quinta-feira, outubro 25, 2018

IMAGINÁRiO #740

José de Matos-Cruz | 24 Janeiro 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

DOMÍNIOS
Aliando o fascínio da intriga criminal à denúncia da corrupção política, Chinatown (1974) é um clássico do cinema negro, com assinatura de Roman Polanski. Em 1990, o protagonista Jack Nicholson dirigiu O Caso da Mulher Infiel, cuja acção decorre dez anos depois. Os dois filmes foram concebidos pelo mesmo argumentista, Robert Towne. Em causa, o detective Jake Gittes, especializado em investigações conjugais. E a cidade de Los Angeles, nas margens de Hollywood - como cenário volúvel, de precários ciúmes ou suspeitas de traição. Afinal, os pretextos de adultério cedo evoluem para outros aspectos: jogos de poder, dúbios compromissos, ganância. Perversão política, interesses económicos, contaminação social. Towne expande uma trama romântica e dramática, com o espírito de Raymond Chandler… Tudo começa em 1937: invocando ser casada com Hollis Mulwray, uma bela mulher contrata Gittes, para recolher provas de que o patrão da água a trai com outra mais nova. Mais tarde, o cadáver de Mulwray é pescado num reservatório, após o escândalo se tornar público. Erosão da lucidez, rotina profissional, íntimo cinismo, instabilidade emocional, estigmatizam o retrato (anti)heróico de Nicholson, como Guittes - subjugado numa voragem fatal de sentimentos e ressentimentos, de vivências e sobrevivências, de roturas e penosas reconciliações. IMAG.24-80-264-284

CALENDÁRiO

04JUN-14SET2018 - Em Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal / BNP expõe, em organização com Clube Português de Banda Desenhada/CPBD, A Três Vinténs - 100 Anos de Fascículos de Aventuras Em Portugal.

29JUN-07OUT2018 - Em Guimarães, Centro Internacional das Artes José de Guimarães apresenta Mundo Flutuante | Trabalhos: 1996-2018 - exposição de desenho, vídeo e som de Pedro A.H. Paixão. IMAG.588

1944-07JUL2018 - Pedro Morais: Artista plástico português, pintor e professor: «Sentia uma responsabilidade extrema de acrescentar algo ao que ele conhecia do mundo e fazia-o construindo discursos maravilhosos sobre as coisas» (João Fernandes). IMAG.399-413

1931-08JUL2018 - Arthur Andrew Kelm Gelien, aliás Tab Hunter: Actor americano - «Os seus papéis de atleta, soldado, cowboy, bom rapaz integravam-se numa idealização das virtudes masculinas e solidárias do jovem americano central à imagem da América do pós-guerra projectada por Hollywood» (Jorge Mourinha).

1933-12JUL2018 - Maria Laura do Soveral Rodrigues, aliás Laura Soveral: Actriz portuguesa de rádio, teatro, televisão e cinema, destacando-se após Uma Abelha Na Chuva (1971 - Fernando Lopes) - «Já aí ela era enorme: a sua representação criava uma angústia nas pessoas, nos espectadores» (João Botelho). 
 
EPISTOLÁRiO

Filho de um servo, servente de loja, cantor na igreja, estudante do liceu e da Universidade, educado para a reverência de superiores e para beijos de mão, para se curvar perante os pensamentos alheios, para a gratidão por qualquer pequeno pedaço de pão, muitas vezes sovado, indo à escola sem galochas…
Anton Tchékhov
- Carta a Aleksandr Tchékhov (1889)

PARLATÓRiO

Retratar uma mulher é o mesmo que possuí-la.
Amadeo Modigliani

Quando uma frase nasce, não é nem tão boa nem tão fraca. O segredo do seu sucesso está num ponto crucial que mal se pode discernir. Devemos segurar a chave desse enigma gentilmente com os dedos, aquecendo-a. E depois a chave deve dar uma volta, e não duas.
Isaac Babel

MEMÓRiA

1884-24JAN1920 - Amadeo Clemente Modigliani: Artista plástico italiano, pintor e escultor, em Paris após 1906, ritualista da cor, celebrado pelos nus cuja estética sensual estiliza a inquietação latente ou o intenso despojamento, precursor do modernismo - «Aquilo que eu procuro na pintura, não é o real ou o irreal, mas antes o inconsciente, o mistério do instinto na alma humana». IMAG.154-260-474-680

1577-25JAN1640 - Robert Burton: Académico inglês e clérigo da Oxford University, autor de A Anatomia da Melancolia (1631) - «no meio de doutas exposições anatómicas e fisiológicas, irrompem mitologias cristãs e pagãs, manifestações sobrenaturais, superstições: castigos divinos, espíritos maléficos, possessões demoníacas» (Pedro Mexia) - «Cada religião é tão verdadeira como qualquer outra». IMAG.502-598

1922-25JAN1990 - Ava Lavinia Gardner, aliás Ava Gardner: Actriz americana, intérprete de A Condessa Descalça / The Barefoot Contessa (1954 - Joseph L. Mankiewicz) - «Tenho, apenas, uma regra de acção - confiar no realizador, e entregar-me de alma e coração à personagem que estou a representar». IMAG.27-178-230

1934-26JAN2010 - Jorge Fontes: Guitarrista português - «Foi um dos campeões de gravações de discos… É importantíssimo para a história da discografia fadista. Praticamente, todos os grandes nomes do fado foram acompanhados por ele, tendo incentivado muitos fadistas a gravar discos» (José Manuel Osório). IMAG.287-494

1894-27JAN1940 - Isaac Emmanuilovich Babel, aliás Isaac Babel: - Escritor e jornalista soviético - «O meu coração contraiu-se, pois o presságio de alguma verdade essencial tocara-me de leve com os dedos.» (A Cavalaria Vermelha - 1926). IMAG.419-474-573

1894-27JAN1990 - Francine Germaine Van Gool Benoït, aliás Francine Benoit: Compositora e musicóloga, nascida em França e naturalizada portuguesa (1929) - «Desenvolveu uma notável actividade multifacetada no domínio da música» (Ana Sofia Vieira). IMAG.478-505

1919-27JAN2010 - Jerome David Salinger, aliás J.D. Salinger: Escritor americano - «O homem imaturo é aquele que quer morrer gloriosamente por uma causa. O homem maduro contenta-se em viver humildemente por ela». IMAG.288-534-636-689

29JAN1860-1904 - Anton Pavlovitch Tchékhov, aliás Anton Tchékhov: Ficcionista e dramaturgo russo - «Qualquer idiota consegue enfrentar uma situação de crise… É a vida do dia a dia que nos desgasta». IMAG. 139-260-364-454-457-474

1946-29JAN2000 - João António da Silva Palolo, aliás António Palolo: Artista plástico português - «Estes corpos desmaterializados, sem rosto nem espessura, são os elementos pictóricos de um trabalho sem sentido descritivo, e que se organiza para além do visível, em torno de um espaço cósmico feito de enigmas e decifrações» (Maria Helena de Freitas). IMAG.417-573

BREVIÁRiO

Turbina/Mundo Fantasma edita O Espião Acácio de Fernando Relvas (1954-2017).  
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Renato Abreu edita e coordena o fanzine Orion número 1, em que também colabora com Bernardino Costantino, José de Matos-Cruz, Maria João Worm e Sofia Guilherme Lobo.IMAG.721-Extra

INVENTÁRiO

Anton Tchékov
Um dos mais famosos novelistas e dramaturgos russos, Anton Tchékhov, nasceu em Taganrog em 1860, e faleceu em 1906 [1904].
Médico de profissão, Tchékhov começou sua carreira como escritor em 1880, com a publicação de alguns ensaios literários. A partir daí não demorou muito para que o então desconhecido escritor alcançasse uma extraordinária popularidade, não só por suas novelas mas também por suas peças, das quais as mais conhecidas são: As Três Irmãs, Ivanov, O Tio Vania e A Cerejeira.
Estas peças formaram o ambiente para a fundação do Teatro de Arte de Moscovo, que foi criado sob o signo do Impressionismo.
Melancolicamente pessimista e aproveitando o máximo todas as experiências humanas e sociais, Tchékhov seria o criador de uma escola literária que encontraria mais tarde, mesmo nos países ocidentais, enorme repercussão.
Os seus contos, tanto quanto as suas peças, são, em geral, obras-primas que harmonizam perfeitamente a forma e a precisão vocabulares a uma sedutora e correctíssima fluência verbal, sem deixar de conter também um conteúdo lírico dos mais densos.
Renato Roschel

SUMÁRiO

Isaac Babel
Nascido na cidade de Odessa, localizada na Ucrânia, no ano de 1894, Isaac Babel era de família judia e por causa desse fato sofreu com o extremo preconceito em uma época em que o judaísmo era um estigma. A Rússia, assim como boa parte dos países da Europa, mantinha uma forte antipatia pelos judeus, que eram perseguidos sumariamente tanto no período czarista como no pós-Revolução Russa. «Em 40 meninos, apenas dois judeus podiam ingressar na classe preparatória», escreveu Babel para seu amigo e mentor Maximo Gorki sobre a política de quotas das escolas daquele período. Gorki, aliás, foi quem publicou os primeiros textos de Babel nas revistas A Crónica e Vida Nova.

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