José
de Matos-Cruz | 08 Setembro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV –
Semanal – Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
Um
lendário criador dos quadradinhos americanos, Stan Lee - pai de
Spiderman,
Hulk
ou X-Men
-
foi, em 2001, homenageado pelos DC Comics, com a fascinante vertente
Just
Imagine.
Tendo como base o conceito e o carácter de heróis primordiais, o
celebrado artista é colocado em virtual aliança, com alguns maiores
autores da actualidade, numa perspectiva editorial. Assim, Just
Imagine Stan Lee With Jim Lee Creating Wonder Woman considera
o fenomenal fundador da WildStorm, para apresentar uma bela e brava
justiceira, em acção na selva do Perú. Quando a sua terra natal é
espoliada dos tesouros ancestrais, a idealista Maria Mendonza
serve-se dum artefacto mágico para adquirir os extraordinários
poderes de Wonder Woman, combatendo o cruel e odiado Señor Gómez -
também responsável pela morte de seu pai, um prestigiado juíz…
Imaginada pela dupla Lee - a propósito, não há parentesco entre
Stan e Jim - esta aventura exótica, empolgante, culmina com Gómez
transformado pelo sinistro Reverendo Darrke numa criatura ainda mais
pérfida e fatídica!
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VISTORiA
¨Que
harmonia suave
É esta, que na mente
Eu sinto murmurar,
Ora profunda e grave,
Ora meiga e cadente,
Ora que faz chorar?
Porque da morte a sombra,
Que para mim em tudo
Negra se reproduz,
Se aclara, e desassombra
Seu gesto carrancudo,
Banhada em branda luz?
Porque no coração
Não sinto pesar tanto
O férreo pé da dor,
E o hino da oração,
Em vez de irado canto,
Me pede íntimo ardor?
É esta, que na mente
Eu sinto murmurar,
Ora profunda e grave,
Ora meiga e cadente,
Ora que faz chorar?
Porque da morte a sombra,
Que para mim em tudo
Negra se reproduz,
Se aclara, e desassombra
Seu gesto carrancudo,
Banhada em branda luz?
Porque no coração
Não sinto pesar tanto
O férreo pé da dor,
E o hino da oração,
Em vez de irado canto,
Me pede íntimo ardor?
És
tu, meu anjo, cuja voz divina
Vem consolar a solidão do enfermo,
E a contemplar com placidez o ensina
De curta vida o derradeiro termo?
Vem consolar a solidão do enfermo,
E a contemplar com placidez o ensina
De curta vida o derradeiro termo?
Oh,
sim!, és tu, que na infantil idade,
Da aurora à frouxa luz,
Me dizias: «Acorda, inocentinho,
Faz o sinal da Cruz.»
És tu, que eu via em sonhos, nesses anos
De inda puro sonhar,
Em nuvem d’ouro e púrpura descendo
Coas roupas a alvejar.
És tu, és tu!, que ao pôr do Sol, na veiga,
Junto ao bosque fremente,
Me contavas mistérios, harmonias
Dos Céus, do mar dormente.
És tu, és tu!, que, lá, nesta alma absorta
Modulavas o canto,
Que de noite, ao luar, sozinho erguia
Ao Deus três vezes santo.
És tu, que eu esqueci na idade ardente
Das paixões juvenis,
E que voltas a mim, sincero amigo,
Quando sou infeliz.
Sinta a tua voz de novo,
Que me revoca a Deus:
Inspira-me a esperança,
Que te seguiu dos Céus!…
Da aurora à frouxa luz,
Me dizias: «Acorda, inocentinho,
Faz o sinal da Cruz.»
És tu, que eu via em sonhos, nesses anos
De inda puro sonhar,
Em nuvem d’ouro e púrpura descendo
Coas roupas a alvejar.
És tu, és tu!, que ao pôr do Sol, na veiga,
Junto ao bosque fremente,
Me contavas mistérios, harmonias
Dos Céus, do mar dormente.
És tu, és tu!, que, lá, nesta alma absorta
Modulavas o canto,
Que de noite, ao luar, sozinho erguia
Ao Deus três vezes santo.
És tu, que eu esqueci na idade ardente
Das paixões juvenis,
E que voltas a mim, sincero amigo,
Quando sou infeliz.
Sinta a tua voz de novo,
Que me revoca a Deus:
Inspira-me a esperança,
Que te seguiu dos Céus!…
Alexandre
Herculano
Os
Cavaleiros de Almacave
De
capa e volta, de calção e vara,
hei-de
ir, Procurador do meu Concelho,
falar
ao Senhor-Rey com fala clara,
dizer-lhe
uma oratória que aparelho!
Cortes-Gerais.
O Reyno se prepara
p'ra
ouvir a voz dos Povos em conselho,
Monforte
ao Banco-Doze me mandara.
Real!
Real! –
e incline-se o joelho.
Ó
Deus de Ourique, cumpre o prometido!
Leva-nos
contra os novos muçulmanos,
– nós
somos livres, livre é o nosso Rey!
Eu
reconheço-lhe o morrião florido.
Onde
eu me achava há setecentos anos
com
ele, já erguido, me encontrei!
António
Sardinha
-
Epopeia
da Planície
MEMÓRiA
09SET1887-1925
- António
Maria de Sousa Sardinha, aliás António Sardinha: Poeta e ensaísta
português, membro do Integralismo Lusitano - «Meu
coração de lusitano antigo / bateu às portas de Toledo, a
estranha. / Mais roto e ensanguentado que um mendigo, / só a saudade
os passos lhe acompanha. // Pois a saudade ali me deu abrigo, / ao pé
do Tejo que a Toledo banha. / Levava os dias a falar comigo, / como
um pastor com outro na montanha. // Em todo o mundo há terra
portuguesa, / desde que a alma a tenha na lembrança / e a sirva
sempre com fervor igual. // Talvez por isso, em horas de tristeza, /
eu pude à sua amada semelhança /criar p’ra mim um novo Portugal!»
(Memória
- Na
Corte da Saudade).IMAG.55-498
1782-10SET1857
- Sophia Petrovna Soïmonov, aliás Anne Sophie Swetchine: Mística e
escritora russa, radicada em França - «A cada passo, os homens
invocam a justiça, quando a justiça deveria fazê-los tremer».
IMAG.395
¨
10SET1897-1962
- Georges Albert Maurice Victor Bataille, aliás Georges Bataille:
Escritor e intelectual francês, nas áreas da antropologia,
filosofia, sociologia e história da arte - «Um homem que ignora o
erotismo, é tão estranho como um homem sem experiência interior».
IMAG.13
11SET1917-2012
- Herbert Charles Angelo Kuchacevich von Schluderbacheru, aliás
Herbert Lom: Actor inglês de origem austro-húngara, personificou o
Comissário Charles Dreyfus na série A
Pantera Cor-de-Rosa
(a partir de 1964), sendo protagonista Peter Sellers - «Ele era uma
pessoa magnífica, mas muito cruel com as crianças. Comigo, acontece
o contrário. São os meus filhos que me tratam mal» (2004).
IMAG.429
¨
1810-13SET1877
- Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo, aliás Alexandre
Herculano: Ficcionista, poeta, dramaturgo, historiador e jornalista
português - «Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e
mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e
aprender».
IMAG.38-95-146-220-268-309-312-321-338-384-412-416-430-489-541-544-552-618
¯27MAI1877-14SET1927
-
Angela Isadora Duncan,
aliás Isadora Duncan: Bailarina americana - «Quem
era eu, o menino que vivia das sopas de Cerqueira César, para
afrontar de perto, sozinho e a horas mortas, o gênio andejo da
mulher despida que levara o escândalo de seu espírito e o fascínio
de sua carne às cinco partes do mundo?» (Oswald de Andrade - Um
Homem Sem Profissão).
15SET1907-2004
- Vina
Fay Wray, aliás Fay
Wray: Actriz do cinema americano, nascida no Canadá, protagonista
feminina de King
Kong (1933
- Merian
C. Cooper e Ernest B. Schoedsack)
- «King Kong foi o meu namorado mais impressionante».
IMAG.7-94
VISTORiA
O
Erotismo Na Experiência Interior
¨
O
erotismo, aspecto imediato
da experiência interior, opondo-se à sexualidade animal
O
erotismo é um dos aspectos da vida interior do homem. Nisso nos
enganamos, porque ele procura constantemente fora um objecto de
desejo. Mas este objecto responde à interioridade
do
desejo. A escolha de um objecto depende sempre dos gostos pessoais do
indivíduo: mesmo se ela recai sobre a mulher que a maioria teria
escolhido, o que entra em jogo é frequentemente um aspecto
indizível, não uma qualidade objectiva dessa mulher, que talvez não
tivesse, se ela não nos tocasse o ser interior, nada que nos
forçasse a escolhê-la. Em resumo, mesmo estando de acordo com a
maioria, a escolha humana difere da do animal: ela apela para essa
mobilidade interior, infinitamente complexa, que é típica do homem.
O animal tem ele próprio uma vida subjectiva, mas essa vida, parece,
é-lhe dada, como acontece com os objectos sem vida, de uma vez por
todas. O erotismo do homem difere da sexualidade animal justamente no
ponto em que ele põe a vida interior em questão. O
erotismo é na consciência do homem aquilo que põe nele o ser em
questão. A
própria sexualidade animal introduz um desequilíbrio e este
desequilíbrio ameaça a vida, mas o animal não o sabe. Nele nada se
abre que se assemelhe com uma questão.
Seja
como for, se o erotismo é a actividade sexual do homem, é-o na
medida em que ela difere da dos animais. A actividade sexual dos
homens não é necessariamente erótica. Ela o é sempre que não for
rudimentar, que não for simplesmente animal.
Georges
Bataille
-
O
Erotismo
(1957, excerto
-
Tradução
de Antonio Carlos Viana)
CALENDÁRiO
¢14MAI-04SET2016
- No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta Quasi
Tutto -
exposição de pintura e desenho de Giorgio Griffa, sendo curador
Andrea Bellini.
¢17JUN-28AGO2016
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta No
Limite da Forma
- exposição de escultura de Pedro Figueiredo.
23JUN-26AGO2016
- Na Bedeteca da Amadora, Clube Português de Banda Desenhada / CPBD
apresenta Augusto
Trigo e Jorge Magalhães -
exposição da obra conjunta do ilustrador e do argumentista.
IMAG.126-129-132-149-160-234-256-385-414-416-430-453-550
BREVÁRiO
¨ Sistema Solar edita O Nascimento da Arte de Georges Bataille (1897-1962); tradução de Aníbal Fernandes.
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