quinta-feira, agosto 31, 2017

IMAGINÁRiO-MÉDIO

Concebido no final de 2016, mas iniciado apenas no passado fim-de-semana, o novo blogue Imaginário-Médio vem completar o testemunho público e a partilha de memórias, que se têm concretizado neste Imaginário-Kafre, ao recuperar para consulta on-line os newsletters difundidos, apenas por subscrição via e-mail, entre a suspensão do Imaginário original, inserido até 2009 no portal Truca.pt, e a criação deste seu sucessor na rede Blogger, em 2012.
Visamos, assim, preservar para informação futura, e apresentar a quem nunca a eles teve acesso, os newsletters do #358 ao #499, tal como os Extra aparecidos neste Imaginário intermédio.


Os carregamentos, feitos semanalmente, compreenderão todo um mês de newsletters, começando com #358, #359 e #360, de 2010 (mas referenciados pela data virtual de Fevereiro 2012), sendo cada conjunto posteriormente indicado aqui, num só destaque semanal, para mais fácil divulgação. Os newsletters actuais continuarão, como sempre, a ser partilhados neste Imaginário-Kafre.

quarta-feira, agosto 30, 2017

IMAGINÁRiO #678

José de Matos-Cruz | 08 Outubro 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

VICISSITUDES
Alan Parker estilizou As Cinzas de Ângela / Angela’s Ashes (1999) sobre um best-seller autobiográfico de Frank McCourt, reconstituindo a vivência de vicissitudes e miséria duma família de imigrantes celtas, em Brooklyn (Nova Iorque) por meados dos anos ’30. As sequelas da depressão, o alcoolismo e todas as carências, devastam o casal e determinam um regresso à Irlanda. Afinal, em Limerick, outras adversidades - inerentes ao jovem Frank, com os irmãos - estão reservadas aos McCourt, sob a prepotência religiosa, o flagelo social e económico… Numa notável mescla de sobriedade e extroversão, para contrastar essa memória perturbante, repassada de ironias, paira a actualidade da Irlanda - com a mais nova população da Europa, e o maior índice etário de desemprego - referenciando uma forte tradição criativa e cultural, lúdica e crítica. Aos desaires comuns e conflitos individuais, Alan Parker funde um fulgor histórico, sem profundidade clássica ou épico romantismo, mas detalhado na precariedade essencial de tais protagonistas - aliás, revertendo as contingências da sua matriz literária.

VISTORiA

Arte de Amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
- Manuel Bandeira

Na noite da minha morte
Tudo voltará silenciosamente ao encanto antigo…
E os campos libertos enfim da sua mágoa
Serão tão surdos como o menino acabado de esquecer.

Na noite da minha morte
Ninguém sentirá o encanto antigo
Que voltou e anda no ar como um perfume…
Há-de haver velas pela casa
E xales negros e um silêncio que eu
Poderia entender.
Mãe: talvez os teus olhos cansados de chorar
Vejam subitamente…
Talvez os teus ouvidos, só eles ouçam, no silêncio da casa velando,
E mesmo que não saibas de onde vem nem porque vem
Talvez só tu a não esqueças.
Cristovam Pavia 
- 35 Poemas
MEMÓRiA

1929-09OUT1978 - Jacques Romain Georges Brel, aliás Jacques Brel: Cantor, poeta e compositor belga - «Tenho menos medo da morte do que de me tornar um velho cretino». IMAG.179-198-222

1886-13OUT1968 - Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, aliás Manuel Bandeira: Poeta brasileiro - «Assim eu queria o meu último poema / Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais / Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas / Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume / A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos / A paixão dos suicidas que se matam sem explicação» (O Último Poema - excerto). IMAG.93-559-639

1933-13OUT1968 - Francisco António Lahmeyer Flores Bugalho, aliás Cristovam Pavia: Poeta português - «O poema que hei-de escrever para ti, dando notícias / Do último reduto das coisas, das profundidades intactas, / Nasce, adormece e referve-me no sangue / Com a íntima lentidão dos teus seios desabrochando, / Porque, sei, não estás longe (nem da minha vida!), meu mistério fiel. / Hoje a nossa companhia é a tua inconsciência e o teu instinto: puro / Instinto que eu, de longe, embalo e velo / E acordará (em frente!) às primeiras palavras / Do poema, quando ele despontar.». IMAG.165-339-345-438

15OUT1908-2006 - John Kenneth Galbraith: Escritor, diplomata, filósofo, economista, professor americano - «As pessoas com privilégios preferem arriscar a sua própria destruição, a perderem um pouco das suas vantagens materiais». IMAG.560 
 
CALENDÁRiO

10JUN-10AGO2017 - Nas Caldas da Rainha, Centro Cultural e de Congressos expõe World Press Cartoon 2017, sendo curador António Antunes. IMAG.35-195-247-353-407-558-568-574

24JUN-03SET2017 - Em Cascais, Fundação D. Luís I apresenta, na Cidadela Art District, Quadradinhos Portugueses | Olhares & Estilos - exposição colectiva de banda desenhada, com a participação de Renato Abreu, João Amaral, Luís Diferr, José Garcês, Penim Loureiro, Daniel Maia, João Mascarenhas, Pedro Massano, Baptista Mendes, Fernando Vilhena de Mendonça, Victor Mesquita, Susana Resende e José Ruy, tendo layout de Nuno Lemos e sendo curador José de Matos-Cruz.




INVENTÁRiO

Realizada pelo italiano Rino Lupo ao serviço da Iberia Film, no Porto, Os Lobos (1923) é, justamente, considerada uma das mais empolgantes e autênticas, entre as nossas fitas mudas de ficção. A acção, além de evocações da Foz do Douro, decorre na Serra da Cabreira - com rodagem na Estrela, apenas em exteriores, durante dois meses e meio - numa aldeia dominada pela tradição patriarcal.
Rino Lupo conduz Os Lobos com impecável justeza - quer no doseamento da tensão, quer na criteriosa ilustração das rudes massas arquitectónicas, e imponentes perfis montanhosos. Desde os primeiros instantes se define o clima incómodo, em desígnios funestos que, brutais, se desencadearão… 

 
Tanto mais que, partindo duma peça de Francisco Lage & João Correia de Oliveira, ambientada em Castro Laboreiro, o próprio Rino Lupo altera o esquema dramatúrgico, para uma confrontação latente, mantendo embora o espírito original de violência animalesca, que lhe sobrevirá. De facto, raramente o rigor e a grandiosidade se aliaram duma forma tão perfeita e eficaz, no cinema português.
A exemplar fotografia de Artur Costa de Macedo, pujante e luminosa, contribui decisivamente para um apreço excepcional - na mestria das representações, no realismo documental e na coerência etnográfica. Entre os intérpretes, distinguiam-se Branca de Oliveira, José Soveral, Sarah Cunha e Joaquim Avelar. Mas era famosa a caótica dispersão de Lupo, em termos de produção, ultrapassando, agora, cinco vezes o orçamento previsto de 50 contos. Sendo director financeiro Carlos Cudell Goetz, a Iberia Film encerrou actividade.

BREVIÁRiO

Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema edita em DVD, Mulheres da Beira (1921) e Os Lobos (1923) de Rino Lupo (1884-1933). 
IMAG.8-31-76-78-89-171-172-178-193-205-221-297-332-335-345-370-638

Porto Editora lança O Livro Grande de Tebas Navio e Mariana de Mário de Carvalho.  
IMAG.327-410-528-541-542-543-581-603-612-618-666-676

Toccata Classics edita em CD, Fernando Lopes-Graça [1906-1994]: Música Para Quarteto e Piano - Vol. II por Olga Pratts, com Quarteto Lopes Graça.  
IMAG.15-48-106-111-140-146-175-261-262-326-332-342-492-536-541-587-591

EXTRAORDINÁRiO

OS HUMANIMAIS - Folhetim Aperiódico

BUÇO COM LEITE MANCHA O COLETE - 4

- Adeus, minhas encomendas! gracejou Estácio Pastor, ao saber de tudo. Era o sábio que deu raia, como tem acontecido com outros lunáticos. Durante uns tempos, perscrutara de Nordeste o fenómeno ameaçador, no Observatório da Tapada. Até que decidira lançar-se em especulações, boatos e atoardas, que logo teriam eco no Diário de Notícias.
Continua

domingo, agosto 27, 2017

IMAGINÁRiO Extra: Colectiva Quadradinhos Portugueses - Olhares & Estilos

Patente na Cidadela Art District, em Cascais, desde 24 de Julho, Quadradinhos Portugueses - Olhares & Estilos encerra no próximo dia 3 de Setembro. Nesta colectiva de banda desenhada, participam Renato Abreu, João Amaral, Luís Diferr, José Garcês, Penim Loureiro, Daniel Maia, João Mascarenhas, Pedro Massano, Baptista Mendes, Fernando Vilhena de Mendonça, Victor Mesquita, Susana Resende e José Ruy, sendo curador José de Matos-Cruz.

 
Quadradinhos Portugueses - Olhares & Estilos é uma iniciativa da Fundação D. Luís I, e insere-se no âmbito das manifestações artísticas e culturais ligadas ao Bairro dos Museus. A mostra tem recebido uma expressiva média semanal de 175 visitantes, pelo que renova-se o convite para uma visita...


Consulte aqui, as biografias dos autores patentes na colectiva, editadas no catálogo da mostra.

quinta-feira, agosto 24, 2017

IMAGINÁRiO #677

José de Matos-Cruz | 01 Outubro 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal – Fundado em 2004
 
PRONTUÁRiO

SORTILÉGIOS
Através do imaginário em banda desenhada - domínio privilegiado e prodigioso, para explorar todas as aventuras, para exaltar todas as fantasias - o talento dos criadores tem, ainda, revelado outras virtualidades, distintas implicações, para além do sortilégio realista. Na série O Vagabundo dos Limbos / Le Vagabond des Limbes (1975), Christian Godard (argumento) & Julio Ribera (grafismo) desvendam um universo onírico, erótico, em espiral orgânica e orgástica, poética e tecnológica - de reflexos / aparências sobre o desejo, a perversão, a inocência, o humor, a fatalidade, como alegoria aos símbolos alquímicos, aos desígnios do poder, estilhaçando os limites do tempo e do espaço. «Tudo se passa como se estivéssemos irremediavelmente condenados a errar eternamente num pesadelo incoerente. O sentido aparecerá mais tarde e, se for preciso, podemos inventar um que agrade…» Eis uma saga exposta aos desafios físicos, místicos e do fantástico, onde convergem os estigmas da visão com os estímulos da evasão. IMAG.526


PARLATÓRiO

Os ritos, que incluem o riso e a dor, podem não aparecer numa situação social, mas são a nossa condição humana. Quando as pessoas não riem, ficam muito tristes; quando riem, é acompanhado da tristeza que está a ser coberta pelo riso. Como não há total transparência, há uma questão de comportamento de ordem social. Vivemos a solidão e vivemos com os outros, que são o tal inferno de que falava Sartre.
Dinis Machado

CALENDÁRiO

08JUN-28JUL2017 - Em Lisboa, Instituto Italiano de Cultura apresenta Geometria da Natureza - exposição de pintura e desenho de Sandro Sanna, sendo curador António Olaio.

08JUN2017 - O escritor Manuel Alegre é distinguido com o Prémio Camões 2017. IMAG.66-205-276-314-337-366-377-560-603-611-648-674

09JUN-31JUL2017 - Em Coimbra, Mosteiro de Santa Clara-a-Velha apresenta View In Town - exposição de fotografia de André Kuzer.

TRAJECTÓRiA

ERNESTO DE SOUSA

Criador e cineasta português, José Ernesto Marques Frade de Sousa nasceu a 18 de Abril de 1921 em Lisboa, onde faleceu a 6 de Outubro de 1988. Fez estudos universitários, na Faculdade de Ciências. Em Paris, cursou Artes Plásticas (1942-46) e trabalhou em cinema, sendo assistente de Jean Dellanoy em La Minute de Vérité (1952).
Autor de argumentos, fez também filmes publicitários. Foi cine-clubista (fundador do Círculo de Cinema - 1946; dirigente do Imagem), e crítico de cinema (Seara Nova, Vértice, Jornal de Letras e Artes; director da revista Imagem).
Em 1959, fundou a Cooperativa do Espectador. Conferencista. Fundador da Editorial Sequência e autor de obras sobre estética (O Argumento Cinematográfico - 1956, A Realização Cinematográfica - 1957, O Que É o Cinema? - 1960, Para o Estudo da Escultura Portuguesa -1965, Re Começar - Almada em Madrid - 1983, entre muitos outros). A partir de 1969, dedicou-se sobretudo ao mixed-media, em manifestações experimentais e vanguardistas, algumas com Jorge Peixinho.
Em 1998, foi postumamente homenageado pela Fundação Calouste Gulbenkian, com Revolution My Body no Centro de Arte Moderna. Filmes como realizador: O Natal Na Arte Portuguesa (1954), Rodando Pelos Caminhos (1959 - Sp), Dom Roberto (1962), Crianças Autistas (1969), O Teu Corpo É o Meu Corpo (1976), Cantigamente Nº 5 (1976 - Sr tv), Almada, Um Nome de Guerra (1971-77 – multimédia).

MEMÓRiA

1649-01OUT1708 - John Blow: Organista e compositor britânico do período barroco - autor de Venus & Adonis (1686), «a primeira ópera inglesa» (Jorge Calado) - choirmaster da Catedral de São Paulo (1687), mestre de William Croft, Jeremiah Clarke e Henry Purcell. IMAG.557

1887-02OUT1968 - Henri-Robert-Marcel Duchamp, aliás Marcel Duchamp: Pintor, escultor e poeta francês, cidadão americano a partir de 1955, inventor dos ready made - «Estou interessado em ideias e não, apenas, em produtos visuais». IMAG.24-127-595-620

03OUT1898-1969 - Thomas Leo McCarey, aliás Leo McCarey: Cineasta americano, produtor, realizador e argumentista - «Não sei qual é a minha fórmula. Apenas confesso que gosto de personagens que pareçam andar nas nuvens. Agrada-me um pouco de conto de fadas. Que outros filmem a fealdade deste mundo. A mim, não me interessa amargurar as pessoas». IMAG.197-233-377-613

1880-03OUT1918 - David de Sousa: Músico português, violoncelista, compositor e maestro, cofundador da Orquestra Sinfónica Portuguesa (1914), tendo integrado orquestras em Inglaterra, na Alemanha Imperial e na Rússia.

1930-03OUT2008 - Dinis Ramos Machado, aliás Dinis Machado: Escritor e jornalista português - «A arte, experiência lúdica, tem um estatuto muito particular: procura a sua cidadania em zonas fugidias de aplicação social». IMAG.218-232-261-267-296-332-387-612-620-622

04OUT1528-1599 - Francisco Guerrero: Compositor espanhol da Renascença - «Fue Francisco Guerrero, en cuya suma / de artificio y gallardo contrapunto / con los despojos de la eterna pluma, / el general supuesto todo junto, / no se sabe que en cuanto tiempo suma / ningún otro llegase al mismo punto, / que si en la ciencia es más que todo diestro, / es tan gran cantor como maestro.» (Vicente Espinel - 1591). IMAG.389

04OUT1928-2016 - Alvin Toffler: Escritor e futurista americano, autor de A Terceira Vaga (1980) - «O futuro é construído pelas nossas decisões diárias, inconstantes e mutáveis, e cada evento acaba por influenciar todos os outros». IMAG.628

1921-06OUT1988 - José Ernesto de Sousa: Cineasta português, criador e crítico de arte - «O cinema não me preenche, pelo menos não me define… A vida é tão complexa, tão mais importante que querer ter uma carreira ou um rótulo! O meu métier é comunicar, e isso é o que me interessa. Se as coisas acontecerem através do cinema, tanto melhor» (1974). IMAG.135-198-279-393-534-566

1926-09OUT1998 - José Paulo Paes: Poeta e ensaísta brasileiro - «para quem pediu sempre /tão pouco / o nada é positivamente /um exagero.» (auto-epitáfio n.2). IMAG.572

VISTORiA

Declaração de Bens

meu deus
minha pátria
minha família
minha casa
meu clube
meu carro

minha mulher
minha escova de dentes

minha vida
meu câncer
meus vermes
José Paulo Paes

SUMÁRiO

José Paulo Paes

José Paulo Paes nasceu em Taquaritinga, no interior de São Paulo, em 22 de julho de 1926. Sempre foi um apaixonado por livros. Estudou Química e trabalhou num laboratório farmacêutico durante muitos anos. Em 1944 mudou-se para Curitiba, onde desenvolveu seu gosto literário e se associou com nomes bem conhecidos do círculo de letras de então, em especial Oswald de Andrade e Dalton Trevisan, em cuja revista Joaquim colaborou. Na capital paranaense, participou ativamente da vida cultural da época, em especial das reuniões literárias que se costumavam fazer em dois points curitibanos: o Café Belas Artes e a Livraria Ghignone. Um dia resolveu escrever poesias, primeiro para os adultos e depois para as crianças. Esqueceu a Química e descobriu a magia da poesia infantil, aprendeu a brincar com as palavras e escreveu muitas poesias maravilhosas para as crianças. Depois de abandonar a Química, trabalhou durante 25 anos na edição de livros, traduções e ensaios. Trabalhou na editora Cultrix cerca de 14 anos. Traduziu inúmeras obras de outros autores – como Lawrence Sterne, Lewis Carroll, Nikos Kazantzakis, Paul Éluard, Dino Buzzati, Hölderlin, Huysmans, Edgar Allan Poe, Rainer Maria Rilke, Gertrude Stein, Leopardi, Edmund Wilson, entre outros. José Paulo Paes morreu em 1998, aos 72 anos.

BREVIÁRiO

Quetzal edita Cântico Final de Vergílio Ferreira (1916-1996).  
IMAG.78-212-241-323-548-587-676

Universal edita em CD, sob chancela Decca, Dmitri Shostakovich [1906-1975]: Cello Concertos 1 + 2 por Alisa Weilerstein, com Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks, sob a direcção de Pablo Heras-Casado.  
IMAG.100-266-408-499-526-580-659-676

EXTRAORDINÁRiO

OS HUMANIMAIS - Folhetim Aperiódico

BUÇO COM LEITE MANCHA O COLETE - 3

Não obstante, o menino D. Fulgêncio, filho do patrão, depois de fazer chacota, participou para o Governo Civil. De lá partiu o Chefe Bazilio Granizo com uns quantos agentes, no intuito de dissuadir os homens de tão disparatado propósito. E, se bem lhes ordenou, melhor os conteve.
Continua

segunda-feira, agosto 21, 2017

IMAGINÁRiO #676

José de Matos-Cruz | 24 Setembro 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

TRANSIÇÕES
A grande literatura continua a ser um manancial a que o cinema recorre, periódica e primordialmente, para recuperar os seus parâmetros clássicos: transe psicológico, conflito sentimental, dilemas avassaladores, tempos de rotura. Uma tal estratégia envolve ainda, quanto ao enquadramento animatográfico, um outro elemento significativo: um distinto olhar sobre os rituais, através do cotejo das respectivas representações, tal como está implícito no fenómeno das remakes. Eis o potencial latente, para Neil Jordan, em O Fim da Aventura (1999). À partida, um romance autobiográfico (The End of the Affair) de Graham Greene, sobre o qual Edward Dmytryk havia dirigido um filme (1955) memorável, com o mesmo título. Só que o drama vivido por Deborah Kerr e Van Johnson, estilizando as obsessões de culpa e expiação típicas em Edward Dmytryk, corresponde - na realização de Neil Jordan, sendo protagonistas Julianne Moore e Ralph Fiennes - a um outro dilema passional, intenso e dilacerante. As marcas sobre a relação adúltera - um evento trágico, uma decisão enigmática - fundem-se pela sua pulsão erótica. 
 
CALENDÁRiO

04MAI-31JUL2017 - Em Lisboa, Galeria Ratton apresenta Matéria do Tempo - exposição de desenho e pintura de Helena Lapas, sendo curadora Ana Ruivo.

28MAR1938-01JUN2017- Armando da Silva Carvalho: Escritor português, poeta e tradutor - «Deitado sobre ti / ensinas-me a sair / da treva. // Com a boca dorida / por tanta palavra / ensanguentada / devoro o teu cabelo / ouro que se desfaz / por entre os dentes.» (Entre Dentes - excerto). IMAG.136-338-630

01JUN-10OUT2017 - Em Lisboa, Atelier-Museu Júlio Pomar apresenta Das Pequenas Coisas - exposição de objectos, esculturas e assemblages de Júlio Pomar e Pedro Cabrita Reis. IMAG.19-312-405-427-449-495-505-534-552-553-562-582-596-604-610-612-620-631-635-641-646-652

07JUN-31AGO2017 - Em Cascais, Casa Sommer expõe Silva Júnior: Um Arquitecto Em Cascais.

VISTORiA

Os Homens Ocos

Um péni para o Velho Guy

Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada. Ai de nós!
Nossas vozes dissecadas,
Quando juntos sussurramos,
São quietas e inexpressas
Como o vento na relva seca
Ou pés de ratos sobre cacos
Em nossa adega evaporada.

Fôrma sem forma, sombra sem cor
Força paralisada, gesto sem vigor;

Aqueles que atravessaram
De olhos rectos, para o outro reino da morte
Nos recordam – se o fazem – não como violentas
Almas danadas, mas apenas
Como os homens ocos,
Os homens empalhados.
T.S. Eliot
(excerto - Tradução de Ivan Junqueira)

VISTORiA

Aí vinham a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a enxada e a pena, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo, como um farrapo. Eram as formas várias de um mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor cedia alguma vez, mas cedia à indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era uma dor bastarda. Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das coisas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura, – nada menos que a quimera da felicidade, – ou lhe fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar pela fralda, e o homem a cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão.
Machado de Assis
- Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)

COMENTÁRiO

Raymond Macherot

É um gigante da estatura de um Hergé ou de um E.P. Jacobs.
André Taymans

BREVIÁRiO

Relógio D’Água edita O Alienista e Outros Contos de Machado de Assis (1839-1908).

Quetzal edita Cântico Final de Vergílio Ferreira (1916-1996).  
IMAG.78-212-241-323-548-587

Teorema edita A Especulação Imobiliária de Italo Calvino (1923-1985); tradução de José Colaço Barreiros. IMAG.51-439-482-531-631

Universal edita em CD, sob chancela Decca, Dmitri Shostakovich [1906-1975]: Cello Concertos 1 + 2 por Alisa Weilerstein, com Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks, sob a direcção de Pablo Heras-Casado.  
IMAG.100-266-408-499-526-580-659

Distrijazz edita em CD, sob chancela Palmetto, Sunday Night at the Vanguard por The Fred Hersch Trio.

Porto Editora lança O Livro Grande de Tebas, Navio e Mariana de Mário de Carvalho. IMAG.327-410-528-541-542-543-581-603-612-618-666

MEMÓRiA

29ABR1868-1937 - António Rodrigues da Silva Júnior: Arquitecto português, autor de inúmeras obras no Estoril e em Cascais para aristocratas e comerciantes ricos que desejavam ter, na zona, habitação permanente ou de veraneio; fundador da Sociedade Teosófica Portuguesa, e membro da Academia das Ciências.

23SET1938-1982 - Rosemarie Magdalena Albach, aliás Romy Schneider: Actriz austríaca de cinema - «Na vida, não sou nada - mas, no ecrã, torno-me tudo». IMAG.325-372-518-651

24SET1878-1947 - Charles-Ferdinand Ramuz, aliás C.F. Ramuz: Poeta e ficcionista suíço - «O Leitor: Adeus, riquezas fabulosas, mandou-as à fava! / Não disse nada a ninguém, destruiu / o livro e fugiu / e voltámos ao velho tempo / menos o saco e o que tinha dentro.» (História do Soldado). IMAG.611

25SET1888-1965 - Thomas Stearns Eliot, aliás T.S. Eliot: - Poeta e dramaturgo inglês, distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (1948) - «A evolução de um artista produz-se a partir de um sacrifício contínuo, de uma constante extinção da personalidade… Nunca cessaremos de explorar e, por fim, voltaremos ao ponto de partida, como se nada tivéssemos conhecido». IMAG.196-497

1924-25SET2008 - Raymond Macherot: Artista de banda desenhada, criador de Clorofila (1956) e Coronel Clifton (1959) - «Um exemplo do talento multifacetado, um autor injustamente pouco lembrado» (Pedro Cleto). IMAG.217-460

26SET1898-1937 - Jacob Gershowitz, aliás George Gershwin: Compositor americano, autor de Porgy and Bess ou de Rapsody In Blue - «De certo modo, a vida é como o jazz… Funcionamos melhor, quando improvisamos». IMAG.97-248-326-618

29SET1518-1594 - Jocopo Comin Robusti, aliás Tintoretto: Pintor italiano, mestre do Maneirismo - «A pintura de Tintoretto é, em primeiro lugar, a ligação apaixonada entre um homem e uma cidade… Veneza, inquieta, maldita, produziu um inquieto, amaldiçoa nele a sua própria inquietude» (Jean-Paul Sartre - 1953). IMAG.196-468

29SET1618-1680 - Juan Cererols Fornells, aliás Juan Cererols: Compositor e monge espanhol, organista, harpista e violinista, pioneiro ibérico da estética barroca.

1839-29SET1908 - Joaquim Maria Machado de Assis: Escritor brasileiro - «E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida.» (Quincas Borba - 1891). IMAG.196-229-231-253-337

1921-29SET2008 - Hayden Carruth: Poeta americano, crítico literário - «Li os mesmos erros em milhares de livros, vi-os também em milhares de filmes, e, como podem passar desapercebidos a alguns, que a eles próprios se consideram artistas, é algo que ultrapassa a minha compreensão». IMAG.218-333
 

domingo, agosto 20, 2017

IMAGINÁRiO #675

José de Matos-Cruz | 16 Setembro 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal – Fundado em 2004
PRONTUÁRiO

FASCÍNIOS
Os rastos e os rostos da banda desenhada franco-belga atingiram uma fascinante, insólita identidade no talento de Didier Comès (1942-2013) - a par com Silêncio (1979), A Doninha (1983), A Árvore-Coração (1988) ou A Casa Onde as Árvores Sonham (1995) - em Iris (1991): por estilizado preto-e-branco, revelando uma recorrência estranha, sobre os múltiplos mistérios da concepção, o fantástico enigma do relacionamento, os signos e os poderes em que se ritualiza um contraste de vivências - quanto aos seres, às situações, às épocas e aos lugares. Afinal, um universo mágico, onírico, simbólico, cuja latente mas poética virtualidade, em quadradinhos, funde as referências artísticas e criativas, com o sortilégio da leitura, explicitamente conotada aos privilégios do olhar. «As pessoas têm medo daquilo que não compreendem… A intolerância de alguns não deve fazer esquecer a generosidade de outros. Além disso, o tempo não tem sentimentos…» Argumentista/ilustrador, Didier Comès lograria em Iris uma subtil conversão entre os dilemas e as expectativas da aventura humana - pela psicologia das personagens, ou nos prodígios da natureza. IMAG.457

CALENDÁRiO

1918-12MAI2017 - Antonio Candido de Mello e Souza, aliás Antonio Candido: Sociólogo brasileiro, professor e analista literário, distinguido com o Prémio Camões (1998) - «Um dos maiores mestres da língua portuguesa» (Diogo Ramada Curto).

14OUT1927-23MAI2017 - Roger George Moore, aliás Roger Moore: Actor inglês, protagonista de Simon Templar - O Santo / The Saint (1962-1969 - televisão) e de James Bond 007 (1973-1985 - cinema) - «Nos meus primeiros anos como actor, disseram-me que, para ter sucesso, era preciso personalidade, talento e sorte em igual medida. Dispenso essa afirmação. Para mim, foi 99% de sorte. Não serve de nada ser talentoso, se não se estiver no lugar certo e no momento certo». IMAG.63-96-115-174-527

25MAI2017-25FEV2018 - Em Cascais, Fundação D. Luís I apresenta, no âmbito do Bairro dos Museus, Percurso Lusitano - exposição de escultura de Robert Schad (Alemanha).

25MAI2017 - ZulFilmes estreia Por Onde Escapam as Palavras (2016) de Luís Albuquerque; com Bruno Manique e Leonor Nobre.

1931-26MAI2017 - José Manuel Castello Lopes: Distribuidor e exibidor português de cinema, herdeiro de Filmes Castello Lopes, co-fundador do cinema Londres (1972) - «Uma pessoa que sempre lutou pelo cinema de qualidade» (Lauro António). IMAG.115-180-201-342

27MAI-25JUN2017 - No Passeio Marítimo do Estoril, Câmara Municipal de Cascais apresenta, com Fundação D. Luís I, a 8ª Edição da Exposição ArteMar Estoril ’17, sendo comissária Luísa Soares de Oliveira.

02JUN-02JUL2017 - Em Setúbal, Casa da Cultura apresenta Festa da Ilustração, sendo artista convidado António Jorge Gonçalves.  
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COMENTÁRiO

Mauricio Kagel

Incontornável, não só por ser uma referência por tudo aquilo que trouxe de novo à música, principalmente na segunda metade do Século XX, mas também porque era uma figura carismática.
Luís Tinoco
MEMÓRiA

1773-16SET1848 - Marquês de Maricá, aliás Mariano José Pereira da Fonseca: Filósofo, escritor e político brasileiro - «Na decrepitude, não pioramos de condição pela morte; se deixamos de gozar, também cessamos de sofrer». IMAG.419

1897-18SET1948 - José Ângelo Cottinelli Telmo: Arquitecto e cineasta português, realizador de A Canção de Lisboa (1933) - «A corrida esbaforida de Vasco Santana, atravessando Lisboa de capa ao vento, dos Castelinhos até à Faculdade de Medicina, para fazer o exame, até à célebre frase do esternocleidomastóideo, é um monumento de cinema absolutamente genial, onde o arquitecto põe a cidade a correr no movimento da câmara» (José-Augusto França - Revista / Expresso - 29NOV2014).  
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1931-18SET2008 - Mauricio Kagel: Compositor, maestro e cenógrafo radicado na Alemanha, autor de Torre de Babel (2002) - «Embora nascido na Argentina, é o melhor músico europeu» (John Cage). IMAG.217-352

20SET1928-2007 - Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda, aliás Alberto de Lacerda: Poeta português, cofundador da revista Távola Redonda, autor de Exílio (1963) - «És linda como haver Morte / depois da morte dos dias. / Solene timbre do fundo / de outra idade se liberta / nos teus lábios, nos teus gestos. // Quem te criou destruiu / qualquer coisa para sempre, / ó aguda até à luz / sombra do céu sobre a terra, // libertadora mulher, / amor pressago e terrível, // Primavera, Primavera!» (Diotima). IMAG.163-624


TRAJECTÓRiA


Ministro da Fazenda de D. Pedro I nascido no Rio de Janeiro, RJ, conhecido por suas máximas, que retratam a mentalidade brasileira do período situado entre a independência e o início do segundo reinado. Filho do dono de uma padaria, condição que lhe valeria mais tarde o apelido de dr. Biscoitinho, formou-se em matemática e filosofia na Universidade de Coimbra (1793). Retornou ao Rio de Janeiro (1794) e passou a frequentar as reuniões clandestinas da Sociedade Literária, fundada (1786) pelo vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa e dissolvida (1789), durante a devassa contra os conjurados mineiros. Envolvido na conjuração fluminense, esteve preso (1794-1797), mas recuperou o seu prestígio junto corte e com a vinda desta para o Brasil, obteve a confiança real e ocupou importantes cargos, entre os quais os de director-tesoureiro da Imprensa Régia e administrador-tesoureiro da fábrica de pólvora (1808-1821). Com a declaração da independência foi Ministro da Fazenda (1823-1825) e nomeado senador vitalício por D. Pedro I. Antiescravocrata e com ideias republicanas foi nomeado marquês (1826). Na literatura publicou três colectâneas de máximas (1837/1839/1841) e morreu no Rio de Janeiro. Mais de um século depois, a Casa de Rui Barbosa, do Rio de Janeiro, lançou a edição Máximas, Pensamentos e Reflexões do Marquês de Maricá (1958), dirigida e anotada por Álvaro Ferdinando Sousa da Silveira.

Cottinelli Telmo

José Ângelo Cottinelli Telmo nasceu em Lisboa, a 13 de Novembro de 1897. Frequentou o Liceu Pedro Nunes. Em 1917, tornou-se decorador da Lusitania Film, trabalhando em O Homem dos Olhos Tortos, Mal de Espanha e Malmequer (1918) de Leitão de Barros. Em 1920, concluiu o curso de Arquitectura da Escola Superior de Belas-Artes/ESBAL. Autor de banda desenhada, assinando como Tio Pirilau, fundou e dirigiu o ABC-zinho (1921). Responsável pelo grafismo da revista Kino (1930), foi ainda Arquitecto-Adjunto dos Caminhos de Ferro Portugueses/CP (1923-1948), colaborador do Ministério das Obras Públicas, membro da Comissão das Construções Prisionais (1934). Em 1932, orientou a construção dos estúdios da Tobis Portuguesa. Organizou o Pavilhão Português das Exposições do Rio de Janeiro (1922) e de Sevilha (1928), a Exposição do Mundo Português e a Fonte Monumental (1940), a Praça do Império e a Zona Marginal de Belém (1941), o Monumento das Descobertas, e a Cidade Universitária de Coimbra. Em 1938-1942, dirigiu a revista Arquitectos. Escritor, crítico, ilustrador, animador cultural. Professor de Desenho no Liceu Pedro Nunes. Distinguido com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo. Cineasta amador (entre outros, Canção de Santa Cruz), dirigiu como profissional A Canção de Lisboa (1933) e as curtas metragens Gente da Via, Máquinas e Maquinistas e Obras de Arte (1938). Faleceu em Cascais, vítima de uma onda quando pescava no Guincho, a 18 de Setembro de 1948.

BREVIÁRiO

Evidence edita em CD, sob chancela Harmonia Mundi, Die Stücke der Windrose de Mauricio Kagel (1931-2008), por Ensemble Aleph, sob a direcção de Michel Pozmanter.

Arte de Autor edita A Balada do Mar Salgado (1967) de Hugo Pratt (1927-1995), e Corto Maltese - Sob o Sol da Meia Noite (2015) de Juan Díaz Canales e Ruben Pellejero.  IMAG.1-26-47-65-69-75-157-256-286-308-360-382-418-423-431-454-527-536-614-636

Âncora edita As Pessoas de Minha Casa de Júlio Conrado. IMAG. 24-44-184-222-271-292-345-460-565

Naxos edita em CD, Portuguese Music for Cello and Orchestra por Bruno Borralhinho, com Orquestra Gulbenkian sob a direcção de Pedro Neves. IMAG.298