domingo, novembro 11, 2018

IMAGINÁRiO #743

José de Matos-Cruz | 16 Fevereiro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

OUSADIAS
Uma das mais fascinantes e talentosas duplas artísticas, na banda desenhada de expressão europeia, Schuiten & Peeters formam uma parceria quase mítica pela singular e deslumbrante obra publicada. Sob original chancela Casterman, Memórias do Eterno Presente (1993), do ciclo Les Cités Obscures, propõe uma variação sobre o universo do filme Taxandria de Raoul Servais, do qual Benoît Peeters foi co-argumentista, sendo a concepção gráfica de François Schuiten. Estamos no País do Eterno Presente, seguindo a passagem de Aimé - um miúdo libertário, como sempre atrasado de manhã, ao ir para a escola - pelas ruas e edifícios dessa fantástica metrópole, solitária e arruinada. Uma história que Aimé nos revela, curioso e ousado, enquanto protagoniza um futuro virtual… Com uma alternativa titular em Memórias do Eterno Retorno, eis a prodigiosa arquitectura do imaginário - plena de referências irónicas e alegóricas, pela magistral recriação de Schuiten & Peeters. Segundo este, «a partir da banda desenhada, podemos referenciar outras famílias de imagem. Desde logo, há uma relação privilegiada com os filmes clássicos». IMAG.215-248-269-400-444-520-532


CALENDÁRiO

18ABR1918-19JUL2018- Shinobu Hashimoto: Cineasta japonês, realizador e produtor, argumentista (de Akira Kurosawa: Às Portas do Inferno/Rashomon - 1950 e Os Sete Samurais/Shichinin no Samurai - 1954) - «A mera partilha de argumentos não gera clássicos ou obras-primas, mas evita certas incongruências, que não escapam ao cuidado de vários olhares» (2006).

13JUL-06OUT2018 - Em Braga, Gnration apresenta All the Way Down - instalação de Matthew Biederman (EUA), integrada no programa Scale Travels, em parceria com o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia/LIN.

20JUL-23SET2018 - Em Lisboa, Galeria da Boavista apresenta Pálpembrana - exposição de escultura, instalação e filme de Alice dos Reis, sendo curadores Sara Antónia Matos e Pedro Faro.

23JUL-30SET2018 - Em Matosinhos, Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões apresenta A Conspiração das Formas - exposição colectiva / selecção de Obras da Colecção de Serralves, sendo curadora Gabriela Vaz-Pinheiro.

26JUL2018-31DEZ2019 - Em Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência apresenta Moranças | Habitats Tradicionais da Guiné-Bissau - exposição de fotografia e desenho (1959-1960) de Fernando Schiappa Campos, António Saragga Seabra e Amadeu de Castilho Soares, sendo curadores Catarina Mateus e João Santos.

27JUL-14SET2018 - Em Lisboa, Galeria Abysmo apresenta Ilustração Portuguesa - exposição colectiva de trabalhos publicados em 2017-2018.

06-09SET2018 - Passeio Marítimo de Algés apresenta a quinta edição de Comic Con Portugal - megaevento cultural promovido por City Conventions in the Yard, incluindo cinema, televisão, banda desenhada, literatura, o mundo do cosplay, gaming, new media, música, Pop Asia e expositores. IMAG.544-596-707-Extra

SUMÁRiO

Marcos Portugal
Aos nove anos, Marcos António da Fonseca Portugal ingressou no Seminário da Patriarcal de Lisboa, onde estudou com João de Sousa Carvalho.
Viveu oito anos em Itália, de Setembro de 1792 até 1800. Aí estreou pelo menos 21 óperas, a maior parte delas bufas, com um sucesso sem precedentes, e milhares de representações.
No Rio de Janeiro, juntou-se à coroa real portuguesa, por vontade expressa de D. João VI. Chega ali em 1811, compondo sobretudo música sacra.
Com a saúde debilitada, não acompanhou a corte no regresso a Lisboa. Compôs um Hino da Independência do Brasil, cantado durante dezenas de anos.
Morreu a 17 de Fevereiro de 1830, no Rio de Janeiro, aos 67 anos. Tinha nascido em Lisboa, a 24 de Março de 1762.
30MAR2013 - Diário de Notícias

VISTORiA

A Despedida

Três modos de despedida
Tem o meu bem para mim:
- «Até logo»; «até à vista»;
Ou «adeus» – É sempre assim.

«Adeus», é lindo, mas triste;
«Adeus»… A Deus entregamos
Nossos destinos: partimos,
Mal sabendo se voltamos.

«Até logo», é já mais doce;
Tem distancia e ausência, é certo;
Mas não é nem ano e dia,
Nem tão-pouco algum deserto.

Vale mais «até à vista»,
Do que «até logo» ou «adeus»;
«À vista», lembra, voltando,
Meus olhos fitos nos teus.

Três modos de despedida
Tem, assim, o meu Amor;
Antes não tivesse tantos!
Nem um só… Fora melhor.
António Correia de Oliveira

MEMÓRiA

16FEV1850-1911 - Maximiliano Eugénio de Azevedo, aliás Maximiliano d’Azevedo: - Escritor e jornalista, militar português, autor de Histórias das Ilhas - Reminiscências dos Açores e da Madeira (1909) - durante mais de dez anos, coadjuvou Latino Coelho na preparação dos materiais para a história política e militar de Portugal nos fins do Século XVIII e princípios do Século XIX.

1762-17FEV1830 - Marcos António da Fonseca Portugal, aliás Marcos Portugal: Compositor português, e organista celebrado de música erudita, com carreira e sucesso internacional - em 1792, partiu para Itália, graças à protecção do príncipe regente e futuro Rei D. João VI; em 1801, a sua ópera Non Irritare le Donne foi seleccionada para reabrir o Teatro Italiano de Paris. IMAG.169-270-303-364

17FEV1930-2015 - Ruth Barbara Rendell, aliás Ruth Rendell: Escritora inglesa de romances policiais, criadora do Inspector Reginald Wexford - «Uma observadora elegante e perspicaz da sociedade, muitos dos seus premiados thrillers e mistérios psicológicos de crime sublinharam as causas ela apoiava» (Gail Rebuck). IMAG.224-227-296-567

17FEV1940-1993 - Nelson Dias: Artista plástico português, ilustrador de Wanya - Escala Em Orongo (1972) - «A violência que perpassa é sempre contada em flashback, como recordação - tanto do que vitimou Orongo, como do que ocorreu na Terra, antes de ter superado uma atávica inclinação guerreira». IMAG.166-173-178-263-385-404-551

1878-20FEV1960 - António Correia de Oliveira: Poeta português - «Cristão, um trovador e um cavalheiro. Cantou, como os maiores, o sentimento do Povo, o encanto da Terra e a fascinação do Céu» (Caldeira Coelho). IMAG.668-699

22FEV1900-1983 - Luís Buñuel Portolés, aliás Luís Buñuel: Cineasta espanhol - «A nossa memória é nossa consciência, a nossa razão, a nossa acção, o nosso sentimento… Sem ela, somos nada. A imaginação é o nosso primeiro privilégio, tão inexplicável como o fenómeno que a provoca».  
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TRAJECTÓRiA

NELSON DIAS
Nasceu em Matosinhos, a 17 de Fevereiro de 1940. Concluiu o Curso Superior de Pintura em 1964, na Escola Superior de Belas Artes do Porto/FBA-UP. Realizou a sua primeira exposição individual na Galeria Quadrante/Lisboa, em 1968. Nos anos que se seguiram, realizou várias encomendas para tapeçaria e, no campo da pintura, efectuou intensa pesquisa numa linguagem pop, que nunca veio a público. Em 1972, publicou o álbum de banda desenhada Wanya, Escala Em Orongo, com texto de Augusto Mota. Em 1973, estes mesmos artistas concretizaram Copra, a Flor da Memória.

Durante a sua carreira, Nelson Dias participou em inúmeras exposições colectivas, em Portugal e no estrangeiro, e realizou várias exposições individuais, de que se destacam as últimas: 1989 - Anamnésias (Galeria São Francisco - Lisboa), 1990 - Metamorfoses (Galeria AlfaMixta - Lisboa), 1991- Géneses (Galeria Espiral - Oeiras). Está representado no Museu Armindo Teixeira Lopes, no museu Bello Pinero na Corunha/Espanha, no Museu da Caixa Geral de Depósitos e em inúmeras colecções particulares. À data do seu falecimento, em 26 de Janeiro de 1993, fazia parte integrante, como Professor Agregado, do corpo docente da FBA-UL, onde exercia docência desde 1982.
Foi distinguido com o 1º Prémio na Bienal de Desenho da Cooperativa Árvore (Porto, 1985), o 2º Prémio no Concurso Internacional de Desenho Perez Villaamil (Corunha/Espanha, 1988), o 1º Prémio de Desenho na III Bienal de Escultura e Desenho das Caldas da Rainha (1991), e o 1º Prémio de Pintura no V Concurso Internacional de Pintura de Freiburg (Alemanha, 1992).

BREVIÁRiO

Dom Quixote edita Vida e Obra de Fernando Pessoa (1888-1935) de João Gaspar Simões (1903-1987).
IMAG.26-28-64-82-130-131-157-182-187-196-207-211-236-264-323-326-330-333-343-347-376-382-384-385-395-399-403-404-417-426-433-450-460-467-491-507-509-524-540-551-556-561-576-593-596-604-605-612-613-617-622-632-638-640-645-662-663-687-691-712-716-733

Dom Quixote edita Isto Não Pode Acontecer Aqui de Sinclair Lewis (1885-1951); tradução de José Roberto.

EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

A MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS - 8

E no entanto, o fantasmagórico Damião de Magalhães atravessara já Cascais, espantado e escorraçado com os sinais dos tempos, prosseguindo um erradio litoral para as bandas de Lisboa. Estava, afinal, com o sol em ocaso, nesse cúmulo telúrico que lhe havia sido familiar, Belém, onde e quando se tornava ilíquida a fusão de marés, entre Tejo e Atlântico.
Continua

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