José
de Matos-Cruz | 16 Janeiro 2016 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em
2004
PRONTUÁRiO
Após
uma primeira geração de notáveis artistas pioneiros, a banda desenhada de
expressão franco-belga explora distintos horizontes e protagonistas, sob a
estratégia das principais editoras, e visando um mais amplo público de
adolescentes a adultos. Aos aliciantes da aventura correspondem os temas
virtuais, estilizando-se versáteis grafismos pela pulsão estética e narrativa.
Por tais parâmetros sobressai o argumentista Jean Dufaux, cuja notoriedade de firmou durante a década de ’80, no
século passado, com Jessica Blandy,
tendo reexposto o seu fértil engenho com o perturbante mistério de Rapaces (1998). A sofisticada ilustração do
artista suíço Enrico Marini evoca a mangà nipónica, pelas atmosferas duma
aventura sangrenta e sobrenatural, a qual é tributária do terror cripto-gótico
na contemporânea exploração por Hollywood. Como motivo, uma série macabra de
assassinatos rituais, assinalados pela mensagem junto às vítimas «o vosso reino
chegou ao fim». Ambientada numa Nova Iorque crepuscular, entre vítimas e
predadores, sob estigmas criminais / demoníacos, Rapaces é uma proposta para leitores adultos, ávidos de emoções
fortes, sensuais, cuja ressurreição se precipita em quadradinhos…
IMAG.8-17-25-56-73-88-344-378-409-436-499-507
CALENDÁRiO
04DEZ2014-31JAN2015
- Em Lisboa, Diário de Notícias apresenta
150 Anos DN; exposição de fotografias
do Arquivo do DN, sobre os momentos mais marcantes de Lisboa, sendo curador Rui
Coutinho. IMAG.00-242-253-255-261-271-284-311-346-382-391-496-542
¯1930-07DEZ2014
- Fernando Machado Soares: Compositor português, cantor da música de Coimbra,
autor de A Balada da Despedida
(«Coimbra tem mais encanto / na hora da despedida»), distinguido com o Prémio
Tributo Amália Rodrigues «pela excelência da carreira artística e dedicação aos
outros».
¢12DEZ2014-29MAR2015
- Em Lisboa, Museu da Electricidade / Cinzeiro 8 apresenta, com Fundação EDP, Almada Negreiros [1893-1970] - O Que Nunca Ninguém Soube Que Houve -
exposição de desenhos, pinturas e livros do artista. IMAG.84-135-154-173-224-278-292-305-371-413-498
VISTORiA
¨Se
és capaz de manter a tua calma, quando
toda gente em redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.
Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires;
de sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.
Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo o valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e – o que ainda é muito mais – és um Homem, meu filho!
toda gente em redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.
Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires;
de sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.
Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo o valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e – o que ainda é muito mais – és um Homem, meu filho!
Rudyard Kipling
MEMÓRiA
¨
17JAN1706-1790 - Benjamin Franklin: Jornalista, editor, cientista, filantropo e
diplomata americano - «Escreve as tuas mágoas no pó, e as tuas vitórias no
mármore… O importante não é viver muito, e sim viver bem». IMAG.270-271
¨ 1865-18JAN1936 - Rudyard Kipling:
Escritor britânico, distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (1907) -
«Nunca cometi nenhum erro na minha vida - pelo menos, um de que eu próprio não
pudesse, mais tarde, explicar o motivo».
IMAG.229-339-544
19JAN1736-1818 - James Watt: Matemático e engenheiro
escocês, membro da Lunar Society, introduziu melhorias decisivas no motor a
vapor - tendo servido de princípio à construção da primeira
locomotiva viável a vapor em 1814, por George
Stephenson, e fundamentais para a Revolução
Industrial. IMAG.326-476
®20JAN1926-2010 - Patricia Neal: Actriz
americana de cinema e teatro, distinguida com um Tony (1947) por Another Part of the Forest de Lillian
Hellman - «Frequentemente, a minha vida foi comparada com uma tragédia grega… E
a actriz que sou não pode negar essa comparação». IMAG.320
¸ 21JAN1926-2010 - Clive Donner:
Realizador britânico de cinema e televisão - «Uma das coisas de que mais se
orgulhava, era a sua influência na carreira de um número significativo de
actores, como Alan Bates, David Hemmings e Ian McKellen» (Gavin Asher). IMAG.325
¯22JAN1916-2013 - Henri Dutilleux:
Compositor francês - «A sua música, que traduzia uma alma perfeccionista,
reflectiu frequentemente uma atenção pela literatura e pela exploração da
memória» (Nuno Galopim). IMAG.349-421-466
¯27JAN1756-1791
- Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart, aliás Wolfgang Amadeus
Mozart: Compositor austríaco - «Querem saber como eu componho? Posso apenas
dizer-lhes isto: quando me sinto bem disposto, seja na carruagem quando viajo,
seja de noite quando durmo, ocorrem-me ideias aos jorros, de modo soberbo. Como
e de onde, não sei. As que me agradam, guardo-as como se tivessem sido trazidas
por outras pessoas, retenho-as bem na memória e, uma após a outra, tomo delas a
parte necessária, para fazer um pastel segundo as regras do contraponto, da
harmonia, dos instrumentos… Então, em profundo sossego, sinto aquilo crescer,
crescer para a claridade, de tal forma que a obra, mesmo extensa, se completa
na minha cabeça e posso abrangê-la de um só relance, como um belo retrato ou
uma bela mulher… Quando chego a este ponto, nada mais esqueço, porque boa
memória é o maior dom que Deus me deu». IMAG.36-55-68-90-102-106-118-172-186-205-216-217-220-227-277-284-285-290-317-321-342-349-375-406-431-449-475-500-503-534
VISTORiA
¨…E
fique sabendo o Dantas que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo
saberá que o autor de Os Lusíadas é o
Dantas que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu
pseudónimo Camões.
E fique sabendo o Dantas
que se todos fossem como eu, haveria tais munições de manguitos que levariam
dois séculos a gastar.
Mas julgais que nisto se
resume literatura portuguesa? Não. Mil vezes não!
Temos, além disto, o
Chianca que já fez rimas prá Aljubarrota que deixou de ser a derrota dos
Castelhanos pra ser a derrota do Chianca.
E as pinoquices de Vasco
Mendonça Alves passadas no tempo da avozinha! E as infelicidades de Ramada
Curto! E o talento insólito de Urbano Rodrigues! E as gaitadas do Brun! E as
traduções só pra homem do ilustríssimo e excelentíssimo senhor Mello Barreto! E
o frei Matta Nunes Moxo! E a Inês Sifilítica do Faustino! E as imbecilidades do
Sousa Costa! E mais pedantices do Dantas! E Alberto Sousa, o Dantas do desenho!
E os jornalistas do Século e da Capital e do Notícias e do Paiz e do Dia e da Nação e da República e da
Lucta e de todos, todos os jornais! E
os actores de todos os teatros! E todos os pintores das Belas-Artes e todos os
artistas de Portugal que eu não gosto. E os da Águia do Porto e os palermas de
Coimbra! E a estupidez do Oldemiro César e o Dr. José de Figueiredo Amante do
Museu e ah oh os Sousa Pinto hu hi e os burros de cacilhas e os menos do
Alfredo Guisado! E (o) raquítico Albino Forjaz de Sampaio, crítico da Lucta a quem Fialho com imensa piada
intrujou de que tinha talento! E todos os que são políticos e artistas! E as
exposições anuais das Belas-Arte(s)! E todas as maquetas do Marquês de Pombal!
E as de Camões em Paris; e os Vaz, os Estrela, os Lacerda, os Lucena, os Rosa,
os Costa, os Almeida, os Camacho, os Cunha, os Carneiro, os Barros, os Silva,
os Gomes, os velhos, os idiotas, os arranjistas, os impotentes, os celerados,
os vendidos, os imbecis, os párias, os ascetas, os Lopes, os Peixotos, os
Motta, os Godinho, os Teixeira, os Câmara, os diabo que os leve, os
Constantino, os Tertuliano, os Grave, os Mântua, os Bahia, os Mendonça, os
Brazão, os Matos, os Alves, os Albuquerques, os Sousas e todos os Dantas que
houver por aí!!!!!!!!!
Almada Negreiros
- Manifesto Anti-Dantas e Por Extenso (excerto)
ANUÁRiO
¢1926-2010 - José Maria de Figueiredo
Sobral: Escultor, ceramista, pintor, gráfico, ilustrador, cenarista, poeta,
dramaturgo - «Sou um surrealista barroco» - cuja obra patenteia «o rigor e a
procura do surpreendente e do imprevisível» (Álvaro Lobato de Faria). IMAG.320
BREVIÁRiO
¯Distrijazz
edita em CD, sob chancela ECM, Last Dance
por Keith Jarrett e Charlie Haden.
IMAG.337-510-525
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