PRONTUÁRiO
EXPIAÇÕES
Figura
de primeiro plano no panorama do cinema de Hong-Kong, John
Woo
viu as expectativas sorrirem-lhe na última década do século
passado, ao triunfar lenta, mas irreversivelmente, nos circuitos do
espectáculo sob o signo de Hollywood. A
Outra
Face
(1997) confirmou tal sucesso, revitalizando uma saga inexorável
sobre homens possessos, divididos entre o bem e o mal, em confronto
que se entranha num pervertido horror íntimo. Em paralelo, John Woo
recupera e subverte as virtualidades da série
B,
tendo por protagonistas algumas das maiores estrelas do firmamento
artístico. Com A
Outra Face,
John Woo leva mais longe a materialização dos seus símbolos e
expiações. O esquema de acção é, como sempre, linear mas
explosivo, e John Woo manifesta-se um autor fascinante - entre o
espectro da morte e a ambígua redenção - ao transgredir uma
espiral fatídica, vertiginosa, com que o cinema extrai da realidade
em transe uma dimensão mítica e trágica. Da fúria ao fogo - eis
um imaginário sobre as trevas humanas - inspirado em Martin Scorsese
ou Sergio Leone. IMAG.134
CALENDÁRiO
21MAR-02JUN2019
- Em Lisboa, Museu Colecção Berardo apresenta Fauna
- exposição múltipla (escultura, instalação e vídeo) de André
Romão, sendo curador Pedro Lapa. IMAG.655
1943-22MAR2019
- Noel Scott Engel, aliás Scott Walker: Cantor americano com
carreira na GB, letrista e compositor, produtor discográfico - «Pode
haver uma grande pureza na música pop»
(2012). IMAG.758
23MAR-31DEZ2019
- Em Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian apresenta Calouste:
Uma Vida, Não Uma Exposição
- no âmbito das comemorações dos 150 anos do nascimento de
Calouste Sarkis Gulbenkian (1869-1955), e sendo
comissário Paulo Pires do Vale. IMAG.43-523-697-742-772
1953-24MAR2019
- Manuel Carlos Sanches da Graça Dias, aliás Manuel Graça Dias:
Arquitecto português - «Cada arquitectura tem a sua razão de
pintura; o que pouco tem a ver com as cores dessa pintura.» (Cores
/ Vida Moderna - excerto,
1992). IMAG.447-641-738
1928-29MAR2019
- Arlette Varda, aliás Agnès Varda: Cineasta belga radicada em
França, fotógrafa e artista plástica, casada com Jacques Demy,
professora e realizadora de 2
Horas Na Vida de Uma Mulher/Cléo de 5 à 7
(1962) - «Tento concretizar o filme o mais perto possível do
momento em que pensei nele». IMAG.291-524-739
29MAR-16JUN2019
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Go
With the Flow - exposição
de pintura de Sandra Sequeira.
TRAJECTÓRiA
Alexandre
Dumas - O Mestre do Romance Histórico Francês
Nascido
em 1802 em Villers-Cotterêts, na Picardia, Dumas Davy de la
Pailleterie, mais conhecido pelo pseudónimo literário de Alexandre
Dumas, era filho de um general de Napoleão e da filha de um
estalajadeiro. Leitor voraz desde pequeno, começou a escrever para
revistas e a assinar peças de teatro quando trabalhava em Paris, já
após a restauração da monarquia. O sucesso da sua segunda peça,
Christine
(1830), permitiu-lhe dedicar-se apenas à escrita. Entre as suas
obras, traduzidas para quase 100 línguas, contam-se Os
Três Mosqueteiros (1844), O
Conde de Monte Cristo
(1845-46), A Rainha Margot
(1845), O Colar da Rainha
(1849-50), O Cavaleiro da
Mansão Vermelha (1845) ou A
Tulipa Negra (1850). Também
escreveu livros de viagens, de história e um dicionário de cozinha.
Morreu em Puys, em 1870. O seu filho, Alexandre Dumas, Filho, foi
também escritor e dramaturgo. Em 2002, os restos mortais do pai
de D'Artagnan entraram no Panteão, em Paris.
22FEV2010
- Diário de Notícias
VISTORiA
O
mundo é um grito. Onde encontrar a harmonia e a calma neste
turbilhão infinito e perpétuo, neste movimento atroz? O mundo é um
sonho sem um segundo de paz. A dor gera dor num desespero sem
limites.
Eu
não sou nada. Sou o minuto e a eternidade. Sou os mortos. Não me
desligo disto – nem do crime, nem da pedra, nem da voragem. Sou o
espanto aos gritos.
O
sonho completo é o universo realizado.
Cada
vez fujo mais de olhar para dentro de mim mesmo. Sinto-me nas mãos
de uma coisa desconforme. Sinto-me nas mãos de uma coisa imensa e
cega – de uma tempestade viva.
Raul
Brandão
-
Húmus
(1917, excerto)
A
primeira coisa que vos posso dizer é que morávamos num sexto andar
sem elevador e que, para a Madame Rosa, com todos aqueles quilos que
transportava consigo e só com duas pernas, era uma verdadeira fonte
de vida quotidiana, com todas as preocupações e dificuldades. Ela
recordava-nos isso sempre que não se queixava de outra coisa, porque
era também judia. A sua saúde não era famosa, e posso dizer-vos
desde já que era uma mulher que teria merecido um elevador.
Romain
Gary/Émile Ajar
-
Uma Vida à Sua Frente (1975,
excerto); Tradução de Joana Cabral
MEMÓRiA
01DEZ1940-2005
- Richard Franklin Lenox Thomas Pryor, aliás Richard Pryor: Actor
americano, comediante, cantor e escritor - «Pegarmos fogo a nós
próprios, põe-nos sóbrios rapidamente». IMAG.72
1914-02DEZ1980
- Roman Kacew, aliás Romain Gary: Cineasta, diplomata e escritor
francês, ou sob o pseudónimo de Émile Ajar, Fosco Sinibaldi,
Shatan Bogat, René Deville e Lucien Brûlard - «O humor é uma
afirmação de dignidade, uma declaração da superioridade do homem
frente a tudo aquilo que sofre… A realidade não é uma inspiração
para a literatura. No máximo, a literatura é uma inspiração para
a realidade». IMAG.366-465
1914-02DEZ1990
- António da Costa Jr, aliás António Dacosta: Poeta português,
pintor e crítico de arte - «Picasso é um génio, mas um génio
cuja arte se inscreve sobre um fundo de classicismo, o que torna
respeitáveis as formas mais violentas do seu discurso plástico.»
(Dacosta Em Paris -
2000, excerto). IMAG.536-693
04DEZ1920-2013
- Nadir Afonso Rodrigues, aliás Nadir Afonso: Arquitecto e artista
plástico português - «A arte é ainda um feudo do idealismo e,
quando alguém explica racionalmente o que se passa - mostrando e
provando as leis -, há uma reacção de desencantamento» (1983).
IMAG.165-323-393-494-604-631
1802-05DEZ1870
- Dumas Davy de la Pailleterie, aliás Alexandre Dumas, Pai: Escritor
francês - «Os sofrimentos de um homem têm às vezes sido tantos,
que lhe dão o direito de nunca dizer: “Sou demasiado feliz”.»
(A Tulipa Negra
- 1850, excerto). IMAG.28-168-339-379-564
05DEZ1890-1976
- Friedrich Anton Christian Lang,
aliás Fritz Lang: Cineasta
austríaco, com carreira na Alemanha e nos EUA - «A minha vida
privada nada tem a ver com os meus filmes».
IMAG.38-93-272-301-419-573
1867-05DEZ1930
- Raul Germano Brandão, aliás Raul Brandão: Escritor e jornalista
português, autor de Húmus
(1917) - «Talvez o mundo não exista, talvez tudo no mundo sejam
expressões da minha própria alma. Faço parte de uma coisa
dolorosa, que totalmente desconheço, e que tem nervos ligados aos
meus nervos, dor ligada à minha dor, consciência ligada à minha
consciência.».
IMAG.48-161-293-301-342-350-384-394-400-431-495-582-602-641-642-668-670-694-700-711-712-719-774
06DEZ1890-1943
- Heinrich Robert Zimmer, aliás Heinrich Zimmer: Historiador de arte
alemão, radicado nos EUA - «Observaram a ave elevar-se lentamente
no céu, transportando nas suas garras uma cobra ensanguentada.
Calcante, o sacerdote-adivinho, interpretou a aparição como um
sinal auspicioso, que indicava o triunfo dos gregos sobre os
troianos. A ave celestial destruidora da serpente simbolizava, para
ele, a vitória da ordem celestial, masculina e patriarcal dos
gregos, sobre o princípio feminino da Ásia e de Tróia.» (Mitos
e Símbolos Nas Arte e Civilização Indianas - 1946,
excerto).
06DEZ1920-2012
- David Warren Brubeck, aliás Dave Brubeck: Compositor americano,
maestro e pianista de jazz, autor de The
Duke (1955) - «A partir de
certa altura, apercebi-me de que é necessário esquecer o passado -
embora sem pressas, para desfrutar o que já vivemos». IMAG.443
1943-07DEZ1990
- Reinaldo Arenas: Escritor cubano, autor de Antes
Que Anoiteça (1992) - «Creio
que a minha mãe sempre foi fiel à infidelidade do meu pai, e optou
pela castidade. A castidade da minha mãe era pior que a de uma
virgem, porque ela tinha conhecido o prazer durante uns meses, e
depois renunciou a ele por toda a vida». IMAG.301-303-427
BREVIÁRiO
Quetzal
edita Cartas e Recordações
de Saul Bellow (1915-2005);
selecção, tradução e prefácio de Salvato Telles de Menezes.
IMAG.36-87-360-421-518-546-553-555-568
Relógio
D’Água edita Obra Completa
de Arthur Rimbaud
(1854-1891); tradução de Miguel Serras Pereira e João Moita,
prefácio de Francisco Vale.
IMAG.15-52-103-346-487-488-716
Antígona
edita Solaris de
Stanislaw Lem (1921-2006); tradução de Teresa Fernandes
Swiatkiewicz. IMAG.87-112-470
Warner
edita em CD, Claude Debussy
[1862-1918]:
The Complete Works.
IMAG.252-291-301-349-375-383-438-535-540-576-652-764
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