sexta-feira, fevereiro 17, 2017

IMAGINÁRiO #650

José de Matos-Cruz | 8 Março 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

AVENTURAS
Mitificados pela própria lenda de Hollywood, muitos filmes americanos, consagrados entre clássicos e obras-primas, transferem-se para além da sua história, ou do específico enquadramento em que surgiram, eles mesmos testemunhos de um espectáculo tão virtual como o cinema e seus modelos de produção. Céu Aberto (1952) é exemplar de tal fenómeno, realizado por Howard Hawks com a chancela RKO, através da sua Winchester Productions. Em 1938, Hawks dirigira As Duas Feras para aquela companhia, então uma das três majors de Hollywood, e entretanto em crise, passando a ser gerida por Howard Hughes. Pretendendo revitalizá-la, este desafiou Hawks - um nome prestigiado e de sucesso popular - a concretizar um segundo western, após o tão apreciado Rio Vermelho (1948). E Hawks não resistiu ao repto do seu velho amigo, que lhe dava finalmente ensejo de constituir um «fresco original», adaptando o épico The Big Sky do eminente escritor A.B. Guthrie Jr. A árdua tarefa, que aliás se deteve pelos primeiros trechos romanescos, foi confiada ao talentoso Dudley Nichols, que assinou argumentos tão notáveis como Cavalgada Heróica (1939) de John Ford, entre as décadas áureas de ’30 e ’50. IMAG.27-160-274-377-381-449-578-613

CALENDÁRiO

09NOV2016-13FEV2017 - Em Lisboa, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia / MAAT apresenta Misquoteros - A Selection of T-Shirts Fronts - exposição de pintura de Eduardo Batarda, sendo comissários Ana Anacleto e João Fernandes. IMAG.146-388-515-625-641

25NOV2016-22JAN2017 - Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva expõe Desenhos Têxteis de Filipe Rocha da Silva. IMAG.235

VISTORiA

O Sol É Grande

O sol é grande: caem coa calma as aves,
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!
Francisco de Sá de Miranda
- As Obras do Celebrado Lusitano

A Redenção

A divina emoção que tu me deste,
Já m’a deu uma árvore ao poente…
Não é só teu encanto que te veste:
A seiva e o sangue rezam irmãmente.

Às vezes nuvens, mares, areais,
Dão-me mais sonho do que os olhos teus…
É como se eles fossem meus iguais,
Tendo nós todos fé no mesmo Deus…

Não será isto o instinto, a profecia,
De que desfeitos e transfigurados
Viveremos num só, numa harmonia?…

Sim, deve ser: amor, sonho, emoção,
São esforços febris d’encarcerados
Para quem a Unidade é a redenção.
António Patrício
VISTORiA

De manhãzinha, vou por acaso à parte sul da casa. E olhem! Não querem lá ver! Ali está ele deitado na cama, quase vestido, a dormir. Muito pálido. A que horas teria entrado?
Victor Segalen
- A Cidade Proibida


MEMÓRiA

07MAR1878-1930 - António Pires Patrício, aliás António Patrício: Escritor e diplomata português - «Viver é ter ainda uma quimera erguida / Ou um sonho febril a soluçar de rastos; / É beijar toda a dor humana, toda a Vida, / Como eu beijo a chorar os teus cabelos castos…». IMAG.172-277-488-592

10MAR1768-1837 - Domingos António Sequeira, aliás Domingos Sequeira: Artista plástico português - «Um visionário que prolonga a sua arte para lá dos limites da ortodoxia académica, bem como da pura visualidade» (José Luís Porfírio). IMAG.496-513-602

10MAR1928-2013 - María Antonia Alejandra Vicenta Elpidia Isidora Abad Fernández, aliás Sara Montiel: Cantora e actriz espanhola - «Todos os homens que amei, pareciam-se incrivelmente com o meu pai». IMAG.460

12MAR1928-2016 - Edward Franklin Albee III, aliás Edward Albee: Dramaturgo americano, autor de Equilíbrio Instável (1966) - «O trabalho do escritor é segurar o espelho para as pessoas se verem» (2004). IMAG.302-639

13MAR1888-1976 - Paul Émile Charles Ferdinand Morand, aliás Paul Morand: Escritor francês, ficcionista e poeta - «Viajar é a maneira mais agradável, menos prática e mais custosa de instruir-se». IMAG.571

14[JAN]MAR1878-1919 - Victor Joseph Ambroise Désiré Segalen, aliás Victor Segalen: Escritor, etnógrafo, arqueólogo e explorador francês - «De longe, de tão longe, venho para junto de ti, amigo, o mais querido. Os meus passos anularam a horrível distância que existia entre nós». IMAG.136-162

1481-15MAR1558 - Francisco de Sá de Miranda: Escritor português, poeta e dramaturgo - «Homem de um só parecer, / dum só rosto e duma fé, / d’antes quebrar que volver / outra cousa pode ser, / mas de corte homem não é.» (Carta a El-Rei D. João III).IMAG.176-244-336

15MAR1738-1794 - Cesare Bonesana, Marquês de Beccaria: Jurista, filósofo, economista e literato italiano - «É melhor prevenir os crimes do que puni-los depois». IMAG.492

TRAJECTÓRiA

Escritor e diplomata português, natural do Porto. Frequentou a Escola Naval, acabando no entanto por se formar em Medicina, em 1908. Proclamada a República, foi cônsul na Corunha, em Cantão, Manaus, Bremen e outras cidades, vindo a falecer pouco depois de nomeado ministro de Portugal em Pequim.
Como escritor, convergem em António Patrício tendências simbolistas, decadentistas e saudosistas, a que se alia a influência do niilismo de Nietzsche, nomeadamente na recusa de uma finalidade da vida exterior à própria vida. Esta concepção, alheia à metafísica, conjuga-se com um certo panteísmo, na vivência de cada momento perante a omnipresença da morte (a obsessão dos corpos cadavéricos, por exemplo), numa intensa espiritualidade que se manifesta em motivos como a saudade e as contradições e dualismos do homem (finitude e infinitude, carne e espírito, insaciabilidade do donjuanismo), na ânsia nostálgica de absoluto, por exemplo, no amor. Esta tensão trágica é servida por uma escrita de profunda sensibilidade e ritmo poético, numa linguagem de forte carga musical e imagística que o aproxima do simbolismo.
Colaborador das revistas Águia e Atlântida, escreveu os livros de poemas Oceano (1905) e Poesias (1942, edição póstuma), tendo ainda sido editada a sua Poesia Completa (1980). Publicou um livro de contos, Serão Inquieto (1910). É também autor das peças de teatro O Fim (1909), Pedro, o Cru (1918), Dinis e Isabel (1919) e D. João e a Máscara (1924, o ponto alto da sua carreira, que toma como personagem principal o célebre D. Juan), e ainda dos contos de Serão Inquieto (1910). Deixou várias obras inéditas.

BREVIÁRiO

No âmbito do projecto ClimAdaPT.Local, é editado o álbum Reportagem Especial - Adaptação às Alterações Climáticas Em Portugal de Bruno Pinto (argumento), Penim Loureiro (desenho) e Quico Nogueira (cor). IMAG.361-374-534-563-577

VGM edita em CD, sob chancela Alia Vox, Les Éléments: Tempêtes, Orages & Fêtes Marines por Le Concert des Nations, com Jordi Savall. IMAG.263-296-304-334-344-360-382-403-408-412-434-436-460-470-514-522

Lápis de Memórias edita Águas Negras de José Viale Moutinho. IMAG.23-80-101-201-293

Antígona edita Cartas a Um Jovem Poeta de Rainer Maria Rilke (1875-1926); tradução de José Miranda Justo. IMAG.102-112-541-592

Sony edita em CD, sob chancela Columbia/Legacy, The Wall de Roger Waters. IMAG.252
INCM/Imprensa Nacional - Casa da Moeda edita História de Menina e Moça de Bernardim Ribeiro (1500?-1545?); organização de Marta Marecos Duarte. IMAG.61-337-508 
 

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