José
de Matos-Cruz | 24 Agosto 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal
– Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
ILUSTRAÇÕES
Em
2000, um dos mais prestigiados criadores portugueses de quadradinhos,
também distinto artista plástico, Carlos Alberto Santos regressou
ao convívio do grande público com Guerra Peninsular 1,
ilustrando a Infantaria 1806-1815. Os seus admiradores de
sempre puderam apreciar esta expressão peculiar em Guerra e Paz -
Colecção «alicerçada em detalhada e aprofundada informação
sobre uniformes, equipamentos, armamentos e organização».
Uma iniciativa das Edições Destarte, dirigida por Jorge Linhares e com apresentação bilingue, sendo autor do texto Manuel A. Ribeiro Rodrigues. Em Prefácio, faz-se luz sobre a história: «A organização do Exército de 19 de Maio de 1806, ampliada pelo Decreto de fins de Outubro de 1807, não chegou a ter execução prática senão em 1808, em virtude de, a 30 de Novembro de 1807, Junot - à testa de quarenta e cinco mil homens de tropas francesas e espanholas - ter invadido Portugal sem declaração de guerra, com a desculpa de nos quererem livrar da “influência maligna” da Inglaterra». Aos leitores atraídos para além da banda desenhada, sugerem-se ainda As Campanhas Ultramarinas 1961/1974 - Guiné, Angola e Moçambique - Exército (2000). IMAG.149-256-487
Uma iniciativa das Edições Destarte, dirigida por Jorge Linhares e com apresentação bilingue, sendo autor do texto Manuel A. Ribeiro Rodrigues. Em Prefácio, faz-se luz sobre a história: «A organização do Exército de 19 de Maio de 1806, ampliada pelo Decreto de fins de Outubro de 1807, não chegou a ter execução prática senão em 1808, em virtude de, a 30 de Novembro de 1807, Junot - à testa de quarenta e cinco mil homens de tropas francesas e espanholas - ter invadido Portugal sem declaração de guerra, com a desculpa de nos quererem livrar da “influência maligna” da Inglaterra». Aos leitores atraídos para além da banda desenhada, sugerem-se ainda As Campanhas Ultramarinas 1961/1974 - Guiné, Angola e Moçambique - Exército (2000). IMAG.149-256-487
COMENTÁRiO
Na
sua lírica fluidez, Meteorologias
envolve-nos numa experimentação silenciosa com o tempo, a duração
e o ritmo. A sua forma – o estilo mutável dos desenhos, a
sequenciação das vinhetas e a composição das páginas – suscita
uma reflexão sobre temporalidades múltiplas que se entrelaçam: a
duração e as cadências variáveis da leitura, a velocidade e as
intensidades do desenho, bem como a relação entre o tempo
histórico, de escala humana, e o profundo e anti-humano tempo
geológico.
Aarnoud
Rommens
-
Prefácio a Meteorologias de
Diniz Conefrey
CALENDÁRiO
¯1928-28MAI2016
- Vicente Maria do Carmo de Noronha da Câmara, aliás D. Vicente da
Câmara: Fadista português, intérprete e autor, distinguido com o
Prémio Amália Rodrigues/Carreira (2013) - «O que é a
aristocracia? A aristocracia tanto pode estar no povo, como noutra
coisa qualquer… O aristocrata é aquele que sobressaiu».
¢02JUN-04SET2016
- Museu de Évora apresenta as exposições de pintura Ilha
dos Imortais de Tereza
Trigalhos e Global Make - Up
Program de Zoran (Sérvia).
03JUN-03JUL2016
- Em Setúbal, Galeria da Casa da Cultura apresenta Fónix
- exposição de ilustração
de Nuno Saraiva. IMAG.4-311-424-538
06JUN2016
- Em Ourique, Centro de Arqueologia Caetano de Mello Beirão expõe
Depósito Votivo de Garvão -
II Idade do Ferro.
VISTORiA
Carta
a Ninguém
Não
tornes a queixar-te! Se morreu
aquele grande amor e malfadado,
porque o mataste, filha? Ai! o culpado
bem vês que não fui eu…
aquele grande amor e malfadado,
porque o mataste, filha? Ai! o culpado
bem vês que não fui eu…
Julguei-te
abandonada, solitária:
quis fazer da tu’alma a ideal
e doce irmã da minha... e afinal
ela era como as outras? ordinária…
quis fazer da tu’alma a ideal
e doce irmã da minha... e afinal
ela era como as outras? ordinária…
Não
tornes a queixar-te mais de mim!
Eu não te posso amar: amar assim,
como os outros, não sei... era um engano…
Eu não te posso amar: amar assim,
como os outros, não sei... era um engano…
Foi
bem maior que a tua a minha dor:
tu sofreste o desamor,
mas eu, filha, sofri? o desengano…
tu sofreste o desamor,
mas eu, filha, sofri? o desengano…
Manuel
Laranjeira
-
Comigo. Versos Dum Solitário
VISTORiA
Durante
algumas semanas, levei uma vida miserável no bosque, procurando
curar a ferida aberta. A bala tinha entrado no ombro e não sabia se
lá havia ficado alojada; fosse como fosse, não dispunha do
necessário para a extrair. O meu padecimento era ainda acrescentado
pela injustiça e ingratidão com que fora tratado. Diariamente
jurava vingar-me, jurava uma profunda e mortífera vingança, a única
que poderia compensar-me dos ultrajes e das agonias que suportara.
Ilustração de Bernie Wrightson |
Mary
Shelley
-
Frankenstein (excerto)
A
Serpente Que Dança
Em
teu corpo, lânguida amante,
Me apraz contemplar,
Como um tecido vacilante,
A pele a faiscar.
Me apraz contemplar,
Como um tecido vacilante,
A pele a faiscar.
Em
tua fluida cabeleira
De ácidos perfumes,
Onde olorosa e aventureira
De azulados gumes,
De ácidos perfumes,
Onde olorosa e aventureira
De azulados gumes,
Como
um navio que amanhece
Mal desponta o vento,
Minha alma em sonho se oferece
Rumo ao firmamento
Mal desponta o vento,
Minha alma em sonho se oferece
Rumo ao firmamento
Teus
olhos que jamais traduzem
Rancor ou doçura,
São jóias frias onde luzem
O ouro e a gema impura.
Rancor ou doçura,
São jóias frias onde luzem
O ouro e a gema impura.
Ao
ver-te a cadência indolente,
Bela de exaustão,
Dir-se-á que dança uma serpente
No alto de um bastão.
Bela de exaustão,
Dir-se-á que dança uma serpente
No alto de um bastão.
Ébria
de preguiça infinita,
A fronte de infanta
Se inclina vagarosa e imita
A de uma elefanta.
A fronte de infanta
Se inclina vagarosa e imita
A de uma elefanta.
E
teu corpo pende e se aguça
Como escuna esguia,
Que às praias toca e se debruça
Sobre a espuma fria.
Como escuna esguia,
Que às praias toca e se debruça
Sobre a espuma fria.
Qual
uma inflada vaga oriunda
Dos gelos frementes,
Quando a água em tua boca inunda
A arcada dos dentes
Dos gelos frementes,
Quando a água em tua boca inunda
A arcada dos dentes
Bebo
de um vinho que me infunde
Amargura e calma,
Um líquido céu que se difunde
Astros em minha alma!
Amargura e calma,
Um líquido céu que se difunde
Astros em minha alma!
Charles
Baudelaire
(tradução
de Ivan Junqueira)
PARLATÓRiO
¢Só os maus artistas pensam que têm uma boa ideia. Um bom artista não precisa de nada…
Quando
aparece algum jovem e pergunta onde deveria estudar pintura, a nossa
vontade é recomendar algum lugar, mas a verdade é que nenhum lugar
existe. Eu não saberia sugerir onde aprender…
Ad
Reinhardt
MEMÓRiA
17AGO1877-1912
- Manuel Laranjeira: Escritor e médico português - «Ânsia de
amar! oh ânsia de viver! / Uma hora só que seja, mas vivida / e
satisfeita… e pode-se morrer / – porque se morre abençoando a
vida!» (A Tristeza de Viver).
IMAG.143-359
¯24AGO1837-1924
- François Clément Théodore Dubois, aliás Théodore Dubois:
Compositor, pedagogo e organista francês, maître
de chapelle das
Igrejas de Santa Clotilde e da Madalena (1869-1877), professor de
harmonia e composição do Conservatório de Paris (1871), membro da
Academia de Belas-Artes (1894).
25AGO1867-1905
- Mayer André Marcel Schwob, aliás Marcel Schwob: Escritor francês,
autor de Vidas Imaginárias
- «Pensa no momento… Todo o pensamento que perdura, é uma
contradição!» (O Livro de
Monelle). IMAG.369-502
25AGO1767-1794
- Louis Antoine Léon de Saint-Just: Ideólogo e revolucionário
francês - «Todas as artes só criaram maravilhas; a arte de
governar apenas produziu monstros». IMAG.476
¨
1928-27AGO2007 - Alberto Correia de Lacerda, aliás Alberto de
Lacerda: Poeta português, cofundador da revista Távola
Redonda, autor de Átrio
(1997) - «Os poemas /
envelhecem // Alguns / (muito poucos) / vão deitando raízes /
desconhecidas // No ramo mais alto / o bafo dos deuses». IMAG.163
¸
1906-28AGO1987 - John Marcellus Huston, aliás John Huston: Cineasta
americano, realizador, argumentista e actor - «Os críticos nunca
conseguiram encontrar, nos meus filmes, um tema unificador… Para
dizer a verdade, eu também não». IMAG.68-83-120-306-449-477-581
29AGO1817-1864
- John Leech: Ilustrador e caricaturista inglês, artista
litográfico, recriou o imaginário da primeira edição de Cântico
de Natal /
A Christmas Carol (1943) de
Charles Dickens, ou The Comic
History of Rome (1852) de
Gilbert Abbott A Beckett. IMAG.447-488
30AGO1797-1851
- Mary Wollstonecraft Godwin, aliás Mary Shelley: Escritora inglesa,
ficcionista e ensaísta - «A mesma energia de carácter que
transforma um homem num vilão perigoso, poderia reverter a bem da
sociedade, caso esta estivesse bem organizada».
IMAG.26-79-94-309-365-530-617
¢1913-30AGO1967
- Adolph Frederick Reinhardt, aliás Ad Reinhardt: Pintor
norte-americano, abstracto e conceptual, entre a vanguarda e o
modernismo - «Arte é Arte. Todo o resto é todo o resto… Pela
minha parte, tentei opor o académico ao mercado». IMAG.448
1821-31AGO1867
- Charles-Pierre Baudelaire, aliás Charles Baudelaire: Poeta francês
- «Odeio do oceano as iras e os tumultos, / Que retratam minh’alma!
O riso singular / E o amargo do infeliz, misto de pranto e insultos,
/ É um riso semelhante ao do soturno mar.» (Obsessão
- excerto). IMAG.44-69-144-318-524
BREVIÁRiO
Quarto de Jade edita Meteorologias de Diniz Conefrey.IMAG.289-301-325-332-377-395-430-448-504-534-596
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