José de Matos-Cruz | 16 Abril 2017 | Edição Kafre |
Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
DEMANDAS

VISTORiA
A
Serenata
¨Vestida de gemidos de bordão,
lancinâncias
de violino,
na
noite parada
vem
descendo a seresta.
Sumiu-se
a cidade barulhenta
inimiga
das crianças e dos poetas.
Uma voz canta
sentimentalmente um samba.
Aquele aperto de mão
não foi adeus!
não foi adeus!
Os cavaquinhos desmaiam de
puro sentimento,
a cidade morreu lá longe,
e a lua vem surgindo cor de prata.
a cidade morreu lá longe,
e a lua vem surgindo cor de prata.
Nessa história de amor todos são iguais,
até o rei volta sua palavra atrás…
até o rei volta sua palavra atrás…
O meio tom brasileiro deixa
interrogativamente a sua
nostalgia.
É hora que os poetas escolheram
para a procura dos seus mundos perdidos…
para a procura dos seus mundos perdidos…
Amanhã a cidade virá
novamente
inimiga dos poetas.
Mas agora ela dorme,
ela não sabe que os poetas falam com Nossenhor,
com a lua e as estrelas,
nesta hora tão lírica…
inimiga dos poetas.
Mas agora ela dorme,
ela não sabe que os poetas falam com Nossenhor,
com a lua e as estrelas,
nesta hora tão lírica…
Menina romântica, irmã
das crianças e dos poetas…
A tua janela, florida de esperanças,
é um mistério que a cidade não entende.
das crianças e dos poetas…
A tua janela, florida de esperanças,
é um mistério que a cidade não entende.
Passa a serenata.
Mas no coração dos que temem a primeira luz do dia que vai
Mas no coração dos que temem a primeira luz do dia que vai
chegar
ficam os gemidos do violão e do cavaquinho,
vozes crioulas neste noturno brasileiro
de Cabo Verde.
ficam os gemidos do violão e do cavaquinho,
vozes crioulas neste noturno brasileiro
de Cabo Verde.
Baltazar Lopes / Osvaldo
Alcântara
CALENDÁRiO
18FEV-24MAR2016
- Bedeteca da Amadora apresenta, na Biblioteca Municipal Fernando Piteira
Santos, ‘Os Doze de Inglaterra’ de
Eduardo Teixeira Coelho - exposição de materiais originais de impressão da
obra, impressões do livro e arte original do artista. IMAG.28-31-41-43-85-117-129-132-209-328-372-568-578
µ27FEV-11JUN2016 - Em Guimarães, Palácio Vila Flor
apresenta Still There - exposição de
fotografia (Líbano, 2011) de Carlos Lobo.
¢03MAR-15MAI2016 - Centro de Exposições de Odivelas
apresenta, na Galeria D. Dinis, a exposição retrospectiva de pintura João Feijó - 30 Anos Pela Arte.
VISTORiA

Henry Fielding
-
A História de Tom Jones (1749 -
excerto)
MEMÓRiA
15ABR1707-1783
- Leonhard Paul Euler: Matemático e físico suíço de língua alemã, radicado na
Rússia e na Alemanha, desenvolveu a geometria analítica e a trigonometria -
«Calculava, sem esforço aparente, como os homens respiram, como as águias
planam ao vento» (François Arago - 1786-1853). IMAG.146

¨ 22ABR1707-1754
- Henry Fielding: Novelista e dramaturgo inglês, um dos fundadores do romance
moderno; em 1754, radicou-se em Lisboa, à procura de melhor clima. Tendo
escrito Journal of a Voyage To Lisbon,
faleceu dois meses depois na capital portuguesa, e foi enterrado no Cemitério
dos Ingleses.
IMAG.140-486
¨ 1783-23ABR1847 - Erik Gustaf Geijer: Escritor e
compositor sueco - «Cada um de nós tem qualidades para fazer alguma coisa
melhor do que as outras pessoas». IMAG.402
¨ 23ABR1907-1989 - Baltazar Lopes da Silva, aliás Osvaldo
Alcântara: Poeta, ficcionista e linguista cabo-verdiano, cultor do crioulo,
co-fundador do movimento Claridade - «Venham todas as vozes, todos os ruídos e
todos os gritos, / venham os silêncios compadecidos e também os silêncios
satisfeitos; / venham todas as coisas que não consigo ver na superfície
da sociedade dos homens; / venham todas as areias, lodos, fragmentos de rocha /
que a sonda recolhe nos oceanos navegáveis…» (Ressaca - excerto).
PARLATÓRiO
¨ Um autor deve considerar-se, não um cavalheiro que
oferece um banquete particular ou de caridade, e sim alguém que dirige uma casa
de pasto, pública, na qual são bem-vindas todas as pessoas, em troca do seu
dinheiro.
—Henry Fielding
SUMÁRiO

BREVIÁRiO
Gradiva
edita Os Doze de Inglaterra
(1950-1951) de Eduardo Teixeira Coelho (1919-2005).
¯Harmonia Mundi edita em CD, Michel-Richard de Lalande [1657-1726]: Leçons de Ténèbres por
Sophie Karthäuser, com Ensemble Correspondances, sob a direcção de Sébastien
Daucé.
COMENTÁRiO

Publicada
agora, finalmente, em álbum, sem as amputações
que na sua edição original [O Mosquito, 1950-1951] sacrificaram, frequentemente, a
integralidade do desenho ao espaço ocupado pelo texto de Raul Correia – também
ele belo, mas, nalguns passos, porventura, redundante –, numa edição que só foi
possível pela arte, o conhecimento e o empenho de outro grande criador da banda
desenhada portuguesa, José Ruy.
Guilherme
Valente
(Editor
da Gradiva)