quinta-feira, janeiro 17, 2019

IMAGINÁRiO #752

José de Matos-Cruz | 24 Abril 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004
 
PRONTUÁRiO

PROEZAS
De tempos a tempos, há filmes que nos reconciliam com os elementos essenciais do cinema: fascínio e entretenimento. Por isso são raros e logram tocar, ou mesmo surpreender. Este é o primeiro aspecto a distinguir O Tigre e o Dragão (2000) - uma obra maior em plena viragem de milénio, e na voragem actual dos audiovisuais. Porém, o seu cariz excepcional não deriva da insolitude, antes de uma feliz fusão entre a arte e a tecnologia. Por detrás de tal sucesso está um autor com a versatilidade e o talento de Ang Lee - cuja experiência se revela determinante e, ao mesmo tempo, acaba por consumar um projecto original. Lee inspirou-se num clássico de Wang Du Lu, publicado em início do Século XX, e referencial do wu xia - vertente da tradição oral da China, na qual convergem a bravura e o maravilhoso. Algo que tem a ver com as raízes culturais ou os valores mais entranhados. Assim, evoluem o ideal de justiça e os lutadores erráticos - com equivalência nos paladinos medievais da Europa, ou na saga do Oeste americano. Exaltando as proezas dos proscritos sociais, cuja marginalidade é superada pela perícia física e os prodígios sobrenaturais. Lee presta tributo à ingenuidade e ao fabuloso ancestrais, exibindo a capacidade de voar dos heróis, ao nível da sua coragem e da sua integridade. Caprichando sobre um imaginário deslumbrante, balético, em que o domínio das artes marciais contrasta a subtileza da exegese espiritual. IMAG.5-84-552

CALENDÁRiO

26AGO-16SET2018 - Em Viseu, Pavilhão Multiusos da Feira de S. Mateus expõe Grão Vasco Ilustrado, em organização do GICAV / Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu. IMAG.681

1932-10SET2018 - Paul Virilio: Filósofo francês, arquitecto e urbanista, activista social - «Não sou um revolucionário, sou um revelacionário».

21SET-04NOV2018 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta Através de… Ana Vieira [1940-2016] Na Colecção de Serralves, sendo curadores Marta Almeida e Ricardo Nicolau. IMAG.612

22SET-02DEZ2018 - Em Coimbra, Centro de Artes Visuais apresenta Sair - exposição de artes plásticas de Ana Vieira (1940-2016), sendo curadores Albano Silva Pereira e Paulo Pires do Vale. IMAG.612

25SET-15OUT2018 - Biblioteca Municipal de Sesimbra apresenta Projecto (In)Finito - exposição de pintura de Paz Nóbrega.

28SET2018-20JAN2019 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Sempre Na Moda - exposição fotografia de Norman Parkinson (EUA, 1913-1990). IMAG.749

11OUT2018-06JAN2019 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta Pedro Costa: Companhia - exposição múltipla (filme, fotografia, pintura, desenho, escultura), sendo curadores Nuno Crespo e João Ribas. IMAG.31-65-115-120-279-363-545-641-703

03-08DEZ2018 - Teatro Municipal de Vila Real exibe Manoel de Oliveira [1908-2015]: O Imaginário do Douro - retrospectiva fílmica, com programação de António Preto.
IMAG.2-11-23-41-42-48-60-68-72-74-83-134-158-161-164-165-170-175-178-190-199-201-203-205-206-208-214-221-222-224-225-237-241-242-244-248-256-277-283-285-287-293-295-301-335-342-347-350-358-384-394-400-431-432-451-494-501-539-546-563-565-567-572-606-629-642-645-661-686-703-734

VISTORiA

Morro de amor pelo meu pátrio Minho, pela vila dos Arcos, pela Casa de Casares, onde a minha infância dorme, onde esperei, feliz, envelhecer, escrevendo mais livros, sempre livros, onde cuidei morrer e, como Goethe, pedindo luz e luz, sempre mais luz, de janelas rasgadas sobre o Vez, sobre a fonte que jorra da carranca, sobre as minhas amadas laranjeiras. Fausto, morro de amor pelos meus livros, pelos romances que pensei, fugidos, perdidos e sumidos, pois já não bolem as suas almas em meu clima de desespero, ao qual só é possível deixar que espumem versos em cascata e a esmo, de espontânea geração, milagrosos, de insólito fenómeno.
Tomaz de Figueiredo
- Viagens No Meu Reino

COMENTÁRiO

Keil, Arquitecto dos Jardins e Parques de Lisboa
O projecto do Parque de Monsanto constitui uma obra incontornável no quadro das grandes intervenções levadas a cabo em Lisboa durante o Século XX. Transferindo para a periferia da cidade o grande parque, revela um novo entendimento da questão dos espaços verdes urbanos integrados na escala mais vasta da área metropolitana e da expansão da cidade. No final da década dos anos 40, as obras do Clube de Ténis ou do Restaurante de Montes Claros vão traduzir-se em felizes momentos do percurso de Keil do Amaral, atingindo subtilmente aquele sentido de depuramento, de despojamento que vinha explorando desde as primeiras pesquisas da paixão holandesa. Com efeito, a partir de 1948 Keil assume uma maior modernidade segundo os códigos do Movimento Moderno, dando um novo sentido à sua produção: no Restaurante de Montes Claros, liberta o plano do chão, no Clube de Ténis, rasga grandes envidraçados e resolve a cobertura com uma enorme agilidade.
Ana Tostões
- Keil do Amaral: o Arquiteto e o Humanista
MEMÓRiA

24ABR1930-2005 - Henrique Baptista Vaz Pacheco do Canto e Castro, aliás Canto e Castro: Actor português - «Nunca me arrependi de ter escolhido ser actor». IMAG.27-63-101-272-286-339

1897-24ABR1970 - Cassiano Viriato Branco, aliás Cassiano Branco: Arquitecto português - «Enquadrou a sua arquitectura na nossa atmosfera, no nosso ambiente, na nossa cultura, na nossa relação com o espaço e, inclusivamente, na nossa relação com o território» (Gonçalo Ribeiro Telles). IMAG.142-272-299-447-622-634

1904-24ABR1980 - Alejo Carpentier y Valmont, aliás Alejo Carpentier: Ficcionista, ensaísta e musicólogo cubano - «Tentarei, na minha obra imediata, reflectir um processo histórico que me levou a tomar consciência de mim próprio e a saber que, ao concretizar essa mesma obra, não só trabalho para mim como o faço também para todos os outros». IMAG.520

25ABR1930-2014 - Irwin Lawrence Mazursky, aliás Paul Mazursky: Dramaturgo e cineasta americano, actor, produtor, argumentista e realizador de Uma Mulher Só (1978) - «A revolução sexual, a contestação do casamento, o divórcio e a emancipação das mulheres, as crises da meia-idade e da masculinidade, a psiquiatria e a terapia de grupo, foram tema de [suas] comédias satíricas ou dramáticas» (Eurico de Barros). IMAG.492-525

1935-25ABR2010 - Dorothy Michelle Provine, aliás Dorothy Provine: Actriz americana do teatro, do cinema e da televisão, no elenco de O Mundo Maluco (1963 - Stanley Kramer) ou A Grande Corrida à Volta do Mundo (1965 - Blake Edwards) - «A cor dos meus cabelos, as minhas pernas e as minhas medidas traçaram o meu destino aos olhos dos produtores». IMAG.300-499

1832-26ABR1910 - Bjørnstjerne Martinus Bjørnson, aliás Bjornstjerne Bjornson: Poeta, novelista e dramaturgo norueguês, Prémio Nobel da Literatura em 1903 - «Na política, a verdade deve esperar o momento em que todos dela necessitem». IMAG.398

27ABR1930-2016 - Arlindo Duarte de Carvalho, aliás Arlindo de Carvalho: Compositor e maestro português, autor de Fadinho Serrano, e distinguido com a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores / SPA (2011). IMAG.651

28ABR1910-1975 - Francisco Caetano Keil Coelho do Amaral, aliás Francisco Keil do Amaral: Arquitecto português, galardoado com a Medalha de Ouro da Exposição Internacional de Paris (1937), lançou as bases do Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, iniciado em 1955 - «Quando em plena ditadura salazarista a arquitectura portuguesa se divide entre os mentores do regime e o desejo de um funcionalismo de carácter internacional, [destaca-se] como a figura que com mais energia e lucidez defende as bases para a construção de uma perspectiva de trabalho diferente, teoricamente racional e formalmente ligada às identidades locais, apelando a uma linguagem simples e equilibrada, inspirada na continuidade e no sentido integrador que parece constituir uma constante da arquitectura portuguesa.» (Raul Hestnes Ferreira - Keil do Amaral e a Arquitetura). IMAG.284-413-478-503

1916-28ABR2000 - Penelope Knox, aliás Penelope Fitzgerald: Ficcionista, poeta, biógrafa e historiadora inglesa, distinguida com o Booker Prize (1979), autora de A Livraria - «Simultaneamente sábio e triste. Um livro vivamente recomendado» (Library Journal). IMAG.404-591

29ABR1930-2017 - Jean Raoul Robert Rochefort, aliás Jean Rochefort: Actor e cineasta francês, intérprete de Vamos a Isto Que É Festa (1975 - Bertrand Tavernier) - «A vida passa demasiado depressa». IMAG.698

1902-29ABR1970 - Tomaz Xavier Cardoso de Figueiredo, aliás Tomaz de Figueiredo: Escritor português, autor de A Toca do Lobo - «Passeei em Coimbra com o chamado grupo da Presença, do qual em verdade não fiz parte, umas vezes aceitando e outras recusando, outras até ensinando e guiando, pois, independente e selvagem como era e me conservo – por graça de Deus! – impossível deixar-me arrebanhar, aceitar qualquer diácono ou pontífice». IMAG.272-432-648

30ABR1930-1992 - Pierre-Félix Guattari, aliás Félix Guattari: Escritor e filósofo francês - «A escrita alfabética não é feita para os analfabetos mas pelos analfabetos; passa pelos analfabetos, esses operários inconscientes. O significante implica uma linguagem que, com ele, sobrecodifica uma outra, enquanto que a outra é toda codificada em elementos fonéticos. E se o inconsciente comporta, de facto, o regime tópico duma dupla inscrição, não é estruturado como uma linguagem, mas como duas.» (O Anti-Édipo - Capitalismo e Esquizofrenia - com Gilles Deleuze).

BREVIÁRiO

Arte de Autor edita, na saga em banda desenhada de Corto Maltese por Hugo Pratt (1927-1995), Sob o Signo de Capricórnio (1970) e Sempre Um Pouco Mais Longe (1970-71).
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E-Primatur edita O Filho da Mãe de José Vilhena (1927-2015). IMAG. 19-149-587-617-687

Casa das Letras edita Homens Sem Mulheres de Haruki Murakami; tradução de Maria João Lourenço. IMAG.337-521-577

E-Primatur edita Babbit de Sinclair Lewis (1885-1951); tradução de Bernardo Ramos. IMAG.743
 

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