PRONTUÁRiO
TESTEMUNHOS
À
época, as ocorrências da guerra colonial não tiveram, no cinema
português, uma expressiva incidência directa, em actualidades e
reportagens, ao contrário do que havia sucedido noutros períodos
marcados pelas circunstâncias político-militares. Por dois motivos
principais: a influência da censura e a importância sucedânea da
televisão. Em alternativa, o documentarismo africano mereceu um
notável incremento, graças ao apoio oficial, especialmente sobre
Angola e Moçambique, em múltiplas vertentes - sociais, económicas,
turísticas, de ensino - sempre com uma dinâmica
de progresso e desenvolvimento. Por outro lado, desde meados dos anos
de 1960, a guerra colonial reflectiu-se na área ficcional da nossa
cinematografia, com destaque para as longas metragens. Em causa,
sobretudo, estão os conflitos individuais - os quais se repercutem
pelo envolvimento familiar e comunitário, através das convencionais
implicações dramáticas. Entretanto, a partir de finais do Século
XX, passou a registar-se - em pequeno e grande ecrãs, com a
assinatura ou o desempenho das novas gerações - uma multiplicidade
significativa de propostas romanescas e testemunhadoras.
IMAG.295-391-410-445-631-660-734
CALENDÁRiO
02FEV-14ABR2019
- Em Lisboa, Galeria Quadrum expõe Assentamento
de António Bolota - em jogo, a arquitectura, a engenharia dos
materiais e a escultura, sendo curadora Sara Antónia Matos.
IMAG.597-641
08FEV-06MAI2019
- Em Lisboa, Espaço Projecto do Museu Calouste Gulbenkian expõe Moi
Je Suis la Langue et Vous Êtes Les Dents
de Yto Barrada (Marrocos/França), sendo comissária Rita Fabiana.
09FEV-27ABR2019
- Em Lisboa, Galeria Zé dos Bois apresenta Mil
Órbitas por António Poppe -
exposição de colagens, desenhos, caligrafias, livros e esculturas,
sendo curador Natxo Checa. IMAG.461
1941-15FEV2019
- Bruno Ganz: Actor suíço do teatro, da televisão e do cinema
internacionais, intérprete de A
Cidade Branca (1982 - Alain
Tanner) - «Os guiões têm de me agarrar, de me irritar, de me
seduzir. Não quero repetir-me nos meus papéis». IMAG.127-208-268
15FEV-21ABR2019
- Em Lisboa, Museu da Marioneta apresenta, com Monstra - Festival de
Animação de Lisboa, A Magia
dos Estúdios Aardman (GB) -
exposição de marionetas, cenários, esquissos e storyboards
de filmes e séries televisivas. IMAG.159
15FEV-19MAI2019
- Em Lisboa, Culturgest apresenta Once
In A Life Time [Repeat] -
exposição antológica de João Onofre, sendo curador Delfim Sardo.
IMAG.575
19FEV-24JUN2019
- No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe, com
Museo Guggenheim Bilbao e
Kunsthall Rotterdam, I’m
Your Mirror de Joana
Vasconcelos, sendo comissário
Enrique Juncosa.
IMAG.294-497-761
22FEV-20ABR2019
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Mapa
Luga, Uma Lacuna - exposição
de desenho Rui Horta Pereira. IMAG.541-601-735
02MAR2019
- Em Lisboa, Galeria Diferença expõe Diários
de Lisboa de André Ruivo.
IMAG.375-378-390-405-407-416-430-435-596-771
VISTORiA
Contigo
o Céu
Se
me aparto de Ti, Deus de bondade,
que ausência tão cruel! Como é possível
que me leve a um abismo tão terrível
pendor infeliz da humanidade.
Conforta-me, Senhor, que esta saudade
me despedaça o coração sensível;
se a Teus olhos na cruz sou desprezível,
não olhes para a minha iniquidade.
À suave esperança me entregaste,
e o preço do Teu sangue precioso
me afiança que não me abandonaste.
Se justo, castigar-me Te é forçoso,
lembra-Te que Te amei e me criaste
para habitar contigo o Céu lustroso!
que ausência tão cruel! Como é possível
que me leve a um abismo tão terrível
pendor infeliz da humanidade.
Conforta-me, Senhor, que esta saudade
me despedaça o coração sensível;
se a Teus olhos na cruz sou desprezível,
não olhes para a minha iniquidade.
À suave esperança me entregaste,
e o preço do Teu sangue precioso
me afiança que não me abandonaste.
Se justo, castigar-me Te é forçoso,
lembra-Te que Te amei e me criaste
para habitar contigo o Céu lustroso!
Alcipe
(D.
Leonor de Almeida Portugal de Lorena
e Lencastre)
MEMÓRiA
25OUT1890-1953
- Raul Ferrão: Maestro e compositor português, autor de Abril
Em Portugal, oficial do
exército, engenheiro químico, professor - «O nome de Raul Ferrão
fica sinónimo com os bons momentos da música portuguesa» (D.
Belo). IMAG.417-464
25OUT1930-2015
- Joaquim Manuel Durão, aliás Joaquim Durão: Xadrezista português,
Mestre Internacional - «Trabalhei
muito pelo xadrez. Foram treze anos dedicados ao dirigismo da
FIDE/Federação Internacional de Xadrez, influenciando os destinos
da modalidade, nos bons e nos maus momentos» (1999). IMAG.569
26OUT1910-1996
- Fernando Carvalho Trindade Bento, aliás Fernando Bento:
Ilustrador, figurinista, pintor, autor de banda desenhada - transpôs
As Mil e Uma Noites de
Adolfo Simões Muller, e colaborou no Cavaleiro
Andante a partir de 1952.
IMAG.257-299-307-328-367-533-550-578-643
1901-27OUT1980
- José Claudino Rodrigues Miguéis, aliás José Rodrigues Miguéis:
Escritor português - «Começo a compreender, com espanto, o que me
move: um desejo de identificação com os humildes deste mundo.»
(Gente da Terceira Classe
- 1962). IMAG.311-350-376
28OUT1900-1967
- Eduardo Augusto D’Oliveira Morais Melo Jorge Malta, aliás
Eduardo Malta: Pintor português, distinguido com o Prémio Columbano
(1936), director do Museu de Arte Contemporânea (1959-1967) - «Os
retratos de Eduardo Malta vivem carnal e espiritualmente» (Teixeira
de Pascoaes). IMAG.612
31OUT1750-1839
- D. Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre: Condessa de
Oeynhausen-Gravenburg, Condessa de Assumar e Marquesa de Alorna,
poetisa de nome literário Alcipe - «Nos discretos caracteres, / Vão
teus olhos magoados / Ora lendo o seu conforto, / Ora o decreto dos
Fados. // Já te lanças brandamente / No seio da paciência; / Já
te recreia admirar / O aspecto da Providência. // Eu te sigo,
suspirando, / E teço então sobre a lira / Estas cantigas saudosas /
Que o contemplar-te me inspira. // Se os meus versos te consolam, /
Sempre a branda simpatia / Conduzirá no silêncio / A Musa que teme
o dia!» (A Uma Freira Em
Chelas). IMAG.246-296-726
31OUT1950-2016
- Zaha Mohammad Hadid, aliás Zaha Hadid: Arquitecta inglesa de
origem iraquiana, distinguida com o prémio Pritzker em 2004 - «O
que a fazia diferente, era essa vontade de dar movimento ao espaço»
(Lina Santos). IMAG.613
TRAJECTÓRiA
Raul
Ferrão
Ninguém
diria, mas o compositor de algumas das mais populares e conhecidas
canções, fados e marchas de Lisboa era… militar de carreira! Raul Ferrão escreveu música para mais de uma centena de peças de teatro
e revistas e ainda para alguns dos mais aclamados filmes portugueses.
A
ele se devem êxitos como Cochicho,
As Camélias,
Burrié,
Velha Tendinha,
Rosa Enjeitada,
Ribatejo,
e ainda canções para os filmes A
Canção de Lisboa, Maria
Papoila, Aldeia
da Roupa Branca e Varanda
dos Rouxinóis; e escreveu
ainda música para operetas como A
Invasão, Ribatejo,
Nazaré,
Colete Encarnado
ou Senhora da Atalaia.
Em
1907, com 17 anos de idade, ingressou na carreira militar. Foi
professor da Escola de Guerra em 1917 e 1918, depois de ter cumprido
comissões de serviço em África durante a I Guerra Mundial.
Ferrão,
formado em engenharia química, começou a compor durante os anos
vinte e chegou a ser representante da antecessora da Sociedade
Portuguesa de Autores, a Sociedade de Escritores e Compositores
Teatrais, em congressos internacionais de direitos de autor.
Extraordinariamente
produtivo como compositor (só na década de quarenta escreveu música
para quase quarenta revistas!), as suas criações atravessaram
gerações, e basta recordarmos duas das mais importantes: Lisboa
Não Sejas Francesa,
originalmente composta para a opereta A
Invasão, e o eterno Coimbra,
que, contudo, tem uma história curiosa.
De
facto, a melodia de Coimbra existia desde 1939 sem que Ferrão
conseguisse que lha aceitassem numa peça. A canção foi ficando na
gaveta até que, finalmente, apareceu em 1947 no filme Capas
Negras, onde foi criada por
Alberto Ribeiro, ironicamente, sem grande sucesso. Só três anos
mais tarde, quando Amália a interpreta numa digressão
internacional, a canção se tornaria popular em todo o mundo,
ficando conhecida no estrangeiro como Avríl
au Portugal ou Apríl
in Portugal… Ferrão ainda
assistiu ao triunfo desta canção
enjeitada antes de falecer em
1953. O realizador e produtor televisivo Ruy Ferrão, seu filho,
encarregou-se de manter viva a sua memória.
COMENTÁRiO
FERNANDO
BENTO
Com
um historial esparso, mas de notável qualidade, graças a um leque
de artistas que, tendo-se afirmado pela época áurea, persistiram em
actividade, a banda desenhada portuguesa constitui um fecundo
património - ciosamente preservado por coleccionadores, apreciado
por leitores nostálgicos e, ao ressurgir em álbum, seduzindo as
mais jovens gerações.
Um
exemplo único, a nível internacional, pelo fascinante grafismo,
ágil e harmonioso, inconfundível, Fernando Bento tem justa evocação
- através de obras-primas clássicas, oportunamente relançadas. Um
universo fabuloso e aliciante, a redescobrir do original
preto-e-branco à prancha colorida.
VISTORiA
Ao
longo dos passeios de Nova Iorque, por sobre as estações e galerias
do subway,
abrem-se grandes respiradouros gradeados por onde cai de tudo: o sol,
a chuva, o luar e a neve, luvas, lunetas e botões, papelada, chewing
gum, tacões de sapatos de
mulheres que ficam entalados e até dinheiro. Às vezes, lá no
fundo, no lixo acumulado, ou em poças de água estagnada, brilham
moedas de níquel e mesmo de prata.
José
Rodrigues Miguéis
-
Arroz do Céu
(1962, excerto)
BREVIÁRiO
Porto
Editora lança Burgueses Somos
Nós Todos ou Ainda Menos de
Mário de Carvalho.
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