sexta-feira, maio 31, 2019

IMAGINÁRiO #774

José de Matos-Cruz | 08 Outubro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

PROTAGONISMOS
Ao longo de decénios, a supremacia da indústria artística, sob o signo de Hollywood, permitiu ao cinema americano não só impor a sua perspectiva sobre as culturas e as civilizações de todos os tempos, mas também rever a História à sua imagem e semelhança, num artifício glorioso inclusive sobre os eventos ainda recentes. Pelo termo da II Guerra Mundial, e a propósito de Objectivo: Burma (1945 - Raoul Walsh), registou-se mesmo um incidente diplomático entre os Aliados, pois, numa missão nevrálgica contra as forças nipónicas na Birmânia, em plena frente do Pacífico, os ianques protagonizaram um sucesso que, efectivamente, coube aos ingleses. Idêntica estratégia predadora envolveu Submarino U-571 (2000) de Jonathan Mostow, também argumentista com David Ayer e Sam Montgomery. O reactivar da controvérsia suscitou um esclarecimento no final desta saga fictícia, cujo objectivo seria enaltecer a coragem dos que, realmente, executaram a operação em causa. Uma vez mais, os britânicos - a quem se ficou a dever a captura da máquina de descodificação Enigma, utilizada nas intercomunicações com segredo militar pela Marinha germânica. Tudo se passa em Abril de 1942, quando os Estados Unidos já entraram oficialmente no conflito, e a batalha do Atlântico atravessa duros reveses.

CALENDÁRiO

19JAN-24FEV2019 Em Portimão, Museu Municipal expõe O Desporto Na Filatelia Portuguesa. IMAG.482-697

1940-28JAN2019 - Susan Hiller: Artista americana radicada em Inglaterra, tendo-se dedicado à pesquisa / criação paraconceptual, através de pintura, escultura, escrita, fotografia, vídeo, performance e instalação.

01FEV-28ABR2019 - Em Lisboa, Palácio Pimenta - Museu da Cidade apresenta Vicente. O Mito Em Lisboa - exposição sobre a actualidade do mito de S. Vicente, sendo curador Mário Caeiro. IMAG.132-265-546-760

21FEV-26MAI2019 - Em Lisboa, Museu do Oriente apresenta Futuro Doméstico Primitivo - exposição sobre o arquitecto Sou Fujimoto (Japão), sendo comissário João Almeida e Silva.

PARLATÓRiO
Música Portuguesa Contemporânea
A inconsistência da música, a inconsistência do criador musical, são ideias que levam naturalmente a considerar que a música é apenas a arte de combinar os sons de uma maneira agradável ao ouvido. Umas certas sensações, umas certas impressões, traduzidas por meio dos sons causam prazer. Eis para quem assim pensa, o fim social da música. No aspecto estético nada de análise, nada de aplicação prática; um professor que não saiba uma nota de música pode ensinar estética musical por este processo, puramente verbalístico. Sempre as sensações, as impressões, palavras, muitas palavras, palavras que, desligadas das forças físicas que fazem a música, prejudicam em vez de facilitar, a compreensão.
Tecnicamente o que se ensina, e aqui tenho de novo que dizer: o que se ensina em geral e não o que ensinam os raros entre nós, é o sistema do baixo cifrado, o maior-menor a imperar, não só na harmonia como até no contraponto, o princípio da tonalidade e da modulação regidos pelo número de acidentes à clave, e outras induções igualmente funestas ao bom gosto e à boa composição musicais.
Chego agora a uma questão candente, a uma questão de interesse muito mais geral do que os problemas ligados à substância sonora, de que tenho estado a tratar: refiro-me à interpretação. Pensa-se entre nós sobre o assunto o mesmo que Berlioz pensava quando disse: Wagner dirige «librement, comme Klindworth joue du piano». Isto está longe de ser um elogio para quem pense como Berlioz, pois que, apesar de grande compositor ele, neste aspecto, não tinha razão. A frase não pode ser compreendida senão como uma censura a Wagner e Klindworth, frase vinda de um músico educado, como todos os músicos em geral, na cega submissão à tirania do tempo e do compasso, esses dois inimigos natos do ritmo, e na atitude fria perante a música dos chamados clássicos.
Luís de Freitas Branco
- Conferência na Academia de Amadores de Música (excerto – 11ABR1946)

MEMÓRiA

08OUT1920-1986 - Franklin Patrick Herbert Jr, aliás Frank Herbert: Escritor americano de ficção científica, autor de Dune / Duna (1963-1965) - «Em minha opinião, a ficção científica é inspiradora, e aponta em direcções muito interessantes. Isto é, orienta-nos para dimensões eventuais. Graças à nossa imaginação, podemos tentar outras oportunidades, tomar opções distintas. Por tendência, ficamos presos a escolhas limitadas…». IMAG.111-462-550

1932-09OUT2010 - Paulo-Guilherme Tomáz Dúlio Ribeiro  d’Eça Leal, aliás Paulo-Guilherme d’Eça Leal: Arquitecto, cenógrafo, fotógrafo, cineasta, poeta, filho de Olavo d’Eça Leal - «Gastei as quatro folhas do meu trevo / e outro não consigo encontrar. / Foi-se-me a sorte, resta-me o destino. / Em todo o caso, lê o que eu escrevo, / lê tudo o que puderes decifrar, / na minha letra tosca de menino.» (Depressa Que o Verso Foge… - excerto, 1999). IMAG.327-397

09OUT1940-08DEZ1980 - John Winston Lennon, aliás John Lennon: Músico, compositor, guitarrista e cantor britânico, membro de The Beatles - «A mulher é o negro do mundo. A mulher é a escrava dos escravos. Se ela tenta ser livre, tu dizes que ela não te ama. Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem».  
IMAG.64-70-294-463-730

10OUT1910-2005 - Ramón Gaya Pomés, aliás Ramón Gaya: Pintor e escritor espanhol - «Ser criador é isso: obedecer. Ser artista, pelo contrário, é desobedecer, e daí essa quase travessura que tem quase toda a arte moderna, pois trata-se de uma arte especialmente artística, artificial.» (El Sentimiento de la Pintura - excerto, 1959). IMAG.244-294-534

1926-10OUT2010 - Joan Alston Sutherland, aliás Joan Sutherland, aliás La Stupenda: Soprano australiana - «Uma das gigantes do canto operático no Século XX, uma daquelas cantoras que definem uma era e que, de algum modo, mudaram o curso da história da performance operática» (Bernardo Mariano). IMAG.328-585

12OUT1890-1955 - Luís Maria da Costa de Freitas Branco, aliás Luís de Freitas Branco: Compositor português - «Ao significado da sua obra notabilíssima, da sua personalidade fecunda e dominadora, há a juntar a verdadeira paixão que possuía pela Juventude, o entusiasmo com que via os novos triunfar, a sua luta diária, durante cinquenta anos, pelo renovamento, pela europeização da cultura portuguesa, e ainda a generosidade do seu grande coração, sempre disposto a ajudar os que começavam e vivendo com o mesmo entusiasmo as obras dos próprios discípulos, que pretendia sempre colocar à frente das suas» (Joly Braga Santos).  
IMAG.48-78-111-115-145-168-175-187-239-252-294-324-335-392-409-540-601-731

1918-14OUT1990 - Louis Bernstein, aliás Leonard Bernstein: Compositor, maestro e pianista americano - «Não me interessa uma orquestra que tenha o seu próprio som… O que eu quero é que, ao tocar, ela nos transmita o som do compositor». IMAG.266-297-395-497-602-672

COMENTÁRiO

O belo não é mais do que tudo o que pode ser resgatado, arrebatado ao eterno, resgatado do eterno e levado para a formosura e a vulnerabilidade do presente.
Ramón Gaya
- Belleza, Modernidad, Realidad (excerto - 1960)
PARLATÓRiO

O homem é um idiota em não dar tudo de si, sempre, no acto de criação. Alguém escreve algo num papel. Não está a destruir, está a plantar uma semente. Então, não tem que se preocupar com inspiração, ou qualquer coisa no género. É apenas uma questão de se sentar e de pôr-se a trabalhar. Eu nunca tive problemas por escrever, apenas, um parágrafo. Fala-se muito nisso. Pela minha parte, havia dias em que me sentia relutante em escrever, ou às vezes durante semanas inteiras, outras até mais tempo. Então, preferiria muito mais pescar, por exemplo, ou pôr-me a afiar lápis, ou ia nadar, ou… Por que não? Mas, depois, voltando à leitura do que havia produzido, era incapaz de distinguir entre o que me ocorreu facilmente e o que elaborei, sentando-me e decidindo: «Bem, chegou a hora de escrever, e é isso que agora vou fazer». Não havia diferença entre uma coisa e outra que registei no papel…
Frank Herbert

04MAR1966 - O Cristianismo vai desaparecer. Vai diminuir e encolher. Nós, The Beatles, somos mais populares do que Jesus, neste momento. Não sei qual vai desaparecer primeiro - o rock and roll ou o Cristianismo. Cristo não era mau, mas os seus discípulos eram obtusos e vulgares. É a distorção deles que, em minha opinião, estraga o Cristianismo.

11AGO1966 - Se tivesse dito que a televisão era mais popular do que Jesus, ninguém teria ligado… Eu não sou anti-Deus, anti-Cristo ou anti-religião. Não estou a dizer que sejamos melhores ou maiores, ou a comparar-nos a Jesus Cristo como pessoa ou Deus ou seja o que for. Disse o que disse e estava errado - ou fui interpretado erroneamente.
John Lennon
BREVIÁRiO

Opera Omnia edita Os Pescadores de Raul Brandão (1867-1930).
IMAG.48-161-293-301-342-350-384-394-400-431-495-582-602-641-642-668-670-694-700-711-712-719

Abysmo edita Poesia II - Sonetos Completos de Antero de Quental (1842-1891); edição crítica de Luiz Fagundes Duarte.
IMAG.59-147-338-367-371-577-585-639-666-686-719-766 

terça-feira, maio 28, 2019

IMAGINÁRiO-Extra: Aurora Boreal e O Eterno Paradoxo – Livro Dois [Apenas Livros]

Em Abril de 2019, a editora Apenas Livros retomou a saga de Aurora Boreal, por José de Matos-Cruz, com a edição do segundo ciclo, O Eterno Paradoxo, que conta com o contributo gráfico dos artistas Dário Vidal, João Amaral, José Ruy e Maria João Worm.

Na sequência da primeira jornada (O Princípio Infinito, entre final de 2017 e 2018), o mundo fantástico do escritor José de Matos-Cruz – imaginado para a trilogia Infante Portugal (2007-2012), e relançado com a enigmática Aurora Boreal – suscita agora um segmento intermédio mas decisivo, enquanto a heroína titular continua a romper os limites da infância e se aventura por outros meandros da realidade e por dimensões alternativas.


Aurora Boreal e O Eterno Paradoxo – Segundo Universo: As Tendências Variáveis é o novo de quatro livros-de-cordel, cuja protagonista, originalmente visualizada pela autora Susana Resende, tem aqui reinterpretação pelos mestres ilustradores José Ruy – também autor da imagem da capa –, Dário Vidal, João Amaral e Maria João Worm. A edição estará disponível no Mercado do Livro do 15º FIBDB, a partir do dia 2 de Junho.

Aurora Boreal
Surgiu na saga d’O Infante Portugal, nascida de uma relação efémera
entre a soviética Oktobraia e o cósmico Malsão. Irradiando além das luzes
e das trevas, a sua aparência torna-se Presente, ao romper os ciclos da infância
e da realidade, pelo capricho súbito e intenso de uma libertação…

As Tendências Variáveis
De cima a baixo, havia artifícios, evoluíam sinais… Como uma paisagem assombrada, a realidade transparecia os seus enigmas e sortilégios. Quem perturbaria o segredo das águas furtadas?
Como iria um rio fidelizar-se ao rumo incerto, da nascente ao estuário?
Estaria a montanha vacilante, no fascínio obscuro entre as suas entranhas e extensões?
Monstros no céu, encantariam humanos ou divindades?

Aurora Boreal e O Eterno Paradoxo
Segundo Universo: As Tendências Variáveis

(Apenas Livros)
Autor: José de Matos-Cruz
Ilustração: José Ruy, Dário Vidal, João Amaral e Maria João Worm
1ª edição: Junho 2019 | Prosa ilustrada | 36p/BD | PVP: 3,90€

domingo, maio 26, 2019

IMAGINÁRIO-Extra: DANIEL MAIA E SUSANA RESENDE ilustram os PRÉMIOS BANDAS DESENHADAS

A convite de Nuno Pereira de Sousa, administrador do website Bandas Desenhadas, os artistas Daniel Maia (desenho) e Susana Resende (cor) recriaram a visão antropomorfizada, correspondente a cada uma das quatro estações do ano, das Nomeações dos Prémios Bandas Desenhadas, os quais têm por fim promover, anualmente, a BD produzida e editada em Portugal, através da distinção dos melhores lançamentos editoriais de autores nacionais e estrangeiros. No início de cada ano, serão atribuídos os Prémios relativos ao ano editorial anterior.

Assim, a 1.ª edição dos Prémios Bandas Desenhadas – cujas nomeações das obras são realizadas ao longo do ano, cada uma delas correspondendo a um trimestre editorial, formalmente designado pela estação do ano que vigora na maioria do período – refere-se ao ano editorial de 2019, tendo sido anunciadas as Nomeações de Inverno e divulgada a primeira das quatro visões alusivas, concebidas por Daniel Maia e Susana Resende, interpretando o Inverno.

Como também se ressalva em Bandas Desenhadas, «a parceria efectuada com os dois ilustradores (e argumentistas, professores, editores…) em nada influencia os jurados, no caso de virem a existir obras de banda desenhada dos mesmos, elegíveis aos Prémios. Por seu turno, sublinha-se que, aquando do convite efectuado aos ilustradores, não foi divulgada a natureza específica do seu propósito».

sexta-feira, maio 24, 2019

IMAGINÁRiO #773

José de Matos-Cruz | 01 Outubro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

SUPERAÇÃO
Perdida no Quadrante Delta, a Capitã Janeway e a tripulação da nave estelar USS Voyager procuraram, durante anos, um caminho de regresso a casa. Porém, a sua busca é interrompida por circunstâncias imprevistas, com uma espantosa variedade de perigos, ameaças… e novas alianças, amizades! Uma das mais populares sagas cósmicas - da televisão ao cinema, passando pelos quadradinhos - Star Trek avançou em 2001, sob chancela DC Comics, pela vertente Wildstorm, em Voyager - Encounters With the Unknown. Uma edição monumental em trade paperback, que a capa deslumbrante de Drew Struzan alicia, e na qual se reúnem quatro capítulos virtuais: False Colors por Nathan Archer com Jeffrey Moy & W.C. Carani; Elite Force por Dan Abnett & Andy Lanning com Moy & Carani; Avalon Rising por Janine Ellen Young & Doselle Young com David Roach, e Planet Killer por Kristine Kathryn Rusch & Dean Wesley Smith com Robert Teranishi & Claude St. Aubin. Superando-se em coragem para triunfar, e determinação para sobreviver, os heróis de Star Trek demonstram ainda o maior sangue frio ao seguirem em frente, quando o seu destino está debaixo de fogo…
IMAG.34-62-110-249-335-338-404-443-494-556-640-661

CALENDÁRiO

1943-29JAN2019 - Rui Caeiro: Escritor português, poeta, tradutor e editor ligado à &etc - «Vem um dia em que o corpo não responde/ não acorda não condiz/ não se habitua// É uma primeira e definitiva recusa: alheio/ não se dá ao trabalho de/ avisar ou despedir-se//– o corpo».

VISTORiA

A-Leng, porque era ela, captou o interesse e teve a desagradável sensação de ser escrutinada de cabeça aos pés. Não estava habituada a um exame tão atrevido, sobretudo, dum estranho e demais kuai-lou. Mais perturbada que irritada, resolveu afastar o insolente, à vista das companheiras.
Ao tirar o balde carregado até o topo, fingiu desequilibrar-se e a água saltou, chapinhando o solo, atingindo os sapatos e as calças bem vincadas do belo Adozindo. Não pediu desculpas, voltando-se para encher de novo o balde. Houve risos que doeram mais ao rapaz do que o mau jeito dela, feito de propósito.
Sem  pronunciar  palavra, Adozindo seguiu caminho, enxofrado de despeito. Era a primeira vez que uma mulher se atrevia a desdenhá-lo. Em vez de enlanguescer-se perante a sua beleza irresistível, a rapariga ousava sujar-lhe os sapatos lustrosos e as calças, sem se desculpar. E era uma aguadeira ou lavadeira, de categoria abaixo duma criada de servir. A desfaçatez! Ali estava um exemplo da decantada mal-criação da gente do Cheok Chai Un. Nunca mais poria os pés ali.
O brilho do sol, a aragem refrescante que bolia com as árvores de S. José da Rua do Campo, a temperatura seca do melhor mês do ano, dissiparam-lhe o abespinhamento. Não ia consumir a sua disposição numa zanga fútil, por causa duma aguadeira.
Volveu o pensamento para a viúva do Baixo Monte, a estupenda Lucrécia, a sua última conquista que não esperara acabar o luto para se lhe entregar nos braços. Se era rica em bens, mais o era na cama, com aqueles jeitosos seios de rola arrulhante. Enquanto aguardasse o recato do luto, não viria com exigências e podia aproveitar-se bem. Quando completasse um ano, então chegaria o momento da verdade. Mas esta data ainda estava bem longe, tinha muitos meses para planear como descartar-se dela.
Ladeou o Jardim de S. Francisco, onde crianças chilreantes, acompanhadas das criadas, corriam nas áleas dos canteiros, e aproximou-se da muralha que o separava do mar. A baía da Praia Grande, desde o fortim de S. Francisco até a curva do Bom Parto, coalhava-se de juncos e lorchas, na poalha do sol. Encaminhou-se na sombra recolhida das árvores de pagode, cujos murmúrios eram um fundo musical para a cantilena da maré enchente, espumando nos granitos da Praia Grande.
Henrique de Senna Fernandes
- A Trança Feiticeira (1993 – excerto)
MEMÓRiA

01OUT1910-1934 - Bonnie Elizabeth Parker, aliás Bonnie Parker: Criminosa americana - «Tal como as flores embelezam ao sol e ao relento, também este mundo brilha mais com gente como tu!» (a Clyde Barrow). IMAG.212-293-467-700

02OUT1890-1977 - Julius Henry Marx, aliás Groucho Marx: Actor americano - «Antes de começar a falar, quero que saibam que não tenho nada de importante a dizer». IMAG.24-136-293-622-648

1851-03OUT1910 - Miguel Augusto Bombarda, aliás Miguel Bombarda: Psiquiatra e político português, professor da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, director do Hospital de Rilhafoles, membro do Comité Revolucionário que implantou a República em Portugal - «Não queria morrer já… Isso seria dar um alegrão à canalha que me odeia!». IMAG.169-293-313

1943-04OUT1970 - Janis Lyn Joplin, aliás Janis Joplin: Compositora e cantora americana - «Mesmo que os nossos lábios não se cruzem novamente, posso dizer em silêncio tudo aquilo que ficou escondido para sempre. Haverá momentos em que os nossos pensamentos se encontrarão no espaço e, assim, sentiremos falta de estarmos novamente juntos». IMAG.599

1923-04OUT2010 - Henrique Miguel Rodrigues de Senna Fernandes, aliás Henrique de Senna Fernandes: Escritor e professor português, natural de Macau - «Não sei o quanto valem os escritos, mas escrevo e estou bem comigo». IMAG.327-439

1819-05OUT1880 - Jakob Eberst, aliás Jacques Offenbach: Compositor e violoncelista francês de origem alemã, autor de Orfeu Nos Infernos/Orphée aux Enfers - «Ele cumpre a função de remediar a estupidez, de proporcionar uma respiração à razão e de estimular a actividade mental» (Karl Krauss). IMAG.711

1923-05OUT2010 - Bernard Charles Henri Clavel, aliás Bernard Clavel: Jornalista e escritor francês, distinguido com o Prémio Goncourt (Les Fruits de L’Hiver - 1968); em 1977, abandonou a Academia Goncourt, e recusou por duas vezes a condecoração da Legião de Honra - «Messieurs les censeurs, bonsoir!». IMAG.327-420

VISTORiA

A escala social de Hollywood é alta e causa vertigens e, precisamente abaixo do degrau do fundo, encontrará, se olhar bem de perto... Ora, continue a ler.
ão vinte e três horas, e estou sentado na cama com as obras completas de Sir Walter Scott e um copo de leite quente. Não pense que tenho estado toda a noite na cama. De facto, acabei de chegar de um jantar. Encontravam-se lá seis pessoas, incluindo a anfitriã e o marido. Antes de comer, bebemos um copo de xerez cada um e, depois da refeição, tomámos um licor e conversámos durante duas horas. Às dez e meia, os bocejos generalizaram-se e, cerca das onze, já estava na cama.
Após trinta anos em Hollywood, cheguei à conclusão, lenta e relutantemente, de que sou um autêntico falhado social.
Groucho Marx
- Memórias de Um Pinga-Amor (1963 - excerto)
RELATÓRiO

Eu, Miguel Augusto Bombarda, lente da Escola Médica de Lisboa, de 59 anos de idade, casado, nascido no Rio de Janeiro, mas português, morador hoje no hospital de Rilhafoles, filho de António Pedro Bombarda e de Maria Teresa Bombarda, não professando a religião católica, desejo que, por ocasião do meu falecimento, me seja feito o enterro civilmente e por ser esta a minha espontânea e consciente vontade, quero que fielmente se cumpra.
- Lisboa, 14 de Julho de 1910


ANTIQUÁRiO

03OUT1910 - Poucas horas antes do início de uma revolução triunfante, o neurocirurgião e militante republicano Miguel Bombarda é assassinado pelo tenente Aparício Rebelo, um doente mental e seu paciente no Hospital de Rilhafoles, onde criou o Laboratório de Histologia em 1887. 
 
PARLATÓRiO

Eu nasci com apurada sensibilidade… Fui educado por uma mãe que o era verdadeiramente, e por um pai algo secreto… À nossa volta, convivendo connosco, havia artesãos, contadores de histórias que muito me impressionaram.
Bernard Clavel
BREVIÁRiO

Assírio & Alvim edita O Casamento e Outras Peças de Nikolai Gogol (1809-1852); tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra.  
IMAG.118-219-223-361-474-593-637-699-734

Gradiva edita O Universo de Hubert Reeves (argumento) e Daniel Casanave (ilustração). IMAG.203-534

EXTRAORDINÁRiO

OS HUMANIMAIS - Folhetim Aperiódico

À TRIPA SOLTA, A COBRA É MOLE - 7
Ouvira a Xarolas que, na Costa de Caparica, foi morto com três facadas um indivíduo apelidado Videira, que passava na localidade por sujeito bem quisto. O impiedado assassino, Appio de nome e seu próprio filho, evadiu-se num bote que meteu da Trafaria para Lisboa. Dizem que o infame era um rapaz baixo, trigueiro, magro e mal-encarado, constando que tinha regressado há pouco de certos arranjinhos torpes pelos lados de Sezimbra. O Comissário Geral da Polícia de Lisboa deu ordem para lhe descobrirem o paradeiro. Só que, entretanto, já Appio Videira outra vez se encontrava em pancas, pois banzou enfeitiçado pelo funesto sortilégio de Esther Barreno.
Continua

domingo, maio 19, 2019

IMAGINÁRiO #772

José de Matos-Cruz | 24 Setembro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

IMPUNIDADE
O Desconhecido do Norte Expresso (1951) é a adaptação livre e acidentada dum romance de Patricia Highsmith. Alfred Hitchcock (1899-1980) interessou-se pela narrativa «geométrica», inerente ao fulcro de uma conspiração sentimental, cujas variáveis eram a falta de escrúpulos e o engenho criminal. Insatisfeito com as sugestões de Raymond Chandler, Hitchcock acabou por se ocupar da composição ambígua das personagens, incumbindo da textura e dos diálogos o seu habitual colaborador Ben Hecht. Durante uma viagem de comboio entre Washington e Long Island, um famoso mas infeliz tenista trava conhecimento, por aparente casualidade, com um playboy ocioso e cínico. Este conhece todos os pormenores da sua vida pessoal e profissional, propondo-lhe eliminar a mulher, para casar-se com a filha de um senador; em troca, ele deverá assassinar o seu pai, por quem nutre um ódio profundo. Assim, sem móbil nem ligação plausíveis, os dois crimes ficarão impunes… A interpretação enfática de Robert Walker e Farley Granger estigmatiza uma estranha cumplicidade, entre o desprezo e a obsessão.
IMAG.3-4-14-19-26-29-44-48-49-51-71-85-111-112-142-146-163-168-179-188-191-238-271-280-283-288-307-312-327-351-354-377-381-384-386-428-429-440-449-495-500-501-521-528-550-562-573-588-591-613-617-644-652-654-718-730-738-746-751-760

CALENDÁRiO

12JAN-23FEV2019 - Em Lisboa, Galeria Pedro Cera expõe Choque - instalação / pintura de Dora Longo Bahia (Brasil).

18JAN-09MAR2019 - Em Lisboa, Galeria 3 + 1 apresenta Manglar - exposição de pintura de Juan Tessi (Peru).

23JAN-16MAR2019 - Em Lisboa, Fundação Carmona e Costa apresenta Where I Am Free - exposição de obras em papel de Carlos Bunga, sendo curadora Inês Grosso. IMAG.771

1937-24JAN2019 - José Lopes e Silva: Compositor português, músico e professor, membro fundador de Quadrifonia - «Um dos pioneiros da música contemporânea em Portugal. Fez sobretudo obras para viola a solo, mas também é autor de peças de câmara, obras vocais e eletroacústicas» (José Cutileiro).

25JAN-29MAR2019 - Em Lisboa, Carpintarias de São Lázaro apresenta Jeu de 54 Cartes - exposição de fotografia de Jorge Molder.  
IMAG.165-237-252-475-491-505-570-612-631-706

18ABR1930-26JAN2019 - Jean Victor Arthur Guillou, aliás Jean Guillou: Músico francês, compositor, organista e professor - «Ficou famoso como improvisador, procurando timbres invulgares e conseguindo efeitos muito especiais» (João Vaz).

1932-26JAN2019 - Michel Jean Legrand, aliás Michel Legrand: Músico e compositor francês, orquestrador e maestro, pianista, autor de bandas sonoras para filmes, distinguido com três Oscars, colaborador habitual de Jacques Demy - «…Reinventaram o musical como espectáculo popular, [pelo] entendimento de cinema e música como um mesmo tronco» (Luís Miguel Oliveira).

29JAN-05MAI2019 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta filmes, desenhos e fotogravuras da artista inglesa Tacita Dean, sobre conceito desenvolvido com Marta Moreira de Almeida. IMAG.475

VISTORiA

Na Índia teve lugar, há mais de três mil anos, no plano religioso, a mesma operação de recuperação cultural que, no plano científico, foi posta em vigor nos nossos dias pela psicanálise… A Índia não foi sublimada e humanizada pelo cristianismo.
Alberto Moravia
- Uma Ideia da Índia (1961 – excerto)

MEMÓRiA

1898-25SET1970 - Erich Paul Remark, aliás Erich Maria Remarque: Escritor alemão - «No desespero e no perigo, as pessoas aprendem a acreditar no milagre. De outra forma, não sobreviveriam». IMAG.663

1907-26SET1990 - Alberto Pincherle, aliás Alberto Moravia: Escritor e jornalista italiano - «É mais fácil ter ciúmes de um amigo feliz, do que ser generoso para um amigo que esteja na desgraça… A amizade é mais difícil e mais rara do que o amor. Há que preservá-la a todo o custo». IMAG.229-292-636

1892-27SET1940 - Walter Benedix Schönflies  Benjamin, aliás Walter Benjamin: Ensaísta e filósofo alemão - «O cronista que narra os acontecimentos, sem distinguir entre os grandes e os pequenos, leva em conta a verdade de que nada do que um dia aconteceu pode ser considerado perdido para a história. Sem dúvida, somente a humanidade redimida poderá apropriar-se totalmente do seu passado. Isso quer dizer: somente para a humanidade redimida o passado é citável, em cada um dos seus momentos». IMAG.37-153-292-378-488-506

1896-28SET1970 - John Roderigo Dos Passos, aliás John Dos Passos: Escritor americano de origem portuguesa, autor de Manhattan Transfer (1925) e da trilogia USA - 42nd Paralell (1930), Nineteen Nineteen (1932), The Big Money (1936) - «Sim. Tenho muitos primos [na Madeira]. A nossa família é muito grande. O meu avô emigrou para os Estados Unidos, um irmão dele foi para o Brasil e outros ficaram cá. Assim, tenho agora parentes aqui, em Lisboa, nos Estados Unidos e no Brasil» (1960). IMAG.292-546

1922-28SET2010 - Arthur Hiller Penn, aliás Arthur Penn: Cineasta americano, realizador e produtor - «Em Hollywood, os melhores acabam por arrepender-se… Já não existe mercado para os filmes que eu poderia dirigir. Os épicos de ficção científica e as fitas ao gosto juvenil estão fora dos meus parâmetros». IMAG. 44-212-231-257-327-387-433-704

1925-29SET2010 - Bernard Schwartz, aliás Tony Curtis: Actor americano - «Por um lado, fui tremendamente abençoado… Por outro, imensamente amaldiçoado». IMAG.327-447-517-748

VISTORiA

O materialista histórico não pode renunciar ao conceito de um presente que não é transição, antes se suspende no tempo e imobiliza-se. Porque esse conceito define exactamente aquele presente em que ele próprio escreve a história. O historicista apresenta a imagem eterna do passado, o materialista histórico faz desse passado uma experiência única. Ele deixa a outros a tarefa de esgotar-se no bordel do historicismo, com a prostituta era uma vez. Ele fica senhor das suas forças, suficientemente viril para fazer saltar pelos ares o continuum da história.
O historicismo culmina legitimamente na história universal. Em seu método, a historiografia materialista distancia-se dela talvez mais radicalmente que de qualquer outra. A história universal não tem qualquer armação teórica. O seu procedimento é aditivo. Ela utiliza a massa dos factos, para com eles preencher o tempo homogéneo e vazio. Pelo contrário, a historiografia marxista tem em sua base um princípio construtivo. Pensar não inclui apenas o movimento das ideias, mas também sua imobilização. Quando o pensamento pára, bruscamente, numa configuração saturada de tensões, ele comunica-lhes um choque, através do qual essa configuração se cristaliza enquanto nómada. O materialista histórico só se aproxima de um objecto histórico quando o confronta enquanto nómada. Nessa estrutura, ele reconhece o sinal de uma imobilização messiânica dos acontecimentos, ou, dito de outro modo, de uma oportunidade revolucionária de lutar por um passado oprimido. Ele aproveita essa oportunidade para extrair uma época determinada do curso homogéneo da história; do mesmo modo, ele extrai da época uma vida determinada e, da obra composta durante essa vida, uma obra determinada. O seu método resulta em que, na obra, o conjunto da obra; no conjunto da obra, a época; e, na época, a totalidade do processo histórico, são preservados e transcendidos. O fruto nutritivo do que é compreendido historicamente contém no seu interior o tempo, como sementes preciosas, mas insípidas.
Walter Benjamin
- Magia e Técnica, Arte e Política. Ensaios Sobre Literatura e História da Cultura
 (1939 - excerto)
COMENTÁRiO

Arthur Penn

Trouxe a sensibilidade dos filmes de arte e ensaio europeus dos anos ’60 para o cinema americano. Abriu caminho a uma nova geração de realizadores vindos das escolas de cinema.
Paul Schrader
BREVIÁRiO

Porto Editora lança Nó Cego de Carlos Vale Ferraz / Carlos Matos Gomes. IMAG.3-197-616-660-755

Universal edita em CD, sob chancela Verve, Ella at Zardi’s de Ella Fitzgerald (1917-1996). IMAG.460-566-608-657

Objectiva edita O Homem Mais Rico do Mundo - As Muitas Vidas de Calouste Gulbenkian (1869-1955) de Jonathan Conlin; tradução de Manuel Santos Marques. IMAG.43-523-697-742

Porto Editora lança Em Minúsculas de Herberto Helder (1930-2015); prefácio de Daniel Oliveira.  
IMAG.221-245-325-440-487-504-519-562-597-614-648

Flâneur edita Antologia Poética de Carl Sandburg (1878-1967); tradução de Alexandre O’Neill e Vasco Gato. IMAG. 139-255
 

domingo, maio 12, 2019

IMAGINÁRiO #771

José de Matos-Cruz | 16 Setembro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

PROBLEMAS
Como todos os adolescentes ante a crise para a maturidade, Superboy andava, em 2002, em busca de experiências, orientado por uma nova equipa criativa: os argumentistas Dan Didio & Jim Palmiotti (lembrar Deadpool), e os ilustradores John McCrea (Hitman) & James Hodgkins, que se prestigiaram com Jenny Sparks: The Secret History of the Authority. O número 94 da revista titular, sob chancela DC Comics, tem uma capa impecável, assinada por J.G. Jones (Marvel Boy), e as aventuras que se seguem são no mínimo surpreendentes. Não, desta vez Cadmus não está por perto, a antecipar possíveis azares. Mas, Superboy enfrenta o maior desafio: procurar um apartamento! Até agora, ele nunca teve casa própria, e acabará por envolver-se numa disputa feroz, para lograr um tecto na selva de cimento… Estando implícita a tentativa para identificar os jovens leitores, com um paladino irreverente, mas corajoso, haverá derivações nesta adequação a uma vida normal. Superboy vai descobrir mais sobre os seus extraordinários poderes, interrogar-se-á sobre os motivos e o destino de uma vida tão estranha como a sua. Acabando a contar o dinheiro, para pagar a renda ao fim do mês!
IMAG.183-717

CALENDÁRiO

1922-23JAN2019 - Jonas Mekas: Artista, poeta e cineasta americano, nascido na Lituânia, crítico de cinema, realizador e dinamizador pela vertente experimental, sob o signo de Nova Iorque - «Sem ele e sem a sua acção, a mitologia artística da cidade não seria a mesma» (Luís Miguel Oliveira).

23JAN-13FEV2019 - Em Lisboa, Galeria da Sede Nacional da Ordem dos Arquitectos apresenta Ilha - exposição de fotografia de Paulo Pimenta, sendo curador José Rosinhas. IMAG.704

23JAN-20MAI2019 - Em Lisboa, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia / MAAT expõe The Architecture of Life. Environments, Sculptures, Paintings and Films de Carlos Bunga, sendo curadora Iwona Blazwick.

26JAN2019 - Em Lisboa, Casa Virginie apresenta A Cidade das Lutas Obscuras - exposição de fotografia de Christophe Sauvage.

VISTORiA

Aos Simples

Ó almas que viveis puras, imaculadas,
Na torre de luar da graça e da ilusão,
Vós que inda conservais, intactas, perfumadas,
As rosas para nós há tanto desfolhadas
Na aridez sepulcral do nosso coração;
Almas, filhas da luz das manhãs harmoniosas,
Da luz que acorda o berço e que entreabre as rosas,
Da luz, olhar de Deus, da luz, bênção d’amor,
Que faz rir um nectário ao pé de cada abelha,
E faz cantar um ninho ao pé de cada flor;
Almas, onde resplende, almas onde se espelha
A candura inocente e a bondade cristã,
Como num céu d’Abril o arco da aliança,
Como num lago azul a estrela da manhã;
Almas, urnas de fé, de caridade e esp’rança,
Vasos d’ouro contendo aberto um lírio santo,
Um lírio imorredouro, um lírio alabastrino,
Que os anjos do Senhor vêm orvalhar com pranto,
E a piedade florir com seu clarão divino;
Almas que atravessais o lodo da existência,
Este lodo perverso, iníquo, envenenado,
Levando sobre a fonte o esplendor da inocência,
Calcando sob os pés o dragão do pecado;
Benditas sejais vós, almas que est’alma adora,
Almas cheias de paz, humildade e alegria,
Para quem a consciência é o sol de toda a hora,
Para quem a virtude é o pão de cada dia!
Guerra Junqueiro
(excerto)
ANUÁRiO

1470-1536 - Garcia de Resende: Cronista português, poeta, médico, arquitecto, autor de Crónica de D. João II (ed. 1545) e de Miscelânea e Variedade de Histórias (ed. 1554) - «Porque a natural condiçam dos Portugueses é nunca escreverem cousa que façam, sendo dignas de grande memória, muitos e mui grandes feitos de guerra; paz e vertudes, de ciência, manhas e gentilezas sam esquecidos» (Prólogo ao Cancioneiro Geral - 1516, excerto).
 IMAG.92-296-549

1530-1596 - Jean Bodin: Jurista francês, professor de leis e filósofo político - «Nada havendo de maior sobre a terra, depois de Deus, que os príncipes soberanos, e sendo por Ele estabelecidos como seus representantes para governarem os outros homens, é necessário lembrar-se de sua qualidade, a fim de respeitar-lhes e reverenciar-lhes a majestade com toda a obediência, a fim de sentir e falar deles com toda a honra, pois quem despreza seu príncipe soberano, despreza a Deus, de Quem ele é a imagem na terra» (A República - 1576). IMAG.266-578

1550-1602 - Emilio de Cavalieri: Compositor italiano, organista, coreógrafo e bailarino, autor de Rappresentatione di Anima et di Corpo (1600) - O «mais antigo documento a recorrer de modo substantivo ao canto, à acção de palco, à dança e à música instrumental» (René Jacobs). IMAG.603

1550-1622 - Francisco Sanches: Médico, filósofo e matemático português, autor de Quod Nihil Scitur (1581) - «Astrónomo, geómetra, filósofo e médico, observador infatigável da Natureza, autêntico protótipo do homem do Renascimento, legou-nos uma obra que foi o arauto da revolução filosófica dos Séculos XVII e XVIII» (Artur Moreira de Sá). 
 
BREVIÁRiO

Abysmo edita Leviatan | Espelhos Negros de Arno Schmidt (1914-1979); tradução e prefácio de Mário Gomes.

Warner edita em CD, sob chancela Erato, Giacomo Meyerbeer [1791-1864]: Grand Opera por Diane Damrau, com Orchestre et Choeur de l’Opéra National de Lyon, sob a direcção de Emmanuel Villaume. IMAG.406

E-Primatur edita O Anel dos Löwenskölds de Selma Lagerlöf (1858-1940); tradução de João Reis. IMAG.203-204-267-319

Stolen Books edita As Aventuras de Qualquer Coisa de André Ruivo.  
IMAG.375-378-390-405-407-416-430-435-596

Cavalo de Ferro edita Uma Biblioteca da Literatura Universal de Hermann Hesse (1877-1962); tradução de Virgílio Tenreiro Viseu.
 IMAG.137-349-382-617-669-719

VISTORiA

Como todos os homens, aquele era muito mais eloquente a pedir do que ao agradecer.
Prosper Mérimée
- La Double Méprise (1833 - excerto)
MEMÓRiA

17SET1850-1923 - Abílio de Guerra Junqueiro: Ficcionista e poeta português - «Quando a alma, ao termo de mil hesitações e desenganos, cravou as raízes para sempre num ideal de amor e de verdade, podem calcá-la e torturá-la, podem-na ferir e ensanguentar, que quanto mais a calcam, mais ela penetra no seio ardente que deseja». IMAG.82-90-252-291-307-347-352-425-554

15MAI1890-18SET1980 - Katherine Anne Porter: Escritora americana, ensaísta e ficcionista, autora de A Nave dos Loucos (1962) - «Deve haver uma espécie de ordem no universo, no movimento das estrelas, na rotação da Terra e na mudança das estações do ano, mas a vida humana é quase o puro caos». IMAG.572

1942-18SET1970 - Johnny Allen Hendrix, aliás James Marshall Hendrix, aliás Jimi Hendrix: Compositor, guitarrista e cantor americano - «Well I wait around the train station / Waitin’ for that train / Waitin’ for the train, yeah / Take me, yeah, from this lonesome place / Well now a whole lotta people put me down a lot ‘a changes / My girl had called me a disgrace» (Hear My Train a Comin’ - excerto). IMAG.2251-291-300-396-745

1788-21SET1860 - Arthur Schopenhauer: Filósofo alemão - «Todos os espíritos são invisíveis para os que os não possuem, e toda a avaliação é um produto do que é avaliado pela esfera cognitiva de quem avalia». IMAG.125-167-295-647

1803-23SET1870 - Prosper Mérimée: Escritor francês, historiador e arqueólogo - «Todas as grandes mentiras necessitam de um detalhe bem circunstanciado, de modo a que possam tornar-se credíveis». IMAG.291-436

23SET1920-2014 - Joseph Yule Jr, aliás Mickey McBan, aliás Mickey Rooney: Actor americano de cinema, teatro e televisão, distinguido com um Oscar especial em 1939, «por trazer para a tela o espírito e a personificação da juventude» - «Fui um rapaz de catorze anos durante três décadas». IMAG.508

23SET1930-2004 - Ray Charles Robinson, aliás Ray Charles: Pianista e cantor soul americano - «Nasci com a música dentro de mim, e tornou-se tão necessária como comer ou beber». IMAG.211-347-387-470
 
EXTRAORDINÁRiO

OS HUMANIMAIS - Folhetim Aperiódico

À TRIPA SOLTA, A COBRA É MOLE - 6
Ao mesmo tempo, o Catraio tentava envolver Esther num sórdido negócio de rameiras. Ela protestou, resistindo à socapa e escapando-lhe. O manhoso perseguiu-a, a conjecturar mesmo a propinação de um veneno. Parece que, prestes à vingança ter efeito, o dono da hospedaria onde Julião pousou e operava, desconfiando das suas intenções, havia comentado: «Vê lá o que fazes!». Ao que o Catraio lhe tornou: «Ora, que no degredo também se come pão...» Antes, porém, de ser preciso aquele que o diabo amassou, uma retaliação feminina consumava-se fulminante.
Continua