PRONTUÁRiO
PRODÍGIOS
Numa
incidência fulgurante, sensual, entre passado e fantástico, o
realismo primitivo e a magia intemporal, expande-se a saga de O
Mercenário
- segundo a exploração plástica e narrativa de Vicente
Segrelles,
originalmente apresentada pela revista espanhola Cimoc,
a partir de 1980.
Relatando
as façanhas de um guerreiro a soldo, projectadas sobre a mística ou
enfrentando o mal. Assim, O
Fim do Mundo
- quando, próximo do Ano
1000,
uma nefasta conjugação astral suscita ansiedade ou pânico entre os
habitantes do País das Nuvens. Inspirado pela bela Nan-Tay, o
Mercenário acorre, então, ao apelo para acompanhar o Grande Lama,
prior da Ordem da Cratera, numa extraordinária incursão… Mais uma
missão para o valente Mercenário, deixando latente este prodigioso
épico, em que o estilo pessoalíssimo de Segrelles - onírico e
simbólico, numa perturbante mas violenta exaltação - transcende a
óleo o talento do retratista, cujo herói - com a fisionomia do
actor Giuliano Gemma - explora outros domínios para a banda
desenhada. IMAG.505
CALENDÁRiO
08SET2017
- Em Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda apresenta Joan
Miró [1893-1983]:
Materialidade e Metamorfose -
exposição de pintura comissariada por Robert Lubar Messeri.
IMAG.356-415-640
15SET2017-07JAN2018
- No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta
D’Après Fibonacci e as
Coisas Lá Fora - exposição
de pintura de Jorge Pinheiro, sendo curador Pedro Cabrita Reis.
IMAG.399
23SET-31DEZ2017
- Em Lisboa, Museu do Design e da Moda/MUDE expõe no Palácio dos
Condes da Calheta, no âmbito da Capital Ibero-Americana de Cultura,
Como Se Pronuncia Design Em
Português: Brasil Hoje,
sendo curador Frederico Duarte.
04OUT2017-12FEV2018
- Em Lisboa, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia / MAAT
apresenta Shadow Soundings -
instalação de Bill Fontana (EUA) sobre a Ponte 25 de Abril
(Lisboa).
13OUT-30DEZ2017
- Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado
apresenta A-Mão-de-Olhos-Azuis
-
exposição de pintura de
Candido Portinari (1903-1962 - Brasil), sendo curadora Maria de Aires
Silveira. IMAG.79-553
13OUT2017-15JAN2018
- Em Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian expõe Ana
Hatherly [1929-2015] e
o Barroco - Num Jardim Feito de Tinta,
sendo curadores Paulo Pires do Vale e Nuno Vassallo e Silva.
IMAG.63-208-233-435-461-580-641
Pessoalmente,
não me considero um artista, e sim - apenas - um operário que
fabrica
histórias aos quadradinhos.
Eduardo
Teixeira Coelho
VISTORiA
Vila
Real Alegre…
Vila
Real é uma cidade generosa e fraterna. E, também, a cidade da
ironia… Por ali não passa ninguém que, como os cavalos de raça,
não traga na anca o sinete do escudo da cidade. Nunca vi cidade tão
impertinentemente impiedosa para os nossos defeitos, para os marcar a
fogo na individualidade de cada um que a vá servir.
João
Pina de Morais
16DEZ1943
- Jornal de Notícias
MEMÓRiA

01JAN1919-2010
- Jerome David Salinger, aliás J.D. Salinger: Escritor americano -
«Sou o maior mentiroso do mundo. Se me dirijo até a esquina para
comprar uma revista e alguém me pergunta qual o meu destino, sou
capaz de dizer - vou à ópera». IMAG.288-534-636
1924-01JAN2009
- Edmund Anthony Cutlar Purdom, aliás Edmund Purdom: Actor britânico
de teatro e cinema, intérprete de António
e Cleópatra (William
Shakespeare) na Broadway (1952), protagonista de O
Egípcio (1954 - Michael
Curtiz), encenador e realizador de Don’t
Open ‘til Christmas (1984);
em 1962, a MGM rescindiu contrato, sob a alegação de que o seu
relacionamento com Linda Christian havia violado uma «cláusula
moral»; radicado em Itália por 1964, dedicou-se a filmes de acção
e sensação, e à dobragem para inglês. IMAG.231-442-495
04JAN1809-1852
- Louis Braille: Cidadão francês,
inventor do sistema de leitura para cegos, conhecido por Método
Braille (criado em 1821 e publicado em 1829) - «Nós não queremos
ficar separados do mundo porque não podemos ver, e por isso temos de
trabalhar e estudar para sermos iguais aos outros, para não sermos
desprezados como ignorantes ou objectos de piedade. Farei tudo o que
puder para ajudar a alcançar a dignidade através do conhecimento…
O acesso à comunicação no seu sentido mais lato é o acesso ao
conhecimento e este é de importância vital para nós, se não
quisermos ser desprezados ou protegidos
por normovisuais condescendentes. Não precisamos de piedade nem de
que nos lembrem que somos vulneráveis. Queremos ser tratados como
iguais, e é através da comunicação que podemos consegui-lo».
IMAG.209-355
04JAN1839-1860
- Casimiro José Marques de Abreu, aliás Casimiro de Abreu: Poeta
brasileiro - «Oh! Que saudades que tenho / da aurora da minha vida,
/ da minha infância querida / que os anos não trazem mais! / Que
amor, que sonhos, que flores, / naquelas tardes fagueiras, / à
sombra das bananeiras, / debaixo dos laranjais!» (Meus
Oito Anos).
04JAN1899-1982
- Maria Emília Archer Eyrolles Baltasar Moreira, aliás Maria
Archer: Escritora portuguesa - «Não conheço mesmo outra que à
audácia dos temas e das ideias alie uma expressão tão enérgica e
pessoal. O seu estilo respira força e solidez» (João Gaspar Simões
- 1930).
04JAN1919-2005
- Eduardo Teixeira Coelho, ou (sob pseudónimo) Martin Sièvre: O
mais prestigiado dos artistas portugueses de quadradinhos,
distinguido com o Prémio Yellow Kid para o Melhor Ilustrador
Estrangeiro, no Festival de Lucca (Itália, 1973), atribui - ao
grafismo harmonioso e inimitável, ao estilo dinâmico e gracioso - o
sortilégio, a nostalgia e a modernidade que distinguem os criadores
primordiais.
IMAG.28-31-41-43-85-117-129-132-209-328-372-568-578-607-617
1924-05JAN2009
- Martin Patterson Hingle, aliás Pat Hingle: Actor norte-americano -
«Posso ser o condutor de um camião, um médico, um advogado, um
juiz ou qualquer outra pessoa, seja qual for a profissão… O meu
aspecto permite-me ter uma boa imagem, em qualquer meio ou profissão.
É uma bênção, e tenho consciência disso». IMAG.232-475
06JAN1889-1953
- João Pina de Morais: Escritor, jornalista e político português -
«As lutas do Douro são todas contra a ignorância que do Douro tem
o país e da incompreensão da sua vida. O duriense agarra-se à
defesa da sua região como a videira aos seus xistos, isto é, com
desespero, porque sabem um e outra que morrem impiedosamente se lhe
tirarem o pão». IMAG.304-404
VISTORiA
Se
eu soubesse que no mundo
Existia um coração,
Que só por mim palpitasse
De amor em terna expansão;
Do peito calara as mágoas,
Bem feliz eu era então!
Se essa mulher fosse linda
Como os anjos lindos são,
Se tivesse quinze anos,
Se fosse rosa em botão,
Se inda brincasse inocente
Descuidosa no gazão;
Se tivesse a tez morena,
Os olhos com expressão,
Negros, negros, que matassem,
Que morressem de paixão,
Impondo sempre tiranos
Um jugo de sedução;
Se as tranças fossem escuras,
Lá castanhas é que não,
E que caíssem formosas
Ao sopro da viração,
Sobre uns ombros torneados,
Em amável confusão;
Se a fronte pura e serena
Brilhasse d’inspiração,
Se o tronco fosse flexível
Como a rama do chorão,
Se tivesse os lábios rubros,
Pé pequeno e linda mão;
Se a voz fosse harmoniosa
Como d’harpa a vibração,
Suave como a da rola
Que geme na solidão,
Apaixonada e sentida
Como do bardo a canção;
E se o peito lhe ondulasse
Em suave ondulação,
Ocultando em brancas vestes
Na mais branda comoção
Tesouros de seios virgens,
Dois pomos de tentação;
E se essa mulher formosa
Que me aparece em visão,
Possuísse uma alma ardente,
Fosse de amor um vulcão;
Por ela tudo daria...
– A vida, o céu, a razão!
Existia um coração,
Que só por mim palpitasse
De amor em terna expansão;
Do peito calara as mágoas,
Bem feliz eu era então!
Se essa mulher fosse linda
Como os anjos lindos são,
Se tivesse quinze anos,
Se fosse rosa em botão,
Se inda brincasse inocente
Descuidosa no gazão;
Se tivesse a tez morena,
Os olhos com expressão,
Negros, negros, que matassem,
Que morressem de paixão,
Impondo sempre tiranos
Um jugo de sedução;
Se as tranças fossem escuras,
Lá castanhas é que não,
E que caíssem formosas
Ao sopro da viração,
Sobre uns ombros torneados,
Em amável confusão;
Se a fronte pura e serena
Brilhasse d’inspiração,
Se o tronco fosse flexível
Como a rama do chorão,
Se tivesse os lábios rubros,
Pé pequeno e linda mão;
Se a voz fosse harmoniosa
Como d’harpa a vibração,
Suave como a da rola
Que geme na solidão,
Apaixonada e sentida
Como do bardo a canção;
E se o peito lhe ondulasse
Em suave ondulação,
Ocultando em brancas vestes
Na mais branda comoção
Tesouros de seios virgens,
Dois pomos de tentação;
E se essa mulher formosa
Que me aparece em visão,
Possuísse uma alma ardente,
Fosse de amor um vulcão;
Por ela tudo daria...
– A vida, o céu, a razão!
Casimiro
de Abreu
BREVIÁRiO
Dom
Quixote edita As Mentiras Que
os Homens Contam de Luís
Fernando Veríssimo.
Sem comentários:
Enviar um comentário