José
de Matos-Cruz | 24 Março 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal
– Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
DERIVAÇÕES
À
sua terceira produção americana, Alfred Hitchcock (1899-1980)
assinou um dos filmes mais insólitos e surpreendentes, durante a
extensa carreira em que se consagraria como mestre do suspense.
É sabido que além de intrigas, fatalidades, ameaças ou
sobressaltos, o que caracteriza as suas obras-primas é uma ironia
subtil, sofisticada, que paira sobre a estilizada irrupção das
emoções. Porém, Hitch apenas terá dirigido duas genuínas
comédias em longa metragem: O
Terceiro Tiro (1955) entre os
rituais do humor negro e, uns quinze anos antes, O
Sr. e a Sr.ª Smith (1941)
sob o signo da screwball
comedy. Baseava-se esta em
argumento de Norman Krasna - sobre história sua original - que
acabara de o vender à RKO e, segundo Eric Rohmer, o mesmo escritor
propôs a Hitch a respectiva adaptação. Era outra, porém, a versão
do cineasta, revelada a François Truffaut. Grande amigo de Carole
Lombard, casada à época com Clark Gable, foi a rainha da screwball
comedy quem lhe falou duma
história de que tanto gostava e que queria representar, só não
tinha realizador… «Num momento de fraqueza», Hitch aceitou a
incumbência - confessando, também, que não chegou a compreender as
personagens, limitando-se a seguir escrupulosamente o guião técnico.
Lombard faleceu meses depois, aos trinta e quatro anos, vítima dum
acidente de aviação.
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CALENDÁRiO
24NOV2016
- Em Lisboa, Museu do Oriente expõe A
Ópera Chinesa, sendo
curadoras Sylvie Pimpaneau e Sofia Campos Lopes.
04OUT1937-27NOV2016
- Carlos Alberto dos Santos, aliás Carlos Santos: Actor português
de televisão e cinema, distinguido com o Prémio Sophia, da Academia
Portuguesa de Cinema, pelo desempenho em Operação
Outono (2012 - Bruno de
Almeida).
29NOV2016-31JAN2017
- Em Lisboa, Instituto Cervantes expõe Ilustrações
Para Dom Quixote de Júlio
Pomar, assinalando os quatrocentos anos da morte de Miguel de
Cervantes (1547-1616), e sendo curador Alexandre Pomar.
IMAG.19-312-449-495-505-534-552-553-562-582-596-604-610-620-631-635-641-646
02DEZ2016-15JAN2017
- Em Lisboa, Lumiar Cité Maumaus apresenta Estúdio
- exposição de pintura e intervenção performativa de Francisco
Vidal. IMAG.292
06-30DEZ2016
- Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema apresenta José
Fonseca e Costa (1933-2015) -
Ciclo Integral.
IMAG.63-77-117-126-158-192-223-334-508-593-618-635-638-642
08DEZ2016
- Cinemundo estreia A Mãe É
Que Sabe de Nuno Rocha; com
Maria João Abreu e Dalila Carmo.
20MAR1936-10DEZ2016
- Alberto Jorge Seixas dos Santos, aliás Alberto Seixas Santos:
Cineasta português, realizador, argumentista, actor e produtor,
crítico e professor - «Em todos os lugares que ocupou deixou marcas
na defesa intransigente - férrea - de um cinema de autor, contra os
ditames do mercado» (Jorge Leitão Ramos). IMAG.22-67-91-158-347
14DEZ2016-01OUT2017
- Em Lisboa, Museu de Arte Popular expõe Da
Fotografia ao Azulejo - Povo, Monumentos e Paisagens de Portugal Na
Primeira Metade do Século XX,
com base numa pesquisa de José Luis Mingote Calderón (Espanha).
SUMÁRiO
Escritor
russo, de seu verdadeiro nome Alexei Maximovitch Peshkov, nascido 28
de março de 1868, em Nizhni Novgorod, e falecido a 14[18] de junho
de 1936. Poderoso ficcionista, aplaudido como o expoente da
literatura proletária, celebrizou-se por contar histórias de párias
e de vagabundos. Descreveu o movimento revolucionário russo na obra
A Mãe
(1906), e nesse mesmo ano partiu para o exílio. Atingiria o cume da
sua produção literária com uma trilogia autobiográfica, composta
por A Minha Infância
(1913-1914), Ganhando o Meu
Pão (1915-1916) e As
Minhas Universidades (1923).
PARLATÓRiO
A
arte é a mais bela das mentiras… É preciso primeiro encontrar,
depois cortar, para chegar à carne nua da emoção.
Claude
Debussy
O
talento desenvolve-se no amor que pomos no que fazemos. Talvez até a
essência da arte seja o amor pelo que se faz, o amor pelo próprio
trabalho.
Maximo
Gorki
Quem
quiser ser realizador de cinema, tem que ter espírito prático. É
trabalho árduo, como o de um carpinteiro e, quando eu termino um
filme, estou absolutamente exausto… Aliás, só em idade já madura
comecei a ter a ousadia de pensar que possuo algo de artista.
David
Lean
MEMÓRiA
25MAR1908-1991
- David Lean: Cineasta britânico - «Gosto de uma boa história, bem
consistente, com princípio, meio e fim. Na sua maioria, os novos
filmes parecem diários. Não têm construção dramática. E devo
dizer que gosto de uma boa construção dramática. Gosto de me
emocionar, quando vou ao cinema». IMAG.141-320-492
1862-25MAR1918
- Claude-Achille Debussy, aliás Claude Debussy: Compositor francês
- «As obras de arte fazem regras, mas as regras não fazem obras de
arte». IMAG.252-291-301-349-375-383-438-535-540-576
28MAR1868-18JUN1936
- Alexei Maximovitch Peshkov, aliás Maximo Gorki: Escritor russo -
«A tarefa da literatura é ajudar o homem a compreender-se a ele
mesmo». IMAG.102-567
1926-30MAR1988
- John Clellon Holmes: Novelista, poeta e professor americano, membro
da Beat Generation
- «Mais do que simples fadiga, beat
implica a sensação de ter sido usado, de estar em carne viva.
Envolve uma espécie de desnudamento da mente e, em última
instância, da alma: a sensação de estar sendo reduzido às bases
da consciência. Em síntese, significa ser empurrado sem drama
contra o muro do isolamento» (1952). IMAG.362-554
31MAR1918-2013
- Ted Post: Realizador americano de cinema e televisão, director de
Harry, o Detective em Acção
/ Magnum Force (1973) com
Clint Eastwood - «Acredito que a ganância e o ego de Clint
afectaram a sua sensibilidade e o seu discernimento». IMAG.479
COMENTÁRiO
DAVID
LEAN
Desde
cedo o cinema se converteu em fenómeno de culto, explorado por
múltiplas facetas: culto das suas vedetas, dos criadores, das
próprias fitas - assim variando ao longo do Século XX, entre o
fascínio e a emoção, a nostalgia e o encantamento. Durante
sucessivas décadas, por conseguinte, subsistiu uma margem de público
instituída - apesar das variantes - entre o estrito fanatismo
e os limites volúveis do espectáculo. Pensemos agora noutra
situação, punhamos a eventualidade de um culto que não respeita,
já, ao espectador mas directamente ao artista visionário, àquele
que manipula os materiais do cinema, e se exprime segundo as
específicas virtualidades do imaginário. O realizador - fiel à
regras duma indústria a que outrora se chamou fábrica
de sonhos, mas também
dependente dos caprichos do mercado, ou deles vítima eventual. Em
tal sortilégio transfigurador, as modas e os modelos foram-se
alterando. Este dilema eminente era reconhecido por David Lean, pouco
antes de falecer. O mesmo director
que, após uma iniciação prestigiosa (Breve
Encontro - 1945, Grandes
Esperanças - 1946), logrou
alguns dos maiores sucessos de sempre (A
Ponte do Rio Kway - 1957,
Doutor Jivago
- 1965, A Filha de Ryan
- 1971)… Era um cinema de sublimes emoções, de espaços
exaltantes, de anti-heróis em períodos de crise, de ambiciosas
adaptações, da gigantesca reconstituição histórica, das
paisagens exóticas e dos milhares de figurantes. Do esplendor ao
crepúsculo das superproduções, concebidas para um deslumbramento
ritual, o talento maior de David Lean terá sido reverter um desafio
tão insinuante, culminado em Lawrence
da Arábia (1962).
E
O TEMPO PASSA
Um
pouco como o cesteiro que entrelaça dezenas de fios de vime e daí
faz uma cesta, também quis cruzar várias linhas narrativas, vários
tons - momentos burlescos, dramáticos ou trágicos - passando ora
por transição ora por corte franco de umas para outras, esperando
que aos poucos o espectador comece a navegar - sem colete salva-vidas
- pelas cenas que vão combinando ficção e vida até não saber em
que território está. De qualquer modo estando no cinema estamos de
certeza no espaço fascinante da ilusão em que todos nos deixamos
enredar.
Alberto
Seixas Santos
BREVIÁRiO
Leopardo
Filmes produziu, e edita em DVD, Axilas
(2016) de José Fonseca e Costa (1933-2015); com Pedro Lacerda e
Maria da Rocha.
Marcador
edita 100 Heróis e Vilões
Que Fizeram a História de Portugal de
Pedro Rabaçal.
Cotovia
edita Satyricon de
Petrónio (27-66); tradução de Delfim Leão. IMAG.81
Harmonia
Mundi edita em CD, sob chancela Paraty, Heitor
Villa-Lobos [1887-1959]:
Obra Completa Para Guitarra por
Mickael Viegas. IMAG.251-601
Ítaca
edita Os Filhos de
Franz Kafka (1883-1924); tradução de Isabel Castro Silva.
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INCM/Imprensa
Nacional - Casa da Moeda edita A
Sereia de
Camilo Castelo Branco (1825-1890).
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Guerra
& Paz edita A Ilha do Tesouro de Robert Louis Stevenson
(1850-1904); tradução de Rui Santana Brito.
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