sexta-feira, fevereiro 24, 2017

IMAGINÁRiO #651

José de Matos-Cruz | 16 Março 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

TENDÊNCIAS
Como em todas as artes e com todas as modas, também a banda desenhada recupera vertentes tradicionais, para reflectir as suas vanguardas. Uma tendência de culto pelos anos ’50 e ’60, logo na América do século passado, quadros da história são recriados em quadradinhos - como a prestigiosa série Age of Bronze, lançada sob chancela Image Comics em 1998. Pelo número # 10, o argumentista/ilustrador Eric Shanower propôs-nos Sacrifice - um arco heróico/lendário em várias partes, que principia com a triunfal chegada de Helena a Tróia. O orgulhoso Paris parece desprezá-la, perante o rei Príamo, seu venerável pai. Entretanto, o Conselho divide-se, entre prestar guarida a Helena ou expulsá-la. E também Eneias se debate em conflitos do coração… Um autor de Batman, Ed Brubaker considera Age of Bronze o mais emocionante testemunho, sagrado em bd, sobre antigas culturas e religiões. Para Louise Hitchcock, investigadora da Universidade de Los Angeles, trata-se de uma fascinante convergência entre os mitos de Homero e a civilização mediterrânica.
 
CALENDÁRiO

15OUT2016-15JAN2017 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta The Living Wedge - exposição de pintura de Michael Krebber (Alemanha), sendo comissário João Ribas.

10NOV2016-04JAN2017 - Em Lisboa, Galeria Cristina Guerra apresenta Bad Thoughts - exposição de escultura de Erwin Wurm (Áustria).

17NOV-10DEZ2016 - No Porto, Palacete dos Viscondes de Balsemão apresenta Porto - Invicta e Monumental - exposição de pintura de Álvaro Mendes.

17NOV-23DEZ2016 - Em Lisboa, Galeria Pedro Cera apresenta In Order of Appearance - exposição de pintura de Ana Manso.

25NOV2016-08JAN2017 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Time | out of time - exposição de fotografia de António Lopes. IMAG.519

25NOV2016-14JAN2017 - Em Lisboa, Galeria Vera Cortês apresenta Attempting Exhaustion - exposição de fotografia de Daniel Blaufuks. IMAG.475-546-583

1930-26NOV2016 - Arlindo Duarte de Carvalho, aliás Arlindo de Carvalho: Compositor e maestro português, autor de Chapéu Preto, e distinguido com a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores / SPA (2011).

01DEZ2016 - David & Golias produziu, e estreia Estive Em Lisboa e Lembrei de Você (2015) de José Barahona; com Paulo Azevedo e Amanda Fontoura.

06-31DEZ2016 - Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa apresenta Leite de Vasconcellos [1858-1941] 75 Anos Depois - exposição de fotografia e vídeo. IMAG.128-185-196

07DEZ2016-26FEV2017 - Em Cascais, Casa das Histórias Paula Rego expõe Na Praia / On the Beach de Paula Rego, sendo curadora Catarina Alfaro. IMAG.11-13-31-199-205-258-269-325-342-351-357-364-370-399-416-464-486-489-515-545-596-597-620-621-629

COMENTÁRiO

Laurence Sterne
Tornou-se o escritor mais livre de todos os tempos, e o grande mestre do equívoco… Esse era o seu propósito, ter e não ter razão ao mesmo tempo, combinar elementos profundos e superficiais. Não resistimos à sua fantasia benévola, sempre benévola.
Friedrich Nietzsche

MEMÓRiA

16MAR1908-1944 - René Daumal: Ficcionista e poeta francês - «Das outras guerras - as que se suportam - não falarei. Se falasse delas, seria literatura de cordel, um substituto, um à falta de melhor, uma desculpa. Tal como me aconteceu empregar a palavra terrível sem ter pele arrepiada. Tal como empreguei a expressão morrer de fome sem nunca ter roubado nos mercados. Tal como já falei de insânia antes de tentar olhar o infinito através do orifício da fechadura. Tal como já falei de morte, antes de sentir a minha língua captar o sabor a sal e a irreparável.» (A Guerra Santa).

16MAR1928-2014 - Karlheinz Bőhm: Actor austríaco, protagonista da trilogia Sissi (anos ’50) com Romy Schneider, fundador da associação humanitária Menschen fűr Menschen (1981), distinguido com o Prémio Balzan (2007). IMAG.518

1713-18MAR1768 - Laurence Sterne: Escritor irlandês - «Tal como a sede de riqueza, a vontade de conhecimento está sempre a aumentar, consoante o vamos adquirindo… A solidão é a mãe da sabedoria». IMAG.444

19MAR1888-1976 - Josef Albers: Artista plástico americano, de origem alemã - teórico e professor na Bauhaus, pintor abstracto, designer e tipógrafo - «Em aritmética, um mais um são dois… Mas, em arte, podem ser três». IMAG.411-556

19MAR1938-1999 - Manuel Fernando Costa e Silva, aliás Manuel Costa e Silva: Cineasta português, realizador, produtor e director de fotografia - «Um director de fotografia tem de conhecer a pintura, por causa das cores e da luz. A escola holandesa e a espanhola são de importância fundamental». IMAG.170-212-256-366

1922-19MAR2008 - David Paul Scofield, aliás Paul Scofield: Actor inglês do teatro e do cinema, distinguido com o Oscar como Thomas More em Um Homem Para a Eternidade / A Man For All Seasons (1966 - Fred Zinnemann) - «Entre os grandes dez momentos do teatro, oito pertencem a este excepcional actor» (Richard Burton). IMAG.191-355

20MAR1828-1906 - Henrik Johan Ibsen, aliás Henrik Ibsen: Dramaturgo norueguês - «A aptidão para a felicidade não é igual em todos os homens. Ela é mais forte nos medíocres, do que nos homens superiores ou imbecis… A felicidade é uma estação intermédia entre a carência e o excesso». IMAG.83-115-268-451-563

TRAJECTÓRiA

Henrik Ibsen
Considerado um dos precursores do teatro moderno, Henrik Ibsen nasceu a 20 de março de 1828, em Skien, na Noruega. Pertencia a uma família numerosa e arruinada. Foi aprendiz numa farmácia mas, ambicioso, conseguiu terminar o liceu e chegou a inscrever-se em Medicina. Os seus interesses iam, contudo, para a política e para a literatura. Em 1850 publica a peça Catilina e escreve O Túmulo do Guerreiro. Trabalha para jornais e torna-se encenador do Teatro Nacional Norueguês. Na viagem que faz à Alemanha e à Dinamarca descobre a obra de Shakespeare, a filosofia de Kierkegaard e o livro de Hermann Hettner Das Moderne Drame. Estas influências vão fazer-se sentir no seu trabalho: A Noite de S. João (1853), A Senhora Inger de Oestraat, (representada em 1855), e A Festa Em Solhaug (inspirada pelas sagas islandesas e o seu primeiro grande sucesso). A Comédia do Amor (1862) reflecte o seu pessimismo, satirizando o casamento. No ano seguinte, Os Pretendentes à Coroa retomam os temas históricos noruegueses.
As tomadas de posição críticas e polémicas de Ibsen fazem dele uma personagem incómoda em certos meios. O posto de conselheiro cultural do Teatro Norueguês em Cristiânia (actual Oslo), oferece-lhe a oportunidade de viajar e fixa-se em Itália e depois na Alemanha. As suas primeiras obras-primas, Brandt (1866) e Peer Gynt (1868) evidenciam a atracção pela dialéctica dos extremos opostos, resumida na expressão «ou tudo ou nada». O autor valoriza a manifestação da vontade e da personalidade humanas, atacando a cobardia e o espírito conformista. Imperador e Galileu (1877) é a última obra desta fase romântica.
As suas preocupações tornam-se predominantemente políticas, sociais e éticas e surge assim o seu período naturalista, de observação da realidade e de crítica às estruturas da sociedade. A União dos Jovens (1868) e Os Pilares da Sociedade (1877) atacam a moral burguesa. A Casa da Boneca (1879), para além do tema da liberdade e da igualdade dos sexos, aponta um tema novo, explorado igualmente em Os Espectros (1861), o de que «o nosso passado nos persegue». Um Inimigo do Povo (1882), é a luta contra a mediocridade de um homem só em face dos outros. Em O Pato Selvagem (1884), embora tratando de um drama social, as preocupações políticas são menos evidentes e a peça deixa transparecer uma simbologia pessimista que se vai acentuar em Rosmersholm (1886). A Dama do Mar (1888) e Hedda Gabler (1890) analisam as profundezas do inconsciente humano. Ibsen regressa à Noruega em 1891, merecendo o respeito e a admiração de todos. Escreve ainda Solness, o Construtor (1892), O Pequeno Eyolk (1894), João Gabriel Borkmann (1896), e Quando Acordamos Entre os Mortos (1899), antes de morrer em 1906.
Em Ibsen, o culto do individualismo é fundamentado na necessidade de realização pessoal, só possível através da sinceridade para consigo mesmo. A recusa da mediocridade mais não é do que recusa da indiferença e do conformismo social. A vontade é, assim, um dos temas predominantes do seu teatro, o que não exclui uma interrogação permanente e por vezes angustiada.

BREVIÁRiO

Temas e Debates | Círculo de Leitores edita Paula Rego Por Paula Rego de Anabela Mota Ribeiro.

Pianola Editores lança Judea de Diniz Conefrey; adaptação livre da novela Mocidade de Joseph Conrad (1857-1924).IMAG.157-224-243-289-301-303-325-332-377-395-418-430-448-477--504-534-564-571-596-624-637

Ulisseia edita Contos Fantásticos de Edgar Allan Poe (1809-1849); tradução de João Costa. IMAG.66-211-244-254-376-454
 

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