José
de Matos-Cruz | 01 Setembro 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal
– Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
TRANSGRESSÕES
Uma das convenções tradicionais da banda desenhada respeita à identidade secreta dos heróis, sujeitos a uma exposição pública, que os vulnerabiliza perante todos os perigos e as piores vinganças. Tal estimula os autores às mais insólitas especulações, as quais, muitas vezes, remontam às próprias origens de um desígnio justiceiro. Imagine-se então um homem privado de memória e, no entanto, constrangido por um passado obscuro, perturbante, que o torna vulnerável a volúveis suspeitas, sob ameaças que, simultaneamente, impelem o seu destino para um confronto de vingança… ou expiação! Eis os fundamentos de XIII (1984 ) - uma das sagas mais aliciantes, com a marca da escola franco-belga. Mistério, aventura, disputam uma acção de contornos políticos - em flagrantes de espionagem, sob implicações militares - em que o poder absoluto se insinua, irreversível, pairando entre referências financeiras ou proezas criminais. Dois criadores veteranos - o argumentista Jean Van Hamme (lembrar Thorgal) e o ilustrador William Vance (lembrar Bob Morane) - conquistaram os fanáticos com as proezas do enigmático mas empolgante XIII. Entre muitos nomes, talvez mais próximo da verdade, mas o futuro é uma realidade instável…
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Uma das convenções tradicionais da banda desenhada respeita à identidade secreta dos heróis, sujeitos a uma exposição pública, que os vulnerabiliza perante todos os perigos e as piores vinganças. Tal estimula os autores às mais insólitas especulações, as quais, muitas vezes, remontam às próprias origens de um desígnio justiceiro. Imagine-se então um homem privado de memória e, no entanto, constrangido por um passado obscuro, perturbante, que o torna vulnerável a volúveis suspeitas, sob ameaças que, simultaneamente, impelem o seu destino para um confronto de vingança… ou expiação! Eis os fundamentos de XIII (1984 ) - uma das sagas mais aliciantes, com a marca da escola franco-belga. Mistério, aventura, disputam uma acção de contornos políticos - em flagrantes de espionagem, sob implicações militares - em que o poder absoluto se insinua, irreversível, pairando entre referências financeiras ou proezas criminais. Dois criadores veteranos - o argumentista Jean Van Hamme (lembrar Thorgal) e o ilustrador William Vance (lembrar Bob Morane) - conquistaram os fanáticos com as proezas do enigmático mas empolgante XIII. Entre muitos nomes, talvez mais próximo da verdade, mas o futuro é uma realidade instável…
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CALENDÁRiO
06MAI-19MAI2017 - Em Lisboa, Museu Militar apresenta Delfim Maya [1886-1978] - Escultor Ibérico.
06MAI-03JUN2017 - No Porto, Cooperativa Árvore e Museu Nacional de Soares dos Reis apresentam Espaços Imprevisíveis - exposição de pintura de Fernando Marques de Oliveira.
1934-09MAI2017 - Armando Baptista-Bastos: Escritor e jornalista português - «…A actividade de escrever é demasiado natural, e de certa forma transcendente, para se reduzir às consequências de um ofício.» (O Cavalo a Tinta-da-China - 1995).
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PRIORITÁRiOBAPTISTA-BASTOS
José
de Matos-Cruz
COMENTÁRiO
David Foster Wallace
É um autor que pode escrever o que quiser. Pode fazer algo triste, divertido, descabido, arrebatador ou absurdo com igual mestria; até pode fazer tudo ao mesmo tempo.
Michiko Katutani
INVENTÁRiO
O Primo Basílio
Em 1922, George Pallu realizou, para a Invicta Film, o drama cinegráfico O Primo Basílio, baseado no romance de Eça de Queiroz. Tudo gira, como se sabe, em volta dum adultério incómodo – entre Luísa, uma dama (bem) casada com Jorge, mas suspirante; e Basílio, um parente cosmopolita, leviano, que chega do estrangeiro… No contrato celebrado com os livreiros Lello & Irmão, estava prevista a venda da fita para o Brasil, estipulando-se quanto aos termos ficcionais e económicos: a Invicta podia «introduzir, modificar ou suprimir qualquer assunto», «segundo as exigências do cinematógrafo, desde que não fiquem alteradas as linhas gerais», «ou suprimidos os principais personagens»; a cessão foi feita «pela quantia de dois cêntimos em moeda francesa ao câmbio do dia, por metro de cada positivo vendido», «depois de deduzida a metragem dos títulos». Reproduzindo com bastante fidelidade os tipos característicos, bem como o clima fútil e a tensão expiadora, na obra literária, Pallu – também autor do argumento – não consegue, todavia, transmitir a toada sibilina, nem a feroz insolência sobre os costumes mesquinhos e a medíocre moral da época. Mesmo assim, um tema tão ousado e a sugerida escabrosidade levantaram significativa onda de protestos. Já a Invicta Cine – reconhecendo a «grande irreverência» de Eça – criticou os «delambidos púrrios, grotesca personificação da honestidade, que andam a ejacular a sua estupidez…»
A estreia comercial do filme esteve em risco, acabando
por ocorrer – com distribuição Castello Lopes – em Lisboa
(Condes), a 16 de Março; e no Porto (Jardim Passos Manuel), a 27 de
Março de 1923. A fotografia de Maurice Laumann é sóbria mas
envolvente, filtrando a mecânica do conflito (assédio,
infidelidade, chantagem) através da transparência cénica
(humilhação, doença, morte). O papel de Basílio, interpretado por
um Robles Monteiro corpulento e bonacheirão, raro sugere o
insinuante sedutor que implicaria a trama sentimental, bem servida
por uma Amélia Rey Colaço na figura vulnerável e patética de
Luísa. Arrebatador é, no entanto, o desempenho da notável Ângela
Pinto, como Juliana, na sua única aparição em cinema: cria com o
espectador uma distanciação ambígua que, no entanto, gera a
cumplicidade, proferindo apartes em direcção à câmara…
Ainda no
elenco, destacam-se Raul de Carvalho (Jorge), António Pinheiro
(Conselheiro Acácio) e Arthur Duarte (Ernestinho). A pouco
característica definição de situações, no acercamento desse
estrato classista e pretensioso, algo parasitário em seus rituais de
dissolução, para além das aparências morais, é contrabalançada
pela dinâmica narrativa – assente numa montagem equilibrada, com
recurso frequente a sequências paralelas. Assinalemos, pois, O
Primo Basílio
– como um exemplo marcante entre as versões cinegráficas, de
ambiência urbana – sagrando corajosamente o polémico romance de
Eça de Queiroz, duas ou três vezes adaptado no período sonoro: por
Carlos Najera (Eurindia Films – México) em 1934; e por António
Lopes Ribeiro (para Eduardo Costa) em 1959.
MEMÓRiA
1869-01SET1948 - Gabriel Georges Pallu, aliás Georges Pallu: Cineasta francês, trabalhou em Portugal ao serviço da Invicta Film, tendo dirigido várias transposições literárias, como Amor de Perdição (1921).
IMAG.9-14-19-52-60-90-101-148-165-171-178-193-199-203-205-214-256-275-287-313-342-394-434
02SET1928-2012 - Stuart Solomon, aliás Mel Stuart: Cineasta americano, produtor e realizador (A Maravilhosa História de Charlie / Willy Wonka and the Chocolate Factory - 1971, Brenda Starr, Reporter - 1976, Cães do Ódio / Mean Dog Blues - 1978), presidente da International Documentary Association. IMAG.278-421
02SET1928-2014 - Horace Ward Martin Tavares Silva, aliás Horace Silver: Compositor e músico americano de jazz, saxofonista e pianista, co-fundador do hard bop, líder de The Jazz Messengers, tocou com Milt Jackson ou Paul Chambers, tendo criado «um legado entre as décadas de 1950 e 1960 altamente influente» (Diário de Notícias). IMAG.521
02SET1938-2013 – Eduardo José Nery de Oliveira, aliás Eduardo Nery: Artista plástico e fotógrafo português, ligado à op art - «O seu trabalho em pintura, mais ligado à arte abstracta, foi inovador mesmo em termos internacionais e acompanhou Vasarely, um papel que nunca foi reconhecido» (Vítor Albuquerque Freire). IMAG.405-435-454
1910-06SET1998 - Akira Kurosawa: Cineasta nipónico, realizador de Rashomon - Às Portas do Inferno (1950) - «Por que razão se deixam os homens arrastar, sempre, para a fatalidade? Porque não podem viver em paz, com um pouco mais de bondade entre si, de uns para com os outros?». IMAG.193-267-531
1962-12SET2008 - David Foster Wallace: Escritor americano, autor de Infinite Jest (1996): «Estava a chover de um céu baixo, e a maré tinha vazado toda». IMAG.217-360
02SET1928-2012 - Stuart Solomon, aliás Mel Stuart: Cineasta americano, produtor e realizador (A Maravilhosa História de Charlie / Willy Wonka and the Chocolate Factory - 1971, Brenda Starr, Reporter - 1976, Cães do Ódio / Mean Dog Blues - 1978), presidente da International Documentary Association. IMAG.278-421
02SET1928-2014 - Horace Ward Martin Tavares Silva, aliás Horace Silver: Compositor e músico americano de jazz, saxofonista e pianista, co-fundador do hard bop, líder de The Jazz Messengers, tocou com Milt Jackson ou Paul Chambers, tendo criado «um legado entre as décadas de 1950 e 1960 altamente influente» (Diário de Notícias). IMAG.521
02SET1938-2013 – Eduardo José Nery de Oliveira, aliás Eduardo Nery: Artista plástico e fotógrafo português, ligado à op art - «O seu trabalho em pintura, mais ligado à arte abstracta, foi inovador mesmo em termos internacionais e acompanhou Vasarely, um papel que nunca foi reconhecido» (Vítor Albuquerque Freire). IMAG.405-435-454
1910-06SET1998 - Akira Kurosawa: Cineasta nipónico, realizador de Rashomon - Às Portas do Inferno (1950) - «Por que razão se deixam os homens arrastar, sempre, para a fatalidade? Porque não podem viver em paz, com um pouco mais de bondade entre si, de uns para com os outros?». IMAG.193-267-531
1962-12SET2008 - David Foster Wallace: Escritor americano, autor de Infinite Jest (1996): «Estava a chover de um céu baixo, e a maré tinha vazado toda». IMAG.217-360
BREVIÁRiO
Apenas Livros edita Aurora Boreal e O Instinto Supremo de José de Matos-Cruz; terceiro universo de O Princípio Infinito, com visões de Susana Resende e Daniel Maia.
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