José de Matos-Cruz | 24 Fevereiro 2017 | Edição Kafre
| Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
FENÓMENOS
No
Ocidente, Pokémon é um fenómeno
compósito, sobre o qual convergem a propensão artística de sectores primordiais
entre os criadores ianques, o culto sublimado por significativas camadas de um
público mentor, e as amplas conexões de uma próspera / multifacetada indústria
de conteúdos lúdicos, do Japão aos Estados Unidos. O combate de Pocket Monsters
- em síntese, Pokémon - travou-se, a partir de 1996, no território nipónico do game-boy, expandindo-se em 1998 como
série televisiva favorita dos jovens americanos, entre os quatro e os dezasseis
anos. Depois, foi a rápida conquista da Europa. Finalmente, atingiu o grande
ecrã com Pokémon: O Filme / Pokémon: The
First Movie (1999) de Kunihiko Yuyama, sob a irrepreensível chancela Warner
Bros. Pela original concepção de Satochi Tajiri, que a Nintendo impulsionou
além-fronteiras, tudo foi explorado em cartões, livros, canções, logo jorrando
um surto fanático pela via Internet… Entretanto, a pokémania converteu-se em problema sociológico, e Pokémon: O Filme num sucesso absoluto. IMAG.189
CALENDÁRiO
¯1925-05JAN2016 - Pierre Boulez: Músico e ensaísta
francês, compositor, maestro e pianista - «Estamos diante da personalidade mais
marcante e influente que a música da tradição erudita ocidental conheceu desde
o final da II Guerra Mundial» (Bernardo Mariano). IMAG.67-236-317-343-358-411
µ05-16JAN2016 - Em Braga, Salão Nobre do Theatro Circo
apresenta As Variações de António -
exposição de fotografia de Teresa Couto Pinto, sobre António Variações/António Joaquim
Rodrigues Ribeiro (1944-1984). IMAG.99-470
07-30JAN2016
- Bedeteca da
Amadora expõe Estúpidos, Maldosos e Semanais. Uma Constelação Em Torno do Charlie
Hebdo, sendo curador Pedro Moura em colaboração com Osvaldo Macedo de Sousa. IMAG.499-550-553
¯08JAN1947-10JAN2016 - David Robert Jones, aliás David
Bowie: Artista inglês, cantor e compositor, produtor musical, actor - «Ao que
parece, há muita gente que pretende ser imortal… Andamos atrás de quê,
exactamente? Quem é que quer arrastar-se, velho e decadente, até ter noventa
anos? Só por uma questão de ego? Seguramente, não é esse o meu desejo».
¢14JAN-31MAR2016 - Em Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda
apresenta, na Galeria de Pintura do Rei D. Luís, Belas Artes da Academia. Uma Colecção Desconhecida - exposição de
pintura, escultura e desenho, por ocasião do 180º aniversário da Academia
Nacional de Belas Artes/ANBA, sendo comissária executiva Cristina Azevedo.
VISTORiA
Maria Lisboa
¨É
varina, usa chinela,
tem
movimentos de gata.
Na
canastra, a caravela;
no
coração, a fragata.
Em
vez de corvos, no xaile
gaivotas
vêm pousar.
Quando
o vento a leva ao baile,
baila
no baile co’o mar.
É
de conchas o vestido;
tem
algas na cabeleira;
e
nas veias o latido
do
motor de uma traineira.
Vende
sonho e maresia,
tempestades
apregoa.
Seu
nome próprio, Maria.
Seu
apelido, Lisboa.
David
Mourão-Ferreira
VISTORiA
®E vós, senhores, aproveitai de tudo o que vistes para
vantagem e segurança dos vossos corações. E se alguma vez estiverdes numa
ocasião de duvidar, quase a ceder, pensai nos artifícios que vistes. E
lembrai-vos da Estalajadeira!
Carlo
Goldoni
- A Estalajadeira (excerto)
¨A
través del follaje perenne
que
oír deja rumores extraños,
y entre un mar de ondulante
verdura,
amorosa
mansión de los pájaros,
desde
mis ventanas veo
el
templo que quise tanto.
pues
no sé decir ya si le quiero,
que
en el rudo vaivén que sin tregua
se
agitan mis pensamientos,
dudo
si el rencor adusto
vive
unido al amor en mi pecho.
Rosalía
de Castro
-
A Orillas del Sar
¨ Ela
própria tirou, num movimento brusco, o vestido e a combinação. Dobrou, depois,
a colcha, e puxou para trás o lençol e o cobertor. E tudo isto, a sábia
segurança com que fazia tudo isto, a desenvoltura com que se me entregou, os gritos
roucos, a gesto de, no último momento, cravar os dentes na almofada – tudo isto
me deu a repulsiva sensação de que se tratava de uma profissional…
Mas
quando abri os olhos e vi a expressão dos olhos dela, o rosto que de repente se
fizera muito mais jovem, aquela beatitude afogueada – senti-me injusto, senti
quanto é injusto condenarmos seja quem for. Parecia ter dezasseis anos.
David
Mourão-Ferreira
-
E Aos Costumes Disse Nada (excerto)
-
Gaivotas Em Terra
MEMÓRiA
¨ 24FEV1837-1885
- Rosalía de Castro: Novelista e poetisa galega, autora de Folhas Novas (1880) - «De improviso los ángeles / desde sus altos
nichos / de mármol, me miraron tristemente». IMAG.43-522
¨ 24FEV1927-1996
- David de Jesus Mourão-Ferreira, aliás
David Mourão-Ferreira: Ficcionista e poeta português - «Não perguntem
nada: nós estamos dentro / Do aro de frio, no frio do muro, / Tão longe da
feira do Tempo!».
IMAG.90-107-192-438-513-566
¨ 25FEV1707-1793 - Carlo Osvaldo Goldoni, aliás Carlo
Goldoni: Dramaturgo italiano - «Discutir gostos, é tempo perdido… Não é o belo
que é belo, mas sim aquilo que agrada». IMAG.134-405-441
¯1936-22JAN1977 - Maysa Figueira Monjardim, aliás Maysa Matarazzo:
Compositora e cantora brasileira - «Quando
estou só, tenho certeza de que sou maior do que eu mesma, e isto me apavora.
Ninguém deve conhecer a sua própria dimensão». IMAG.253-565
SUMÁRiO
¯Filho de camponeses e barbeiro de profissão foi, apesar
da curta carreira, um dos principais nomes da música ligeira portuguesa.
Em
1981, o primeiro single tinha os
temas Povo Que Lavas No Rio de Amália
Rodrigues e Estou Além, a que se
seguiu Dar e Receber (1984). A sua
música misturava pop, rock, blues, fado.
09JUN2009 - Diário de Notícias
BREVIÁRiO
¯Sony Music edita em CD, Blackstar de David Bowie (1947-2016). IMAG.194-223-232-292-333-338-488
¨ Dom Quixote edita Astronomia
de Mário Cláudio. IMAG.51-220-520-522-541-591
¨ Averno edita Amor
Universal de Billy Collins; tradução de Ricardo Marques.
¯Universal edita em CD, sob chancela Deutsche
Grammophon, Complete Concerto Recordings por
Martha Argerich e Claudio Abbado (1933-2014). IMAG.202-217-220-229-244-285-296-318-327-449-452-490-497-534-563-598
¨ Relógio D’Água edita Fogo Pálido de Vladimir Nabokov (1899-1977); tradução de Telma Costa. IMAG.63-223-253-272-325-338-418-503-504-505-507
¨ Presença edita Diálogo
Entre o Autor e o Crítico de José-Augusto França. IMAG.92-195-201-232-235-490-572
EXTRAORDINÁRiO
OS ALTERNATIVOS - Folhetim Aperiódico
QUANDO ME ENTERNEÇO EM VÃO, DESAPAREÇO - 3
Por
fim, já estavam mais aliviados, junto ao antigo Cais de Ver-o-Peso. Porém,
dentro de si, cada um remordia o parceiro. Ele a penas lhe daria amarguras, mas
ela não lhe ia retribuir com rebuçados.
Isco
e anzol.
O
Petisco havia de mastigá-la, até desenjoar. Sopas de cavalo cansado. A Chiba
desejaria castigá-lo. Espevitando o animal, sem lhe matar o bicho.
Pelo
menos, navegavam nesta espera. Que, no mais, sempre Lisboa, a caprichosa, se
afectava, qual ancoradouro em arribada.
Portanto,
eles derivavam, um contra o outro - e
também de encontro ao mundo. Incertos, naufragando em terra firme.
Pescarias
tão profundas que uma bóia de cortiça à tona dos desvarios.
– Continua
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