quinta-feira, agosto 24, 2017

IMAGINÁRiO #677

José de Matos-Cruz | 01 Outubro 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal – Fundado em 2004
 
PRONTUÁRiO

SORTILÉGIOS
Através do imaginário em banda desenhada - domínio privilegiado e prodigioso, para explorar todas as aventuras, para exaltar todas as fantasias - o talento dos criadores tem, ainda, revelado outras virtualidades, distintas implicações, para além do sortilégio realista. Na série O Vagabundo dos Limbos / Le Vagabond des Limbes (1975), Christian Godard (argumento) & Julio Ribera (grafismo) desvendam um universo onírico, erótico, em espiral orgânica e orgástica, poética e tecnológica - de reflexos / aparências sobre o desejo, a perversão, a inocência, o humor, a fatalidade, como alegoria aos símbolos alquímicos, aos desígnios do poder, estilhaçando os limites do tempo e do espaço. «Tudo se passa como se estivéssemos irremediavelmente condenados a errar eternamente num pesadelo incoerente. O sentido aparecerá mais tarde e, se for preciso, podemos inventar um que agrade…» Eis uma saga exposta aos desafios físicos, místicos e do fantástico, onde convergem os estigmas da visão com os estímulos da evasão. IMAG.526


PARLATÓRiO

Os ritos, que incluem o riso e a dor, podem não aparecer numa situação social, mas são a nossa condição humana. Quando as pessoas não riem, ficam muito tristes; quando riem, é acompanhado da tristeza que está a ser coberta pelo riso. Como não há total transparência, há uma questão de comportamento de ordem social. Vivemos a solidão e vivemos com os outros, que são o tal inferno de que falava Sartre.
Dinis Machado

CALENDÁRiO

08JUN-28JUL2017 - Em Lisboa, Instituto Italiano de Cultura apresenta Geometria da Natureza - exposição de pintura e desenho de Sandro Sanna, sendo curador António Olaio.

08JUN2017 - O escritor Manuel Alegre é distinguido com o Prémio Camões 2017. IMAG.66-205-276-314-337-366-377-560-603-611-648-674

09JUN-31JUL2017 - Em Coimbra, Mosteiro de Santa Clara-a-Velha apresenta View In Town - exposição de fotografia de André Kuzer.

TRAJECTÓRiA

ERNESTO DE SOUSA

Criador e cineasta português, José Ernesto Marques Frade de Sousa nasceu a 18 de Abril de 1921 em Lisboa, onde faleceu a 6 de Outubro de 1988. Fez estudos universitários, na Faculdade de Ciências. Em Paris, cursou Artes Plásticas (1942-46) e trabalhou em cinema, sendo assistente de Jean Dellanoy em La Minute de Vérité (1952).
Autor de argumentos, fez também filmes publicitários. Foi cine-clubista (fundador do Círculo de Cinema - 1946; dirigente do Imagem), e crítico de cinema (Seara Nova, Vértice, Jornal de Letras e Artes; director da revista Imagem).
Em 1959, fundou a Cooperativa do Espectador. Conferencista. Fundador da Editorial Sequência e autor de obras sobre estética (O Argumento Cinematográfico - 1956, A Realização Cinematográfica - 1957, O Que É o Cinema? - 1960, Para o Estudo da Escultura Portuguesa -1965, Re Começar - Almada em Madrid - 1983, entre muitos outros). A partir de 1969, dedicou-se sobretudo ao mixed-media, em manifestações experimentais e vanguardistas, algumas com Jorge Peixinho.
Em 1998, foi postumamente homenageado pela Fundação Calouste Gulbenkian, com Revolution My Body no Centro de Arte Moderna. Filmes como realizador: O Natal Na Arte Portuguesa (1954), Rodando Pelos Caminhos (1959 - Sp), Dom Roberto (1962), Crianças Autistas (1969), O Teu Corpo É o Meu Corpo (1976), Cantigamente Nº 5 (1976 - Sr tv), Almada, Um Nome de Guerra (1971-77 – multimédia).

MEMÓRiA

1649-01OUT1708 - John Blow: Organista e compositor britânico do período barroco - autor de Venus & Adonis (1686), «a primeira ópera inglesa» (Jorge Calado) - choirmaster da Catedral de São Paulo (1687), mestre de William Croft, Jeremiah Clarke e Henry Purcell. IMAG.557

1887-02OUT1968 - Henri-Robert-Marcel Duchamp, aliás Marcel Duchamp: Pintor, escultor e poeta francês, cidadão americano a partir de 1955, inventor dos ready made - «Estou interessado em ideias e não, apenas, em produtos visuais». IMAG.24-127-595-620

03OUT1898-1969 - Thomas Leo McCarey, aliás Leo McCarey: Cineasta americano, produtor, realizador e argumentista - «Não sei qual é a minha fórmula. Apenas confesso que gosto de personagens que pareçam andar nas nuvens. Agrada-me um pouco de conto de fadas. Que outros filmem a fealdade deste mundo. A mim, não me interessa amargurar as pessoas». IMAG.197-233-377-613

1880-03OUT1918 - David de Sousa: Músico português, violoncelista, compositor e maestro, cofundador da Orquestra Sinfónica Portuguesa (1914), tendo integrado orquestras em Inglaterra, na Alemanha Imperial e na Rússia.

1930-03OUT2008 - Dinis Ramos Machado, aliás Dinis Machado: Escritor e jornalista português - «A arte, experiência lúdica, tem um estatuto muito particular: procura a sua cidadania em zonas fugidias de aplicação social». IMAG.218-232-261-267-296-332-387-612-620-622

04OUT1528-1599 - Francisco Guerrero: Compositor espanhol da Renascença - «Fue Francisco Guerrero, en cuya suma / de artificio y gallardo contrapunto / con los despojos de la eterna pluma, / el general supuesto todo junto, / no se sabe que en cuanto tiempo suma / ningún otro llegase al mismo punto, / que si en la ciencia es más que todo diestro, / es tan gran cantor como maestro.» (Vicente Espinel - 1591). IMAG.389

04OUT1928-2016 - Alvin Toffler: Escritor e futurista americano, autor de A Terceira Vaga (1980) - «O futuro é construído pelas nossas decisões diárias, inconstantes e mutáveis, e cada evento acaba por influenciar todos os outros». IMAG.628

1921-06OUT1988 - José Ernesto de Sousa: Cineasta português, criador e crítico de arte - «O cinema não me preenche, pelo menos não me define… A vida é tão complexa, tão mais importante que querer ter uma carreira ou um rótulo! O meu métier é comunicar, e isso é o que me interessa. Se as coisas acontecerem através do cinema, tanto melhor» (1974). IMAG.135-198-279-393-534-566

1926-09OUT1998 - José Paulo Paes: Poeta e ensaísta brasileiro - «para quem pediu sempre /tão pouco / o nada é positivamente /um exagero.» (auto-epitáfio n.2). IMAG.572

VISTORiA

Declaração de Bens

meu deus
minha pátria
minha família
minha casa
meu clube
meu carro

minha mulher
minha escova de dentes

minha vida
meu câncer
meus vermes
José Paulo Paes

SUMÁRiO

José Paulo Paes

José Paulo Paes nasceu em Taquaritinga, no interior de São Paulo, em 22 de julho de 1926. Sempre foi um apaixonado por livros. Estudou Química e trabalhou num laboratório farmacêutico durante muitos anos. Em 1944 mudou-se para Curitiba, onde desenvolveu seu gosto literário e se associou com nomes bem conhecidos do círculo de letras de então, em especial Oswald de Andrade e Dalton Trevisan, em cuja revista Joaquim colaborou. Na capital paranaense, participou ativamente da vida cultural da época, em especial das reuniões literárias que se costumavam fazer em dois points curitibanos: o Café Belas Artes e a Livraria Ghignone. Um dia resolveu escrever poesias, primeiro para os adultos e depois para as crianças. Esqueceu a Química e descobriu a magia da poesia infantil, aprendeu a brincar com as palavras e escreveu muitas poesias maravilhosas para as crianças. Depois de abandonar a Química, trabalhou durante 25 anos na edição de livros, traduções e ensaios. Trabalhou na editora Cultrix cerca de 14 anos. Traduziu inúmeras obras de outros autores – como Lawrence Sterne, Lewis Carroll, Nikos Kazantzakis, Paul Éluard, Dino Buzzati, Hölderlin, Huysmans, Edgar Allan Poe, Rainer Maria Rilke, Gertrude Stein, Leopardi, Edmund Wilson, entre outros. José Paulo Paes morreu em 1998, aos 72 anos.

BREVIÁRiO

Quetzal edita Cântico Final de Vergílio Ferreira (1916-1996).  
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Universal edita em CD, sob chancela Decca, Dmitri Shostakovich [1906-1975]: Cello Concertos 1 + 2 por Alisa Weilerstein, com Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks, sob a direcção de Pablo Heras-Casado.  
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EXTRAORDINÁRiO

OS HUMANIMAIS - Folhetim Aperiódico

BUÇO COM LEITE MANCHA O COLETE - 3

Não obstante, o menino D. Fulgêncio, filho do patrão, depois de fazer chacota, participou para o Governo Civil. De lá partiu o Chefe Bazilio Granizo com uns quantos agentes, no intuito de dissuadir os homens de tão disparatado propósito. E, se bem lhes ordenou, melhor os conteve.
Continua

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