segunda-feira, dezembro 31, 2018

IMAGINÁRiO #750

José de Matos-Cruz | 08 Abril 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

CUMPLICIDADES
À partida, parece um lugar-comum: a história repete-se. Mas é neste território cíclico, volúvel, que se funda O Clube das Divorciadas (1996). Um filme de Hugh Wilson, baseado em romance de Olivia Goldsmith. Uma primeira-obra, transformada em sucesso imediato - fenómeno a que Hollywood não costuma ficar indiferente. A adaptação foi confiada a Robert Harling - o prestigiado argumentista de Flores de Aço (1989 - Herbert Ross). Uma fita com as mesmas características: a cumplicidade feminina contrastada pelas emoções, pelos temperamentos, evoluindo entre os caprichos de humor e drama. O espectáculo privilegia, assim, a intimidade e o relacionamento das suas precárias heroínas. Num registo confessional marcado pela simpatia das actrizes que as personificam - sendo, aliás, decisivo o efeito estabelecido através do envolvimento entre elas. Daí, a importância de que se revestiu a escolha das protagonistas - isoladamente e em conjunto. Considerando o leque de potenciais candidatas, à volta dos quarenta e cinco anos, a selecção para O Clube das Divorciadas foi surpreendente: Bette Midler, Goldie Hawn e Diane Keaton - que, na altura, tinham já superado a ternura dos cinquenta. Afinal, as três vedetas demonstram que a força do talento e o elã das suas personalidades não são expressões vãs. Voluntariosas mas coniventes quando juntas, sempre logram insinuar o estilo próprio que as popularizou…

CALENDÁRiO

1929-07SET2018 - Maria José Mauperrin: Jornalista portuguesa, locutora e realizadora de rádio, tradutora e publicitária - «Devo-lhe a descoberta de Louis-Ferdinand Céline  e da Viagem ao Fim da Noite» (http://luisdesenha.blogspot.com).

12SET-01DEZ2018 - Museu de Aveiro / Santa Joana expõe Corpo, Abstracção e Linguagem Na Arte Portuguesa: Obras da Secretaria de Estado da Cultura Em Depósito Na Colecção de Serralves e No Município de Aveiro.

13SET2018 - Nitrato Filmes estreia O Espectador Espantado (2016) de Edgar Pêra; com Laura Mulvey e Eduardo Lourenço.
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13SET2018 - Midas Filmes estreia Mariphasa (2017) de Sandro Aguilar; com Isabel Abreu e António Júlio Duarte. IMAG.249-379-462

14SET-18NOV2018 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta A Vida Em Nós - exposição de pintura de Luís Vieira-Baptista.

VISTORiA

De «V Internacional»

Eu
à poesia
só permito uma forma:
concisão,
precisão das fórmulas
matemáticas.
Às parlengas poéticas estou acostumado,
eu ainda falo versos e não fatos.
Porém
se eu falo
«A»
este «a»
é uma trombeta-alarma para a Humanidade.
Se eu falo
«B»
é uma nova bomba na batalha do homem.
Vladimir Maiakovski
(Tradução de Augusto de Campos)

MEMÓRiA

08ABR1920-2001 - José Egito de Oliveira Gonçalves, aliás Egito Gonçalves: Poeta português - «Há poetas que constroem o mundo nos cafés, / outros que o fazem no claro-escuro / entre as prisões e os intervalos. // Há poetas que aguardam cartas de apresentação / nem eles sabem para onde: / para a vida que falhou?, para a manteiga / que lhes foi negada? // Mas todos têm um sonho, todos / se esforçam por valer o pão que amassam / – lançam seu delicado peso na balança. // Eles sabem, esses poetas, / que nada é eterno e imutável.» (Sobre os Poemas). IMAG.224

09ABR1880-1943 - Maria Gustaava Tarkiainen, aliás Maria Jotuni: Dramaturga e novelista finlandesa - «Uma boa acção, invisível, nada pode render». IMAG.436

1945-12ABR2010 - Werner Schroeter: «Um dos grandes criadores do cinema alemão. Um dos maiores vultos do cinema europeu e mundial» (Paulo Branco). IMAG.298-509

1925-13ABR2010 - Jaime Salazar Sampaio: Dramaturgo e poeta português - «Quando escrevo, vivo dentro do universo das minhas personagens. Se não, não conseguiria. Tenho um cemitério de peças por causa disso. Aliás, tenho mais peças começadas do que acabadas». IMAG. 235-298-299-307-427-513

14ABR1920-2012: Sheldon Moldoff, aliás Shelly Moldoff: Ilustrador americano de banda desenhada, colaborador de Bob Kane no universo de Batman (1953-1967), tendo co-criado as personagens de Bat-Girl, Poison Ivy, Batwoman, Mr. Freeze ou Matt Hagen / Clayface - «Era um pacto pessoal, uma colaboração anónima… Ele não me pagava grande coisa, mas eu tinha trabalho garantido e seguro». IMAG.241-399-571

1905-15ABR1980 - Jean-Paul Charles Aymard Sartre, aliás Jean-Paul Sartre: Escritor e filósofo francês - «A vida apenas tem sentido no momento em que perdemos a ilusão de sermos eternos… Ser-se livre, não é fazermos aquilo que queremos, mas querer-se aquilo que se pode».
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1893-14ABR1930 - Vladimir Vladimirovitch Maiakovski, aliás Vladimir Maiakovski: Dramaturgo e poeta russo - «Não sei se é porque o céu é azul celeste / e a terra, amante, me estende as mãos ardentes / que eu faço versos alegres como marionetes / e afiados e precisos como palitar os dentes!» (Blusa Fátua - excerto).  
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1905-15ABR1990 - Greta Lovisa Gustafson, aliás Greta Garbo: Actriz sueca, naturalizada americana - «A vida seria maravilhosa, se nós soubéssemos o que fazer com ela… Eu nunca disse “Quero ficar sozinha”. Eu disse “Quero que me deixem sozinha”. É nisto que reside toda a diferença».  
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VISTORiA

Nunca Se Escreve Para Si Mesmo
O escritor não prevê nem conjectura: projecta. Acontece por vezes que espera por si mesmo, que espera pela inspiração, como se diz. Mas não se espera por si mesmo como se espera pelos outros; se hesita, sabe que o futuro não está feito, que é ele próprio que o vai fazer, e, se não sabe ainda o que acontecerá ao herói, isto quer simplesmente dizer que não pensou nisso, que não decidiu nada; então, o futuro é uma página branca, ao passo que o futuro do leitor são as duzentas páginas sobrecarregadas de palavras que o separam do fim.
Assim, o escritor só encontra por toda a parte o seu saber, a sua vontade, os seus projectos, em resumo, ele mesmo; atinge apenas a sua própria subjectividade; o objecto que cria está fora de alcance; não o cria para ele. Se relê o que escreveu, já é demasiado tarde; a sua frase nunca será a seus olhos exactamente uma coisa. Vai até aos limites do subjectivo, mas sem o transpor; aprecia o efeito dum traço, duma máxima, dum adjectivo bem colocado; mas é o efeito que produzirão nos outros; pode avaliá-lo, mas não senti-lo.
Proust nunca descobriu a homossexualidade de Charlus, uma vez que a decidiu antes de ter começado o livro. E se a obra adquire um dia para o autor o aspecto de objectividade, é porque os anos passaram, porque a esqueceu, porque já não entra nela, e seria, sem dúvida, incapaz de a escrever. Aconteceu isto com Rousseau ao reler o Contrato Social no fim da vida.
Não é portanto verdade que se escreva para si mesmo: seria o pior fracasso; ao projectar as emoções no papel, a custo se conseguiria dar-lhes um prolongamento langoroso. O acto criador é apenas um momento incompleto e abstracto da produção duma obra; se o autor existisse sozinho, poderia escrever tanto quanto quisesse; nem a obra nem o objecto veriam o dia, e seria preciso que pousasse a caneta ou que desesperasse.
Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialéctico, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito. Só há arte para os outros e pelos outros.
Jean-Paul Sartre
- Situações II (excerto)

BREVIÁRiO

Teatro Nacional de D. Maria II edita, na colecção Biografias do Teatro Português, António Pedro (1909-1966) de Rui Pina Coelho. IMAG.75-150-734

Warner edita em CD, sob chancela Erato, Johannes Brahms [1833-1897]: Cello Sonatas por Alexandre Tharaud (piano) e Jean-Guihen Queyras (violoncelo).
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EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

A MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS - 12

- Raça ruim? Por que fatalidade lhe escorreriam lágrimas pelo coração, ferindo-se afinal numa revolução sem sangue derramado?
Continua

quarta-feira, dezembro 19, 2018

IMAGINÁRiO #749

José de Matos-Cruz | 01 Abril 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

INSPIRAÇÕES
Após uma primeira geração de notáveis artistas pioneiros, a banda desenhada de expressão franco-belga explora distintos horizontes e protagonistas, sob a estratégia das principais editoras, e visando um mais amplo público de adolescentes e adultos. Aos aliciantes da aventura correspondem os temas virtuais ou consagrados, estilizando-se versáteis grafismos pela pulsão estética e narrativa. Por tais parâmetros sobressai a dupla Yslaire (aliás Bernard Hislaire, argumentista e ilustrador) & Balac (aliás Yann/Yannick le Pennetier, argumentista parcial), revelada com Sambre (1986).
Tudo começa com Olhos de Sangue, cuja acção decorre numa sociedade rural, pela viragem ao século passado, sob privilégios e humilhações, com uma inspiração romântica traçada entre O Vermelho e o Negro e O Monte dos Vendavais. Em causa, o infante Bernard, arrebatado herdeiro de família, e a jovem Julie, filha de prostituta feiticeira. Assim contam as superstições da terra, corroboradas por um obscuro ensaio antropológico - sinais que se precipitam em conflito tenso mas arrebatador, de vingança latente e sacrifício póstumo… Sambre é uma proposta para leitores maduros, ávidos de emoções fortes, sensuais, sob um erotismo mórbido, cuja ressurreição se precipitaria em Eu Sei Que Tu Virás
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CALENDÁRiO

01SET-06OUT2018 - No Porto, Espaço Mira apresenta My Own Moon - exposição de vídeo (2009), música (com João Taborda) e desenho de António Olaio, sendo curadores José Maia e João Terras. IMAG.677

05SET-13OUT2018 - Em Lisboa, Artistas Unidos expõe, no Teatro da Politécnica, Desenhos de Catarina Lopes Vicente. IMAG.480

05SET-04NOV2018 - Em Vila Nova de Gaia, Arrábida Shopping apresenta Iconic Bowie - exposição de fotografia sobre David Bowie (1947-2016) por Terry O’Neill, Markus Klinko, Norman Parkinson, Justin de Villeneuve, Milton H. Greene e Gerald Fearnley, sendo curadores Cristina Carrillo de Albornoz Fisac e David Fonseca.
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1936-06SET2018 - Burton Leon Reynolds Jr, aliás Burt Reynolds: Actor e cineasta americano, realizador e produtor: «Quando temos a etiqueta de sex symbol, o nosso coeficiente de inteligência baixa aos olhos das outras pessoas». IMAG.249

06SET-21OUT2018 - Em Lisboa, Museu do Design e da Moda/MUDE expõe, no Amoreiras, Presente Futuro. Design Para a Mudança, sendo curadora Bárbara Coutinho.

14SET-28OUT2018 - Em Odivelas, Centro Cultural Malaposta apresenta Reencontros - exposição de pintura de Vítor Moinhos.

VISTORiA

Onde Porei Meus Oihos

Onde porei meus oihos que não veja
A causa, donde nasce meu tormento?
A que parte irei c’o pensamento
Que pera descansar parte me seja?

Já sei como s’engana quem deseja,
Em vão amor firme contentamento,
De que, nos gostos seus, que são de vento,
Sempre falta seu bem, seu mal sobeja.

Mas inda, sobre claro desengano,
Assim me traz est’alma sogigada,
Que dele está pendendo o meu desejo;
E vou de dia em dia, de ano em ano,
Após um não sei quê, após um nada,
Que, quanto mais me chego, menos vejo.
Diogo Bernardes

VISTORiA

Na planície rasa, sob a noite sem estrelas, de uma escuridão e espessura de tinta, um homem caminhava sozinho pela estrada real que vai de Marchiennes a Montsou, dez quilómetros rectos de percurso cortando os campos de beterraba. À sua frente, não enxergava nem mesmo o solo negro e somente sentia o imenso horizonte achatado através do sopro do vento de Março, rajadas largas como sobre um mar, geladas por terem varrido léguas de pântanos e terras nuas. Nem sombra de árvore manchava o céu; a estrada desenrolava-se recta como um quebra-mar em meio à cerração ofuscante das trevas.
O homem partira de Marchiennes lá pelas duas horas. Caminhava a passos largos, tiritando sob o algodão puído de sua jaqueta e da calça de veludo. Um pequeno embrulho, feito com um lenço de quadrados, incomodava-o bastante; ora o mantinha apertado debaixo de um braço, ora de outro, para poder assim enfiar no fundo dos bolsos as mãos entorpecidas que o açoite do vento leste fazia sangrar. Uma única ideia lhe ocupava o cérebro vazio de operário sem trabalho e sem tecto, a esperança de que o frio se tornasse menos agudo com o romper do dia. Havia uma hora que ele caminhava assim, quando percebeu à esquerda, a dois quilómetros de Montsou, uns clarões vermelhos, três braseiros queimando ao ar livre, e como que suspensos. A princípio hesitou, tomado de receio; mas logo após não pôde resistir à necessidade dolorosa de aquecer por um instante as mãos.
Entrou por um atalho que se afundava campo adentro. Tudo desapareceu. À sua direita o homem tinha uma paliçada, um pedaço de tapume feito de pranchas grossas protegendo uma via férrea, enquanto à esquerda se elevava um talude de erva encimado por empenas confusas, visão de uma aldeia de tectos baixos e uniformes. Percorrera uma distância aproximada de duzentos passos quando, bruscamente, numa volta do caminho, os fogos reapareceram próximos dele, sem que o homem chegasse a compreender como podiam elevar-se tão alto no céu morto, iguais a luas enevoadas. Mas, ao nível do solo, outro espectáculo o fazia parar. Era uma massa pesada, um amontoado de construções de onde se levantava a silhueta da chaminé de uma fábrica.
Émile Zola
- Germinal (1885, excerto)

MEMÓRiA

02ABR1840-1902 - Émile-Édouard-Charles-Antoine Zola, aliás Émile Zola: Escritor francês - «Considerado individualmente, o espectador é, por vezes, um homem inteligente; mas os espectadores, considerados em massa, são um rebanho que o génio ou até o simples talento tendem a conduzir de chicote em punho». IMAG.269-593-641

07ABR1920-2012 - Robindro Shaunkor Chowdhury, aliás Ravi Shankar: Compositor e executante indiano, inspirou a música pop ao colaborar com The Beatles (anos ’60) - «Na nossa cultura, temos um grande respeito pelos instrumentos musicais, que são como parte de Deus».
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TRAJECTÓRiA

Émile Zola
Principal expoente dos escritores naturalistas, defensor de Dreyfus, Émile Zola deixou para a posteridade uma obra gigantesca, A saga dos Rougon-Macquart, ou História natural e social de uma família no segundo Império. Parisiense, órfão quando muito jovem de seu pai de origem italiana, Zola cresceu na cidade de Aix-en-Provence, tendo sido muito próximo de Cézanne. Em 1858 integra o liceu Saint-Louis em Paris, mas posto que não obtém êxito no exame de bacharelato, opta por um emprego na editora Hachette, da qual se torna diretor de publicidade de 1862 a 1866, o que lhe abrirá as portas do mundo literário.
O projeto Rougon-Macquart teve início em 1868, quando estava mergulhado em plena leitura da obra de Taine e da Comédia Humana de Balzac. Já havia escrito diversos romances, entre eles La Confession de Claude (1865), Le Vœu d'une Morte (1866), Thérèse Raquin (1867) e Madeleine Férat (1868), e buscava naquele momento construir uma obra original, que não se espelhasse em  Goncourt ou Flaubert. Zola tem então a ideia de pintar o retrato de «uma só família, mostrando como um grupo de pessoas evolui dentro de um determinado sistema social». Esse formidável projeto resultará na divisão da árvore genealógica desta família em dois ramos: a legítima e a adúltera, a oficial e a marginal. L’Assommoir / A Taberna, escrito em 1877, faz dele o mais famoso escritor de sua época.
O caso Dreyfus preenche os últimos anos da vida de Zola. Condenado a um ano de prisão depois da publicação em 1898 de seu artigo J'accuse no jornal L'Aurore, Zola decide exilar-se na Inglaterra até ao segundo processo Dreyfus (1899). De volta a Paris, morre asfixiado. Não se descartou a possibilidade de um crime estar por trás de seu falecimento, mas nada foi provado.

ANUÁRiO

1530-1605 - Diogo Bernardes: Poeta português - «Só pera mim nem flor nem erva verde, / Nem água clara tem, nem doce canto, / Que tudo falta a quem falta ventura.». IMAG.60

BREVIÁRiO

Universal edita em CD, sob chancela Deutsche Grammophon, The Paul Badura-Skoda Edition pelo pianista Paul Badura-Skoda.

Assírio & Alvim edita Existência de Gastão Cruz.  
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Universal edita em CD, sob chancela Decca, Johannes Brahms [1833-1897]: Peças Para Piano por Nelson Freire.  
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EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

A MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS - 11

Fiel aos desígnios íntimos, fora traído pelos caprichos do Império. E ele, que presenciara o passado a soçobrar, pressentia antecipar-se uma ruína.
Que instigaria, pois, aquela gente variegada?
- Continua

domingo, dezembro 16, 2018

IMAGINÁRiO-Extra: AURORA BOREAL E O PRINCÍPIO INFINITO [Apenas Livros]

O ciclo inaugural da saga de Aurora Boreal pode, agora, ser adquirido na íntegra, contactando a editora Apenas Livros (no site oficial ou na página de Facebook).
Aparecida na trilogia literária O Infante Portugal (2007-2010-2012), e projectada na incursão deste herói em BD (O Infante Portugal em Universos Reunidos, de 2017), Aurora Boreal protagoniza, em O Princípio Infinito, uma narrativa onírica e fantástica, escrita por José de Matos-Cruz, sobre visões prévias dos artistas Daniel Maia, Renato Abreu, Susana Resende – que concebeu, também, a figura original da personagem, e autora da capa alusiva – e Teotónio Agostinho. 
 

Apresentada no 13º FIBD/Beja, com um teaser introdutório, Aurora Boreal e O Princípio Infinito surge em quatro livros-de-cordel, que correspondem a outros tantos Universos – respectivamente, O Bestiário Humano, O Teatro Anatómico, O Instinto Supremo e A Mecânica Celeste. A série impressa foi lançada no 28º AmadoraBD e concluída neste final de 2018, tendo sido, entretanto, nomeada para Melhor Obra Curta nos XVI Troféus Central Comics, através de "Aurora Boreal e A Primeira Mutação" – uma BD por Renato Abreu, com texto de José de Matos-Cruz.

No primeiro trimestre de 2019, a saga prosseguirá com o segundo ciclo, Aurora Boreal e O Eterno Paradoxo, que José de Matos-Cruz recria a partir de imaginários sugeridos pelos artistas Dário Vidal, João Amaral, José Ruy e Maria João Worm. Evoluindo entre o passado e o futuro, numa actualidade alternativa, de implicações realistas e sobrenaturais… Para mais informações, consultar a etiqueta Aurora Boreal.

Aurora Boreal e O Princípio Infinito
(Apenas Livros)
Autor: José de Matos-Cruz
Artistas: Daniel Maia, Renato Abreu,
Susana Resende e Teotónio Agostinho
Paginação e Edição: Fernanda Frazão
Edição do 1º Ciclo: 2017-2018
Depósito Legal: 978-989-618-582-4
Prosa ilustrada | 36/40p | PVP. 16€ (global)

sexta-feira, dezembro 14, 2018

IMAGINÁRiO #748

José de Matos-Cruz | 24 Março 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

CUMPLICIDADES
Um gangue anglo-americano efectua um audacioso furto de jóias em Londres, acabando por trair-se reciprocamente: Wanda e o seu suposto irmão, Otto, denunciam à polícia George, o chefe da quadrilha que, pouco antes, retirou o saque do local onde os companheiros o julgavam oculto. Desconfiando entre si, porém fingindo uma inabalável cumplicidade, envolvem-se nas mais hilariantes aventuras. Uns tentam um meio de escapar à prisão, outros sonham já com um exílio dourado…
Realizado pelo veterano Charles Crichton - celebrado entre nós por Roubei Um Milhão (1951) - Um Peixe Chamado Wanda (1988) consuma um humor transgressivo e absurdo, sob o signo da comédia aventuresca. Ao característico sarcasmo britânico à Monty Python - representado por John Cleese e Michael Palin - corresponde a chancela de Hollywood, pela feliz e subversiva estilização heróica: associando um dos Amigos de Alex, Kevin Kline, e Jamie Lee Curtis, filha do mítico casal Tony Curtis e Janet Leigh. Após longas negociações, os quatro voltariam a ser Criaturas Ferozes (1997 - Fred Schepisi), revitalizando a mística… IMAG.447

CALENDÁRiO

23JUN-15SET2018 - Em Lisboa, Galeria Caroline Pagès apresenta Les Chemins de la Montagne Jaune - exposição de artes plásticas de Sérgio Carronha & Luisa Correia Pereira (1945-2009).

07JUL-23SET2018 - Museu Municipal de Faro expõe A Evolução do Braço: Surrealismo Na Colecção Millennium BCP e Alguns Ecos Contemporâneos, sendo curador Nuno Faria.

1926-23AGO2018 - Russell Heath Jr, aliás Russ Heath: Ilustrador americano, autor de banda desenhada (anos 1960 - Little Annie Fanny em Playboy, relatos de guerra para DC Comics - tendo inspirado a pop art de Roy Lichtenstein) - «O seu trabalho era tão bom, em expressão realista, que outros artistas recorriam a ele, como manancial de referência» (Joe Kubert). IMAG.18-221-360-620-705

1927-26AGO2018 - Marvin Neil Simon, aliás Neil Simon: Escritor americano, dramaturgo e argumentista - «Sinto-me mais escritor quando trabalho numa peça, por causa da tradição teatral… Tal não existe no cinema, a menos que o argumentista seja também o realizador, o que faz dele um autor».

30AGO2018 - Midas Filmes estreia Milla (2017) de Valérie Massadian; produção de Terratreme, com Severine Jonckeere e Luc Chessel.

01SET-30SET2018 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe, no ciclo OitoXOito, Nem Todos os Cactos Têm Picos de Mosi.

06SET2018 - Ukbar Filmes produziu, e estreia Joaquim - O Tiradentes (2017) de Marcelo Gomes; com Júlio Machado e Nuno Lopes.

06SET2018 - Ukbar Filmes produziu, e estreia Vazante (2017) de Daniela Thomas; com Adriano Carvalho e Luana Tito Nastas.

08SET-11NOV2018 - Bedeteca da Amadora apresenta, em parceria com Clube Português de Banda Desenhada / CPBD, Parabéns Garcês - exposição comemorativa dos 90 anos de Mestre José Garcês - homenageando a vida e em retrospectiva a obra, numa carreira artística como ilustrador, pintor e autor de banda desenhada.  
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PARLATÓRiO


Dois poderosos mitos fizeram-nos acreditar que o amor podia, devia sublimar-se em criação estética: o mito socrático (amar serve para criar uma multidão de belos e magníficos discursos) e o mito romântico (produzirei uma obra imortal escrevendo a minha paixão).
Roland Barthes

VISTORiA

A Voz

É tão suave ess’hora,
Em que nos foge o dia,
E em que suscita a Lua
Das ondas a ardentia,

Se em alcantis marinhos,
Nas rochas assentado,*
O trovador medita
Em sonhos enteado!

O mar azul se encrespa
Co’a vespertina brisa,
E no casal da serra
A luz já se divisa.

E tudo em roda cala
Na praia sinuosa,
Salvo o som do remanso
Quebrando em furna algosa.

Ali folga o poeta
Nos desvarios seus,
E nessa paz que o cerca
Bendiz a mão de Deus.

Mas despregou seu grito
A alcíone gemente,
E nuvem pequenina
Ergueu-se no ocidente:

E sobe, e cresce, e imensa
Nos céus negra flutua,
E o vento das procelas
Já varre a fraga nua.

Turba-se o vasto oceano.
Com hórrido clamor;
Dos vagalhões nas ribas
Expira o vão furor

E do poeta a fronte
Cobriu véu de tristeza;
Calou, à luz do raio,
Seu hino à natureza.

Pela alma lhe vagava
Um negro pensamento,
Da alcíone ao gemido,
Ao sibilar do vento.

Era blasfema ideia,
Que triunfava enfim;
Mas voz soou ignota,
Que lhe dizia assim:

«Cantor, esse queixume
Da núncia das procelas,
E as nuvens, que te roubam
Miríades de estrelas,

E o frémito dos euros,
E o estourar da vaga,
Na praia, que revolve,
Na rocha, onde se esmaga,

Onde espalhava a brisa
Sussurro harmonioso,
Enquanto do éter puro
Descia o Sol radioso,

Tipo da vida do homem,
É do universo a vida:
Depois do afã repouso,
Depois da paz a lida.

Se ergueste a Deus um hino
Em dias de amargura;
Se te amostraste grato
Nos dias de ventura,

Seu nome não maldigas
Quando se turba o mar:
No Deus, que é pai, confia,
Do raio ao cintilar.

Ele o mandou: a causa
Disso o universo ignora,
E mudo está. O nume,
Como o universo, adora!»

Oh, sim, torva blasfémia
Não manchará seu canto!
Brama a procela embora;
Pese sobre ele o espanto;

Que de sua harpa os hinos
Derramará contente
Aos pés de Deus, qual óleo
Do nardo recendente.
Alexandre Herculano

MEMÓRiA

1915-23MAR1980 - Roland Gérard Barthes, aliás Roland Barthes: Escritor, crítico literário, sociólogo, semiólogo e filósofo francês - «É a linguagem, em todos os níveis (da frase ao discurso) e através das diversas formas (artes, literaturas, sistemas), que sempre me tem interessado, que eu sempre tenho desejado». IMAG.125-267-303-538

1932-27MAR2010 - Richard Joseph Giordano, aliás Dick Giordano: Editor, ilustrador e artista norte-americano de banda desenhada, lançou Action Heroes em Charlton Comics, e assinou aventuras de super-heróis como Batman, Lanterna Verde / Green Lantern, Wonder Woman / Mulher Maravilha e The Flash, sendo executivo de DC Comics; distinguido como Melhor Editor (Prémio Alley - 1969) ou Melhor Arte-Finalista (Prémio Shazam - 1970-1974). IMAG.26-243-297-379

28MAR1810-1877 - Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo, aliás Alexandre Herculano: Ficcionista, poeta, dramaturgo, historiador e jornalista português - «O homem é mais propenso a contentar-se com as ideias dos outros, do que a reflectir e a raciocinar».  
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GALERiA

Exposição de originais do livro de banda desenhada editado pela Polvo (2017), incluído no Plano Nacional de Leitura.
«Eu e a Luísa conhecemo-nos na primária, e somos amigas desde então. Sempre fomos um bocado diferentes, se calhar é por isso que nos completamos. Mas, quero acreditar que a conheço melhor que ninguém. A Luísa, naquele dia, levou um lírio. E ela não usava brincos.»
Mosi (Joana Simão) nasceu em 1994, Lisboa, e gosta de desenhar desde criança, sendo mais tarde licenciada em Pintura pela FBAUL, em 2017.
Atualmente, vive na Ericeira, onde fundou a associação cultural sem fins lucrativos EriceiraBD, que visa promover a banda desenhada, a ilustração e todas as artes visuais relacionadas. Paralelamente, frequenta o Mestrado em Desenvolvimento de Projecto Cinematográfico na ESTC e coordena o curso de Concept Art, na Etic, onde também dá aulas de Desenho.

BREVIÁRiO

Tinta da China edita O Grilo Na Varanda - Correspondência (1966-2001) de Luiz Pacheco (1925-2008) para Laureano Barros (1921-2008); introdução e notas de João Pedro George. IMAG.68-180-198-312-411-513-523-597-641

Cavalo de Ferro edita Os Prémios de Julio Cortázar (1914-1984); tradução de Isabel Pettermann. IMAG.205-298-330-454-539-546-563-602-614-736
 

domingo, dezembro 09, 2018

IMAGINÁRiO #747

José de Matos-Cruz | 16 Março 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

AUDÁCIAS
O acontecimento mais importante da banda desenhada europeia, desde que Tintin e o Capitão Haddock desceram na Lua, consumou-se enfim com o lançamento d’As Aventuras de Tintin, Repórter do “Petit Vingtième”, No País dos Sovietes. Setenta anos depois, assim voltámos ao princípio - pois foi em 10 de Janeiro de 1929, nas páginas daquele suplemento juvenil do jornal Le Vingtième Siècle, que tudo começou, semanalmente, para o audaz mancebo e herói. O respectivo álbum saiu logo no ano seguinte e, tornando-se politicamente incorrecto, nunca foi redesenhado ou colorido. Então e aí apareceu, também, o fiel Milu, juntando-se depois o tremendo Haddock, o lunático professor Girassol, os inconfundíveis Dupont e Dupond, a diva Bianca Castafiore. Entretanto, Tintin esteve na América, no Congo (ex-Belga), na China e Oriente, na Escócia, na Sildávia (algures nos Balcãs), no Golfo, no Tibete ou na América do Sul…
Primitivo ou moderno, Tintin fascina os velhos fanáticos e envolve as novas gerações. Para além da narrativa exuberante, de uma escrita rigorosa, sugestivamente enquadrada pelo estilo de Hergé - aliás, Georges Prosper Remi (1907-1983) - expõe-se uma saga universalista, entre drama e euforia, tragédia e resgate, em que a camaradagem sobrevive, paralelamente aos valores do bem e do mal.
IMAG. 26-28-64-82-130-131-157-182-187-196-207-211-236-264-323-326-330-333-343-347-376-382-384-385-395-399-403-411-460-552-599-611-642-676-729

CALENDÁRiO

1953-10JUN2018 - Joana Pimentel: Investigadora da Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, responsável pelas aquisições patrimoniais - «Os estudos sobre a imagem em movimento de âmbito colonial, num sentido muito lato, devem-lhe e dever-lhe-ão sempre muito» (José Manuel Costa).

1923-24AGO2018 - Luís Amaro: Escritor português, poeta e investigador, editor e bibliófilo, cofundador da revista Árvore (1951), autor de Diário Íntimo (1975) - «Fiel a esse espaço interior a que se chama alma, a sua poesia é a tentativa permanente de se integrar nela ou de a habitar, mau grado todas as agressões do mundo exterior» (António Ramos Rosa).

01SET-14OUT2018 - No Barreiro, Auditório Municipal Augusto Cabrita expõe Barreiro Ilustra BD - com a participação de Ana Pais, Artur Filipe, Carlos Rocha, Catarina Teixeira, Daniel da Silva Lopes, Daniel Maia, Derradé, Diana Marques, Dina Barbosa, Diogo Carvalho, Diogo Mané, Eliseu Gouveia, Filipe Duarte, Henrique e Duarte Gandum, Inocência Dias, João Amaral, João Gordinho, João Raz, Luís Belerique, Mariana Flores, Miguel Falcato, Miguel Mendonça, Nuno Saraiva, Osvaldo Medina, Patrik Caetano, Paulo Monteiro, Paulo Montes, Pedro Brito, Pedro Potier, Phermad, Quico Nogueira, Rui Ramos, Samuel Santos, Sérgio Santos, Sofia Neto, Susana Resende e Tânia Cardoso.

VISTORiA

Não Repararam Nunca?

Não repararam nunca? Pela aldeia,
Nos fios telegráficos da estrada,
Cantam as aves, desde que o Sol nada,
E, à noite, se faz sol a Lua cheia.

No entanto, pelo arame que as tenteia,
Quanta tortura vai, numa ânsia aiada!
O Ministro que joga uma cartada,
Alma que, às vezes, d’Além-Mar anseia:

– Revolução! – Inútil. – Cem feridos,
Setenta mortos. – Beijo-te! – Perdidos!
– Enfim, feliz! – ? – ! – Desesperado. – Vem.

E as boas aves, bem se importam elas!
Continuam cantando, tagarelas:
Assim, António! deves ser também.
António Nobre - Colónia, 1891

VISTORiA

Metade da Vida

Peras amarelas
E rosas silvestres
Da paisagem sobre a
Lagoa.

Ó cisnes graciosos,
Bêbedos de beijos,
Enfiando a cabeça
Na água santa e sóbria!

Ai de mim, aonde, se
É inverno agora, achar as
Flores? e aonde
O calor do sol
E a sombra da terra?
Os muros avultam
Mudos e frios; à fria nortada
Rangem os cata-ventos.
Friedrich Hölderlin

11. O Despertador
Um despertador exposto sobre um tapete cheio de pó era tudo quanto possuía, para vender, o pobre comerciante árabe. Durante dias, reparou que uma velha se interessava pelo relógio. Era uma bebuína, pertencente a uma daquelas tribos que voam com o vento.
«Desejas comprá-lo?», perguntou-lhe um dia.
«Quanto custa?»
«Pouco. Mas não sei se o vendo. Se este desaparecer, deixarei de ter trabalho.»
«Então, porque o tens exposto?»
«Porque me dá a sensação de viver. E tu porque o queres, não vês que lhe faltam os ponteiros?»
«Faz tiquetaque?», quis saber a velha.
O comerciante deu corda ao despertador, fazendo soar um sonoro e metálico tiquetaque. A velha fechou os olhos e percebeu que, na escuridão da noite, podia assemelhar-se a um coração que bate ao lado do seu.
Tonino Guerra
- Histórias Para Uma Noite de Calmaria
(Tradução de Mário Rui de Oliveira)

MEMÓRiA

16MAR1920-2012 - Antonio Guerra, aliás Tonino Guerra: Ficcionista, poeta e argumentista italiano, colaborador de cineastas como Federico Fellini, Vittorio De Sica, Francesco Rosi e Michelangelo Antonioni - «A lua é o único astro que nasce atrás das montanhas e se põe no íntimo de cada um de nós». IMAG.403

1613-17MAR1680 - François, Duque de La Rochefoucauld: Pensador e memorialista francês - «Deploramos com facilidade os defeitos alheios, mas raramente nos servimos deles para corrigirmos os nossos… / Não se deve avaliar o mérito de um homem apenas pelas suas grandes qualidades, mas também pelo uso que delas faz». IMAG.42-267-377-434

1867-18MAR1900 - António Pereira Nobre, aliás António Nobre: Poeta português, autor de Despedidas - «Ai os meus nervos, quando a lua é cheia! / Da arte novas concepções descubro / Todo me aflijo, lá fazem ideia… / Ai a ascensão da Lua em Outubro!» (Da Influência da Lua - excerto). IMAG.143-267-307-623-639

1924-18MAR2010 - Fess Elisha Parker Jr, aliás Fess Parker: Artista norte-americano de cinema e televisão, protagonista de Davy Crockett (1954) e Daniel Boone (1964-1970) - «Foi um modelo como actor e um ídolo para mim, desde que eu o vi pela primeira vez no grande ecrã. Ele era uma verdadeira lenda de Hollywood» (Arnold Schwarzenegger). IMAG.85-295-479

1875-19MAR1950 - Edgar Rice Burroughs: Escritor norte-americano, autor de Tarzan (1912) - «Surgiu-me a ideia de alguém que não tinha actividade, e decidi romanceá-la». IMAG.37-149-204-224-267-297-384-529-684

1623-20MAR1680 - Johann Heinrich Schmelzer: Violinista austríaco e compositor do barroco - as suas virtuosas sonatas «influenciaram o desenvolvimento futuro da música instrumental alemã» (Joseph Stevenson). IMAG.411

20MAR1770-1843 - Johann Christian Friedrich Hölderlin, aliás Friedrich Hölderlin: Ficcionista alemão, poeta lírico - «Meu dia outrora principiava alegre; / No entanto, à noite eu chorava. Hoje, mais velho, / / Nascem-me em dúvida os dias, mas / Findam sagrada, serenamente.» (Outrora e Hoje). IMAG.32-307-421-677

20MAR1940-2015 - Mary Ellen Mark: Fotógrafa americana - «Através das suas fotografias, deparamos com cenas menos óbvias de universos que julgamos conhecer, ao mesmo tempo que percebemos que tais registos nos remetem para temas e considerações muito para além do carácter efémero de um instantâneo» (João Lopes). IMAG.571

21MAR1930-2008 - Dinis Ramos Machado, aliás Dinis Machado: Escritor e jornalista português - «A novidade, para mim, desapareceu. Tenho pena de não me surpreender, quando escrevo».  
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21MAR1960-1994 - Ayrton Senna da Silva, aliás Ayrton Senna: Piloto brasileiro de Fórmula 1 - «Ele estava sereno. Levantei-lhe pálpebras e tornou-se claro para mim, pelas suas pupilas, que sofrera um ferimento maciço no cérebro. Tirámo-lo do cockpit e colocámos o corpo no chão. Embora eu seja totalmente agnóstico, senti a sua alma partir nesse momento» (Sidney Watkins, neurocirurgião - 1994). IMAG.267-465

23MAR1910-1998 - Akira Kurosawa: Cineasta nipónico, realizador de Os Sete Samurais (1954) - «No Japão, não se percebe claramente que uma das suas mais notáveis realizações culturais é a cinematografia nacional».  
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PARLATÓRiO

Considero-me uma pessoa discreta, nunca me interessou a exposição. A única coisa que eu sempre desejei, verdadeiramente, foi ser um bom actor.
Fess Parker

A última sessão de qualificação. Eu já estava com a pole, por meio segundo à frente do segundo colocado, e depois um segundo. De repente, eu estava próximo de abrir dois segundos à frente dos outros, incluindo meu companheiro de equipe com o mesmo carro. Então, eu percebi que eu não estava mais pilotando com consciência. Eu pilotava por instinto, me sentia numa outra dimensão. Era como se eu fosse entrar num túnel. Não apenas o túnel sob o hotel, mas todo o circuito parecia um túnel. Eu estava apenas indo e indo, mais e mais e mais…
Ayrton Senna
(GP do Mónaco - 1988)