quarta-feira, janeiro 02, 2019

IMAGINÁRiO #751

José de Matos-Cruz | 16 Abril 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

DEAMBULAÇÕES
Prosseguindo a sua deambulação - no exílio de todas as consciências sobre um passado de pesadelo, em busca da dimensão íntima que lhe restitua o ideal de paz - Luís Ferchot trocara o Velho Continente pelo Novo Mundo. Entre os becos de Harlem, pelas docas de Brooklyn ou na penitenciária de Sing-Sing, o inferno humano foi-lhe mostrado em Nova Iorque. Pelo final de Leo, um Luís maduro mas perturbado voltou a atravessar o Atlântico, até Paris, ao encontro de um irmão que desconhecia, porém capaz de desvendar-lhe os volúveis laços familiares. Mas nem tudo correu bem, e os dois tiveram que escapar para Espanha - como Etchezabal nos desvendou, por 1936, em plena Guerra Civil. Um ano depois, no mês de Julho, Luís e a fotógrafa americana Kim tentam opor-se aos sabotadores da rectaguarda, A Quinta Coluna. Nesse volúvel conflito entre opressão ou dignidade, violência ou rebelião, a aprendizagem da liberdade definir-se-á como a lição mais perturbante, no palco da história…
Eis fragmentos de Luís Má Sorte (1982) - um clássico da banda desenhada franco-belga, concebido por Frank Giroud (texto) & Jean-Paul Dethorey (ilustração). Um relato denso, complexo, sobre heróis precários, assombrados pela realidade e as memórias ancestrais.
IMAG.4-16-20-46-125-512

CALENDÁRiO

20MAI2018-31MAR2019 - Em Vila de Frades, Quinta do Quetzal apresenta Drawing Africa On the Map - exposição colectiva de desenho / instalação, sendo curadora Aveline de Bruin.

07SET-18NOV2018 - Galeria Municipal do Porto expõe Musonautas, Visões & Avarias 1960-2010 - 5 Décadas de Inquietação Musical No Porto, sendo curador Paulo Vinhas.
18SET2018 - Em Lisboa, Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema expõe Écran Cego. E Projecção de Céu de Carlos Nogueira. IMAG.732-746

19SET2018-06JAN2018 - Em Lisboa, Museu Colecção Berardo expõe 1968: O Fogo das Ideias de Marcelo Brodsky (Argentina), sendo curadora Inês Valle.

20SET-25NOV2018 - Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado apresenta Extinção, 2018 - instalação / vídeo de Salomé Lamas, sendo curadora Emília Tavares. IMAG.491-663

20SET2018-06JAN2019 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe Robert Mapplethorpe [EUA, 1946-1989]: Pictures - retrospectiva fotográfica, sendo curador João Ribas.

20SET2018-13JAN2019 - Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva apresenta, na Casa-Atelier, Theatro Natural - exposição de desenho / pintura de Manuel Vieira.

20SET2018-13JAN2019 - Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva expõe, no Museu, Educação Sentimental - A Colecção [António] Pinto da Fonseca, sendo curador Victor Pinto da Fonseca.

26OUT-11NOV2018 - No Fórum Luís de Camões, decorre 29º Festival Internacional de Banda Desenhada - Amadora Bd 2018.

VISTORiA


Sabe, o meu tipo de lealdade era uma lealdade ao meu país, não às suas instituições ou aos seus governantes oficiais. O país é algo real, é o substancial, o eterno; é algo a preservar, com que temos de preocupar-nos e a que devemos ser leais. As instituições são estranhas, são meras roupas, e as roupas podem ser mudadas, caso se tornem ásperas, se deixarem de ser confortáveis, se não mais protegerem os corpos do inverno, da enfermidade ou da morte. Ser leal aos trapos, disparar em prol dos trapos, venerar os trapos, morrer pelos trapos, isso é lealdade ao irracional, é puramente animal. É algo que pertence à monarquia, que foi inventado pela monarquia; deixemos, pois, que a monarquia conserve tais valores.
Mark Twain - A Connecticut Yankee In King Arthur's Court

MEMÓRiA

1706-17ABR1790 - Benjamin Franklin: Jornalista, editor, cientista, filantropo e diplomata americano - «Considerar que o mundo não tem um criador, é o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão numa tipografia». IMAG.270-271-547

20ABR1840-1916 - Bertrand-Jean Redon, aliás Odilon Redon: Pintor francês, artista gráfico, ligado ao simbolismo e co-fundador do Salon des Indépendants (1884) - «Dou liberdade à minha imaginação, no sentido de utilizar tudo o que a litografia pode oferecer-me. Cada uma das minhas muitas peças é o resultado de uma procura apaixonada do máximo que pode ser extraído da conjugação do uso de lápis, papel e pedra». IMAG.569

1899-20ABR1980 - Alfred Joseph Hitchcock, aliás Alfred Hitchcock: Cineasta inglês - «Quando um filme é bom, o som pode ser desligado sem problemas… Os espectadores continuarão a ter uma ideia exacta do que estão a ver».
IMAG.3-4-14-19-26-29-44-48-49-51-71-85-111-112-142-146-163-168-179-188-191-238-271-280-283-288-307-312-327-351-354-377-381-384-386-428-429-440-449-495-500-501-521-528-550-562-573-588-591-613-617-644-652-654-718-730-738-746

21ABR1870-1958 - Óscar Courrège da Silva Araújo, aliás Óscar da Silva: Compositor e pianista português, autor de Marcha Triunfal Para o Centenário da Índia (1898) e da ópera Dona Mécia (1901) - «O seu semblante emana um carisma especial» (Fialho de Almeida). IMAG.376-649

1835-21ABR1910 - Samuel Longhorne Clemens, aliás Mark Twain: Escritor americano - «Se recolheres um cão faminto e lhe deres conforto, ele não te morderá. Eis a diferença entre o cão e o homem».  
IMAG.60-193-248-271-345-436-446-540

22ABR1640-1723 - Mariana Mendes da Costa Alcoforado, aliás Mariana Vaz Alcoforado, aliás Mariana Alcoforado: Religiosa portuguesa, do Convento de Nossa Senhora da Conceição em Beja - «Considera, meu amor, a que ponto chegou a tua imprevidência. Desgraçado!, foste enganado e enganaste-me com falsas esperanças. Uma paixão de que esperaste tanto prazer não é agora mais que desespero mortal, só comparável à crueldade da ausência que o causa.» (Cartas de Uma Freira Portuguesa - Primeira - excerto). IMAG.210-428

23ABR1910-2005 - Simone Thérèse Fernande Simon, aliás Simone Simon: Actriz francesa, intérprete de The Devil and Daniel Webster (1941 - William Dieterle) ou Cat People / A Pantera (1942 - Jacques Tourneur) - «William Dieterle fez de mim a mensageira do diabo». IMAG.28-272

1873-23ABR1940 - Alberto de Oliveira, aliás Alberto d’Oliveira: Poeta e ensaísta português, ligado ao simbolismo, autor de Palavras Loucas (1894) - «Fazei vossas odes d’esta visão intensa do que fomos, se o Passado vos tenta: dizei de vossos Avós as arrebatadas cavalarias, e buscai sua coragem de ânimo nas feições esmaiadas dos painéis…» (Do Neogarrettismo No Teatro).

VISTORiA

À Minha Filha

Vejo em ti repetida,
A anos de distância,
A minha própria vida,
A minha própria infância.

É tal a semelhança,
É tal a identidade,
Que é só em ti, criança,
Que entendo a eternidade.

Todo o meu ser se exala,
Se reproduz no teu:
É minha a tua fala,
Quem vive em ti, sou eu.

Sorris como eu sorria,
Cismas do meu cismar,
O teu olhar copia,
Espelha o meu olhar.

És como a emanação,
Como o prolongamento,
Quer do meu coração,
Quer do meu pensamento.

Encarnas de tal modo
Minha alma fugitiva,
Que eu não morri de todo
Enquanto sejas viva!

Por que mistério imenso
Se fez a transmissão
De quanto sinto e penso
Para esse coração?

Foi como se eu andasse
Noutra alma a semear
Meu peito, minha face,
Meu riso, meu olhar…

Meus íntimos desejos,
Meus sonhos mais doirados,
Florindo com meus beijos
Os campos semeados.

Bendita é a colheita,
Deus confiou em nós…
Colhi-te, flor perfeita,
Eco da minha voz!

Foi o amor, foi o amor,
Ó filha idolatrada,
O sopro criador
Que te tirou do nada!

Deus bendito e louvado,
Ó filha estremecida,
Por te cá ter mandado
A reviver-me a vida!
Alberto d’Oliveira
- Lar
BREVIÁRiO

Assírio & Alvim edita Primavera Autónoma das Estradas de Mário Cesariny (1923-2006).
IMAG.17-19-20-29-66-123-179-430-442-475-486-505-537-582-587-641-647-657-669-693-708-711

Polydor edita em CD, sob chancela BBC, On Air Deluxe Edition por The Rolling Stones.
IMAG.54-118-206-309-313-384-463-556-655-665

Relógio D’Água edita Maigret e o Seu Morto de Georges Simenon (1903-1989); tradução de Lima de Freitas. IMAG.47-241-253-721

EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

A MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS - 13

Herança extinta ou heresia funesta. Eis o arrojo visceral, a quimera catártica, que um premonitório Damião de Magalhães vislumbraria, reinvestido em tal derradeiro crepúsculo sobre o cais místico da Ibéria.
Continua
 

Sem comentários:

Enviar um comentário