segunda-feira, abril 29, 2019

IMAGINÁRiO #768

José de Matos-Cruz | 24 Agosto 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004 

PRONTUÁRiO

HERANÇAS
É porventura supérfluo citar Walt Disney (1901-1966) como referência essencial, quanto ao cinema de Hollywood no domínio da animação. Além da controvérsia jamais sanada, sobre as virtualidades intrínsecas e as ousadias do criador, subsiste a complexidade perante uma chancela consensual e, por vezes, inextrincável nas perspectivas técnica e artística. Mais do que isolar Disney como pioneiro ou vanguardista, realçam-se os contornos de uma personalidade que, primordialmente, teria assinado alguns clássicos ainda insuperados - apesar dos múltiplos talentos que na Companhia se revelaram, ou da evolução e dos recursos sectoriais da indústria fílmica. Por outro lado, e com razoável fidelidade ao seu mentor, o império Disney estendeu-se a outras áreas ou alcances de prospecção, sob o signo sofisticado do entretenimento e do espectáculo. Ou seja, mantido o culto e processada a respectiva reciclagem - sempre através de figuras, padrões e fenómenos que o popularizaram - toda a persistência passa pelo vínculo potencial de homenagem e rendibilidade. Com incidências dificilmente perspectiváveis, originalmente: basta pensar no acesso através da televisão, ou no negócio prefigurado pelo vídeo e que, entretanto, se repercutiria pelas mais-valias próprias ou adicionais de difusão.
IMAG.7-8-18-21-30-32-37-47-50-69-80-90-99-107-110-116-123-155-175-203-219-250-260-304-349-470-506-510-529-545-590-619-622-674-702-708-717-753-756-766

CALENDÁRiO

27OUT2018-31JAN2019 - Biblioteca Pública Municipal do Porto expõe Editor de Vanguardas: Fernando Ribeiro de Mello [1941-1992] e a Afrodite, sendo curador Pedro Piedade Marques.

06NOV2018-02FEV2019 - Em Almada, Galeria Municipal de Arte apresenta Geografia Dormente - exposição de fotografia e vídeo de Mónica de Miranda, sendo curadora Filipa Oliveira. IMAG.458

05-25JAN2019 - No Porto, Mosteiro de São Bento da Vitória apresenta Mnémosyne - exposição de fotografia e performance de Josef Nadj (Sérvia / França). 
 
04JAN2019 - Na Amadora, Clube Português de Banda Desenhada/CPBD comemora os 100 Anos do Nascimento de Eduardo Teixeira Coelho (1919-2005), iniciando uma série de exposições temáticas, que se prolongarão ao longo do ano: ETCoelho Inédito (JAN), Os Animais Na Obra de ETCoelho (FEV), ETCoelho e a Figura Humana (ABR), As Águas Na Obra de ETCoelho (MAI), ETCoelho Erótico (JUN), História e Literatura Na Obra de ETCoelho (JUL-AGO), A Flora Na Obra de ETCoelho | ETCoelho e o Western (SET), Publicidade e Postais Ilustrados Na Obra de ETCoelho | Estilização e ETCoelho (OUT), Grafismo e ETCoelho | Armas Na Obra de ETCoelho (NOV), ETCoelho Em Construções de Armar | Publicações Estrangeiras (DEZ). IMAG.28-31-41-43-85-117-129-132-209-328-372-568-578-607-617-689-727

10JAN2019 - Uma Pedra No Sapato produziu, e estreia Terra Franca (2018) de Leonor Teles; documentário sobre a vida do pescador Albertino Lobo. IMAG.617

17JAN-17MAR2019 - Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva apresenta, no Museu, Da História das Imagens - exposição de fotografia (1972-1988) de Manuel Casimiro, sendo curadora Isabel Lopes Gomes. IMAG.72-333-386

COMENTÁRiO

A independência é o privilégio dos fortes, da reduzida minoria que tem o ardor de auto-afirmar-se. E aquele que trata de ser independente, sem estar a isso obrigado, mostra não apenas que é forte mas, também, possuidor de uma audácia imensa. Aventura-se num labirinto, multiplica os mil perigos que a vida implica; isola-se e deixa-se arrastar por algum minotauro oculto na caverna de sua consciência. Se tal homem se extinguisse, estaria tão longe da compreensão dos homens que estes nem o sentiriam nem se comoveriam em absoluto. O seu caminho está traçado, não pode voltar atrás, nem sequer lograr a compaixão dos seres humanos.
Friedrich Nietzsche

VISTORiA

A progressão da filosofia é necessária. Toda a filosofia surgiu, necessariamente, na época do seu aparecimento. Toda a filosofia surgiu no momento em que devia: nenhuma ultrapassou o seu tempo; toda ela apreendeu, pelo pensamento, o espírito de sua época…
O conjunto da história da filosofia apresenta uma progressão em si, consequente, necessária; é racional em si, determinada por si mesma, pela ideia.

Georg Hegel
- Lições de História da Filosofia (Introdução - excerto)

MEMÓRiA

1936-24AGO2010 - Maria Dulce Andrade Ferreira Alves Machado Ribeiro, aliás Maria Dulce: Actriz portuguesa de cinema, teatro e televisão - «…Infelizmente, muito esquecida quer pelo público, quer pelos responsáveis pela cultura. Não era uma segunda figura, mas uma primeira figura do teatro português, fez trabalhos fantásticos. Se fosse inglesa, era uma dame. Aqui não, aqui morreu pobremente, com dificuldades, e esquecida por todos. É muito o espírito português, infelizmente. Em Portugal, as pessoas são muito esquecidas e maltratadas. Só quando morrem, é que se lembram delas» (Filipe La Féria). IMAG.117-322-582

1844-25AGO1900 - Friedrich Wilhelm Nietzsche: Escritor e filósofo alemão - «Quem luta com monstros, deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro… E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti».  
IMAG.37-69-228-288-338-441-444-486-650-651-679

26AGO1900-1945 - Mark Rex Goldstein, aliás Mark Sandrich: Cineasta norte-americano, realizador de Chapéu Alto/Top Hat (1935) sob o signo da comédia romântica e musical, distinguido pela Academia de Hollywood com a curta metragem So This Is Harris! (1934). IMAG.26-40-288-505

1842-26AGO1910 - William James: Filósofo americano ligado ao pragmatismo, entre os fundadores da psicologia moderna - «Há várias medidas para aferir a vontade humana. A mais exacta e mais segura, é a que se exprime pela seguinte questão: de que esforço serás tu capaz?».

27AGO1770-1831 - Georg Wilhelm Friedrich Hegel, aliás Georg Hegel: Filósofo alemão - «Tudo é inteligível para o ser que, idêntico no seu fundo com o Espírito ou a Ideia infinita, se manifesta no universo concreto graças ao movimento dialéctico: tese, antítese, síntese». IMAG.346-525-657

27AGO1890-1976 - Michael Emmanuel Radnitzky, aliás Man Ray: Pintor, fotógrafo, cineasta e surrealista norte-americano - «Não há progresso na arte, tal como não o há no acto de fazer amor; existem, sim, diversas maneiras de concretizar uma e o outro»». IMAG.341-587

1908-27AGO1950 - Cesare Pavese: Ficcionista e poeta italiano - «Tudo isto é asqueroso! Palavras, não… Um gesto. Não escreverei mais nada» (1950). IMAG. 56-173-233-288-375-674

28AGO1930-2012 - Biagio Anthony Gazzara, aliás Ben Gazzara: Actor americano de teatro e cinema - «Gosto muito de homenagens, sobretudo quando sou eu o distinguido». IMAG.394

1913-28AGO1990 - Willebrord Jan Frans Maria Vandersteen, aliás Willy Vandersteen: Artista de banda desenhada franco-belga, criador de Bob et Bobette/Suske en Wiske (1945) - «Profundamente ligado à história, à tradição artística e à identidade flamenga, bem como à realidade quotidiana e humana da sua Flandres natal» (Eurico de Barros). IMAG.288-406

1618-29AGO1680 - Juan Cererols Fornells, aliás Juan Cererols: Compositor e monge espanhol, organista, harpista e violinista, mestre de capela da Abadia de Montserrat (1648). IMAG.676

29AGO1780-1867 - Jean-Auguste Dominique Ingres, aliás Ingres: Pintor e desenhista francês, entre o neoclassicismo e o romantismo - «Tende fé na vossa arte. Jamais penseis que produzireis qualquer coisa boa, sem terdes aspirações na vossa alma. Para dar forma à beleza, precisais de saber o que é o sublime. Amai tudo o que é verdadeiro, pois tudo o que é verdadeiro é também belo». IMAG.594

29AGO1920-1955 - Charles Parker, aliás Charlie Parker, aliás Yardbird: Compositor americano, saxofonista de jazz - «A música é a tua própria experiência, o teu pensamento, a tua sabedoria. Se não a viveres, ela jamais vai brotar do teu instrumento». IMAG.32-339-506

1943-30AGO2010 - Alain Roger Corneau, aliás Alain Corneau: Cineasta francês, realizador e actor - «Nunca comecei um filme sem ter a ideia precisa de uma música pré-existente, ou de um compositor com quem falei previamente. Mesmo tratando-se de uma banda sonora original, preocupei-me sempre em ter a música antes, com a possibilidade de a transformar mais tarde».IMAG.323-429

1922-31AGO2010 - Vance Nye Bourjaily, aliás Vance Bourjaily: Jornalista, editor e escritor americano - «As suas novelas descrevem o homem comum que luta - heroicamente, ou paradoxalmente - para viver com as contradições que definem a sociedade» (Dictionary of Literary Biography). IMAG.323-387

EXTRAORDINÁRiO

OS HUMANIMAIS - Folhetim Aperiódico

À TRIPA SOLTA, A COBRA É MOLE - 4

Ali o presenciou Esther entontecida, jorrando-se a seus pés. Ela tinha o peito enodoado e, num despeito liso, Julião elevou-a à ilusão dos devaneios propícios a donzela perdida. Esther aderiu em falência, até se sentir ofendida quando Julião, pela volta, lhe falhou na íntima manutenção, e a Xarolas decidiu restabelecer o crédito menoscabado. Com tal manigância, que os testículos decepados do traiçoeiro arrivista foram parar no Teatro Anatómico.
Continua 
 

sexta-feira, abril 19, 2019

IMAGINÁRiO-Extra: Aurora Boreal e O Eterno Paradoxo – Livro Um [Apenas Livros]

José Ruy
A editora Apenas Livros retoma a série Aurora Boreal, por José de Matos-Cruz, com o lançamento do segundo ciclo O Eterno Paradoxo, que agora conta com o contributo gráfico dos artistas Dário Vidal, João Amaral, José Ruy e Maria João Worm.

Na sequência da edição da primeira jornada O Princípio Infinito, entre final de 2017 e de 2018, o mundo fantástico imaginado pelo escritor José de Matos-Cruz para a trilogia O Infante Portugal (2007-2012) e partilhado pela enigmática Aurora Boreal, nascida de um encontro entre as polaridades opostas da heroína soviética exilada em Lisboa Oktobraia e o cósmico Malsão, tem aqui um novo capítulo, enquanto a heroína titular continua a romper os limites da sua infância e se aventura noutros recantos da realidade e por dimensões diversas.
Aurora Boreal e O Eterno Paradoxo – Primeiro Universo: O Denominador Comum é o fascículo inaugural de quatro novos livros-de-cordel, onde a protagonista, originalmente visualizada pela autora Susana Resende, é agora reinterpretada pelos mestres ilustradores Dário Vidal – também autor da imagem da capa –, João Amaral, José Ruy e Maria João Worm.

O Denominador Comum
Eram formas instáveis, com modos coerentes. Faziam-se de brumas e inércias,
revestiam-se em vazios e ímpetos. Sem substância explícita. Com textura simbólica.
Matérias de algum sonho perdido, matrizes de uma realidade ausente.
Linhas graciosas, ângulos abissais, compassos obscuros.
Ou coisas imaginadas, objectos possíveis, animais alusivos.

Aurora Boreal e O Eterno Paradoxo
Primeiro Universo: O Denominador Comum

(Apenas Livros)
Autor: José de Matos-Cruz
Ilustração: Dário Vidal, João Amaral, José Ruy e Maria João Worm
1ª ediçao: Abril 2019
Prosa ilustrada | 32p/BD | PVP: 3,70€

quarta-feira, abril 17, 2019

IMAGINÁRiO #767

José de Matos-Cruz | 16 Agosto 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

CRUZAMENTOS
Uma das convulsões mais trágicas do Universo DC Comics, Our Worlds at War expandiu-se, em 2001, por diversas frentes de combate, quando inimagináveis forças ameaçam os heróis e os cidadãos da Terra. Eis flagrantes incidências, nas principais revistas titulares, cujas magníficas capas são assinadas por Jae Lee: em Batman - por Ed Brubaker & Stefano Gaudiano - o Cavaleiro das Trevas investiga o que parece ser uma misteriosa derrocada na baixa de Gotham, enquanto as relações entre Bruce Wayne e o Presidente Lex Luthor se tornam insustentáveis; em Green Lantern - por Judd Winick, Dale Eaglesham & Rodney Ramos - o Lanterna Verde enfrenta o seu pior inimigo, Sinestro, tentando preencher o buraco deixado pelo desaparecimento do planeta Plutão; em Young Justice - por Dan Abnett, Andy Lanning & Todd Nauck - os jovens aventureiros são extraídos do nosso tempo, por Linear Man, e refeitos no futuro com a missão de neutralizarem a Renegade Consciousness, responsável pelas fracturas temporais. Tal afecta ainda Wonderwoman, Nightwing, The Flash ou Harley Quinn…

CALENDÁRiO

29NOV2018-26MAR2019 - Em Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda expõe, na Galeria D. Luís, Uma História de Assombro | Portugal-Japão - Séculos XVI-XX, sendo comissárias Alexandra Curvelo e Ana Fernandes Pinto.

12DEZ2018-08FEV2019 - Em Lisboa, Kunsthalle Lissabon apresenta Astray: Prologue - instalação de Caroline Mesquita (França), sendo curadora Sofia Lemos.

13DEZ2018-21FEV2019 - Em Lisboa, Galeria Balcony apresenta Las Golondrinas - exposição múltipla de Maya Saravia (Guatemala), sendo comissário Sérgio Fazenda Rodrigues.

1943-17DEZ2918 - Carole Penny Marshall, aliás Penny Marshall: Cineasta americana, produtora e actriz, realizadora de Big (1988) - «Ela nasceu com um grande dom. Era divertida, e sabia por instinto como revelar os seus talentos» (Rob Reiner).

1939-28DEZ2018 - Amos Klausner, aliás Amos Oz: Escritor e jornalista israelita, intelectual e professor de literatura, autor de O Meu Michael (1968) - «Os prémios literários são uma coisa estranha. Eu escrevo livros, tal como bebo água ou respiro. Não posso deixar de beber água, de respirar nem de escrever».

03JAN2019 - NOS Audiovisuais estreia O Grande Circo Místico (2018) de Carlos Diegues; coprodução de Fado Filmes, com Vincent Cassel e Nuno Lopes.

17JAN-31MAR2019 - Em Lisboa, Museu do Oriente apresenta Reflexões: Homem e Natureza - exposição de pintura de Bireswar Sen (1897-1974, Índia). 
 
VISTORiA


As paixões humanas pareciam dever morrer aos pés daquelas grandes árvores que protegiam semelhante asilo dos ruídos do mundo e o retemperavam dos ardores do Sol.
Mas que desordem! – disse o senhor d’Albon de si para consigo, depois de apreciar a sombria expressão que as ruínas imprimiam àquela paisagem como que fulminada por uma maldição. Dir-se-ia um local funesto abandonado pelos homens. Por toda a parte a hera estendia os seus nervos tortuosos e as suas ricas roupagens. Musgos castanhos, esverdeados, amarelos ou vermelhos espalhavam o seu colorido romântico pelas árvores, pelos bancos, pelos telhados, pelas pedras. As janelas carcomidas estavam meio consumidas pelas chuvas, devoradas pelo tempo; as varandas quebradas, os terraços demolidos.
Honoré de Balzac
- O Último Adeus (1830 – excerto)
MEMÓRiA

1845-16AGO1900 - José Maria Eça de Queiroz, aliás Eça de Queiroz: Escritor e diplomata português - «O que são há 20 anos os partidos em Portugal? Que pensamento traduzem? Que grande facto social querem realizar? Formam-se, desagregam-se, dissolvem-se, passam, esquecem, sem que deles fique uma edificação aceitável, uma criação fecunda. Estabelecem patronatos, constroem filiações, arregimentam homens e braços trabalhadores, preparam terreno e solo robusto, onde eles possam sem embaraço tomar as livres atitudes do aparato e da vaidade reluzente. Nada mais fazem. Nascem infecundamente, morrem esterilmente» (O Distrito de Évora – 1867).
 IMAG.14-19-52-60-90-101-148-165-178-199-203-205-214-275-287-313-342-394-434-470-483-532-540-554-593-609-618-621-629-673-688-696-724-735-763

16AGO1920-1994 - Henry Charles Bukowski Jr, aliás Charles Bukowski: Ficcionista e poeta americano, nascido na Alemanha, autor de Histórias de Loucura Normal (1983) - «O amor é uma espécie de preconceito. Amamos o que nos é preciso, amamos o que nos faz sentir bem, amamos o que é conveniente. Como podemos dizer que amamos uma pessoa, quando há dez mil outras no mundo que amaríamos mais, se as conhecêssemos? Porém, nós nunca as conheceremos».  
IMAG.287-350-457-526-669

17AGO1920-2015 - Maureen FitzSimons, aliás Maureen O’Hara: Actriz e cantora americana, de origem irlandesa - «Ela foi, de facto, a “rainha do technicolor”, servindo o seu cabelo ruivo e os olhos esverdeados para exaltar as maravilhas do sistema cromático que, muito justamente, associamos à idade de ouro da produção americana» (João Lopes). IMAG.114-592

1903-17AGO1980 - Domingos Monteiro Pereira Júnior, aliás Domingos Monteiro: Escritor português - «No fundo do vale, o Douro serpeava como um fio e para ele olhou com ternura como para o seu mais útil obreiro, porque todos os anos adubava com os limos das suas cheias a sua melhor quinta.». IMAG.178-446

1799-18AGO1850 - Honoré Balzac, aliás Honoré de Balzac: Escritor francês - «Custa mais ser-se amante que marido, pela simples razão de que é mais difícil ser espirituoso todos os dias do que dizer coisas bonitas uma vez por outra». IMAG.216-227-377-593-707-749

18AGO1920-2006 - Shirley Schrift, aliás Shelley Winters: Actriz americana de cinema, teatro e televisão - «Em Hollywood, todos os casamentos são felizes. Os problemas surgem, apenas, quando as pessoas tentam viver juntas». IMAG.76-117

20AGO1890-1937 - Howard Phillips Lovecraft, alias H.P. Lovecraft: Escritor americano - «Aquilo que não está morto, pode jazer eternamente… E, em estranhas circunstâncias, até a morte pode morrer».  
IMAG.16-85-140-288-436-602-698

1863-21AGO1940 - Carlos António Rodrigues dos Reis, aliás Carlos Reis: Pintor naturalista e histórico, retratista, professor, criou o Grupo Ar Livre - mais tarde, Grupo Silva Porto - no qual reuniu colegas e estudantes em busca de lugares pitorescos para exercerem sua arte - «[Referindo-se à paisagem] Não é pois um crime de lesa-arte e de lesa-natura não a amar, não a tratar, não fazer dela um motivo, sempre espiritual, das nossas telas, reservando ela notas e emoções para os temperamentos diversos?» (A República - 1915). IMAG.287-407-746

22AGO1880-1944 - George Joseph Herriman, aliás George Herriman: Artista americano de banda desenhada, ilustrador e caricaturista, autor de Krazy Kat (1913-1944) - «A mais engraçada e fantástica e estimulante obra de arte produzida na América hoje» (Gilbert Seldes - 1924). IMAG.124-309-464-544

22AGO1920-2012 - Ray Douglas Bradbury, aliás Ray Bradbury: Escritor americano, mestre da literatura fantástica e de ficção científica, autor de Fahrenheit 451 (1953) - «Os melhores cientistas estão abertos à experimentação, e esta começa como um romance, ou seja, com a ideia de que tudo é possível… Mas, nós somos uma impossibilidade num universo impossível». IMAG.103-412-587

COMENTÁRiO

Fahrenheit 451
Há mais de uma maneira de queimar um livro. E o mundo está cheio de pessoas que andam por aí com caixas de fósforos. Cada minoria - seja de teor Baptista, Unitário, Irlandês, Italiano, Octogenário, Zen Budista, Sionista, Adventista, Feminista, Republicano - acha que tem o direito, ou o dever, de dosear o querosene e acender o fogo. O chefe do corpo de bombeiros Capitão Beatty, no meu romance Fahrenheit 451, descreve como os livros foram queimados primeiramente pelas minorias, rasgando uma página ou duas… Até que, quando os livros já estiverem vazios e as cabeças fechadas, a biblioteca acabará por encerrar para sempre.
Há tempos, descobri que, através dos anos, alguns editores da Ballantine Books, com medo de contaminarem os jovens, tinham, pouco a pouco, censurado 75 fragmentos distintos do meu romance. Os estudantes, depois de lerem o meu livro, escreveram-me para me contarem essa delicada ironia. Entretanto, Judy-Lynn del Rey, um dos novos responsáveis da Ballantine Books, está novamente a reeditar o livro, e desta vez publicando a versão integral, com todos os diabos e infernos de volta ao seu lugar.
Ray Bradbury
(1979-1987)
EPISTOLÁRiO

O riso é a mais útil forma da crítica, porque é a mais acessível à multidão. O riso dirige-se não ao letrado e ao filósofo, mas à massa, ao imenso público anónimo. É por isso que hoje é tão útil como irreverente rir das ideias do passado: a multidão não se ocupa de ideias, ocupa-se das fórmulas visíveis, convencionais das ideias. Por exemplo: o povo em Portugal, nas províncias, não é católico - é padrista: que sabe ele da moral do cristianismo? da teologia? do ultramontanismo? Sabe do santo de barro que tem em casa, e do cura que está na igreja.
Eça de Queiroz
- Carta a Joaquim de Araújo
- 25FEV1878
BREVIÁRiO

Câmara Municipal de Matosinhos edita Óscar Lopes [1917-2013] - Retrato de Rosto de Manuela Espírito Santo. IMAG.241-456-629-741
 

segunda-feira, abril 15, 2019

IMAGINÁRiO #766

José de Matos-Cruz | 08 Agosto 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

AFEIÇÕES
Exemplar quanto à intemporalidade que celebra as obras-primas de Walt Disney, A Dama e o Vagabundo - realizado em 1955 por Hamilton Luske, Clyde Geronimi & Wilfred Jackson - ficaria na história da Companhia como o primeiro filme de animação em Cinemascope. Estamos na tranquila periferia duma cidade americana, pelo início do Século XX. Recém-casados, Jim oferece a Darling a cadelinha Dama, que se sente abandonada quando um filho está para nascer. Um dia, os donos da casa têm que se ausentar, deixando o bebé e Dama aos cuidados de uma tia. O pior é que Sarah possui dois gatos siameses, que fazem a vida negra a Dama. Esta foge, acabando por conhecer o afectuoso e valente Vagabundo, que salva a criança atacada por um rato. Como recompensa, Darling e Jim aceitam em família o cão vadio, que fará Dama muito feliz e mãe extremosa… Eis uma divertida e aliciante fábula social, sempre disponível para ser apreciada pelos mais pequeninos!
IMAG.7-8-18-21-30-32-37-47-50-69-80-90-99-107-110-116-123-155-175-203-219-250-260-304-349-470-506-510-529-545-590-619-622-674-702-708-717-753-756

CALENDÁRiO

07NOV2018-25FEV2019 - Em Lisboa, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia / MAAT apresenta Haus Wittgenstein - Arte, Arquitectura & Filosofia - exposição múltipla / colectiva sobre os 90 anos da casa em Viena do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951), sendo curador Nuno Crespo. IMAG.224-320

15NOV2018-16FEV2019 - Em Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal / BNP expõe Sob a Chama da Candeia: Francisco de Holanda [1517-1584] e os Seus Livros, sendo comissária Sylvie Deswarte-Rosa. IMAG.471-625

17NOV2018-12JAN2019 - Em Lisboa, Galeria 111 apresenta O Corpo Dentro do Corpo Dentro do Corpo - exposição de fotogramas de Márcia Xavier (Brasil).

17NOV2018-19JAN2019 - Em Coimbra, Câmara Municipal apresenta, na Sala da Cidade, Hikari (Luz, Light) - exposição de fotografia de Pedro Medeiros, sendo curador Filipe Ribeiro.

10DEZ2018-24FEV2019 - Museu de Lisboa apresenta, no Torreão Poente da Praça do Comércio, Silêncio e Memória: 23 Prémios Nobel de Literatura - exposição de fotografia de Kim Manresa (Espanha), sendo comissário Miguel Ángel Invarato.

12DEZ2018-03MAR2019 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe Joan Miró [1893-1983] e a Morte da Pintura, sendo comissário Robert Lubar Messeri. IMAG.356-415-640-689

13DEZ2018-16MAI2019 - Em Cascais, Fundação D. Luís I apresenta, na Casa das Histórias Paula Rego, a exposição de pintura Paula Rego: Anos 80, sendo curadora Catarina Alfaro.
IMAG.11-13-31-199-205-258-269-325-342-351-357-364-370-399-416-464-486-489-515-545-596-597-620-621-629-651-659-669-680-693-699-727

14DEZ2018-27JAN2019 Em Braga, Museu da Imagem apresenta Olhares Secretos do Parque Nacional Peneda-Gerês - exposição de fotografia de Carlos Pontes.

15DEZ2018-24FEV2019- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta, com Associação de Amigos de Loiça de Sacavém/AALS, a mostra A Família Real e a Loiça de Sacavém. IMAG.106-289

MEMÓRiA

1926-08AGO2010 - Patricia Patsy Louise Neal, aliás Patricia Neal: Actriz americana de teatro e cinema, distinguida com um Tony (1947) por Another Part of the Forest de Lillian Hellman, e com um Oscar por Hud - O Mais Selvagem Entre Mil (1963) de Martin Ritt - «Frequentemente, a minha vida foi comparada com uma tragédia grega… E a actriz que sou não pode negar essa comparação».
 IMAG.320-547-705

1926-13AGO2010 - José Maria de Figueiredo Sobral: Escultor, ceramista, pintor, gráfico, ilustrador, cenarista, poeta e dramaturgo português - «Sou um surrealista barroco» - cuja obra patenteia «o rigor e a procura do surpreendente e do imprevisível» (Álvaro Lobato de Faria). IMAG.320-547

1884-14AGO1960 - Jaime Zuzarte Cortesão, aliás Jaime Cortesão: Escritor e historiador português - «Sem uma larga renovação dos estudos históricos não se renovará também a consciência nacional… O novo ideal colectivo deverá mergulhar as suas raízes no passado» (Prefácio a Modo de Memórias - O Infante Sagres - 1960). IMAG.285-464-581

TRAJECTÓRiA

Jaime Cortesão
De seu nome completo Jaime Zuzarte Cortesão, nasceu em 1884 perto de Cantanhede, mas muito jovem a sua família se transferiu para próximo de Coimbra, onde iniciou os estudos. A sua vida de estudante universitário foi uma sucessão de experiências depressa abandonadas (passou por Grego, Direito e Belas-Artes) antes de se fixar em Medicina, que terminaria em Lisboa com uma tese que espelha já a sua multiplicidade de interesses (A Arte e a Medicina - Antero de Quental e Sousa Martins). A medicina não era, porém, a sua paixão; exerceu-a sem grande entusiasmo, e cedo se entregou a outras atividades, nomeadamente ao ensino (nos liceus e mais tarde nas Universidades Populares criadas durante a República), à literatura e à política. As suas tendências literárias e o seu interesse pela política, que sempre andaram a par, vincariam toda a sua vida de adulto em Portugal e no estrangeiro. Escritor (poeta, dramaturgo, contista, memorialista), colaborou na concretização de diversas publicações que marcaram a vida intelectual do primeiro quartel do nosso século (A Águia, Renascença, Seara Nova). As suas atividades políticas, iniciadas ainda durante a Monarquia, revestiram-se de grande riqueza e diversidade: participou ativamente na conspiração republicana que iria conduzir ao 5 de outubro de 1910, nas movimentações políticas conducentes à queda da ditadura de Pimenta de Castro em 1915, e opôs-se tanto ao sidonismo como ao salazarismo, o que lhe valeu por diversas vezes a prisão e finalmente o exílio; convidado para Ministro da Instrução, não aceitou o convite, mas foi deputado e, apesar da imunidade que essa qualidade lhe dava, ofereceu-se como voluntário para as forças expedicionárias na Primeira Guerra Mundial, assim dando consistência à sua posição política favorável à participação de Portugal no conflito; filiado na Maçonaria, acabou por se desvincular daquela organização ao cabo de vários anos de participação irregular nas suas atividades. Opositor do fascismo, combateu-o mesmo antes do 28 de maio, procurando, pela propaganda, evitar o seu acesso ao poder, sendo forçado a exilar-se após o golpe que instituiu a Ditadura Militar. O exílio levá-lo-ia a França e a Espanha, onde simultaneamente conspirava e efetuava as investigações históricas que já então constituíam o cerne das suas preocupações intelectuais. A queda da República Espanhola (1939) força-o a abandonar o país vizinho, fixando-se em França, de onde escapa novamente, desta vez regressando a Portugal, quando aquele país sofre a invasão nazi. Preso novamente, novamente se exila, desta vez para o Brasil, onde foi docente, jornalista e conferencista, destacando-se ainda como investigador da História de Portugal e da sua expansão e da História da formação do Brasil. No desenvolvimento desta fértil atividade intelectual, produz um vasto conjunto de obras inovadoras de grande fôlego, que lhe granjeiam reconhecimento internacional, tanto pelo rigor da investigação e pela clareza da exposição como pela solidez das teses defendidas. No fim da sua vida, visitou regularmente Portugal, tendo regressado definitivamente apenas em 1957. A sua avançada idade não lhe permitiu aceitar a proposta da Oposição ao Estado Novo de se candidatar à Presidência da República, em 1958, mas não o impediu de continuar a lutar contra o regime, tendo sido um dos autores de um Programa para a Democratização da República que só viria a público alguns meses depois do seu falecimento em 1960.

EPISTOLÁRiO

A mim se me afigura que a fusão de duas populações diferentes, a do norte e a do sul, dando origem a um etnos novo, com sua licença! e o próspero desenvolvimento de Portugal, fizeram com que enfim, um povo uno, original e novo compreendesse a sua missão de gente que habitava a extrema ocidental europeia em frente ao Atlântico.
Quanto ao seu ideal lusitano, deixe-me dizer-lhe que é apoucado, estreito, fraccionário até. O Sérgio resume-se, afinal, a conceder ao português umas botas de coiro áspero e sola cardada. É conveniente, é mesmo indispensável para nos firmarmos bem no chão; mas, que diabo, é pouco. Porque não deixa pensar e sentir largamente e a seu modo?
Jaime Cortesão
- O Parasitismo e o Anti-Historismo: Carta a António Sérgio (excerto)
OUT1913 - Vida Portuguesa
VISTORiA

Cartas à Mocidade

Que valem para a glória da França e da humanidade os seus guerreiros, os seus monarcas e potentados, se os compararmos com os nomes de Pasteur, Lavoisier ou Descartes? No cortejo do coroamento de Jaime I de Inglaterra, Shakespeare figurava entre os mais pobres, com o seu manto oferecido, de seis shillings. Hoje poucas pessoas conhecerão o nome dum só dos faustosos dignitários que seguiam o rei, enquanto o génio de Shakespeare exalta cada vez mais o coração dos homens em todo o mundo. Os papas sucedem-se há séculos e nenhum deles teve sobre a humanidade a influência de São Francisco de Assis, com o facto, na aparência tão simples, de falar ao sol, aos pobres, às aves e às feras, como a seres irmãos.
Jaime Cortesão
- Seara Nova - Nº 3 (1921, excerto)
BREVIÁRiO

Almedina edita Hikari (Luz, Light) de Pedro Medeiros.

Em As Aventuras de Blake e Mortimer, Asa II edita O Vale dos Imortais - Ameaça Sobre Hong Kong de Yves Sente, Teun Berserik & Peter Van Dongen, segundo as personagens de Edgar P. Jacobs (1904-1987).  
IMAG.10-66-119-218-245-281-348-427-451-460-487-507-599-642-658-663-761-Extra

Warner edita em CD, sob chancela Erato, Felix Mendelssohn [1809-1847]: Quartets por Quatuor Arod. IMAG.175-205-394-465-572-633-693-765

Dom Quixote edita Os Contos de Giuseppe Tomasi de Lampedusa (1896-1957); tradução de Maria do Carmo Abreu. IMAG.105-189-276-295-410-591-619

Flop edita 145 Poemas de Konstantinos Kafávis (1863-1933); tradução e apresentação de Manuel Resende.
 

domingo, abril 07, 2019

IMAGINÁRiO #765

José de Matos-Cruz | 01 Agosto 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

EVOCAÇÃO
Conhecido por Duende-que-Caminha, o Fantasma é um justiceiro solitário e mascarado, que habita na selva profunda, como senhor indiscutível dos temíveis pigmeus Bandhar - cuja soberania persiste, acatada pelas tribos de Bengalla. Inimigo implacável das distintas formas de crueldade, pirataria, criminalidade e opressão, o vigésimo-primeiro descendente de uma fantástica linhagem - que remonta ao aristocrata britânico Sir Christopher Standish, desde 1525 - consagrou-se ao longo de décadas, em banda desenhada. Tendo estudado nos Estados Unidos, Kit Walker prestigiou-se como atleta universitário, conhecendo então a bela e liberal Diana Palmer. Assim se revitalizou a lenda do Fantasma imortal - um ser misterioso, configurado ao símbolo da caveira, supostamente dotado de poderes sobrenaturais. Concebido por Lee Falk em 1936, foi ilustrado por Ray Moore (1936-1947), Wilson McCoy (1947-1961), e desde essa altura por Sy Barry, com inúmeros colaboradores anónimos. Apesar do relativo aburguesamento, quanto ao mais recente mentor, manteve-se inalterável o fenómeno do Duende-que-Caminha, por uma intervenção diária através da Imprensa mundial, para uns 60 milhões de leitores. IMAG.86-218-320-471-698

CALENDÁRiO

05OUT-31DEZ2018 - Em Lisboa, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia / MAAT apresenta Elefante - exposição de fotografia, vídeo e instalação de André Príncipe, sendo curadores Ana Anacleto e João Pinharanda. IMAG.364-539-727

23NOV2018-24FEV2019 - Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado apresenta Luzazul - exposição de imagens digitais e animação de Miguel Soares, sendo curadora Adelaide Ginga.

31NOV2018-06JAN2019 - Em Lisboa, Fundação Carmona e Costa expõe Jaime ou O Desenho Que Nos Dá o Mundo de Mumtazz, Jaime Fernandes, Jorge Feijão, Jaime e Vicente, Tomás Cunha Ferreira e Rui Chafes, sendo curador Nuno Faria.

07DEZ2018-31MAR2019 - Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga/MNAA apresenta Terra Adentro: A Espanha de Joaquín Sorolla (y Bastida, 1863-1923) - exposição de pintura, sendo comissária Carmen Pena. IMAG.434

08DEZ2018-10FEV2019 - Em Guimarães, Centro Internacional das Artes José de Guimarães expõe Desenho Sem Fim de Rui Chafes, sendo curadores Nuno Faria e Delfim Sardo.
IMAG.65-299-364-427-461-500-568-582-612-622-641-658

08DEZ2018-03MAR2019 - Em Coimbra, Centro de Artes Visuais apresenta Desenho Interrompido - exposição de desenhos, objectos, vídeo e som de Ricardo Jacinto, sendo curador Sérgio Mah. IMAG.641

VISTORiA

Bem pequena, redondinha, obesa, com dedos gordinhos, estrangulados nas falanges, semelhantes a curtas salsichas com uma tez brilhante e tensa, o seio enorme a arrebentar a blusa, era não obstante apetitosa e desejável, de tal forma seduzia o seu frescor. O rosto parecia uma maçã vermelha, um botão de peónia prestes a desabrochar; e ali se abriam, no alto, dois esplêndidos olhos negros, sombreados de grandes e espessos cílios, que mais escuros ainda os tornavam; em baixo, uma sedutora boca, pequena, molhada para o beijo, adornada de dentinhos brilhantes e microscópicos. Ademais, ela possuía, segundo se comentava, inapreciáveis qualidades…
Guy de Maupassant
- Bola de Sebo (excerto)
PARLATÓRiO

O mistério gera curiosidade, e a curiosidade é a base do desejo humano para compreender…
Os grandes pensamentos não necessitam apenas de asas, mas também de algum veículo para aterrar!
Neil Armstrong
MEMÓRiA

1934-03AGO2010 - Carlos Alberto da Silva Almaça, aliás Carlos Almaça: Investigador e biólogo, professor universitário e director do Museu Bocage - «Abriu áreas como a ecologia, principalmente ecologia animal, e trabalhou os aspectos evolutivos de diferentes espécies. Constituiu os primeiros gabinetes de história natural, e foi ele quem começou a coleccionar documentos sobre fauna e flora relacionados com o pensamento filosófico dos séculos XVII e XVIII» (Maria Amélia Martins Loução). IMAG.320-496

04AGO1910-2011 - Hedwig Lindenberg, aliás Hedda Sterne: Pintora americana, de origem romena, ligada ao expressionismo abstracto - «Tenho a sensação de que, em arte, a necessidade de compreender e a necessidade de comunicar são uma e a mesma». IMAG.356

05AGO1850-1893 - Henry René Albert Guy de Maupassant, aliás Guy de Maupassant: Ficcionista e poeta francês, autor de Bel-Ami (1885) - «Não importa o que tenhamos a dizer, existe apenas uma palavra para exprimi-lo, um único verbo para animá-lo e um único adjectivo para qualificá-lo». IMAG.33-411-418-425-474

05AGO1930-2012 - Neil Alden Armstrong, aliás Neil Armstrong: Aviador naval, piloto de testes e astronauta americano, o primeiro homem a pisar solo lunar (20JUL1969) - «Este é um pequeno passo para o Homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade». IMAG.91-142-235-424-715

1599-06AGO1660 - Diego Rodrigues da Silva y Velázquez, aliás Diego Velázquez: Pintor espanhol e retratista, do barroco contemporâneo, principal artista da corte de Filipe IV - «Há quem fale de amor sem, todavia, saber o que é um coração». IMAG.709

TRAJECTÓRiA

Guy de Maupassant

Henry René Albert Guy de Maupassant nasceu em 1850, em Tourville-sur-Arques (França). A sua infância foi basicamente em Stretat e em Verguiés e, por isso, ficou acostumado a uma vida ao ar livre. Estudou no liceu de Ruão e, além disso, foi colaborador por oito anos dos Ministérios da Marinha e da Instrução Pública.
Em 1870, Maupassant foi para Paris e lá se firmou como contista. Entrou em contacto com grandes nomes do realismo e naturalismo da época, como Zola, Flaubert e o russo Turguêniev. Flaubert, seu primo por parte de mãe, foi o influenciador e apoiante de Maupassant.
A obra do escritor é conhecida por retratar situações psicológicas e também por fazer críticas sociais, usando a técnica naturalista.
Foi entre os anos de 1875 e 1885, que Maupassant produziu a maior parte de seus romances e contos. Foram cerca de 300 histórias curtas, que se tornaram internacionalmente conhecidas, como
Bola de Sebo, O Colar, Uma Aventura Parisiense, Mademoiselle Fifi, Miss Harriett e O Horla.
Tornou-se, com a grande aceitação de suas obras, um escritor rico e famoso. Além disso, teve uma vida amorosa cheia de casos. Mas o problema com a sífilis fazia-o ter pesadelos constantes, atormentando-o por mais de uma década.
Maupassant tentou o suicídio em 1892. Em consequência desse acto desesperado, foi internado em um manicómio, onde morreu no ano seguinte, com apenas 43 anos.

BREVIÁRiO

Relógio D’Água edita Desespero de Vladimir Nabokov (1899-1977); tradução de Telma Costa.  
IMAG.63-223-253-272-325-338-418-503-504-505-507-600-605-617-703

Antígona edita Fernando Pessoa [1888-1935], Um Retrato Fora da Arca de Zetho Cunha Gonçalves.
IMAG.26-28-64-82-130-131-157-182-187-196-207-211-236-264-323-326-330-333-343-347-376-382-384-385-395-399-403-404-417-426-433-450-460-467-491-507-509-524-540-551-556-561-576-593-596-604-605-612-613-617-622-632-638-640-645-662-663-687-691-712-716-733-743-756-759

Assírio & Alvim edita A Noite de Manuel António Pina (1943-2012); ilustrações de Abigail Ascenso. IMAG.23-433-435-453

Harmonia Mundi edita Felix Mendelssohn [1809-1847]: Violin Concerto; Symphony N.º 5 “Reformation”; The Hebrides por Isabelle Faust, com Freiburger Barockorchester, sob a direcção de Pablo Heras-Casado.  
IMAG.175-205-394-465-572-633-693

EXTRAORDINÁRiO

OS HUMANIMAIS - Folhetim Aperiódico

À TRIPA SOLTA, A COBRA É MOLE - 3
Nada de fastos criminais, apenas leves delinquências que, noite fora, costumava amenizar em sessões de fado batido. Julião tornou-se, mesmo, notório pelo estilo arisco, dengoso e desgarrado, durante um concerto de guitarradas no Salão Therphisichore, em plena Travessa da Memória, à Praça dos Esquecidos. Coisas da malandragem.
Continua