terça-feira, dezembro 20, 2016

IMAGINÁRiO #641

José de Matos-Cruz | 1 Janeiro 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

EXCENTRICIDADES

Um sarcástico herói dos quadradinhos, concebido em 1991, por Mike Richardson, A Máscara / The Mask saltou para o grande ecrã em 1994 - num imaginário delirante, vertiginoso, em que Charles Russell explora o prodígio dos efeitos especiais, digitalizados pela Industrial Light & Magic de George Lucas. Nesta fantasia heróica, sob exuberante burlesco, ressalta a caracterização por Jim Carrey, com uma incomparável extroversão fisionómica e coreográfica… Tímido e desajeitado, Stanley Ipkiss aceita o convite do confidente e colega bancário Charlie Schumaker, para o selectivo Coco Bong Club, onde canta a sensual Tina Carlyle, uma eventual cliente que lhe manifestou simpatia. Porém, Tina é amante do pérfido Dorian Tyrel, proprietário da boite e líder criminal, usando-a como cúmplice para um assalto decisivo, na ambição de dominar o submundo de Edge City. Casualmente, Ipkiss recupera do rio um antigo artefacto viquingue, com o elã do Deus das Picardias, o qual estivera longo tempo encerrado num cofre submerso, até ser libertado acidentalmente. À noite, ao contemplar a Máscara, esta modela-se ao rosto de Ipkiss, transformando-o num ser ousado, irreverente, que se vinga dos que o humilharam, concretizando assim todos os seus caprichos recalcados!

CALENDÁRiO

30JUN-15OUT2016 - Em Lisboa, Fundação Portuguesa das Comunicações | Museu das Comunicações expõe Pintura de Signos - mostra bibliográfica e projecção de desenhos e textos visuais de Ana Hatherly (1929-2015), sendo curador Fernando Aguiar. IMAG.63-208-233-435-461-580

15SET-16OUT2016 - Em Lisboa, Atelier-Museu Júlio Pomar apresenta A Arquitectura dos Artistas - sendo comissário José Neves, com a participação de António Bolota, Eduardo Batarda, Fernanda Fragateiro, Francisco Tropa, João Queiroz, José Pedro Croft, Leonor Antunes, Paulo Nozolino, Pedro Costa, Ricardo Jacinto, Rui Chafes, Vera Mantero, Camilo Rebelo, Manuel Aires Mateus, Manuel Graça Dias e Pedro Maurício Borges.

24SET-14NOV2016 - No Porto, Galeria Quadrado Azul expõe Dânae de Francisco Tropa. IMAG.399-555-603-621

1921-01OUT2016 - Mário Augusto de Almeida Braga, aliás Mário Braga: Escritor português, ficcionista, tradutor e jornalista - «Quando ando em período de escrever, as figuras apoderam-se com tal intensidade de mim, dominam-me com tal tirania, que sinto uma irreprimível necessidade de me libertar delas, resolvendo-as literariamente» (1959 - Litoral/Artes-Letras-Ciências).

06OUT-31DEZ2016 - Em Lisboa, Museu do Oriente apresenta Desorient Express - exposição de cerâmica de Bela Silva, sendo curadora Catarina Pombo Nabais. IMAG.92-407

07OUT2016-08JAN2017 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Everybody Knows This Is Nowhere - exposição de fotografia de Alexandra Hedison (EUA), com o apoio de Terra Esplêndida.

14OUT-27NOV2016 - Em Cascais, Fundação D. Luís I expõe, na Casa de Santa Maria, Arte Em Miniatura - Postais Ilustrados da Época de Ouro.

SUMÁRiO

D. João da Câmara

D. João Gonçalves Zarco da Câmara (1852-1908) nasceu e faleceu em Lisboa. Formou-se em engenharia no Instituto Industrial e trabalhou na administração dos Caminhos de Ferro. Dedicou-se à dramaturgia e ao jornalismo, tendo sido considerado o maior dramaturgo da geração finissecular. Escreveu cerca de quarenta peças de teatro, entre traduções e adaptações de romances, como o Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco.

MEMÓRiA

1852-02JAN1908 - João Gonçalves Zarco da Câmara, aliás D. João da Câmara: Ficcionista, poeta, jornalista e dramaturgo português, autor de Os Velhos (1893) - «Juramentos de mulher são como os perfumes das verbenas, que mal duram uma noite…». IMAG.133-161-182-301-400

1922-03JAN2008 - Fernando José Francisco: Artista plástico português - «…Talvez, de todos nós, o pintor mais dotado e que, pouco depois, forneceria à pintura surrealista portuguesa o seu terceiro caso de emigração, esta total: para dentro, desaparecendo de todo o convívio, e ocultando para sempre, se é que os não destruiu, os seus óleos e desenhos» (Mário Cesariny). IMAG.179-359

1925-05JAN2008 - Luiz Pacheco: Escritor português - «Estendo o pé e toco com o calcanhar numa bochecha de  carne macia e morna; viro-me para o lado esquerdo, de costas para a luz do candeeiro; e bafeja-me um hálito calmo e suave; faço um gesto ao acaso no escuro e a mão, involuntária tenaz de dedos, pulso, sangue latejante, descai-me sobre um seio morno nu ou numa cabecita de bebé, com um tufo de penugem preta no cocuruto da careca, a moleirinha latejante; respiramos na  boca uns dos outros, trocamos pernas e braços, bafos, suor uns com os outros, uns pelos outros, tão conchegados, tão embrulhados e enleados num mesmo calor como se as nossas veias e artérias transportassem o mesmo sangue girando, palpitassem, compassadamente, silenciosamente, duma igual vivificante seiva.» (Comunidade - 1964, excerto). IMAG.68-180-198-312-411-513-523-597

06JAN1888-18JAN1968 - Emmerico Hartwich Nunes, aliás Emmerico Nunes: Pintor português, de mãe alemã, ilustrador e caricaturista - «…Ficou ligado aos primórdios e à evolução do modernismo português e definindo, de certo modo, uma faceta do seu ecletismo, nos anos 20 e 30, especialmente» (José-Augusto França). IMAG.467

COMENTÁRiO

D. João da Câmara

D. João da Câmara é um dos maiores dramaturgos portugueses: as suas obras ficarão no nosso teatro porque são profundamente humanas. E ele não dispõe de grandes efeitos: a sua arte não arrasta pelo tablado mantos de púrpura; pelo contrário, quase sempre traz um vestido tão coçado que se lhe vê – a alma imortal. Porque os farrapos desfazem-se, leva-os o vento: a alma não; essa é eterna.
E dia a dia este grande escritor avança no caminho da Verdade: os tipos dos seus dramas, à medida que descem na escala social, enchem-se de grandeza. A piedade transborda-lhe da alma e ilumina-lhe todas as figuras.
Poucas peças modernas resistirão ao tempo: mais alguns anos e serão velharias de museu. Diversa será, porém, a sorte dos Velhos, da Triste Viuvinha, da Meia Noite e da Rosa Enjeitada, que é um dos mais belos dramas que eu tenho visto na minha vida.
É que D. João da Câmara é um poeta e os poetas adivinham: sabem onde se encontra a verdade e vão descobri-la através de todas as máscaras. As vezes sofrem. Melhor: tinta espalhada sem dor, só tinta fica.
E como é uma rápida impressão que me pedem, eis o que sinto ao ouvi-lo ou ao lê-lo, depois de ter passado pela barafunda de tantos literatos, todos eminentes, e que me enchem de admiração e de cansaço: parece que topo uma fonte, aberta em rocha viva, donde corre um fio de água límpido e frígido como um fio de lágrimas. Apaga-me a sede!
Raul Brandão
- Álbum Açoreano (1903 - excerto)

Fernando José Francisco

Era o melhor de nós todos, era a maior esperança… Viveu uma história excepcional, que poderia ser cantada por um Camões. Por o amor ser tão grande ou ser tão fraco, decidiu deixar de pintar, o que é admirável, muito bonito. E é único.
- Cruzeiro Seixas (excerto)

Emmerico Nunes

A modernidade de Emmerico Nunes está condicionada ao diálogo com o seu público. Para além de uma paleta mais aberta, com cores fortes e expressionista, a síntese do traço, numa caligrafia de comunicação directa sem barroquismos, dominarão a sua obra.
As guerras e instabilidades no centro da Europa foram empurrando Emmerico Nunes para esta ocidental praia, onde aos poucos foi constituindo família, e um abrigo. Contudo, esse abrigo será sempre precário, visto não haver por cá bases sólidas para uma sobrevivência desafogada de um artista. Aqui, vai ter se sujeitar ao que há, espalhando a sua criatividade do humor adulto ao humor infantil. Da publicidade às artes decorativas. Da pintura de retrato à paisagem. De restaurador a professor de meninos irrequietos.
- Osvaldo Macedo de Sousa (2008 - excerto)

BREVIÁRiO

Caminho edita Papéis da Prisão de Luandino Vieira. IMAG.19-41-61-95-138-198-288-516

Sistema Solar edita O Ombro da Marquesa de Émile Zola (1840-1902); tradução de Aníbal Fernandes. IMAG.269-593

Dom Quixote edita O Amor Em Lobito Bay de Lídia Jorge. IMAG.16-144-187-286-314-373-536-540-545-574-635

Bertrand edita Viagem a Itália 1786-1788 de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832); tradução de João Barrento. IMAG.199-240-363-366

Sony edita em CD, Pierre Boulez [1925-2016] Conducts [Maurice] Ravel (1875-1937), com BBC Symphony Orchestra, The Cleveland Orchestra e New York Philharmonic. IMAG.67-104-160-236-272-317-343-358-411-505-534-566-600

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