José
de Matos-Cruz | 24 Janeiro 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
DOMÍNIOS
Aliando
o fascínio da intriga criminal à denúncia da corrupção política,
Chinatown
(1974) é um clássico do cinema
negro,
com assinatura de Roman Polanski. Em 1990, o protagonista Jack
Nicholson
dirigiu O
Caso da Mulher Infiel,
cuja acção decorre dez anos depois. Os dois filmes foram concebidos
pelo mesmo argumentista, Robert Towne. Em causa, o detective Jake
Gittes, especializado em investigações conjugais. E a cidade de Los
Angeles, nas margens de Hollywood - como cenário volúvel, de
precários ciúmes ou suspeitas de traição. Afinal, os pretextos de
adultério cedo evoluem para outros aspectos: jogos de poder, dúbios
compromissos, ganância. Perversão política, interesses económicos,
contaminação social. Towne expande uma trama romântica e
dramática, com o espírito
de Raymond Chandler… Tudo começa em 1937: invocando ser casada com
Hollis Mulwray, uma bela mulher contrata Gittes, para recolher provas
de que o patrão
da água
a trai com outra mais nova. Mais tarde, o cadáver de Mulwray é
pescado num reservatório, após o escândalo se tornar público.
Erosão da lucidez, rotina profissional, íntimo cinismo,
instabilidade emocional, estigmatizam o retrato (anti)heróico de
Nicholson, como Guittes - subjugado numa voragem fatal de sentimentos
e ressentimentos, de vivências e sobrevivências, de roturas e
penosas reconciliações. IMAG.24-80-264-284
CALENDÁRiO
04JUN-14SET2018
- Em Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal / BNP expõe, em
organização com Clube Português de Banda Desenhada/CPBD, A
Três Vinténs - 100 Anos de Fascículos de Aventuras Em Portugal.
29JUN-07OUT2018
- Em Guimarães, Centro Internacional das Artes José de Guimarães
apresenta Mundo Flutuante |
Trabalhos: 1996-2018 -
exposição de desenho, vídeo e som de Pedro A.H. Paixão. IMAG.588
1944-07JUL2018
- Pedro Morais: Artista plástico português, pintor e professor:
«Sentia uma responsabilidade extrema de acrescentar algo ao que ele
conhecia do mundo e fazia-o construindo discursos maravilhosos sobre
as coisas» (João Fernandes). IMAG.399-413
1931-08JUL2018
- Arthur Andrew Kelm Gelien, aliás Tab Hunter: Actor americano - «Os
seus papéis de atleta, soldado, cowboy,
bom rapaz integravam-se numa idealização das virtudes masculinas e
solidárias do jovem americano central à imagem da América do
pós-guerra projectada por Hollywood» (Jorge Mourinha).
1933-12JUL2018
- Maria Laura do Soveral Rodrigues, aliás Laura Soveral: Actriz
portuguesa de rádio, teatro, televisão e cinema, destacando-se após
Uma Abelha Na Chuva
(1971 - Fernando Lopes) - «Já aí ela era enorme: a sua
representação criava uma angústia nas pessoas, nos espectadores»
(João Botelho).
EPISTOLÁRiO
Filho
de um servo, servente de loja, cantor na igreja, estudante do liceu e
da Universidade, educado para a reverência de superiores e para
beijos de mão, para se curvar perante os pensamentos alheios, para a
gratidão por qualquer pequeno pedaço de pão, muitas vezes sovado,
indo à escola sem galochas…
Anton
Tchékhov
-
Carta a Aleksandr Tchékhov (1889)
PARLATÓRiO
Retratar
uma mulher é o mesmo que possuí-la.
Amadeo
Modigliani
Quando
uma frase nasce, não é nem tão boa nem tão fraca. O segredo do
seu sucesso está num ponto crucial que mal se pode discernir.
Devemos segurar a chave desse enigma gentilmente com os dedos,
aquecendo-a. E depois a chave deve dar uma volta, e não duas.
Isaac
Babel
MEMÓRiA
1884-24JAN1920
- Amadeo Clemente Modigliani: Artista plástico italiano, pintor e
escultor, em Paris após 1906, ritualista da cor, celebrado pelos nus
cuja estética sensual estiliza a inquietação latente ou o intenso
despojamento, precursor do modernismo - «Aquilo que eu procuro na
pintura, não é o real ou o irreal, mas antes o inconsciente, o
mistério do instinto na alma humana». IMAG.154-260-474-680
1577-25JAN1640
- Robert Burton: Académico inglês e clérigo da Oxford University,
autor de A Anatomia da
Melancolia (1631) - «no meio
de doutas exposições anatómicas e fisiológicas, irrompem
mitologias cristãs e pagãs, manifestações sobrenaturais,
superstições: castigos divinos, espíritos maléficos, possessões
demoníacas» (Pedro Mexia) - «Cada religião é tão verdadeira
como qualquer outra». IMAG.502-598
1922-25JAN1990
- Ava Lavinia Gardner, aliás Ava Gardner: Actriz americana,
intérprete de A Condessa
Descalça / The Barefoot Contessa
(1954 - Joseph L. Mankiewicz) - «Tenho, apenas, uma regra de acção
- confiar no realizador, e entregar-me de alma e coração à
personagem que estou a representar». IMAG.27-178-230
1934-26JAN2010
- Jorge Fontes: Guitarrista português - «Foi um dos campeões de
gravações de discos… É importantíssimo para a história da
discografia fadista. Praticamente, todos os grandes nomes do fado
foram acompanhados por ele, tendo incentivado muitos fadistas a
gravar discos» (José Manuel Osório). IMAG.287-494
1894-27JAN1940
- Isaac Emmanuilovich Babel, aliás Isaac Babel: - Escritor e
jornalista soviético - «O meu coração contraiu-se, pois o
presságio de alguma verdade essencial tocara-me de leve com os
dedos.» (A Cavalaria Vermelha
- 1926). IMAG.419-474-573
1894-27JAN1990
- Francine Germaine Van Gool Benoït, aliás Francine Benoit:
Compositora e musicóloga, nascida em França e naturalizada
portuguesa (1929) - «Desenvolveu uma notável actividade
multifacetada no domínio da música» (Ana Sofia Vieira).
IMAG.478-505
1919-27JAN2010
- Jerome David Salinger, aliás J.D. Salinger: Escritor americano -
«O homem imaturo é aquele que quer morrer gloriosamente por uma
causa. O homem maduro contenta-se em viver humildemente por ela».
IMAG.288-534-636-689
29JAN1860-1904
- Anton Pavlovitch Tchékhov, aliás Anton Tchékhov: Ficcionista e
dramaturgo russo - «Qualquer idiota consegue enfrentar uma situação
de crise… É a vida do dia a dia que nos desgasta». IMAG.
139-260-364-454-457-474
1946-29JAN2000
- João António da Silva Palolo, aliás António Palolo: Artista
plástico português - «Estes corpos desmaterializados, sem rosto
nem espessura, são os elementos pictóricos de um trabalho sem
sentido descritivo, e que se organiza para além do visível, em
torno de um espaço cósmico feito de enigmas e decifrações»
(Maria Helena de Freitas). IMAG.417-573
Turbina/Mundo Fantasma edita O
Espião Acácio de Fernando
Relvas (1954-2017).
IMAG.4-284-516-521-658-703
Renato
Abreu edita e coordena o fanzine Orion número 1, em que também colabora com Bernardino Costantino, José
de Matos-Cruz, Maria João Worm e Sofia Guilherme Lobo.IMAG.721-Extra
INVENTÁRiO
Anton
Tchékov
Um
dos mais famosos novelistas e dramaturgos russos, Anton Tchékhov,
nasceu em Taganrog em 1860, e faleceu em 1906 [1904].
Médico
de profissão, Tchékhov começou sua carreira como escritor em 1880,
com a publicação de alguns ensaios literários. A partir daí não
demorou muito para que o então desconhecido escritor alcançasse uma
extraordinária popularidade, não só por suas novelas mas também
por suas peças, das quais as mais conhecidas são: As
Três Irmãs, Ivanov,
O Tio Vania e
A Cerejeira.
Estas
peças formaram o ambiente para a fundação do Teatro de Arte de
Moscovo, que foi criado sob o signo do Impressionismo.
Melancolicamente
pessimista e aproveitando o máximo todas as experiências humanas e
sociais, Tchékhov seria o criador de uma escola literária que
encontraria mais tarde, mesmo nos países ocidentais, enorme
repercussão.
Os
seus contos, tanto quanto as suas peças, são, em geral,
obras-primas que harmonizam perfeitamente a forma e a precisão
vocabulares a uma sedutora e correctíssima fluência verbal, sem
deixar de conter também um conteúdo lírico dos mais densos.
Renato
Roschel
SUMÁRiO
Isaac
Babel
Nascido
na cidade de Odessa, localizada na Ucrânia, no ano de 1894, Isaac Babel era de família judia e por causa desse fato sofreu com o
extremo preconceito em uma época em que o judaísmo era um estigma.
A Rússia, assim como boa parte dos países da Europa, mantinha uma
forte antipatia pelos judeus, que eram perseguidos sumariamente tanto
no período czarista como no pós-Revolução Russa. «Em 40 meninos,
apenas dois judeus podiam ingressar na classe preparatória»,
escreveu Babel para seu amigo e mentor Maximo Gorki sobre a política
de quotas das escolas daquele período. Gorki, aliás, foi quem
publicou os primeiros textos de Babel nas revistas A
Crónica e Vida
Nova.
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