quarta-feira, abril 17, 2019

IMAGINÁRiO #767

José de Matos-Cruz | 16 Agosto 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

CRUZAMENTOS
Uma das convulsões mais trágicas do Universo DC Comics, Our Worlds at War expandiu-se, em 2001, por diversas frentes de combate, quando inimagináveis forças ameaçam os heróis e os cidadãos da Terra. Eis flagrantes incidências, nas principais revistas titulares, cujas magníficas capas são assinadas por Jae Lee: em Batman - por Ed Brubaker & Stefano Gaudiano - o Cavaleiro das Trevas investiga o que parece ser uma misteriosa derrocada na baixa de Gotham, enquanto as relações entre Bruce Wayne e o Presidente Lex Luthor se tornam insustentáveis; em Green Lantern - por Judd Winick, Dale Eaglesham & Rodney Ramos - o Lanterna Verde enfrenta o seu pior inimigo, Sinestro, tentando preencher o buraco deixado pelo desaparecimento do planeta Plutão; em Young Justice - por Dan Abnett, Andy Lanning & Todd Nauck - os jovens aventureiros são extraídos do nosso tempo, por Linear Man, e refeitos no futuro com a missão de neutralizarem a Renegade Consciousness, responsável pelas fracturas temporais. Tal afecta ainda Wonderwoman, Nightwing, The Flash ou Harley Quinn…

CALENDÁRiO

29NOV2018-26MAR2019 - Em Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda expõe, na Galeria D. Luís, Uma História de Assombro | Portugal-Japão - Séculos XVI-XX, sendo comissárias Alexandra Curvelo e Ana Fernandes Pinto.

12DEZ2018-08FEV2019 - Em Lisboa, Kunsthalle Lissabon apresenta Astray: Prologue - instalação de Caroline Mesquita (França), sendo curadora Sofia Lemos.

13DEZ2018-21FEV2019 - Em Lisboa, Galeria Balcony apresenta Las Golondrinas - exposição múltipla de Maya Saravia (Guatemala), sendo comissário Sérgio Fazenda Rodrigues.

1943-17DEZ2918 - Carole Penny Marshall, aliás Penny Marshall: Cineasta americana, produtora e actriz, realizadora de Big (1988) - «Ela nasceu com um grande dom. Era divertida, e sabia por instinto como revelar os seus talentos» (Rob Reiner).

1939-28DEZ2018 - Amos Klausner, aliás Amos Oz: Escritor e jornalista israelita, intelectual e professor de literatura, autor de O Meu Michael (1968) - «Os prémios literários são uma coisa estranha. Eu escrevo livros, tal como bebo água ou respiro. Não posso deixar de beber água, de respirar nem de escrever».

03JAN2019 - NOS Audiovisuais estreia O Grande Circo Místico (2018) de Carlos Diegues; coprodução de Fado Filmes, com Vincent Cassel e Nuno Lopes.

17JAN-31MAR2019 - Em Lisboa, Museu do Oriente apresenta Reflexões: Homem e Natureza - exposição de pintura de Bireswar Sen (1897-1974, Índia). 
 
VISTORiA


As paixões humanas pareciam dever morrer aos pés daquelas grandes árvores que protegiam semelhante asilo dos ruídos do mundo e o retemperavam dos ardores do Sol.
Mas que desordem! – disse o senhor d’Albon de si para consigo, depois de apreciar a sombria expressão que as ruínas imprimiam àquela paisagem como que fulminada por uma maldição. Dir-se-ia um local funesto abandonado pelos homens. Por toda a parte a hera estendia os seus nervos tortuosos e as suas ricas roupagens. Musgos castanhos, esverdeados, amarelos ou vermelhos espalhavam o seu colorido romântico pelas árvores, pelos bancos, pelos telhados, pelas pedras. As janelas carcomidas estavam meio consumidas pelas chuvas, devoradas pelo tempo; as varandas quebradas, os terraços demolidos.
Honoré de Balzac
- O Último Adeus (1830 – excerto)
MEMÓRiA

1845-16AGO1900 - José Maria Eça de Queiroz, aliás Eça de Queiroz: Escritor e diplomata português - «O que são há 20 anos os partidos em Portugal? Que pensamento traduzem? Que grande facto social querem realizar? Formam-se, desagregam-se, dissolvem-se, passam, esquecem, sem que deles fique uma edificação aceitável, uma criação fecunda. Estabelecem patronatos, constroem filiações, arregimentam homens e braços trabalhadores, preparam terreno e solo robusto, onde eles possam sem embaraço tomar as livres atitudes do aparato e da vaidade reluzente. Nada mais fazem. Nascem infecundamente, morrem esterilmente» (O Distrito de Évora – 1867).
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16AGO1920-1994 - Henry Charles Bukowski Jr, aliás Charles Bukowski: Ficcionista e poeta americano, nascido na Alemanha, autor de Histórias de Loucura Normal (1983) - «O amor é uma espécie de preconceito. Amamos o que nos é preciso, amamos o que nos faz sentir bem, amamos o que é conveniente. Como podemos dizer que amamos uma pessoa, quando há dez mil outras no mundo que amaríamos mais, se as conhecêssemos? Porém, nós nunca as conheceremos».  
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17AGO1920-2015 - Maureen FitzSimons, aliás Maureen O’Hara: Actriz e cantora americana, de origem irlandesa - «Ela foi, de facto, a “rainha do technicolor”, servindo o seu cabelo ruivo e os olhos esverdeados para exaltar as maravilhas do sistema cromático que, muito justamente, associamos à idade de ouro da produção americana» (João Lopes). IMAG.114-592

1903-17AGO1980 - Domingos Monteiro Pereira Júnior, aliás Domingos Monteiro: Escritor português - «No fundo do vale, o Douro serpeava como um fio e para ele olhou com ternura como para o seu mais útil obreiro, porque todos os anos adubava com os limos das suas cheias a sua melhor quinta.». IMAG.178-446

1799-18AGO1850 - Honoré Balzac, aliás Honoré de Balzac: Escritor francês - «Custa mais ser-se amante que marido, pela simples razão de que é mais difícil ser espirituoso todos os dias do que dizer coisas bonitas uma vez por outra». IMAG.216-227-377-593-707-749

18AGO1920-2006 - Shirley Schrift, aliás Shelley Winters: Actriz americana de cinema, teatro e televisão - «Em Hollywood, todos os casamentos são felizes. Os problemas surgem, apenas, quando as pessoas tentam viver juntas». IMAG.76-117

20AGO1890-1937 - Howard Phillips Lovecraft, alias H.P. Lovecraft: Escritor americano - «Aquilo que não está morto, pode jazer eternamente… E, em estranhas circunstâncias, até a morte pode morrer».  
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1863-21AGO1940 - Carlos António Rodrigues dos Reis, aliás Carlos Reis: Pintor naturalista e histórico, retratista, professor, criou o Grupo Ar Livre - mais tarde, Grupo Silva Porto - no qual reuniu colegas e estudantes em busca de lugares pitorescos para exercerem sua arte - «[Referindo-se à paisagem] Não é pois um crime de lesa-arte e de lesa-natura não a amar, não a tratar, não fazer dela um motivo, sempre espiritual, das nossas telas, reservando ela notas e emoções para os temperamentos diversos?» (A República - 1915). IMAG.287-407-746

22AGO1880-1944 - George Joseph Herriman, aliás George Herriman: Artista americano de banda desenhada, ilustrador e caricaturista, autor de Krazy Kat (1913-1944) - «A mais engraçada e fantástica e estimulante obra de arte produzida na América hoje» (Gilbert Seldes - 1924). IMAG.124-309-464-544

22AGO1920-2012 - Ray Douglas Bradbury, aliás Ray Bradbury: Escritor americano, mestre da literatura fantástica e de ficção científica, autor de Fahrenheit 451 (1953) - «Os melhores cientistas estão abertos à experimentação, e esta começa como um romance, ou seja, com a ideia de que tudo é possível… Mas, nós somos uma impossibilidade num universo impossível». IMAG.103-412-587

COMENTÁRiO

Fahrenheit 451
Há mais de uma maneira de queimar um livro. E o mundo está cheio de pessoas que andam por aí com caixas de fósforos. Cada minoria - seja de teor Baptista, Unitário, Irlandês, Italiano, Octogenário, Zen Budista, Sionista, Adventista, Feminista, Republicano - acha que tem o direito, ou o dever, de dosear o querosene e acender o fogo. O chefe do corpo de bombeiros Capitão Beatty, no meu romance Fahrenheit 451, descreve como os livros foram queimados primeiramente pelas minorias, rasgando uma página ou duas… Até que, quando os livros já estiverem vazios e as cabeças fechadas, a biblioteca acabará por encerrar para sempre.
Há tempos, descobri que, através dos anos, alguns editores da Ballantine Books, com medo de contaminarem os jovens, tinham, pouco a pouco, censurado 75 fragmentos distintos do meu romance. Os estudantes, depois de lerem o meu livro, escreveram-me para me contarem essa delicada ironia. Entretanto, Judy-Lynn del Rey, um dos novos responsáveis da Ballantine Books, está novamente a reeditar o livro, e desta vez publicando a versão integral, com todos os diabos e infernos de volta ao seu lugar.
Ray Bradbury
(1979-1987)
EPISTOLÁRiO

O riso é a mais útil forma da crítica, porque é a mais acessível à multidão. O riso dirige-se não ao letrado e ao filósofo, mas à massa, ao imenso público anónimo. É por isso que hoje é tão útil como irreverente rir das ideias do passado: a multidão não se ocupa de ideias, ocupa-se das fórmulas visíveis, convencionais das ideias. Por exemplo: o povo em Portugal, nas províncias, não é católico - é padrista: que sabe ele da moral do cristianismo? da teologia? do ultramontanismo? Sabe do santo de barro que tem em casa, e do cura que está na igreja.
Eça de Queiroz
- Carta a Joaquim de Araújo
- 25FEV1878
BREVIÁRiO

Câmara Municipal de Matosinhos edita Óscar Lopes [1917-2013] - Retrato de Rosto de Manuela Espírito Santo. IMAG.241-456-629-741
 

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