José
de Matos-Cruz | 8 Dezembro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV –
Semanal – Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
Aparecido
em 2001 (A Ilha das
Tartarugas), e dedicando-se
a proporcionar alegria às crianças, Zu é um herói felino, com
talentos e virtualidades a desenvolver por si próprio. Isto é,
dentro ou fora da colecção de álbuns que lhe deram berço,
convertendo-se num projecto autónomo, irradiante. Começando pelo
princípio: As Aventuras do
Zu foram concebidas,
escritas e ilustradas por José Abrantes, e prolongaram-se por uma
série de livrinhos irresistíveis. Preferencialmente, a saga de Zu
- um gato azul que tem um lápis mágico, capaz de o impelir às
mais variadas peripécias - destina-se às crianças em idade
escolar (Ensino Básico), graças aos seus objectivos didácticos,
pedagógicos e lúdicos. Sagrando a solidariedade, o apelo ecológico
e a sublimação da violência, Zu assume uma postura exemplar... e
humanista! IMAG.1-3-35-95-149-150-160-256
CALENDÁRiO
28OUT1936-10SET2016 - José Joaquim Rodrigues, aliás José Rodrigues: Escultor e artista plástico português, cofundador da Cooperativa Árvore (Porto - 1963) e promotor da Bienal de Vila Nova de Cerveira (1978) - «Além de um criador fantástico, era um homem de causas, da cultura e da cidadania, e tinha uma generosidade enorme» (Amândio Secca). IMAG.11-66-372-393-459
17SET2016
- Em Lisboa, A Válvula apresenta Na
Cave - exposição de banda
desenhada de Rui Lacas. IMAG.127-192-280-378-430-432
17SET2016-09JAN2017
- Em Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian - Colecção Moderna
apresenta Luanda | Los
Angeles | Lisboa - exposição
de pintura, colagem, fotografia e filme de António Ole, sendo
curadoras Rita Fabiana e Isabel Carlos. IMAG.61
23SET-16OUT2016
- Em Odivelas, Centro Cultural Malaposta apresenta Segundo
Tempo - exposição de
escultura de Catarina Alves.
24SET2016-26FEV2017
- Na Amadora, Casa Roque Gameiro expõe Flor
de Água: Helena Roque Gameiro (1895-1986) - Aguarela e Artes
Aplicadas.
09NOV-17DEZ2016
- Em Lisboa, Artistas Unidos apresenta, no Teatro da Politécnica,
Paisagens Ocultas -
exposição de pintura de Nikias Skapinakis.
IMAG.42-46-281-333-386-393
VISTORiA
Quando
penso na alegria voraz
com
que comemos galinha ao molho pardo,
dou-me
conta de nossa truculência.
Eu,
que seria incapaz de matar uma galinha,
tanto
gosto delas vivas
mexendo
o pescoço feio
e
procurando minhocas.
Deveríamos
não comê-las e ao seu sangue?
Nunca.
Nós
somos canibais,
é
preciso não esquecer.
E
respeitar a violência que temos.
E,
quem sabe, não comêssemos a galinha ao molho pardo,
comeríamos
gente com seu sangue.
Minha
falta de coragem de matar uma galinha
e
no entanto comê-la morta
me
confunde, espanta-me,
mas
aceito. A nossa vida é truculenta:
nasce-se
com sangue
e
com sangue corta-se a união
que
é o cordão umbilical.
E
quantos morrem com sangue.
É
preciso acreditar no sangue
como
parte de nossa vida.
A
truculência.
É
amor também.
- Clarice
Lispector
ALEGORiA
O
coração é um solo. Vale onde brotam as paixões, como os outros
vales da natureza inanimada, ele tem suas estações, suas quadras de
aridez ou de seiva, de esterilidade ou de abundância.
Depois
das grandes borrascas e chuvas, os calores do sol produzem na terra
uma fermentação, que forma o humo, a semente, caindo aí, brota com
rapidez. Depois das grandes dores e de lágrimas torrenciais,
forma-se também no coração do homem um humo poderoso, uma
exuberância de sentimento que precisa expandir-se. Então um olhar,
um sorriso, que aí penetre, é semente de paixão e pulula com vigor
extremo.
- José
de Alencar
MEMÓRiA
1920-09DEZ1977
- Haia Pinkhasovna Lispector, aliás Clarice Gurgel Valente, aliás
Clarice Lispector: Escritora e jornalista brasileira, natural da
Ucrânia - «Mas há a vida / que é para ser / intensamente vivida,
/ há o amor. / Que tem que ser vivido / até a última gota. / Sem
nenhum medo. / Não mata.». IMAG.158-301-375-399-458-484
1941-10DEZ1967
- Otis Ray Redding Jr, aliás Otis Redding: Cantor americano,
produtor e arranjador - «Para ser um bom artista, é preciso
estarmos concentrados vinte e quatro horas por dia. O entretenimento
exige muita atenção, compor melodias e escrever letras diferentes,
pensar de modo distinto dos outros criadores». IMAG.328-612-637
1829-12DEZ1877
- José Martiniano de Alencar, aliás José de Alencar: Ficcionista,
dramaturgo, jornalista e político brasileiro - «Cada região da
terra tem uma alma sua, raio criador que lhe imprime o cunho da
originalidade. A natureza infiltra em todos os seres que ela gera e
nutre aquela seiva própria: e forma assim uma família na grande
sociedade universal.» (O
Guarani).
13DEZ1797-1856
- Christian Johann Heinrich Heine, aliás Heinrich Heine: Escritor
alemão, poeta, jornalista e ensaísta - «Nunca admiro o acto ou o
facto, mas apenas o espírito humano. O acto, o facto, são
vestimentas e a história não é mais do que o velho guarda-roupa do
espírito humano.» (A Batalha
de Marengo).IMAG.92-551
14DEZ1907-1996
- Maria Beatriz
da Conceição Costa, aliás Beatriz Costa: Actriz portuguesa de
teatro e cinema, memorialista - «Sinto muito orgulho em ser filha de
um moleiro, que morreu de barrete. Não tenho peneiras nenhumas».
IMAG.76-78-223-511-534-558-574
15DEZ1657-1726
- Michel Richard Delalande, aliás Michel-Richard de Lalande:
Compositor e organista francês do barroco, ao serviço de Luís IV,
autor de Leçons de Ténèbres
- «Conciliando o beau
chant com o tonus
lamentationum, sugeria um
teatro da penitência algures entre a alegria e a agrura» (João
Santos). IMAG.607
15DEZ907-2012
- Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, aliás Oscar
Niemeyer: Arquitecto brasileiro, um dos grandes criadores do Século
XX, tendo revolucionado o uso do betão - «Meu trabalho não tem
importância, nem a arquitetura tem importância para mim. Para mim,
o importante é a vida, a gente se abraçar, conhecer pessoas, haver
solidariedade, pensar em um mundo melhor, o resto é conversa fiada».
IMAG.443
Para
atingir o nível de obra de arte, a arquitetura tem primeiro de ser
diferente e depois ser uma coisa que cria espanto, cria beleza. A
arquitetura que eu faço é a que não aceita regras. Eu procuro
fazer lógica funcional em tudo, mas criando, partindo de um desenho,
uma ideia.
- Oscar
Niemeyer
TRAJECTÓRiA
BEATRIZ
COSTA
Maria
Beatriz
da Conceição Costa nasceu na Charneca do Milharado, Mafra, em 14 de
Dezembro de 1907. Aos quatro anos, partiu para Lisboa, vivendo depois
em Tomar. Foi ajuntadeira e bordadeira, antes de se estrear no palco
como corista (1923), tornando-se vedeta do teatro musical. Em
1939-50, desenvolveu carreira artística no Brasil. Participou como
actriz nas fitas mudas O Diabo
Em Lisboa (1926 - inacabado)
e Fátima Milagrosa
(1928 - Rino Lupo), Lisboa,
Crónica Anedótica (1930 -
Leitão de Barros). Após A
Minha Noite de Núpcias (1931
- E.W. Emmo - versão portuguesa de Ich
Heirate Meinen Mann) e
Beatriz Costa, Memorialista
(1932 - Artur Costa de Macedo), alcançou culto e popularidade em
apenas três filmes sonoros: A
Canção de Lisboa (1933 -
Cottinelli Telmo), O Trevo de
Quatro Folhas (1936) e Aldeia
da Roupa Branca (1938 -
Chianca de Garcia). Participou em Festas
da Cidade (1935). Retirou-se
em 1960. Azougada, maliciosa, com uma graça irresistível, orgulho
da região saloia, «sem papas na língua», escreveu vários livros
famosos de recordações. Faleceu em Lisboa, em 15 de Abril de 1996.
BREVIÁRiO
Guerra
& Paz edita, com Sociedade Portuguesa de Autores / SPA, José
Fonseca e Costa [1933-2015] -
Um Africano Sedutor de Jorge
Leitão Ramos. IMAG.63-77-117-126-158-192-223-334-508-593-618-635
Documenta
edita Imaginação
& Ironia de
Costa Pinheiro (1932-2015).
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Arranha-Céus
edita Déjà-Vu de
André Carrilho. IMAG.17-101-171-195-247-292-312-382-578
Elsinore
edita Arranha-Céus de
J.G. Ballard (1930-2009); tradução de Marta Mendonça e Rute Mota.
IMAG.46-247-298
Sextante
edita Compota de Damasco e
Outros Contos de Aleksandr
Soljenitsin/Alexander Soljenitsine (1918-2008); tradução de António
Pescada. IMAG.147-209-474-535
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