segunda-feira, abril 15, 2019

IMAGINÁRiO #766

José de Matos-Cruz | 08 Agosto 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

AFEIÇÕES
Exemplar quanto à intemporalidade que celebra as obras-primas de Walt Disney, A Dama e o Vagabundo - realizado em 1955 por Hamilton Luske, Clyde Geronimi & Wilfred Jackson - ficaria na história da Companhia como o primeiro filme de animação em Cinemascope. Estamos na tranquila periferia duma cidade americana, pelo início do Século XX. Recém-casados, Jim oferece a Darling a cadelinha Dama, que se sente abandonada quando um filho está para nascer. Um dia, os donos da casa têm que se ausentar, deixando o bebé e Dama aos cuidados de uma tia. O pior é que Sarah possui dois gatos siameses, que fazem a vida negra a Dama. Esta foge, acabando por conhecer o afectuoso e valente Vagabundo, que salva a criança atacada por um rato. Como recompensa, Darling e Jim aceitam em família o cão vadio, que fará Dama muito feliz e mãe extremosa… Eis uma divertida e aliciante fábula social, sempre disponível para ser apreciada pelos mais pequeninos!
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CALENDÁRiO

07NOV2018-25FEV2019 - Em Lisboa, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia / MAAT apresenta Haus Wittgenstein - Arte, Arquitectura & Filosofia - exposição múltipla / colectiva sobre os 90 anos da casa em Viena do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951), sendo curador Nuno Crespo. IMAG.224-320

15NOV2018-16FEV2019 - Em Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal / BNP expõe Sob a Chama da Candeia: Francisco de Holanda [1517-1584] e os Seus Livros, sendo comissária Sylvie Deswarte-Rosa. IMAG.471-625

17NOV2018-12JAN2019 - Em Lisboa, Galeria 111 apresenta O Corpo Dentro do Corpo Dentro do Corpo - exposição de fotogramas de Márcia Xavier (Brasil).

17NOV2018-19JAN2019 - Em Coimbra, Câmara Municipal apresenta, na Sala da Cidade, Hikari (Luz, Light) - exposição de fotografia de Pedro Medeiros, sendo curador Filipe Ribeiro.

10DEZ2018-24FEV2019 - Museu de Lisboa apresenta, no Torreão Poente da Praça do Comércio, Silêncio e Memória: 23 Prémios Nobel de Literatura - exposição de fotografia de Kim Manresa (Espanha), sendo comissário Miguel Ángel Invarato.

12DEZ2018-03MAR2019 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe Joan Miró [1893-1983] e a Morte da Pintura, sendo comissário Robert Lubar Messeri. IMAG.356-415-640-689

13DEZ2018-16MAI2019 - Em Cascais, Fundação D. Luís I apresenta, na Casa das Histórias Paula Rego, a exposição de pintura Paula Rego: Anos 80, sendo curadora Catarina Alfaro.
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14DEZ2018-27JAN2019 Em Braga, Museu da Imagem apresenta Olhares Secretos do Parque Nacional Peneda-Gerês - exposição de fotografia de Carlos Pontes.

15DEZ2018-24FEV2019- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta, com Associação de Amigos de Loiça de Sacavém/AALS, a mostra A Família Real e a Loiça de Sacavém. IMAG.106-289

MEMÓRiA

1926-08AGO2010 - Patricia Patsy Louise Neal, aliás Patricia Neal: Actriz americana de teatro e cinema, distinguida com um Tony (1947) por Another Part of the Forest de Lillian Hellman, e com um Oscar por Hud - O Mais Selvagem Entre Mil (1963) de Martin Ritt - «Frequentemente, a minha vida foi comparada com uma tragédia grega… E a actriz que sou não pode negar essa comparação».
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1926-13AGO2010 - José Maria de Figueiredo Sobral: Escultor, ceramista, pintor, gráfico, ilustrador, cenarista, poeta e dramaturgo português - «Sou um surrealista barroco» - cuja obra patenteia «o rigor e a procura do surpreendente e do imprevisível» (Álvaro Lobato de Faria). IMAG.320-547

1884-14AGO1960 - Jaime Zuzarte Cortesão, aliás Jaime Cortesão: Escritor e historiador português - «Sem uma larga renovação dos estudos históricos não se renovará também a consciência nacional… O novo ideal colectivo deverá mergulhar as suas raízes no passado» (Prefácio a Modo de Memórias - O Infante Sagres - 1960). IMAG.285-464-581

TRAJECTÓRiA

Jaime Cortesão
De seu nome completo Jaime Zuzarte Cortesão, nasceu em 1884 perto de Cantanhede, mas muito jovem a sua família se transferiu para próximo de Coimbra, onde iniciou os estudos. A sua vida de estudante universitário foi uma sucessão de experiências depressa abandonadas (passou por Grego, Direito e Belas-Artes) antes de se fixar em Medicina, que terminaria em Lisboa com uma tese que espelha já a sua multiplicidade de interesses (A Arte e a Medicina - Antero de Quental e Sousa Martins). A medicina não era, porém, a sua paixão; exerceu-a sem grande entusiasmo, e cedo se entregou a outras atividades, nomeadamente ao ensino (nos liceus e mais tarde nas Universidades Populares criadas durante a República), à literatura e à política. As suas tendências literárias e o seu interesse pela política, que sempre andaram a par, vincariam toda a sua vida de adulto em Portugal e no estrangeiro. Escritor (poeta, dramaturgo, contista, memorialista), colaborou na concretização de diversas publicações que marcaram a vida intelectual do primeiro quartel do nosso século (A Águia, Renascença, Seara Nova). As suas atividades políticas, iniciadas ainda durante a Monarquia, revestiram-se de grande riqueza e diversidade: participou ativamente na conspiração republicana que iria conduzir ao 5 de outubro de 1910, nas movimentações políticas conducentes à queda da ditadura de Pimenta de Castro em 1915, e opôs-se tanto ao sidonismo como ao salazarismo, o que lhe valeu por diversas vezes a prisão e finalmente o exílio; convidado para Ministro da Instrução, não aceitou o convite, mas foi deputado e, apesar da imunidade que essa qualidade lhe dava, ofereceu-se como voluntário para as forças expedicionárias na Primeira Guerra Mundial, assim dando consistência à sua posição política favorável à participação de Portugal no conflito; filiado na Maçonaria, acabou por se desvincular daquela organização ao cabo de vários anos de participação irregular nas suas atividades. Opositor do fascismo, combateu-o mesmo antes do 28 de maio, procurando, pela propaganda, evitar o seu acesso ao poder, sendo forçado a exilar-se após o golpe que instituiu a Ditadura Militar. O exílio levá-lo-ia a França e a Espanha, onde simultaneamente conspirava e efetuava as investigações históricas que já então constituíam o cerne das suas preocupações intelectuais. A queda da República Espanhola (1939) força-o a abandonar o país vizinho, fixando-se em França, de onde escapa novamente, desta vez regressando a Portugal, quando aquele país sofre a invasão nazi. Preso novamente, novamente se exila, desta vez para o Brasil, onde foi docente, jornalista e conferencista, destacando-se ainda como investigador da História de Portugal e da sua expansão e da História da formação do Brasil. No desenvolvimento desta fértil atividade intelectual, produz um vasto conjunto de obras inovadoras de grande fôlego, que lhe granjeiam reconhecimento internacional, tanto pelo rigor da investigação e pela clareza da exposição como pela solidez das teses defendidas. No fim da sua vida, visitou regularmente Portugal, tendo regressado definitivamente apenas em 1957. A sua avançada idade não lhe permitiu aceitar a proposta da Oposição ao Estado Novo de se candidatar à Presidência da República, em 1958, mas não o impediu de continuar a lutar contra o regime, tendo sido um dos autores de um Programa para a Democratização da República que só viria a público alguns meses depois do seu falecimento em 1960.

EPISTOLÁRiO

A mim se me afigura que a fusão de duas populações diferentes, a do norte e a do sul, dando origem a um etnos novo, com sua licença! e o próspero desenvolvimento de Portugal, fizeram com que enfim, um povo uno, original e novo compreendesse a sua missão de gente que habitava a extrema ocidental europeia em frente ao Atlântico.
Quanto ao seu ideal lusitano, deixe-me dizer-lhe que é apoucado, estreito, fraccionário até. O Sérgio resume-se, afinal, a conceder ao português umas botas de coiro áspero e sola cardada. É conveniente, é mesmo indispensável para nos firmarmos bem no chão; mas, que diabo, é pouco. Porque não deixa pensar e sentir largamente e a seu modo?
Jaime Cortesão
- O Parasitismo e o Anti-Historismo: Carta a António Sérgio (excerto)
OUT1913 - Vida Portuguesa
VISTORiA

Cartas à Mocidade

Que valem para a glória da França e da humanidade os seus guerreiros, os seus monarcas e potentados, se os compararmos com os nomes de Pasteur, Lavoisier ou Descartes? No cortejo do coroamento de Jaime I de Inglaterra, Shakespeare figurava entre os mais pobres, com o seu manto oferecido, de seis shillings. Hoje poucas pessoas conhecerão o nome dum só dos faustosos dignitários que seguiam o rei, enquanto o génio de Shakespeare exalta cada vez mais o coração dos homens em todo o mundo. Os papas sucedem-se há séculos e nenhum deles teve sobre a humanidade a influência de São Francisco de Assis, com o facto, na aparência tão simples, de falar ao sol, aos pobres, às aves e às feras, como a seres irmãos.
Jaime Cortesão
- Seara Nova - Nº 3 (1921, excerto)
BREVIÁRiO

Almedina edita Hikari (Luz, Light) de Pedro Medeiros.

Em As Aventuras de Blake e Mortimer, Asa II edita O Vale dos Imortais - Ameaça Sobre Hong Kong de Yves Sente, Teun Berserik & Peter Van Dongen, segundo as personagens de Edgar P. Jacobs (1904-1987).  
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Warner edita em CD, sob chancela Erato, Felix Mendelssohn [1809-1847]: Quartets por Quatuor Arod. IMAG.175-205-394-465-572-633-693-765

Dom Quixote edita Os Contos de Giuseppe Tomasi de Lampedusa (1896-1957); tradução de Maria do Carmo Abreu. IMAG.105-189-276-295-410-591-619

Flop edita 145 Poemas de Konstantinos Kafávis (1863-1933); tradução e apresentação de Manuel Resende.
 

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