sábado, maio 26, 2018

IMAGINÁRiO #717

José de Matos-Cruz | 01 Agosto 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

SINTOMAS
Aquilo que parecia impossível, estará mesmo a acontecer? É verdade! Superboy corre o risco de enfrentar um perigo pior que o mais perverso inimigo, e que provém de ele próprio: sente-se cada vez mais aborrecido e desleixado… Esta novidade surgiu na revista Superboy #83 (2002), com os então artistas responsáveis: o argumentista Joe Kelly (lembrar Steampunk) e o ilustrador Pascual Ferry (Warlock) juntaram-se ao habitual colorista Keith Champagne, reservando para o Kid ainda mais surpresas, em que a acção é matizada pelo humor. Atravessando uma crise de adolescência, Superboy começa a fartar-se com as circunstâncias que o converteram num prodígio do Universo DC, e em que considerava fora de moda o que tinha acontecido cinco minutos antes. Preocupado com tais sintomas, Superboy aconselha-se com alguns amigos - como Superman, Steel e outros jovens heróis da Young Justice. Por fim, disposto a tomar medidas drásticas, Kid faz mesmo a sua autocrítica, acabando por concluir que, para ultrapassar qualquer problema de identidade, o melhor é cuidar mais do seu aspecto exterior!IMAG.183

CALENDÁRiO

1932-01MAR2018 - Artur Costa Correia, aliás Artur Correia: Artista português de banda desenhada e de cinema de animação - «Desenhador notável, de traço simples e gentil, os seus filmes fazem parte do imaginário de uma geração» (Cinemateca Portuguesa). IMAG.17-92-128-256-278-312-365-409

02MAR-30SET2018 - Em Lisboa, Teatro Nacional D. Maria II apresenta Amélia (Rey Colaço - 1898-1990) - exposição de fotografia e objectos, sendo comissários Cláudia Madeira, Filipe Figueiredo e Teresa Flores.
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08MAR-27MAI2018 - Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva apresenta, no Museu, Urbe - exposição de desenho de Pedro Gomes. IMAG.292 
 
VISTORiA

Voz

Voz modelada na certeza irreal
da montanha que respira o húmus do vento,
espalha as sementes vegetais do sal,
nos lagos da terra, único alimento!

E os lagos se vestem de ondas que assaltam
a parede lisa deste quarto fechado:
a abóboda celeste que os anjos asfaltam
dum visgo babado…
Alexandre Pinheiro Torres

Vigília

No panorama de frio
jazia cristalizado o voo dos gaviões.

Ao seu encontro ia fremente
o respirar da terra quente quase adormecida.

Fluía um riso irónico das dentaduras alvas da neblina
para bocas de ouvidos,
olhos de bocas.

Surgiu então coberto de silêncio
o homem que desde sempre morrera trucidado.

O seu sangue caía enquanto andava.
Das gotas pelo chão se levantaram logo as árvores de fogo
dentro em pouco a floresta incendiária
de todo o frio que o chamava.

E antes que soprasse a ventania
a borboleta colorida foi queimada.

Mas antes que o sol humidamente
repousasse num clarão de olhos fechados,
as cinzas de pirâmides se espalhavam
indo ferir o enorme olho esbugalhado
que de aquém fitava um espaço maior!
Edmundo de Bettencourt
- Poemas Surdos

VISTORiA

A educada presteza com que alguém recebe dinheiro é realmente maravilhosa, considerando que tão gravemente acreditamos que o dinheiro é a raiz de todos os males terrenos e que em hipótese nenhuma um homem endinheirado entrará no paraíso. Ah! Com que alegria nos despachamos para a perdição!
Herman Melville
- Moby Dick (excerto)

Traz Outro Amigo Também

Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também

Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também
José Afonso

MEMÓRiA

01AGO1819-1891 - Herman Melville: Ficcionista, poeta e ensaísta americano - «Uma parte indispensável do trabalho de copista reside, precisamente, em verificar a exactidão da cópia que faz, palavra a palavra. Quando existem dois ou mais, ajudam-se mutuamente nesse exame, um lendo a cópia e o outro seguindo o original. É um trabalho aborrecido, enfadonho e entorpecedor. Imagina-se facilmente quão intolerável será para um temperamento sanguíneo.» (Bartleby - excerto). IMAG.59-339-340-551-578-590

1936-01AGO2009 - Manuel António dos Santos Lourenço, aliás M.S. Lourenço: Escritor português, poeta, filósofo, professor e tradutor - «Pois bem, nada mudou, nem um grão. / Ainda vamos, pela manhã, olhar o caminho / Da janela alta da casa. Nada, nem um traço.» IMAG.264-294-562

02AGO1939-2015 - Wesley Earl Craven, aliás Wes Craven: Cineasta americano, realizador, argumentista, produtor e actor - «Às vezes, interrogo-me se gostaria de granjear um grande reconhecimento. Depois, lembro-me dos impressionistas franceses, que receavam não poder ousar, caso fossem membros de uma academia… O que não me agradaria mesmo nada». IMAG.341-582

1923-03AGO1999 - Alexandre Pinheiro Torres: Escritor português - «No fundo, era um homem extremamente bondoso e um incansável trabalhador. A sua biblioteca pessoal era gigantesca, trepando pelas paredes da sua casa e invadindo, com eloquência, as do seu gabinete de trabalho: livros obviamente lidos, com voracidade e penetração» (Eugénio Lisboa). IMAG.237-440-655

02AGO1929-1987 - José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, aliás José Afonso: Cantor e compositor português - «O que mais me prende à vida / Não é amor de ninguém. / É que a morte de esquecida / Deixa o mal e leva o bem.» (Trovas Antigas - excerto).  
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1914-05AGO2009 - Seymour Wilson Schulberg, aliás Budd Schulberg: Escritor e argumentista de cinema, distinguido com o Oscar por Há Lodo No Cais (1954) - «Viver de um modo consciente é como conduzir um automóvel com falhas dos travões… O silêncio é o sinal mais evidente de que estamos no caminho certo para sobreviver em Hollywood». IMAG.205-265-460

06AGO1809-1892 - Alfred Tennyson: Poeta inglês, autor de Crossing the Bar - «Ainda que muito esteja perdido, muito nos resta; e ainda que perdida a força dos velhos dias, que movia céus e terras. Somos o que somos; uma coragem única nos corações heróicos, débeis pelo tempo e pelo destino, mas persistentes em lutar, achar, buscar e jamais nos rendermos». IMAG.389

07AGO1899-1973 - Edmundo de Bettencourt: Poeta e cantor português - «Mistérios a pouco e pouco vão morrendo / e extenuados de vigília os anjos / são afinal as sussurrantes sibilinas vozes / que desvendam adivinham segredos / atrás de sentinelas / cuja ferocidade é uma ironia de ternura… / Na palidez da luz / cercando uma velha cabeça / a quem um sono de embrião já tolda os olhos / sorriem enigmáticos os sonhos.» (O Segredo e o Mistério). IMAG.175-237-405-513

07AGO1919-2014 - Abel Caetano Escoto, aliás Abel Escoto: Cineasta português, realizador e director de fotografia de Os Toiros de Mary Foster (1972 - Henrique Campos) - «expondo em 70 mm um imaginário de adversidades e coragem» (José de Matos-Cruz). IMAG.534

1933-07AGO2009 - Mike Seeger: Compositor e músico americano de folk - «Gravou e ajudou a produzir dezenas de álbuns daquilo a que chamava a verdadeira música americana, uma mistura das tradições britânica e africana com o jeito de contar histórias com raízes no sul» (The New York Times). IMAG.265-430

INVENTÁRiO

Artur Correia

Atraído para o desenho pela banda-desenhada, levado para o cinema de animação por influência, muito jovem, do cinema clássico da Disney, tinha no humor, na História e nos contos tradicionais portugueses as suas grandes motivações criativas.
02MAR2018 - Público / Lusa

BREVIÁRiO

Temas e Debates edita Sermão da Sexagésima e da Quaresma do Padre António Vieira (1608-1697); coordenação de Aida Lemos e Micaela Ramon.
IMAG.118-139-165-191-215-226-237-241-295-494-553-566-619-645
 

segunda-feira, maio 21, 2018

IMAGINÁRiO-Extra: SUSANA RESENDE – Iniciação à Arte Sequencial I-II

ilustração por Daniel Maia
Com coordenação da autora Susana Resende, decorre desde 8 Maio e até 21 Junho, na Quinta do Pátio d’Água, o curso de banda desenhada Iniciação à Arte Sequencial, a convite e sob a organização da Câmara Municipal de Montijo.
Como referimos em Extra anterior, esta acção de formação, dirigida principalmente aos curiosos e a autores amadores, visa introduzir os formandos na história e nas linguagens da narrativa visual, observando a teoria e a prática, e procurando desenvolver aptidões para a autodisciplina e para a criatividade, aplicadas na produção de obra curta em BD, realizada em atelier.
A última aula conta com a presença do autor Penim Loureiro, num colóquio sobre o seu percurso autoral em BD e metodologia criativa, participando ainda na apreciação dos trabalhos até então produzidos pelos alunos.

Entretanto, a forte adesão, com interessados de ambos os sexos, em variadas faixas etárias e com diversas experiências anteriores na área, levou a C.M.M., além de estender o limite de ocupação a quinze alunos, a dar continuação a esta iniciativa com a promoção de II Iniciação à Arte Sequencial, que decorrerá pouco depois da conclusão do primeiro curso, entre 29 de Junho e 27 de Julho.

Esse próximo curso – em tudo igual ao presente, e que já se encontra lotado nas mesmas quinze vagas – terá a participação de outro profissional da BD na aula conclusiva, que será o autor e director da Bedeteca de Beja, Paulo Monteiro.

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sexta-feira, maio 18, 2018

IMAGINÁRiO #716

José de Matos-Cruz | 24 Julho 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

REBELIÕES
Ao celebrar 25 anos de carreira e 50 de idade, Steven Spielberg revitalizou o espectáculo total e empolgante, em Amistad (1997), sobre um motim de escravos em navio negreiro espanhol, por 1839. Ocorreu ao largo de Cuba, envolvendo meia centena de africanos da Serra Leoa, transportados em condições desumanas - acorrentados, sob tortura ou, mesmo, lançados ao mar por excesso de peso. O projecto de Amistad adquiriu notoriedade em Novembro de 1996, assinalando o vínculo entre Spielberg e Dreamwork Pictures, o estúdio por ele criado com Jeffrey Katzenberg e David Geffen. Partindo de um evento real, sobre argumento escrito por David Franzoni e Steven Zaillian, a rodagem decorreu em Los Angeles, e nas paisagens da Nova Inglaterra e das Caraíbas. Spielberg recorreu a um elenco misto de vedetas - como Morgan Freeman, Nigel Hawtorne, Matthew McConaughey ou Anthony Hopkins - nível a que ascendeu, também, Djimon Hounsou como líder da rebelião. Estreado após uma tentativa de interdição judicial pela escritora Barbara Chase-Ribaud, sob acusação de plágio do seu romance Echo of Lions, logo Amistad provocou polémica entre historiadores, comentando-se que o tráfico de escravos não era um exclusivo dos reinos ibéricos, antes envolveria, também, a coroa britânica e, mesmo, interesses norte-americanos…
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CALENDÁRiO

22FEV2018 - Midas Filmes estreia Todas as Cartas de Rimbaud (2017) de Edmundo Cordeiro; com Maria Filomena Molder. IMAG.472-582

22FEV-19MAI2018 - Em Lisboa, Galeria Millennium apresenta a exposição de fotografia Poesia Mineral - Eduardo Souto de Moura por Nuno Cera. IMAG.249-349-529-611-627-664-669-670

23FEV-30ABR2018 - Em Lisboa, Torreão Nascente da Cordoaria Nacional apresenta Todos os Títulos Estão Errados - exposição de pintura e fotografia de Paulo Quintas, sendo curadora Isabel Carlos.

24FEV-26MAI2018 - Bedeteca da Amadora expõe, com Kingpin Books, O Elixir da Eterna Juventude - Mútuo Consentimento de Fernando Dórdio e Osvaldo Medina, com Sérgio Godinho como personagem principal. IMAG.125-508-593

28FEV-03JUN2018 - Em Lisboa, Museu Colecção Berardo expõe No Place Like Home, sendo comissária Adina Kamien-Kazhdan.

01MAR2018 - Alambique estreia Ramiro (2017) de Manuel Mozos; com António Mortágua e Madalena Almeida. IMAG.266-297-588

02MAR-29ABR2018 - Em Odivelas, Centro Cultural Malaposta apresenta Insectum Abstractus e Outras Obras - exposição de ilustração, pintura e fotografia de Sacruna.

03-31MAR2018 - Em Évora, Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo apresenta Ambiente - Sobressalto Permanente - exposição de pintura de José Maria Pinto Barbosa. 
 
VISTORiA

E tudo isto – a morte, o nosso medo, o nosso horror, a nossa impotência – só para aquela mão jovem, demasiado jovem, poder apanhar a miúda… Eu já mergulhava no acontecimento como se não fosse crime, mas aventura maravilhosa dos seus corpos inexperientes e surdos. Volúpia!
Witold Gombrowicz
- A Pornografia (1960 – excerto)

VISTORiA

Hesito em empregar a palavra liberdade, porque é precisamente, em nome da liberdade, que os crimes contra a humanidade são perpetrados. Essa situação não é, certamente, nova na História: pobreza e exploração foram produtos da liberdade económica; repetidamente, povos foram libertados em todo o mundo por seus amos e senhores, e a nova liberdade dessas gentes redundou em submissão não ao império da lei, mas ao império da lei dos outros. O que principiou como submissão pela força, cedo se converteu em servidão voluntária, colaboração em reproduzir uma sociedade que tornou a servidão cada vez mais compensadora e agradável ao paladar. A reprodução, maior e melhor, dos mesmos sistemas de vida, passou a significar, ainda mais nítida e conscientemente, o fechamento daqueles outros sistemas possíveis de vida que poderiam extinguir servos e senhores, assim como a produtividade de repressão.
Herbert Marcuse
- Eros & Civilização - Uma Interpretação Filosófica do Pensamento de Freud (1955 - excerto)

MEMÓRiA

1802-24JUL1879 - Jean Louis Auguste Commerson, aliás Jean Commerson: Aforista francês - «A virtude é uma linha horizontal, a força é uma linha vertical e a astúcia uma linha oblíqua». IMAG.370

1904-24JUL1969 - Witold Marian Gombrowicz, aliás Witold Gombrowicz: Ficcionista e dramaturgo polaco - «Quer saber qual é o meu plano? Nenhum. Sigo as linhas de força, compreende? As linhas do desejo. Nesta altura estou empenhado em que ele os veja e eles saibam, também, que ele os viu. Haverá que ligá-los a uma culpa. O que a seguir sucederá, mais tarde se vai ver.» (A Pornografia - 1960). IMAG.236-401-477

25JUL1929-2012 - Alexis Weissenberg: Compositor e pianista búlgaro, naturalizado francês - «Intelectualmente honesto, irónico e com uma certa distância em relação ao mundo. Não lhe interessava a fama, nem a intensa carreira de um pianista de concerto. Só tocava quando sentia que tinha algo a dizer ao mundo» (Norman Lebrecht). IMAG.391

1858-29JUL1939 - Ricardo de Almeida Jorge, aliás Ricardo Jorge: Escritor e médico português, investigador e higienista, professor e fundador do Instituto Nacional de Saúde. Nos anos ’20, terá suscitado a proibição da Coca-Cola em Portugal, ao conhecer o slogan publicitário de Fernando Pessoa - «Primeiro estranha-se, depois entranha-se». IMAG.658

1898-29JUL1979 - Herbert Marcuse: Filósofo alemão, naturalizado americano, autor de Psicanálise e Política (1968) - «O tempo não resolve tudo. Mas, acaba por afastar o que não tem solução das nossas preocupações centrais». IMAG.667

1910-30JUL1999 - Joaquim Martins Correia: Artista plástico português, escultor e pintor - «Um artista altamente criativo que, para além das encomendas oficiais, tem a sua escultura íntima, apaixonada por aquilo que mais admirava - o povo português, a memória da sua mãe, que trabalhava na terra, e a exaltação das grandes figuras da História de Portugal» (Lagoa Henriques). IMAG.236-261-585

31JUL1919-1987 - Primo Michele Levi, aliás Primo Levi: Escritor italiano, prisioneiro em Auschwitz, autor de Se Isto É Um Homem (1947) - «É melhor não governar o destino dos outros, pois orientar o nosso é já difícil e incerto». IMAG.126-236-244-412-416-575-606

PARLATÓRiO

As mulheres desconfiam muito dos homens na generalidade, e pouco na especialidade.
Jean Commerson

Tornei-me judeu em Auschwitz. A plena consciência da minha diferença foi-me imposta. Alguém, sem nenhuma razão, decidiu que sou diferente e inferior. Por uma reacção normal, senti-me diferente e superior. Neste sentido, Auschwitz deu-me algo que ficou… Recuperei o meu património cultural, a minha identidade como judeu.
Primo Levi

BREVIÁRiO

Dom Quixote edita Os Que Sucumbem e os Que Se Salvam de Primo Levi (1919-1987); tradução de José Colaço Barreiros.

Universal edita em CD, Nação Valente de Sérgio Godinho. IMAG.125-508-593

A+A Books edita Eduardo Souto de Moura - Projetos Construídos de Marta Sequeira e Michel Toussaint. IMAG.249-349-529-611-627-664-669

Valentim de Carvalho edita em CD, Amália Em Itália - “A Una Terra Che Amo” por Amália Rodrigues (1920-1999).
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EXTRAORDINÁRiO

OS ALTERNATIVOS - Folhetim Aperiódico

IRONIA E RECONSTITUIÇÃO DA CAVEIRA HIPOCONDRÍACA - 4

Num só criador, Arthur Lopes de Barros fizera-se humilde e versátil galã capaz de varrer os camarins, enquanto aprendia a compor uma cena, mas aguçando também o engenho como pintor, dramaturgo ou encenador de grandes reconstituições históricas. Popular pelos caprichos da comédia, insinuante pelos conflitos dramáticos, imortal pela saga épica contudo, seria exclusivamente o Cineasta, graças ao testemunho apologético em que, agora, investia o regime sagrado por Antero d’Oliveira Saraiva.
Continua
 

segunda-feira, maio 14, 2018

IMAGINÁRiO #715

José de Matos-Cruz | 16 Julho 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

INTERFERÊNCIAS
Entre os quadradinhos e o cinema, nos últimos oitenta anos, o que mudou desde que os heróis passaram a voar? A resposta a esta e muitas outras questões paira em Go Girl! (2000), sob chancela Image Comics - uma espécie de saga realista com aliciantes fantásticos, para os mais jovens mas capaz de agradar aos leitores de todas as idades. Tudo começa porque a pobre Lindsay julga que ninguém gosta dela e, tal como sucedia nos filmes antigos, sonha que seria feliz se pudesse evadir-se do seu próprio mundo. Sobretudo, tal como James Stewart quanto aos inimigos, podendo ver-se finalmente livre de Go Girl - mas a verdade é que o carismático actor nunca teve de enfrentar tão terríveis adversários e malfeitores. Além de que, a qualquer pessoa com uma dupla personalidade, fica sempre bem vigiar os inimigos lá do alto, para um ataque fulminante…
Uma prestigiada argumentista, Trina Robbins aliou-se à ilustradora Anne Timmons, para recriarem, sob uma perspectiva feminina, o universo dos paladinos urbanos - com muitas peripécias, alguns azares e, sobretudo, um jogo sugestivo de identificação com as mais novas gerações de leitores.

CALENDÁRiO

31JAN-03MAR2018 - Em Lisboa, Galeria Baginski apresenta Três Estações Nocturnas - exposição de pintura, desenho e escultura de Paulo Brighenti.

03FEV-03MAR2018 - No Porto, Sismógrafo apresenta C For Heads / H Para Cabeças - exposição de desenho e pintura de Jorge Queiroz, sendo curador Óscar Faria. IMAG.351-603-621-666

03FEV-17MAR2018 - Em Lisboa, Fundação Carmona e Costa apresenta Todas as Histórias - exposição de desenho e vídeo de Vasco Araújo, sendo curador Pedro Faro. IMAG.554

1921-13FEV2018 - Maria Natália Nunes, aliás Natália Nunes: Escritora portuguesa, ficcionista, dramaturga e ensaísta, autora de Autobiografia de Uma Mulher Romântica (1955) - «Nós temos projectos que nunca se realizam, porque vêm outros que nos exigem mais ou porque a vida não deixa. A vida não nos deixa fazer muitas coisas» (a Página da Educação).

15FEV-29ABR2018 - Em Lisboa, Atelier-Museu Júlio Pomar expõe Chama de Júlio Pomar, Rita Ferreira e Sara Bichão, sendo curadora Sara Antónia Matos. IMAG.19-312-449-495-505-534-552-553-562-582-596-604-610-620-631-635-646-652-676-710

23FEV-15ABR2018 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta O Lirismo Plástico - exposição de pintura de Paul Mathieu (Bélgica).

PARLATÓRiO

Uma vez, durante a tarde, a linha começara de novo a erguer-se. Mas o peixe continuara a nadar normalmente, embora a um nível um pouco mais elevado. O sol batia agora no braço, no ombro direito e nas costas do velho. Por isso, ele sabia que o peixe virara para nordeste.
Agora, que já o tinha visto uma vez, podia imaginar o peixe a nadar com as suas barbatanas peitorais, purpúreas e abertas como duas asas imensas, e a imponente cauda, erecta, cortando a escuridão das águas. «A que distância poderá ele ver naquela escuridão?», pensou o velho. «Tem os olhos enormes, e um cavalo, com olhos muito mais pequenos, pode ver bastante bem no escuro. Antigamente, eu também via bastante no escuro. Não numa escuridão completa, naturalmente. Mas quase tão bem como um gato.»
O sol e os movimentos regulares dos dedos tinham afastado a câimbra completamente e já conseguira recuperar o uso da mão esquerda. Passou um pouco do esforço para essa mão, distendendo os músculos das costas para aliviar a dor que a linha lhe provocava.
Se ainda não estás cansado, peixe – disse, em voz alta – és, na verdade, um peixe muito estranho.
Ernest Hemingway
- O Velho e o Mar (1952 – excerto)

MEMÓRiA

1908-16JUL1989 - Heribert Ritter von Karajan, aliás Herbert von Karajan: Maestro austríaco - «…Provavelmente, o maestro mais conhecido do mundo e uma das figuras mais poderosas na música clássica» (The New York Times).
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17JUL1899-1986 - James Francis Cagney, aliás James Cagney: Actor e bailarino americano de teatro e cinema - «Avança decidido, põe os pés firmes na terra, olha o sujeito bem nos olhos e diz-lhe a verdade!». IMAG.76

17JUL1919-1982 - João José Cochofel: Poeta e ensaísta português - «Teus olhos húmidos eram lagos / em que nosso desejo se mirava. // Tua boca entreaberta era a mensagem / do teu corpo moço que se dava. // Teu hálito quente / embrulhado de desejo / vinha de não sei lá que profundezas / em que de amor tuas entranhas se abrasavam. // E havia, amor, a envolver-nos, / essa solidão enorme / entre pinheiros, céu e terra quente / da tarde que dorme…» (Tarde). IMAG.68-362

17JUL1939-2012 - Pedro Correia Vaz Osório, aliás Pedro Osório: Compositor, maestro, orquestrador e pianista português - «…Era tão multifacetado quanto exigente e empenhado em cada projecto a que se dedicava… Imprimiu sempre uma marca de contemporaneidade e modernidade na música ligeira portuguesa» (Francisco José Viegas). IMAG.261-391-589

1915-17JUL1959 - Eleanora Fagan Gough, aliás Billie Holiday: Cantora americana de jazz - «Ao cantar, se imitamos, não estamos realmente a sentir. Não existem sobre a Terra duas pessoas iguais, e o mesmo se deve passar com a música - ou, então, não é verdadeira música». IMAG.235-396-509-608

21JUL1899-1961 - Ernest Miller Hemingway, aliás Ernest Hemingway: Escritor americano, distinguido como Prémio Nobel da Literatura (1954) - «Todos os bons livros têm uma coisa em comum - são mais verdadeiros se, realmente, o que descrevem houver acontecido».  
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1931-23JUL1989 - Donald Barthelme: Escritor americano - «O objectivo da literatura… é a criação de estranhos objectos cobertos com pele, e que nos deixam de coração partido.» (Come Back, Dr. Caligari - excerto). IMAG.503

1914-23JUL2009 - Joaquim Luís Gomes: Músico português - «Um muito bom compositor, um excelente orquestrador, com uma sólida preparação teórica, e um homem de bondade e gentileza extremas» (Pedro Osório). IMAG.261-496

VISTORiA
O Verão estala
por todos os poros
da casca das árvores,
da língua dos cães,
das asas das cigarras,
do bico do peito das mulheres,
tão acerado
que rasga o céu de calor
com um golpe preciso
de lanceta.
João José Cochofel
- Quatro Andamentos (1964)
BREVIÁRiO

Harmonia Mundi edita em CD, Wolfgang Amadeus Mozart [1756-1791]: Requiem por Sophie Karthäuser, Marie-Claude Chappuis, Maximilian Schmitt e Johannes Weisser, com Freiburger Barockorchester e RIAS Kammerchor, sob a direcção de René Jacobs.
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Elsinore edita Rapazes de Zinco de Svetlana Alexievich/Aleksievitch; tradução de Galina Mitrakhovich. IMAG.588-637-688

ANTIQUÁRiO

20JUL1969 - Às 22 horas e 56 minutos, culminando a Missão Apollo XI, sob o signo da NASA, o módulo Eagle desce na Lua e o astronauta comandante Neil Armstrong (1930-2012) é o primeiro a tocar a superfície selenita, declarando: «Este é um pequeno passo para o Homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade!».
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PARLATÓRiO

O Homem Na Lua
Este espectáculo inédito tem o sabor da liberdade. Não é só a cosmonáutica que está de parabéns, é também a poesia. Primeiro foi o sonho e agora já se pode sair daqui da Terra e voltar vivo. Bem sonhado e bem realizado o sonho de Ícaro e de Júlio Verne.
Almada Negreiros
- JUL1969 - Diário de Notícias

Quero tudo e não quero nada. Posso? É-me permitida tal ousadia?
Ernest Hemingway

EXTRAORDINÁRiO

OS ALTERNATIVOS - Folhetim Aperiódico

IRONIA E RECONSTITUIÇÃO DA CAVEIRA HIPOCONDRÍACA - 3

Quando a civilização se expunha em palco de guerra, a sua influente personalidade representaria, pelo espectáculo, um baluarte da paz. Para tal, pondo ao serviço do Estado Novo as plenas expectativas duma carreira auspiciosa iniciada como estagiário virtual nos cenários germânicos da Ufa, ainda ao tempo das imagens puras, e potenciada com os estúdios da Nobis Portuguesa, pela megalomania de cintilar na tela uma indústria falante.
Continua