José
de Matos-Cruz | 16 Setembro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV –
Semanal – Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
INOCÊNCIA
Genuíno
testemunho, em que convergiriam as expectativas do Novo Cinema
português, Os Verdes Anos
(1963) revelou gente jovem, aliás publicitada «sem
responsabilidades na produção nacional, e que tem uma visão
universal, que lhe advém do longo contacto com os estúdios
parisienses». O realizador Paulo Rocha (1935-2012) diplomara-se pelo
IDHEC, em França, tal como o produtor António da Cunha Telles, que
fez um investimento de 900 contos. Nuno Bragança adaptou o argumento
de Rocha, elaborando os diálogos. A psicologia das personagens
insinua-se no elo realista dos seus conflitos e tensões, reflectindo
a crise social através da singularidade poética. Isabel Ruth e Rui
Gomes são os nóveis protagonistas duma época virtual, em suas
referências testemunhadoras. Inquietação, sensibilidade, pairam
neste retrato de geração - entre a alienação e a rebeldia. É a
idade duma inocência perdida, pervertida nos paradoxos do tempo e do
envolvimento. Aos dilemas convencionais, como o desenraizamento ou a
inadaptação, corresponde uma obsessão funesta, precipitando a
catástrofe. Amor, ciúme, virilidade, frustração. Uma síntese
radical
- ética e estética. A música de Carlos Paredes constitui um
sugestivo elemento dramático. As filmagens decorreram em interiores
e em locais autênticos. A fotografia de Luc Mirot desvenda uma outra
Lisboa - segundo Rocha, fixando «bocados da Avenida dos Estados
Unidos, as colinas cobertas de oliveiras que dominam a zona nova e o
rio, os descampados à volta da cidade universitária»…
De resto,
tudo está patente: gente humilde, destino fatal.
IMAG.4-31-87-180-445-521-543-567
CALENDÁRiO
¢14MAI-02JUL2016
- Em Lisboa, Galeria Salgadeiras apresenta De
Um Lugar Onde Não Há Sapos
- exposição de pintura de Guilherme Parente.
¸16JUN2016
- Cine-Clube de Avanca produziu, e estreia Grandes
Esperanças (2007) de Miguel
Marques; em complemento, O
Acidente (2008) de André
Marques e Carlos Silva.
¸16JUN2016
- NOS Audiovisuais estreia E
Agora Invadimos o Quê? / Where To Invade Next (2015)
de Michael Moore; rodagem parcial em Portugal.
16JUN-18SET2016
- No Porto, Museu de Arte
Contemporânea de Serralves expõe Matéria-Prima:
Um Olhar Sobre o Arquivo de Álvaro Siza,
sendo curador André Tavares.
IMAG.41-56-298-424-432-447-495-510-579-611-620
¢17JUN2016-17JUN2017
- Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado
expõe Vanguardas e
Neovanguardas Na Arte Portuguesa | Séculos XX e XXI,
sendo curador Rui Afonso Santos.
21JUN-18SET2016
- Em Lisboa, Centro Cultural de Belém/CCB apresenta, na Garagem Sul,
Eduardo Souto de Moura:
Continuidade - exposição de
arquitectura, sendo curadores António Sérgio Koch e André de
França Campos. IMAG.249-349-529-611
¢24JUN-16AGO2016
- Em Lisboa, Instituto Cultural Romeno apresenta Tatuagens
No Cérebro | Um Mapa das Obsessões
- exposição de artes plásticas por Calin Dan, Teodor Graur, Iosif
Király, Petru Lucaci, Carmen e Gheorghe Rasovszky (anos ‘80), e
Aurora Király (anos ‘90).
25JUN-30OUT2016
- Em Lisboa, Padrão dos Descobrimentos apresenta Fora
do Padrão: Lembranças da Exposição de 1940 -
sobre a Exposição do Mundo Português, sendo comissária Maria
Cardeira da Silva. IMAG.76-154-205-227-244-251-436-452-545
¢01JUL-25SET2016
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe
terEstado - Auto-retratos e
Paisagens de Miguel Navas e
João Jacinto.
¢21JUL-11SET2016
- Em Lisboa, Museu do Oriente apresenta Do
Ocidente Para o Oriente -
exposição de pintura de Natália Gromicho.
06AGO-28AGO2016
- Em Lisboa, Museu do Oriente expõe Parallel
Nippon - Arquitectura Japonesa Contemporânea 1996-2006.
PARLATÓRiO
®O
verdadeiro silêncio não existe… Quando estou no palco, fala a
minha alma – e esse respeito pelo silêncio é susceptível de
tocar as pessoas, de um modo mais profundo do que qualquer palavra.
O
silêncio é infinito como o movimento, não tem limites. Para mim,
os limites resultam da palavra… Eu sou uma testemunha da minha
observação sobre a vida.
Marcel
Marceau
MEMÓRiA
16SET1927-2011
- Peter Michael Falk, aliás Peter Falk: Actor americano de cinema e
televisão, protagonista do Tenente Columbo
(1971) - «Trabalhei em vários filmes com John Cassavetes, mas nunca
percebi nada do que me dizia… Creio que ele fazia de propósito».
IMAG.364
1923-16SET1977
- Maria Cecilia Sofia Anna Kalogeropoulou, aliás Maria Callas:
Cantora lírica americana, de ascendência grega - «Quem me quiser
compreender realmente, irá encontrar-me inteira no meu trabalho…
Eu gostaria de ser Maria, mas La Callas exige que eu me comporte com
a sua dignidade». IMAG.31-147-188-207-406-495
18SET1887-1966
- Hans Peter Wilhelm Arp, aliás Hans Arp / Jean Arp: Poeta, escultor
e pintor germânico, naturalizado francês (1926) e ligado aos
movimentos surrealista e dadaísta - «Em breve, o silêncio será
uma lenda do passado. O homem inventa, dia após dia, máquinas e
dispositivos que aumentam o ruído e distraem a humanidade quanto à
essência da vida, da contemplação, da meditação». IMAG.565-567
1865-20SET1957
- Johan Julius Christian Sibelius, aliás Jean Sibelius: Compositor
finlandês, autor de Tapiola
- «Ele estava a recuperar do seu acostumado passeio matinal.
Maravilhado, contou à esposa Aino que tinha visto um bando de
curleus a aproximar-se. “Aí vêm eles, os pássaros da minha
juventude!”, exclamou então. Repentinamente, um dos pássaros saiu
da formação e, esvoaçando, fez um círculo em torno de Aino.
Depois, voltou ao grupo e continuaram a voar, seguindo o seu destino.
Dois dias depois, Sibelius morria de uma hemorragia cerebral» (Erik
Tawaststjerna). IMAG.
213-402-404-542-551-602-621
¾21SET1947-2014
- Emídio Arnaldo Freitas Rangel, aliás Emídio Rangel: Jornalista
português, com actividade e funções directivas na rádio e na
televisão, cofundador da TSF Rádio Jornal e da SIC Notícias - «No
pós-25 de Abril, é o nome maior do jornalismo português… Mudou a
forma de fazer rádio e televisão em Portugal… O jornalismo no
geral não seria o mesmo que é hoje» (Paulo Baldaia). IMAG.529
¨
1883-22SET1947 - Pierre Lecomte du Nouy: Biofísico e filósofo
francês - «O drama mais frequente ao homem comum é o de ele não
saber o que quer. Quando um homem consegue saber exactamente o que
pretende, a sua vontade de execução torna-se irresistível. São a
hesitação, o cálculo mental do interesse, a negociação em si
mesmo, a comparação raciocinada do pró e do contra, que
enfraquecem a vontade, até ao ponto de a aniquilarem». IMAG.448
1923-22SET2007
- Marcel Mangel, aliás Marcel Marceau: Actor e mímico francês -
«Expressar-me com o corpo é, pessoalmente, mais que uma técnica ou
uma corrente interpretativa, uma autêntica necessidade… Se há
algo que não se representa com a mímica, é a mentira, pois, para
mentir, é necessário usar a palavra». IMAG.165-411
VISTORiA
¨
Todo o ser capaz de apenas considerar um acto, ao mesmo tempo, é
forte: o homem primário, sem instrução, sem imaginação, é
forte.
No outro extremo, o homem culto, imaginativo, sensível, é, muitas vezes, fraco, por ser paralisado pela representação de todas as consequências, próximas e remotas, de cada um dos seus actos.
No outro extremo, o homem culto, imaginativo, sensível, é, muitas vezes, fraco, por ser paralisado pela representação de todas as consequências, próximas e remotas, de cada um dos seus actos.
O
seu bom senso
recomenda-lhe, inevitavelmente, as soluções descoloridas, os
compromissos, as abdicações. Importa que a necessidade de um acto
lance para a sombra todas as outras possibilidades, para que esse
acto se imponha.
Enquanto
tergiversa consigo, o homem é dominado por vago mas lancinante
desejo de escolher uma solução neutra, fácil, que não exija
esforço e nada altere.
Acredita
decidir, quando apenas obedece.
Pierre
Lecomte du Nouy
-
A Dignidade Humana
(excertos)
PARLATÓRiO
Durante anos, esforcei-me para criar essa qualidade doentia na voz de Violetta; afinal, ela é uma mulher doente. Na verdade, tudo se resume a uma questão de respiração, e é preciso ter uma garganta muito limpa para sustentar esse cansaço na maneira de falar ou de cantar. E o que foi que eles disseram? «Callas está cansada, a voz está cansada!». Mas essa era, justamente, a impressão que eu queria criar. No estado em que se encontrava, como poderia Violetta cantar em tons grandiosos, altos, sonoros?
Maria
Callas
BREVIÁRiO
Europress
edita Santo António Em Banda Desenhada de José Garcês.
IMAG.24-70-78-117-129-149-226-251-256-258-265-321-361-374-416-430-598-Extra
¨Dom
Quixote edita Os Navios da
Noite de João de Melo.
IMAG.94-157-191-297-298
Tinta
da China edita Os Vampiros de
Filipe Melo (argumento) e Juan Cavia (ilustração).
IMAG.308-335-337-523
¨Assírio
& Alvim edita País
Possível de Ruy Belo
(1933-1978); prefácio de
Nuno Júdice. IMAG.190-332-408-490
¯Harmonia
Mundi edita em CD, sob chancela Vision Fugitive, Juneteenth
de Stanley Cowell.
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