terça-feira, novembro 29, 2016

IMAGINÁRiO #638

José de Matos-Cruz | 8 Dezembro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

IMAGINAR
Aparecido em 2001 (A Ilha das Tartarugas), e dedicando-se a proporcionar alegria às crianças, Zu é um herói felino, com talentos e virtualidades a desenvolver por si próprio. Isto é, dentro ou fora da colecção de álbuns que lhe deram berço, convertendo-se num projecto autónomo, irradiante. Começando pelo princípio: As Aventuras do Zu foram concebidas, escritas e ilustradas por José Abrantes, e prolongaram-se por uma série de livrinhos irresistíveis. Preferencialmente, a saga de Zu - um gato azul que tem um lápis mágico, capaz de o impelir às mais variadas peripécias - destina-se às crianças em idade escolar (Ensino Básico), graças aos seus objectivos didácticos, pedagógicos e lúdicos. Sagrando a solidariedade, o apelo ecológico e a sublimação da violência, Zu assume uma postura exemplar... e humanista! IMAG.1-3-35-95-149-150-160-256

CALENDÁRiO

28OUT1936-10SET2016 - José Joaquim Rodrigues, aliás José Rodrigues: Escultor e artista plástico português, cofundador da Cooperativa Árvore (Porto - 1963) e promotor da Bienal de Vila Nova de Cerveira (1978) - «Além de um criador fantástico, era um homem de causas, da cultura e da cidadania, e tinha uma generosidade enorme» (Amândio Secca).
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17SET2016 - Em Lisboa, A Válvula apresenta Na Cave - exposição de banda desenhada de Rui Lacas. IMAG.127-192-280-378-430-432

17SET2016-09JAN2017 - Em Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian - Colecção Moderna apresenta Luanda | Los Angeles | Lisboa - exposição de pintura, colagem, fotografia e filme de António Ole, sendo curadoras Rita Fabiana e Isabel Carlos. IMAG.61

23SET-16OUT2016 - Em Odivelas, Centro Cultural Malaposta apresenta Segundo Tempo - exposição de escultura de Catarina Alves.

24SET2016-26FEV2017 - Na Amadora, Casa Roque Gameiro expõe Flor de Água: Helena Roque Gameiro (1895-1986) - Aguarela e Artes Aplicadas.

09NOV-17DEZ2016 - Em Lisboa, Artistas Unidos apresenta, no Teatro da Politécnica, Paisagens Ocultas - exposição de pintura de Nikias Skapinakis. IMAG.42-46-281-333-386-393

VISTORiA

Nossa Truculência
Quando penso na alegria voraz
com que comemos galinha ao molho pardo,
dou-me conta de nossa truculência.
Eu, que seria incapaz de matar uma galinha,
tanto gosto delas vivas
mexendo o pescoço feio
e procurando minhocas.
Deveríamos não comê-las e ao seu sangue?
Nunca.
Nós somos canibais,
é preciso não esquecer.
E respeitar a violência que temos.
E, quem sabe, não comêssemos a galinha ao molho pardo,
comeríamos gente com seu sangue.

Minha falta de coragem de matar uma galinha
e no entanto comê-la morta
me confunde, espanta-me,
mas aceito. A nossa vida é truculenta:
nasce-se com sangue
e com sangue corta-se a união
que é o cordão umbilical.
E quantos morrem com sangue.
É preciso acreditar no sangue
como parte de nossa vida.
A truculência.
É amor também.
- Clarice Lispector
ALEGORiA

O coração é um solo. Vale onde brotam as paixões, como os outros vales da natureza inanimada, ele tem suas estações, suas quadras de aridez ou de seiva, de esterilidade ou de abundância.
Depois das grandes borrascas e chuvas, os calores do sol produzem na terra uma fermentação, que forma o humo, a semente, caindo aí, brota com rapidez. Depois das grandes dores e de lágrimas torrenciais, forma-se também no coração do homem um humo poderoso, uma exuberância de sentimento que precisa expandir-se. Então um olhar, um sorriso, que aí penetre, é semente de paixão e pulula com vigor extremo.
- José de Alencar

MEMÓRiA

1920-09DEZ1977 - Haia Pinkhasovna Lispector, aliás Clarice Gurgel Valente, aliás Clarice Lispector: Escritora e jornalista brasileira, natural da Ucrânia - «Mas há a vida / que é para ser / intensamente vivida, / há o amor. / Que tem que ser vivido / até a última gota. / Sem nenhum medo. / Não mata.». IMAG.158-301-375-399-458-484

1941-10DEZ1967 - Otis Ray Redding Jr, aliás Otis Redding: Cantor americano, produtor e arranjador - «Para ser um bom artista, é preciso estarmos concentrados vinte e quatro horas por dia. O entretenimento exige muita atenção, compor melodias e escrever letras diferentes, pensar de modo distinto dos outros criadores». IMAG.328-612-637

1829-12DEZ1877 - José Martiniano de Alencar, aliás José de Alencar: Ficcionista, dramaturgo, jornalista e político brasileiro - «Cada região da terra tem uma alma sua, raio criador que lhe imprime o cunho da originalidade. A natureza infiltra em todos os seres que ela gera e nutre aquela seiva própria: e forma assim uma família na grande sociedade universal.» (O Guarani). 
 
13DEZ1797-1856 - Christian Johann Heinrich Heine, aliás Heinrich Heine: Escritor alemão, poeta, jornalista e ensaísta - «Nunca admiro o acto ou o facto, mas apenas o espírito humano. O acto, o facto, são vestimentas e a história não é mais do que o velho guarda-roupa do espírito humano.» (A Batalha de Marengo).IMAG.92-551

14DEZ1907-1996 - Maria Beatriz da Conceição Costa, aliás Beatriz Costa: Actriz portuguesa de teatro e cinema, memorialista - «Sinto muito orgulho em ser filha de um moleiro, que morreu de barrete. Não tenho peneiras nenhumas». IMAG.76-78-223-511-534-558-574

15DEZ1657-1726 - Michel Richard Delalande, aliás Michel-Richard de Lalande: Compositor e organista francês do barroco, ao serviço de Luís IV, autor de Leçons de Ténèbres - «Conciliando o beau chant com o tonus lamentationum, sugeria um teatro da penitência algures entre a alegria e a agrura» (João Santos). IMAG.607

15DEZ907-2012 - Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, aliás Oscar Niemeyer: Arquitecto brasileiro, um dos grandes criadores do Século XX, tendo revolucionado o uso do betão - «Meu trabalho não tem importância, nem a arquitetura tem importância para mim. Para mim, o importante é a vida, a gente se abraçar, conhecer pessoas, haver solidariedade, pensar em um mundo melhor, o resto é conversa fiada». IMAG.443

PARLATÓRiO

Para atingir o nível de obra de arte, a arquitetura tem primeiro de ser diferente e depois ser uma coisa que cria espanto, cria beleza. A arquitetura que eu faço é a que não aceita regras. Eu procuro fazer lógica funcional em tudo, mas criando, partindo de um desenho, uma ideia.
- Oscar Niemeyer






TRAJECTÓRiA

BEATRIZ COSTA

Maria Beatriz da Conceição Costa nasceu na Charneca do Milharado, Mafra, em 14 de Dezembro de 1907. Aos quatro anos, partiu para Lisboa, vivendo depois em Tomar. Foi ajuntadeira e bordadeira, antes de se estrear no palco como corista (1923), tornando-se vedeta do teatro musical. Em 1939-50, desenvolveu carreira artística no Brasil. Participou como actriz nas fitas mudas O Diabo Em Lisboa (1926 - inacabado) e Fátima Milagrosa (1928 - Rino Lupo), Lisboa, Crónica Anedótica (1930 - Leitão de Barros). Após A Minha Noite de Núpcias (1931 - E.W. Emmo - versão portuguesa de Ich Heirate Meinen Mann) e Beatriz Costa, Memorialista (1932 - Artur Costa de Macedo), alcançou culto e popularidade em apenas três filmes sonoros: A Canção de Lisboa (1933 - Cottinelli Telmo), O Trevo de Quatro Folhas (1936) e Aldeia da Roupa Branca (1938 - Chianca de Garcia). Participou em Festas da Cidade (1935). Retirou-se em 1960. Azougada, maliciosa, com uma graça irresistível, orgulho da região saloia, «sem papas na língua», escreveu vários livros famosos de recordações. Faleceu em Lisboa, em 15 de Abril de 1996.

BREVIÁRiO

Guerra & Paz edita, com Sociedade Portuguesa de Autores / SPA, José Fonseca e Costa [1933-2015] - Um Africano Sedutor de Jorge Leitão Ramos. IMAG.63-77-117-126-158-192-223-334-508-593-618-635

Documenta edita Imaginação & Ironia de Costa Pinheiro (1932-2015). IMAG.239-312-486-569-590-593-604


Arranha-Céus edita Déjà-Vu de André Carrilho. IMAG.17-101-171-195-247-292-312-382-578

Elsinore edita Arranha-Céus de J.G. Ballard (1930-2009); tradução de Marta Mendonça e Rute Mota. IMAG.46-247-298

Sextante edita Compota de Damasco e Outros Contos de Aleksandr Soljenitsin/Alexander Soljenitsine (1918-2008); tradução de António Pescada. IMAG.147-209-474-535
 

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