisboa, Palácio Pimenta - Museu da Cidade apresenta Vicente.
O Mito Em Lisboa - exposição
sobre a actualidade do mito de S. Vicente, sendo curador Mário
Caeiro. IMAG.132-265-546-760
21FEV-26MAI2019
- Em Lisboa, Museu do Oriente apresenta Futuro
Doméstico Primitivo -
exposição sobre o arquitecto Sou Fujimoto (Japão), sendo
comissário João Almeida e Silva.
PARLATÓRiO
Música
Portuguesa Contemporânea
A
inconsistência da música, a inconsistência do criador musical, são
ideias que levam naturalmente a considerar que a música é apenas a
arte de combinar os sons de uma maneira agradável ao ouvido. Umas
certas sensações, umas certas impressões, traduzidas por meio dos
sons causam prazer. Eis para quem assim pensa, o fim social da
música. No aspecto estético nada de análise, nada de aplicação
prática; um professor que não saiba uma nota de música pode
ensinar estética musical por este processo, puramente verbalístico.
Sempre as sensações, as impressões, palavras, muitas palavras,
palavras que, desligadas das forças físicas que fazem a música,
prejudicam em vez de facilitar, a compreensão.
Tecnicamente
o que se ensina, e aqui tenho de novo que dizer: o que se ensina em
geral e não o que ensinam os raros entre nós, é o sistema do baixo
cifrado, o maior-menor a imperar, não só na harmonia como até no
contraponto, o princípio da tonalidade e da modulação regidos pelo
número de acidentes à clave, e outras induções igualmente
funestas ao bom gosto e à boa composição musicais.
Chego
agora a uma questão candente, a uma questão de interesse muito mais
geral do que os problemas ligados à substância sonora, de que tenho
estado a tratar: refiro-me à interpretação. Pensa-se entre nós
sobre o assunto o mesmo que Berlioz pensava quando disse: Wagner
dirige «librement, comme Klindworth joue du piano». Isto está
longe de ser um elogio para quem pense como Berlioz, pois que, apesar
de grande compositor ele, neste aspecto, não tinha razão. A frase
não pode ser compreendida senão como uma censura a Wagner e
Klindworth, frase vinda de um músico educado, como todos os músicos
em geral, na cega submissão à tirania do tempo e do compasso, esses
dois inimigos natos do ritmo, e na atitude fria perante a música dos
chamados clássicos.
Luís
de Freitas Branco
-
Conferência na Academia de Amadores de Música (excerto –
11ABR1946)
MEMÓRiA
08OUT1920-1986
- Franklin Patrick Herbert Jr, aliás Frank Herbert: Escritor
americano de ficção científica, autor de Dune
/ Duna (1963-1965) - «Em
minha opinião, a ficção científica é inspiradora, e aponta em
direcções muito interessantes. Isto é, orienta-nos para dimensões
eventuais. Graças à nossa imaginação, podemos tentar outras
oportunidades, tomar opções distintas. Por tendência, ficamos
presos a escolhas limitadas…». IMAG.111-462-550
1932-09OUT2010
- Paulo-Guilherme Tomáz Dúlio Ribeiro d’Eça Leal, aliás
Paulo-Guilherme d’Eça Leal: Arquitecto, cenógrafo, fotógrafo,
cineasta, poeta, filho de Olavo d’Eça Leal - «Gastei as quatro
folhas do meu trevo / e outro não consigo encontrar. / Foi-se-me a
sorte, resta-me o destino. / Em todo o caso, lê o que eu escrevo, /
lê tudo o que puderes decifrar, / na minha letra tosca de menino.»
(Depressa Que o Verso Foge…
- excerto, 1999). IMAG.327-397
09OUT1940-08DEZ1980
- John Winston Lennon, aliás John Lennon: Músico, compositor,
guitarrista e cantor britânico, membro de The Beatles - «A mulher é
o negro do mundo. A mulher é a escrava dos escravos. Se ela tenta
ser livre, tu dizes que ela não te ama. Se ela pensa, tu dizes que
ela quer ser homem».
IMAG.64-70-294-463-730
10OUT1910-2005
- Ramón Gaya Pomés, aliás Ramón Gaya: Pintor e escritor espanhol
- «Ser criador é isso: obedecer. Ser artista, pelo contrário, é
desobedecer, e daí essa quase travessura que tem quase toda a arte
moderna, pois trata-se de uma arte especialmente artística,
artificial.» (El Sentimiento
de la Pintura - excerto,
1959). IMAG.244-294-534
1926-10OUT2010
- Joan Alston Sutherland, aliás Joan Sutherland, aliás La
Stupenda: Soprano australiana
- «Uma das gigantes do canto operático no Século XX, uma daquelas
cantoras que definem uma era e que, de algum modo, mudaram o curso da
história da performance
operática» (Bernardo Mariano). IMAG.328-585
12OUT1890-1955
- Luís Maria da Costa de Freitas Branco, aliás Luís de Freitas
Branco: Compositor português - «Ao significado da sua obra
notabilíssima, da sua personalidade fecunda e dominadora, há a
juntar a verdadeira paixão que possuía pela Juventude, o entusiasmo
com que via os novos triunfar, a sua luta diária, durante cinquenta
anos, pelo renovamento, pela europeização da cultura portuguesa, e
ainda a generosidade do seu grande coração, sempre disposto a
ajudar os que começavam e vivendo com o mesmo entusiasmo as obras
dos próprios discípulos, que pretendia sempre colocar à frente das
suas» (Joly Braga Santos).
IMAG.48-78-111-115-145-168-175-187-239-252-294-324-335-392-409-540-601-731
1918-14OUT1990
- Louis Bernstein, aliás Leonard Bernstein: Compositor, maestro e
pianista americano - «Não me interessa uma orquestra que tenha o
seu próprio som… O que eu quero é que, ao tocar, ela nos
transmita o som do compositor». IMAG.266-297-395-497-602-672
COMENTÁRiO
O
belo não é mais do que tudo o que pode ser resgatado, arrebatado ao
eterno, resgatado do eterno e levado para a formosura e a
vulnerabilidade do presente.
Ramón
Gaya
-
Belleza, Modernidad, Realidad (excerto
- 1960)
PARLATÓRiO
O
homem é um idiota em não dar tudo de si, sempre, no acto de
criação. Alguém escreve algo num papel. Não está a destruir,
está a plantar uma semente. Então, não tem que se preocupar com
inspiração, ou qualquer coisa no género. É apenas uma questão de
se sentar e de pôr-se a trabalhar. Eu nunca tive problemas por
escrever, apenas, um parágrafo. Fala-se muito nisso. Pela minha
parte, havia dias em que me sentia relutante em escrever, ou às
vezes durante semanas inteiras, outras até mais tempo. Então,
preferiria muito mais pescar, por exemplo, ou pôr-me a afiar lápis,
ou ia nadar, ou… Por que não? Mas, depois, voltando à leitura do
que havia produzido, era incapaz de distinguir entre o que me ocorreu
facilmente e o que elaborei, sentando-me e decidindo: «Bem, chegou a
hora de escrever, e é isso que agora vou fazer». Não havia
diferença entre uma coisa e outra que registei no papel…
Frank
Herbert
04MAR1966
- O Cristianismo vai desaparecer. Vai diminuir e encolher. Nós, The
Beatles, somos mais populares do que Jesus, neste momento. Não sei
qual vai desaparecer primeiro - o rock
and roll ou o Cristianismo.
Cristo não era mau, mas os seus discípulos eram obtusos e vulgares.
É a distorção deles que, em minha opinião, estraga o
Cristianismo.
11AGO1966
- Se tivesse dito que a televisão era mais popular do que Jesus,
ninguém teria ligado… Eu não sou anti-Deus, anti-Cristo ou
anti-religião. Não estou a dizer que sejamos melhores ou maiores,
ou a comparar-nos a Jesus Cristo como pessoa ou Deus ou seja o que
for. Disse o que disse e estava errado - ou fui interpretado
erroneamente.
John
Lennon
BREVIÁRiO
Opera
Omnia edita Os Pescadores de
Raul Brandão (1867-1930).
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Abysmo
edita Poesia II - Sonetos
Completos de Antero de
Quental (1842-1891); edição crítica de Luiz Fagundes Duarte.
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