José
de Matos-Cruz | 16 Abril 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
DEAMBULAÇÕES
Prosseguindo
a sua deambulação - no exílio de todas as consciências sobre um
passado de pesadelo, em busca da dimensão íntima que lhe restitua o
ideal de paz - Luís Ferchot trocara o Velho Continente pelo Novo
Mundo. Entre os becos de Harlem, pelas docas de Brooklyn ou na
penitenciária de Sing-Sing, o inferno humano foi-lhe mostrado em
Nova Iorque. Pelo final de Leo,
um Luís maduro mas perturbado voltou a atravessar o Atlântico, até
Paris, ao encontro de um irmão que desconhecia, porém capaz de
desvendar-lhe os volúveis laços familiares. Mas nem tudo correu
bem, e os dois tiveram que escapar para Espanha - como Etchezabal
nos desvendou, por 1936, em plena Guerra Civil. Um ano depois, no mês
de Julho, Luís e a fotógrafa americana Kim tentam opor-se aos
sabotadores da rectaguarda, A
Quinta Coluna.
Nesse volúvel conflito entre opressão ou dignidade, violência ou
rebelião, a aprendizagem da liberdade definir-se-á como a lição
mais perturbante, no palco da história…
Eis
fragmentos de Luís
Má Sorte
(1982)
- um clássico da banda desenhada franco-belga, concebido por Frank
Giroud
(texto) & Jean-Paul
Dethorey
(ilustração). Um relato denso, complexo, sobre heróis precários,
assombrados pela realidade e as memórias ancestrais.
IMAG.4-16-20-46-125-512
CALENDÁRiO
20MAI2018-31MAR2019
- Em Vila de Frades, Quinta do Quetzal apresenta Drawing
Africa On the Map - exposição
colectiva de desenho / instalação, sendo curadora Aveline de Bruin.
07SET-18NOV2018
- Galeria Municipal do Porto expõe Musonautas,
Visões & Avarias 1960-2010 - 5 Décadas de Inquietação Musical
No Porto, sendo curador Paulo
Vinhas.
18SET2018
- Em Lisboa, Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema expõe Écran
Cego. E Projecção de
Céu de Carlos Nogueira.
IMAG.732-746
19SET2018-06JAN2018
- Em Lisboa, Museu Colecção Berardo expõe 1968:
O Fogo das Ideias de Marcelo
Brodsky (Argentina), sendo curadora Inês Valle.
20SET-25NOV2018
- Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado
apresenta Extinção, 2018 -
instalação / vídeo de Salomé Lamas, sendo curadora Emília
Tavares. IMAG.491-663
20SET2018-06JAN2019
- No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe Robert
Mapplethorpe [EUA,
1946-1989]: Pictures
- retrospectiva fotográfica, sendo curador João Ribas.
20SET2018-13JAN2019
- Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva apresenta, na
Casa-Atelier, Theatro Natural
- exposição de desenho /
pintura de Manuel Vieira.
20SET2018-13JAN2019
- Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva expõe, no
Museu, Educação Sentimental
- A Colecção [António]
Pinto da Fonseca,
sendo curador Victor Pinto da Fonseca.
26OUT-11NOV2018
- No Fórum Luís de Camões, decorre 29º Festival Internacional de
Banda Desenhada - Amadora Bd 2018.
VISTORiA
Sabe,
o meu tipo de lealdade era uma lealdade ao meu país, não às suas
instituições ou aos seus governantes oficiais. O país é algo
real, é o substancial, o eterno; é algo a preservar, com que temos
de preocupar-nos e a que devemos ser leais. As instituições são
estranhas, são meras roupas, e as roupas podem ser mudadas, caso se
tornem ásperas, se deixarem de ser confortáveis, se não mais
protegerem os corpos do inverno, da enfermidade ou da morte. Ser leal
aos trapos, disparar em prol dos trapos, venerar os trapos, morrer
pelos trapos, isso é lealdade ao irracional, é puramente animal. É
algo que pertence à monarquia, que foi inventado pela monarquia;
deixemos, pois, que a monarquia conserve tais valores.
Mark
Twain - A
Connecticut Yankee In King Arthur's Court
1706-17ABR1790
- Benjamin Franklin: Jornalista, editor, cientista, filantropo e
diplomata americano - «Considerar que o mundo não tem um criador, é
o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão
numa tipografia». IMAG.270-271-547
20ABR1840-1916
- Bertrand-Jean Redon, aliás Odilon Redon: Pintor francês, artista
gráfico, ligado ao simbolismo e co-fundador do Salon des
Indépendants (1884) - «Dou liberdade à minha imaginação, no
sentido de utilizar tudo o que a litografia pode oferecer-me. Cada
uma das minhas muitas peças é o resultado de uma procura apaixonada
do máximo que pode ser extraído da conjugação do uso de lápis,
papel e pedra». IMAG.569
1899-20ABR1980
- Alfred Joseph Hitchcock, aliás Alfred Hitchcock: Cineasta inglês
- «Quando um filme é bom, o som pode ser desligado sem problemas…
Os espectadores continuarão a ter uma ideia exacta do que estão a
ver».
IMAG.3-4-14-19-26-29-44-48-49-51-71-85-111-112-142-146-163-168-179-188-191-238-271-280-283-288-307-312-327-351-354-377-381-384-386-428-429-440-449-495-500-501-521-528-550-562-573-588-591-613-617-644-652-654-718-730-738-746
21ABR1870-1958
- Óscar Courrège da Silva Araújo, aliás Óscar da Silva:
Compositor e pianista português, autor de Marcha
Triunfal Para o Centenário da Índia
(1898) e da ópera Dona Mécia
(1901) - «O seu semblante emana um carisma especial» (Fialho de
Almeida). IMAG.376-649
1835-21ABR1910
- Samuel Longhorne Clemens, aliás Mark Twain: Escritor americano -
«Se recolheres um cão faminto e lhe deres conforto, ele não te
morderá. Eis a diferença entre o cão e o homem».
IMAG.60-193-248-271-345-436-446-540
22ABR1640-1723
- Mariana Mendes da Costa Alcoforado, aliás Mariana Vaz Alcoforado,
aliás Mariana Alcoforado: Religiosa portuguesa, do Convento de Nossa
Senhora da Conceição em Beja - «Considera, meu amor, a que ponto
chegou a tua imprevidência. Desgraçado!, foste enganado e
enganaste-me com falsas esperanças. Uma paixão de que esperaste
tanto prazer não é agora mais que desespero mortal, só comparável
à crueldade da ausência que o causa.» (Cartas
de Uma Freira Portuguesa -
Primeira
- excerto). IMAG.210-428
23ABR1910-2005
- Simone Thérèse Fernande Simon, aliás Simone Simon: Actriz
francesa, intérprete de The
Devil and Daniel Webster
(1941 - William Dieterle) ou Cat
People / A Pantera (1942 -
Jacques Tourneur) - «William Dieterle fez de mim a mensageira do
diabo». IMAG.28-272
1873-23ABR1940
- Alberto de Oliveira, aliás Alberto d’Oliveira: Poeta e ensaísta
português, ligado ao simbolismo, autor de Palavras
Loucas (1894) - «Fazei
vossas odes d’esta visão intensa do que fomos, se o Passado vos
tenta: dizei de vossos Avós as arrebatadas cavalarias, e buscai sua
coragem de ânimo nas feições esmaiadas dos painéis…» (Do
Neogarrettismo No Teatro).
VISTORiA
À
Minha Filha
Vejo
em ti repetida,
A anos de distância,
A minha própria vida,
A minha própria infância.
É tal a semelhança,
É tal a identidade,
Que é só em ti, criança,
Que entendo a eternidade.
Todo o meu ser se exala,
Se reproduz no teu:
É minha a tua fala,
Quem vive em ti, sou eu.
Sorris como eu sorria,
Cismas do meu cismar,
O teu olhar copia,
Espelha o meu olhar.
És como a emanação,
Como o prolongamento,
Quer do meu coração,
Quer do meu pensamento.
Encarnas de tal modo
Minha alma fugitiva,
Que eu não morri de todo
Enquanto sejas viva!
Por que mistério imenso
Se fez a transmissão
De quanto sinto e penso
Para esse coração?
Foi como se eu andasse
Noutra alma a semear
Meu peito, minha face,
Meu riso, meu olhar…
Meus íntimos desejos,
Meus sonhos mais doirados,
Florindo com meus beijos
Os campos semeados.
Bendita é a colheita,
Deus confiou em nós…
Colhi-te, flor perfeita,
Eco da minha voz!
Foi o amor, foi o amor,
Ó filha idolatrada,
O sopro criador
Que te tirou do nada!
Deus bendito e louvado,
Ó filha estremecida,
Por te cá ter mandado
A reviver-me a vida!
A anos de distância,
A minha própria vida,
A minha própria infância.
É tal a semelhança,
É tal a identidade,
Que é só em ti, criança,
Que entendo a eternidade.
Todo o meu ser se exala,
Se reproduz no teu:
É minha a tua fala,
Quem vive em ti, sou eu.
Sorris como eu sorria,
Cismas do meu cismar,
O teu olhar copia,
Espelha o meu olhar.
És como a emanação,
Como o prolongamento,
Quer do meu coração,
Quer do meu pensamento.
Encarnas de tal modo
Minha alma fugitiva,
Que eu não morri de todo
Enquanto sejas viva!
Por que mistério imenso
Se fez a transmissão
De quanto sinto e penso
Para esse coração?
Foi como se eu andasse
Noutra alma a semear
Meu peito, minha face,
Meu riso, meu olhar…
Meus íntimos desejos,
Meus sonhos mais doirados,
Florindo com meus beijos
Os campos semeados.
Bendita é a colheita,
Deus confiou em nós…
Colhi-te, flor perfeita,
Eco da minha voz!
Foi o amor, foi o amor,
Ó filha idolatrada,
O sopro criador
Que te tirou do nada!
Deus bendito e louvado,
Ó filha estremecida,
Por te cá ter mandado
A reviver-me a vida!
Alberto
d’Oliveira
-
Lar
BREVIÁRiO
Assírio
& Alvim edita Primavera
Autónoma das Estradas de
Mário Cesariny (1923-2006).
IMAG.17-19-20-29-66-123-179-430-442-475-486-505-537-582-587-641-647-657-669-693-708-711
Polydor
edita em CD, sob chancela BBC, On
Air Deluxe Edition por The
Rolling Stones.
IMAG.54-118-206-309-313-384-463-556-655-665
Relógio
D’Água edita Maigret e o
Seu Morto de Georges Simenon
(1903-1989); tradução de Lima de Freitas. IMAG.47-241-253-721
EXTRAORDINÁRiO
OS
SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico
A
MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS -
13
Herança
extinta ou heresia funesta. Eis o arrojo visceral, a quimera
catártica, que um premonitório Damião de Magalhães vislumbraria,
reinvestido em tal derradeiro crepúsculo sobre o cais místico da
Ibéria.
– Continua
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