José
de Matos-Cruz | 8 Março 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
AVENTURAS
Mitificados
pela própria lenda de Hollywood, muitos filmes americanos,
consagrados entre clássicos e obras-primas, transferem-se para
além da sua história, ou do específico enquadramento em que
surgiram, eles mesmos testemunhos de um espectáculo tão virtual
como o cinema e seus modelos de produção. Céu
Aberto (1952) é exemplar de
tal fenómeno, realizado por Howard Hawks com a chancela RKO, através
da sua Winchester Productions. Em 1938, Hawks dirigira As
Duas Feras para aquela
companhia, então uma das três majors
de Hollywood, e entretanto em
crise, passando a ser gerida por Howard Hughes. Pretendendo
revitalizá-la, este desafiou Hawks - um nome prestigiado e de
sucesso popular - a concretizar um segundo western,
após o tão apreciado Rio
Vermelho (1948). E Hawks não
resistiu ao repto do seu velho amigo, que lhe dava finalmente ensejo
de constituir um «fresco original», adaptando o épico The
Big Sky do eminente escritor
A.B. Guthrie Jr. A árdua tarefa, que aliás se deteve pelos
primeiros trechos romanescos, foi confiada ao talentoso Dudley
Nichols, que assinou argumentos tão notáveis como Cavalgada
Heróica (1939) de John Ford,
entre as décadas áureas de ’30 e ’50.
IMAG.27-160-274-377-381-449-578-613
CALENDÁRiO
09NOV2016-13FEV2017
- Em Lisboa, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia / MAAT
apresenta Misquoteros - A
Selection of T-Shirts Fronts
- exposição de pintura de Eduardo Batarda, sendo comissários Ana
Anacleto e João Fernandes. IMAG.146-388-515-625-641
25NOV2016-22JAN2017
- Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva expõe Desenhos
Têxteis de Filipe Rocha da
Silva. IMAG.235
VISTORiA
O
sol é grande: caem coa calma as aves,
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.
Ó
cousas, todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.
Eu
vira já aqui sombras, vira flores,
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.
Tudo
é seco e mudo; e, de mistura,
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!
Francisco
de Sá de Miranda
-
As Obras do Celebrado Lusitano
A
Redenção
A
divina emoção que tu me deste,
Já
m’a deu uma árvore ao poente…
Não
é só teu encanto que te veste:
A
seiva e o sangue rezam irmãmente.
Às
vezes nuvens, mares, areais,
Dão-me
mais sonho do que os olhos teus…
É
como se eles fossem meus iguais,
Tendo
nós todos fé no mesmo Deus…
Não
será isto o instinto, a profecia,
De
que desfeitos e transfigurados
Viveremos
num só, numa harmonia?…
Sim,
deve ser: amor, sonho, emoção,
São
esforços febris d’encarcerados
Para
quem a Unidade é a redenção.
António
Patrício
VISTORiA
De
manhãzinha, vou por acaso à parte sul da casa. E olhem! Não querem
lá ver! Ali está ele deitado na cama, quase vestido, a dormir.
Muito pálido. A que horas teria entrado?
Victor
Segalen
-
A Cidade Proibida
MEMÓRiA
07MAR1878-1930
- António Pires Patrício, aliás António Patrício: Escritor e
diplomata português - «Viver é ter ainda uma quimera erguida / Ou
um sonho febril a soluçar de rastos; / É beijar toda a dor humana,
toda a Vida, / Como eu beijo a chorar os teus cabelos castos…».
IMAG.172-277-488-592
10MAR1768-1837
- Domingos António Sequeira, aliás Domingos Sequeira: Artista
plástico português - «Um visionário que prolonga a sua arte para
lá dos limites da ortodoxia académica, bem como da pura
visualidade» (José Luís Porfírio). IMAG.496-513-602
10MAR1928-2013
- María Antonia Alejandra Vicenta Elpidia Isidora Abad Fernández,
aliás Sara Montiel: Cantora e actriz espanhola - «Todos os homens
que amei, pareciam-se incrivelmente com o meu pai». IMAG.460
12MAR1928-2016
- Edward Franklin Albee III, aliás Edward Albee: Dramaturgo
americano, autor de Equilíbrio
Instável (1966) - «O
trabalho do escritor é segurar o espelho para as pessoas se verem»
(2004). IMAG.302-639
13MAR1888-1976
- Paul Émile Charles Ferdinand Morand, aliás Paul Morand: Escritor
francês, ficcionista e poeta - «Viajar é a maneira mais agradável,
menos prática e mais custosa de instruir-se». IMAG.571
14[JAN]MAR1878-1919
- Victor Joseph Ambroise Désiré Segalen, aliás Victor Segalen:
Escritor, etnógrafo, arqueólogo e explorador francês - «De longe,
de tão longe, venho para junto de ti, amigo, o mais querido. Os meus
passos anularam a horrível distância que existia entre nós».
IMAG.136-162
1481-15MAR1558
- Francisco de Sá de Miranda: Escritor português, poeta e
dramaturgo - «Homem de um só parecer, / dum só rosto e duma fé, /
d’antes quebrar que volver / outra cousa pode ser, / mas de corte
homem não é.» (Carta a
El-Rei D. João III).IMAG.176-244-336
15MAR1738-1794
- Cesare Bonesana, Marquês de
Beccaria: Jurista, filósofo,
economista e literato italiano - «É melhor prevenir os crimes do
que puni-los depois». IMAG.492
TRAJECTÓRiA
Escritor
e diplomata português, natural do Porto. Frequentou a Escola Naval,
acabando no entanto por se formar em Medicina, em 1908. Proclamada a
República, foi cônsul na Corunha, em Cantão, Manaus, Bremen e
outras cidades, vindo a falecer pouco depois de nomeado ministro de
Portugal em Pequim.
Como
escritor, convergem em António Patrício tendências simbolistas,
decadentistas e saudosistas, a que se alia a influência do niilismo
de Nietzsche, nomeadamente na recusa de uma finalidade da vida
exterior à própria vida. Esta concepção, alheia à metafísica,
conjuga-se com um certo panteísmo, na vivência de cada momento
perante a omnipresença da morte (a obsessão dos corpos cadavéricos,
por exemplo), numa intensa espiritualidade que se manifesta em
motivos como a saudade e as contradições e dualismos do homem
(finitude e infinitude, carne e espírito, insaciabilidade do
donjuanismo), na ânsia nostálgica de absoluto, por exemplo, no
amor. Esta tensão trágica é servida por uma escrita de profunda
sensibilidade e ritmo poético, numa linguagem de forte carga musical
e imagística que o aproxima do simbolismo.
Colaborador
das revistas Águia
e Atlântida,
escreveu os livros de poemas Oceano
(1905) e Poesias
(1942, edição póstuma), tendo ainda sido editada a sua Poesia
Completa (1980). Publicou um
livro de contos, Serão
Inquieto (1910). É também
autor das peças de teatro O
Fim (1909), Pedro,
o Cru (1918), Dinis
e Isabel (1919) e D.
João e a Máscara (1924, o
ponto alto da sua carreira, que toma como personagem principal o
célebre D. Juan), e ainda dos contos de Serão
Inquieto (1910). Deixou
várias obras inéditas.
BREVIÁRiO
No
âmbito do projecto ClimAdaPT.Local, é editado o álbum Reportagem
Especial - Adaptação às Alterações Climáticas Em Portugal
de Bruno Pinto (argumento), Penim Loureiro (desenho) e Quico Nogueira
(cor). IMAG.361-374-534-563-577
VGM
edita em CD, sob chancela Alia Vox, Les
Éléments: Tempêtes, Orages & Fêtes Marines por
Le Concert des Nations, com Jordi Savall.
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Lápis
de Memórias edita Águas
Negras de José Viale
Moutinho. IMAG.23-80-101-201-293
Antígona
edita Cartas a Um Jovem Poeta
de Rainer
Maria Rilke (1875-1926); tradução de José Miranda Justo.
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Sony
edita em CD, sob chancela Columbia/Legacy, The
Wall de Roger Waters.
IMAG.252
INCM/Imprensa
Nacional - Casa da Moeda edita História de Menina e Moça de
Bernardim Ribeiro (1500?-1545?); organização de Marta Marecos
Duarte. IMAG.61-337-508
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