PRONTUÁRiO
IMPUNIDADE
O
Desconhecido do Norte Expresso
(1951) é a adaptação livre e acidentada dum romance de Patricia
Highsmith. Alfred Hitchcock (1899-1980) interessou-se pela narrativa
«geométrica», inerente ao fulcro de uma conspiração sentimental,
cujas variáveis eram a falta de escrúpulos e o engenho criminal.
Insatisfeito com as sugestões de Raymond Chandler, Hitchcock acabou
por se ocupar da composição ambígua das personagens, incumbindo da
textura e dos diálogos o seu habitual colaborador Ben Hecht. Durante
uma viagem de comboio entre Washington e Long Island, um famoso mas
infeliz tenista trava conhecimento, por aparente casualidade, com um
playboy
ocioso e cínico. Este conhece todos os pormenores da sua vida
pessoal e profissional, propondo-lhe eliminar a mulher, para casar-se
com a filha de um senador; em troca, ele deverá assassinar o seu
pai, por quem nutre um ódio profundo. Assim, sem móbil nem ligação
plausíveis, os dois crimes ficarão impunes… A interpretação
enfática de Robert Walker e Farley Granger estigmatiza uma estranha
cumplicidade, entre o desprezo e a obsessão.
IMAG.3-4-14-19-26-29-44-48-49-51-71-85-111-112-142-146-163-168-179-188-191-238-271-280-283-288-307-312-327-351-354-377-381-384-386-428-429-440-449-495-500-501-521-528-550-562-573-588-591-613-617-644-652-654-718-730-738-746-751-760
CALENDÁRiO
12JAN-23FEV2019
- Em Lisboa, Galeria Pedro Cera expõe Choque
- instalação / pintura de Dora Longo Bahia (Brasil).
18JAN-09MAR2019
- Em Lisboa, Galeria 3 + 1 apresenta Manglar
- exposição de pintura de Juan Tessi (Peru).
23JAN-16MAR2019
- Em Lisboa, Fundação Carmona e Costa apresenta Where
I Am Free - exposição de
obras em papel de Carlos Bunga, sendo curadora Inês Grosso.
IMAG.771
1937-24JAN2019
- José Lopes e Silva: Compositor português, músico e professor,
membro fundador de Quadrifonia - «Um dos pioneiros da música
contemporânea em Portugal. Fez sobretudo obras para viola a solo,
mas também é autor de peças de câmara, obras vocais e
eletroacústicas» (José Cutileiro).
25JAN-29MAR2019
- Em Lisboa, Carpintarias de São Lázaro apresenta Jeu
de 54 Cartes - exposição de
fotografia de Jorge Molder.
IMAG.165-237-252-475-491-505-570-612-631-706
18ABR1930-26JAN2019
- Jean Victor Arthur Guillou, aliás Jean Guillou: Músico francês,
compositor, organista e professor - «Ficou famoso como improvisador,
procurando timbres invulgares e conseguindo efeitos muito especiais»
(João Vaz).
1932-26JAN2019
- Michel Jean Legrand, aliás Michel Legrand: Músico e compositor
francês, orquestrador e maestro, pianista, autor de bandas sonoras
para filmes, distinguido com três Oscars, colaborador habitual de
Jacques Demy - «…Reinventaram
o musical como espectáculo popular, [pelo] entendimento de cinema e
música como um mesmo tronco» (Luís Miguel Oliveira).
29JAN-05MAI2019
- No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta
filmes, desenhos e fotogravuras da artista inglesa Tacita
Dean, sobre conceito
desenvolvido com Marta Moreira de Almeida. IMAG.475
Na
Índia teve lugar, há mais de três mil anos, no plano religioso, a
mesma operação de recuperação cultural que, no plano científico,
foi posta em vigor nos nossos dias pela psicanálise… A Índia não
foi sublimada e humanizada pelo cristianismo.
Alberto
Moravia
-
Uma Ideia da Índia
(1961 – excerto)
MEMÓRiA
1898-25SET1970
- Erich Paul Remark, aliás Erich Maria Remarque: Escritor alemão -
«No desespero e no perigo, as pessoas aprendem a acreditar no
milagre. De outra forma, não sobreviveriam». IMAG.663
1907-26SET1990
- Alberto Pincherle, aliás Alberto Moravia: Escritor e jornalista
italiano - «É mais fácil ter ciúmes de um amigo feliz, do que ser
generoso para um amigo que esteja na desgraça… A amizade é mais
difícil e mais rara do que o amor. Há que preservá-la a todo o
custo». IMAG.229-292-636
1892-27SET1940
- Walter Benedix Schönflies Benjamin, aliás Walter Benjamin:
Ensaísta e filósofo alemão - «O cronista que narra os
acontecimentos, sem distinguir entre os grandes e os pequenos, leva
em conta a verdade de que nada do que um dia aconteceu pode ser
considerado perdido para a história. Sem dúvida, somente a
humanidade redimida poderá apropriar-se totalmente do seu passado.
Isso quer dizer: somente para a humanidade redimida o passado é
citável, em cada um dos seus momentos».
IMAG.37-153-292-378-488-506
1896-28SET1970
- John Roderigo Dos Passos, aliás John Dos Passos: Escritor
americano de origem portuguesa, autor de Manhattan
Transfer (1925) e da trilogia
USA
- 42nd Paralell
(1930), Nineteen Nineteen
(1932), The Big Money
(1936) - «Sim. Tenho muitos primos [na Madeira]. A nossa família é
muito grande. O meu avô emigrou para os Estados Unidos, um irmão
dele foi para o Brasil e outros ficaram cá. Assim, tenho agora
parentes aqui, em Lisboa, nos Estados Unidos e no Brasil» (1960).
IMAG.292-546
1922-28SET2010
- Arthur Hiller Penn, aliás Arthur Penn: Cineasta americano,
realizador e produtor - «Em Hollywood, os melhores acabam por
arrepender-se… Já não existe mercado para os filmes que eu
poderia dirigir. Os épicos de ficção científica e as fitas ao
gosto juvenil estão fora dos meus parâmetros». IMAG.
44-212-231-257-327-387-433-704
1925-29SET2010
- Bernard Schwartz, aliás Tony Curtis: Actor americano - «Por um
lado, fui tremendamente abençoado… Por
outro, imensamente amaldiçoado». IMAG.327-447-517-748
VISTORiA
O
materialista histórico não pode renunciar ao conceito de um
presente que não é transição, antes se suspende no tempo e
imobiliza-se. Porque esse conceito define exactamente aquele
presente em que ele próprio
escreve a história. O historicista apresenta a imagem eterna
do passado, o materialista histórico faz desse passado uma
experiência única. Ele deixa a outros a tarefa de esgotar-se no
bordel do historicismo, com a prostituta era
uma vez. Ele fica senhor das
suas forças, suficientemente viril para fazer saltar pelos ares o
continuum da
história.
O
historicismo culmina legitimamente na história universal. Em seu
método, a historiografia materialista distancia-se dela talvez mais
radicalmente que de qualquer outra. A história universal não tem
qualquer armação teórica. O seu procedimento é aditivo. Ela
utiliza a massa dos factos, para com eles preencher o tempo homogéneo
e vazio. Pelo contrário, a historiografia marxista tem em sua base
um princípio construtivo. Pensar não inclui apenas o movimento das
ideias, mas também sua imobilização. Quando o pensamento pára,
bruscamente, numa configuração saturada de tensões, ele
comunica-lhes um choque, através do qual essa configuração se
cristaliza enquanto nómada. O materialista histórico só se
aproxima de um objecto histórico quando o confronta enquanto nómada.
Nessa estrutura, ele reconhece o sinal de uma imobilização
messiânica dos acontecimentos, ou, dito de outro modo, de uma
oportunidade revolucionária de lutar por um passado oprimido. Ele
aproveita essa oportunidade para extrair uma época determinada do
curso homogéneo da história; do mesmo modo, ele extrai da época
uma vida determinada e, da obra composta durante essa vida, uma obra
determinada. O seu método resulta em que, na obra, o conjunto da
obra; no conjunto da obra, a época; e, na época, a totalidade do
processo histórico, são preservados e transcendidos. O fruto
nutritivo do que é compreendido historicamente contém no seu
interior o
tempo, como sementes preciosas, mas insípidas.
Walter
Benjamin
-
Magia e Técnica, Arte e
Política. Ensaios Sobre Literatura e História da Cultura
(1939
- excerto)
COMENTÁRiO
Arthur
Penn
Trouxe
a sensibilidade dos filmes de arte e ensaio europeus dos anos ’60
para o cinema americano. Abriu caminho a uma nova geração de
realizadores vindos das escolas de cinema.
Paul
Schrader
BREVIÁRiO
Porto
Editora lança Nó Cego
de Carlos Vale Ferraz / Carlos Matos Gomes. IMAG.3-197-616-660-755
Universal
edita em CD, sob chancela Verve, Ella
at Zardi’s de Ella
Fitzgerald
(1917-1996).
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Objectiva
edita O Homem Mais Rico do
Mundo - As Muitas Vidas de Calouste Gulbenkian (1869-1955)
de Jonathan Conlin; tradução de Manuel Santos Marques.
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Porto
Editora lança Em Minúsculas
de Herberto Helder
(1930-2015); prefácio de Daniel Oliveira.
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Flâneur
edita Antologia Poética de
Carl Sandburg (1878-1967); tradução de Alexandre O’Neill e Vasco
Gato. IMAG.
139-255
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