José
de Matos-Cruz | 08 Agosto 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal
– Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
AFEIÇÕES
No
panorama pós-moderno dos quadradinhos americanos, não é Babe, nem
Miss Piggy, a assinalar o Triunfo dos Porcos… Sagrando uma tradição
sob o signo de Walt Disney, que transfere para o reino dos animais a
familiaridade das alegrias e desgraças humanas, a independente
Olivia
assumiria, com irresistível
toque feminino, o talento artístico de Ian
Falconer.
Considerado
um dos melhores álbuns do ano 2000, e tendo vendido 250 mil
exemplares na primeira edição, Olivia
manteve intactas as suas virtualidades primordiais: um sortilégio
heróico capaz de fascinar adolescentes e adultos; um caracter
afeiçoado à identificação pelos leitores de todo o mundo.
Rebelde, culta, carinhosa, sofisticada, estilizando o vermelho como
sua cor favorita, entre os matizes do preto-e-branco, o sucesso de
Olivia
culmina, afinal, os valores essenciais da banda desenhada: a
simplicidade, a crítica, a surpresa, a cumplicidade. Prestigiado
ilustrador e designer
- entre o grafismo em The New
Yorker, os cenários da Ópera
de São Francisco, ou os figurinos para o Ballet de Nova Iorque -
Falconer inspirou-se numa sobrinha para dar vida a Olivia, que por
acaso tem um irmão que se chama Ian!
CALENDÁRiO
¢05MAI-01JUL2016
- Em Lisboa, Igreja de São Cristóvão apresenta Ascensão
- exposição de Rui Chafes, integrada em Não
Te Faltará Distância /Arte Por São Cristóvão,
sendo curador Paulo
Pires do Vale.
IMAG.65-299-364-427-461-500-568-582-612
¢24MAI-09JUL2016
- Em Lisboa, Casa da Liberdade - Mário Cesariny apresenta Na
Feliz Miscigenação das Coisas -
exposição de pintura de Manuela Jardim, sendo curador Carlos Cabral
Nunes.
VISTORiA
Beijemo-nos,
Apenas
¨Não. Beijemo-nos, apenas,
Nesta agonia da tarde.
Guarda
Para um momento melhor
Teu viril corpo trigueiro.
O meu desejo não arde;
E a convivência contigo
Modificou-me – sou outro…
A névoa da noite cai.
Já mal distingo a cor fulva
Dos teus cabelos – És lindo!
A morte,
Devia ser
Uma vaga fantasia!
Dá-me o teu braço: – Não ponhas
Esse desmaio na voz.
Sim, beijemo-nos apenas,
Que mais precisamos nós?
-António
Botto
Súplica
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria…
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
-Miguel
Torga
COMENTÁRiO
António
Botto
¨
A elegância espontânea do seu pensamento, a dolência latente de
sua emoção asseguram-lhe facilmente, conjugando-se, a mestria nesta
espécie de lirismo…
Distingue-se
pela simplicidade perversa e pela preocupação estética destituída
de preocupações. Foge da complicação com o mesmo ardor com que se
esconde da intenção directa. É em verdade singular que se seja
simples para dizer exactamente outra coisa, e se vá buscar as
palavras mais naturais para por meio delas ter entendimentos
secretos.
Certo
é que o que António Botto escreve, em verso ou em prosa, há que
ser lido sempre com a intenção posta em o que não está lá
escrito.
-Fernando
Pessoa
-
Prefácio
a Motivos de Beleza
(1923)
de
António Botto
MEMÓRiA
¨
09AGO1927-2014 - Daniel Keyes: Professor e escritor americano, autor
de Flowers For Algernon
(1966), distinguido com o
Prémio Nebula - «As pessoas acham engraçado que alguém pouco
inteligente possa fazer as mesmas coisas que elas… Por vezes, somos
capazes de desprezarmos a nós próprios. Sabendo que temos atitudes
inconvenientes e, mesmo assim, não conseguindo evitar tais
comportamentos». IMAG.521
10AGO1897-1935
- Reinaldo Ferreira, o Repórter X: Escritor, jornalista e cineasta
português - «Figura lendária do jornalismo português, teve, nas
primeiras décadas do século, um lugar de grande evidência, que se
projectou além do espaço temporal em que viveu e escreveu»
(António Valdemar).
IMAG.6-53-142-161-175-533
¨
11AGO1897-1968 - Enid Mary Blyton, aliás Enid Blyton: Escritora
inglesa, de
Os
Cinco,
Os
Sete,
Noddy,
Uma
Aventura Em…,
O
Segredo de…,
As
Gémeas ou
O
Colégio das Quatro Torres
- «As
crianças começaram a ficar muito entusiasmadas. Ia ser divertido
visitar um lugar onde nunca tinham estado, e ficarem em casa de uma
prima que nunca haviam conhecido». IMAG.147-204-229-495-550
1862-11AGO1937
- Edith Newbold Jones, aliás Edith Wharton: Escritora americana,
distinguida com o Prémio Pulitzer por A
Idade da Inocência (1920) -
«Há apenas duas maneiras de difundir a luz - ser uma vela, ou o
espelho que a reflecte». IMAG.564
12AGO1907-1995
- Adolfo Rocha, aliás Miguel Torga: Escritor português - «Sei um
ninho. / E o ninho tem um ovo. / E o ovo, redondinho, / Tem lá
dentro um passarinho / Novo. // Mas escusam de me atentar: / Nem o
tiro, nem o ensino. / Quero ser um bom menino / E guardar / Este
segredo comigo. / E ter depois um amigo / Que faça o pino / A
voar…». IMAG.21-142-165-168-217-261-288-307-342-352-499-538-610
13AGO1757-1815
- James Gillray: Ilustrador e caricaturista britânico, celebrado
pela crítica política e pela sátira social que estilizou entre
1792 e 1810. IMAG.517
15AGO1897-1970
- Cassiano Viriato Branco, aliás Cassiano Branco: Arquitecto
português - «É uma violência à sua memória aparecerem pessoas
tentando dar a entender que ele era perverso na arquitectura,
ecléctico, disléxico e que, umas vezes, fazia coisas sérias e,
outras, uma série de disparates» (Trofa Real).
IMAG.142-272-299-447
1831-15AGO1907
- Joseph Joachim: Compositor e violinista húngaro - «Não me é
absolutamente simpática a tua música; contradiz tudo o que aprendi
dos nossos grandes mestres, desde a minha juventude, como alimento
para mente» (a Franz Liszt-1857). IMAG.383
1890-15AGO1977
- Julius Henry Marx, aliás Groucho Marx: Actor americano - «Há
cineastas que não sabem inglês, e outros que nada percebem de
humor». IMAG.24-136-293
1905-15AGO1987
- Jean Émile Louis Scutenaire: Poeta belga, anarquista e surrealista
- «O homem toma por inteligência o uso das suas faculdades de
imaginação». IMAG.520
¨
17AGO1897-1959 - António Tomás Botto, aliás António Botto: Poeta
português, autor de Baionetas
da Morte - «O mais /
importante na vida / É ser-se criador – criar beleza. // Para
isso, / É necessário pressenti-la / Aonde os nossos olhos não a
virem.» (Curiosidades
Estéticas). IMAG.292-307
PARLATÓRiO
¨
Um editor achou que as minhas obras eram bastante populares, e os
bandos de crianças apinhando as livrarias, ao sábado de manhã,
tornaram-se um problema.
Enid
Blyton
VISTORiA
Um
homem na minha posição (neste momento, horizontal) está sujeito a
ouvir estranhas histórias a seu respeito. Por exemplo, há anos
correu o boato de que fizera figura de parvo, bebendo champanhe pela
chinela de Sophia Loren. É um puro absurdo, ainda por cima
difamante. Admito que tentei beber, assim, esse líquido borbulhante,
mas ela nunca tirou a maldita chinela do pé. Por isso, apanhando-a
distraída, foi pela sua bolsa de mão que o bebi, quase sufocando
quando, acidentalmente, engoli também o baton.
-Groucho
Marx
-
Memórias de Um Pinga-Amor
(1963)
BREVIÁRiO
¨ Quetzal edita O Lugar das Fitas de Dinis Machado (1930-2008); organização de Marta Navarro. IMAG.218-232-261-267-296-332-387-612-620
¨ Dom Quixote edita Tereza Batista Cansada de Guerra de Jorge Amado (1912-2001). IMAG.333-382-405-407-460
¨
Relógio D’Água edita O
Separar das Águas e Outras Novelas de
Hélia Correia. IMAG.38-69-232-233-263-574
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