quarta-feira, março 02, 2016

IMAGINÁRiO #599

José de Matos-Cruz | 16 Fevereiro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004


PRONTUÁRiO
 
APARÊNCIAS
Uma intriga sofisticada. Uma ilustração deslumbrante. Uma teia de artifícios. Uma fusão reveladora. Eis o talento perverso, o fascínio sensual de Vittorio Giardino - argumentista e ilustrador de Férias Fatais / Vacances Fatales (1991)… Pessoas que representam, personagens que desvendam. Episódios de aparência banal, conspirações da realidade inócua, compõem o destino em seis opções para todos os anseios e apetites: Férias Programadas em Marrocos, Húmido e Distante em Banguecoque, Sob Um Nome Falso em Capri, Safari em Ngorongoro, Época Baixa à beira-mar, Segredos Inocentes numa estância de esqui. Transitando com uma elegância surpreendente do enleio gráfico ao jogo das palavras, Giardino evolui por atmosferas serenas, ou aprazíveis, entre gente errática, que se entrega aos prazeres e aos acasos, assumindo afinal as facetas mais ocultas ou monstruosas do ser humano. O olhar intenso, a mentira insinuante, a traição banal, a ambição funesta, corrompem pela ironia cáustica a pose destes homens e mulheres virtualmente ociosos mas, afinal, intensos e activos na sua teia inexorável de cumplicidades e vitimações. IMAG.75

MEMÓRiA
 
¨16FEV1927-2015 - Maria Luísa Saraiva Pinto dos Santos, aliás Luísa Dacosta: Escritora portuguesa, autora de Província (1955), distinguida com o Prémio Máxima de Literatura (1992) - «Desde muito jovem, considerou que a escrita era um modo de lutar contra as injustiças e a indiferença» (Guilherme d’Oliveira Martins). IMAG.554

1904-20FEV1987 - Edgar Pierre Jacobs: Artista belga, cantor lírico, pintor e cenógrafo, argumentista e ilustrador de banda desenhada, criador de As Aventuras de Blake e Mortimer (1946) - «Hoje, a arte de Jacobs parece ao mesmo tempo clássica e moderna, de onde a sua prosperidade e difusão sem precedentes… Finalmente, aquele que veio para a banda desenhada malgré lui, tornou-se num dos dois pilares históricos na Europa, juntamente com Hergé, o seu irmão inimigo e, tal como ele, situa-se hoje acima da sua disciplina, já que a universalidade dos seus talentos artísticos e da sua mensagem permitiu-lhe transcender a sua época para a eternidade» (Stéphane Thomas - L’Immanquable). IMAG.10-66-119-218-245-281-348-427-451-460-487-507


R1632-21FEV1677 - Bento de Espinosa: Filósofo racionalista holandês, de família judaica portuguesa, autor de Ética e Tratado Teológico-Político - «Tanto a decisão da mente, quanto o apetite e a determinação do corpo são, por natureza, coisas simultâneas, ou melhor, são uma só e mesma coisa, a que chamamos decisão quando considerada sob o atributo do pensamento e explicada por si mesma; e determinação, quando considerada sob o atributo da extensão e deduzida das leis do movimento e do repouso». IMAG.396

¢1928-22FEV1987 - Andrej Varhola Jr, aliás Andy Warhol: Pintor, cineasta e empresário americano, de origem checa, símbolo da pop art - «No futuro, todas as pessoas serão famosas durante quinze minutos». IMAG.64-119-128-173-189-319-520

¢23FEV1817-1904 - George Frederic Watts: Pintor simbolista inglês - «O que eu pretendo é fazer as pessoas pensarem». IMAG.473

¯1929-23FEV1987 - José Afonso: Cantor e compositor português - «Que amor não me engana / Com a sua brandura / Se de antiga chama / Mal vive a amargura // Duma mancha negra / Duma pedra fria / Que amor não se entrega / Na noite vazia» (excerto). IMAG.6-119-170-237-269-328-421-422-427
             
CALENDÁRiO
 
¯1945-28DEZ2015 - Ian Fraiser Kilmister, aliás Lemmy Kilmister, aliás Lemmy: Músico inglês, fundador e vocalista dos Motorhead - «Éramos a melhor banda má do mundo».

¯1950-31DEZ2015 - Stephanie Natalie Maria Cole, aliás Natalie Cole: Cantora e compositora americana, filha de Nat King Cole - «Os meus ídolos são Janis Joplin e Annie Lennox, que nada têm a ver com a típica cultura pop».
 
COMENTÁRiO
 
RNão é por julgarmos uma coisa boa que nos esforçamos por ela, que a queremos, que ela nos apetece, que a desejamos, mas, pelo contrário, é por nos esforçarmos por ela, por querê-la, por ela nos apetecer, por a desejarmos, que a julgamos boa.
Espinosa
- Ética (excerto)

PARLATÓRiO
 
¢Um artista é alguém que produz coisas de que as pessoas não têm necessidade, mas que ele - por uma qualquer razão - pensa que será uma boa ideia proporcionar-lhas…
Andy Warhol

VISTORiA

Os Bravos

¯Eu fui à terra do bravo
Bravo meu bem
Para ver se embravecia
Cada vez fiquei mais manso
Bravo meu bem
Para a tua companhia

Eu fui à terra do bravo
Bravo meu bem
Com o meu vestido vermelho
O que eu vi de lá mais bravo
Bravo meu bem
Foi um mansinho coelho

As ondas do mar são brancas
Bravo meu bem
E no meio amarelas
Coitadinho de quem nasce
Bravo meu bem
P'ra morrer no meio delas
José Afonso
   
TRAJECTÓRiA
 
Edgar Pierre Jacobs

Autor belga de banda desenhada, nasceu a 30 de março de 1904, em Bruxelas (Bélgica).
Desde muito novo manifestou grande fascínio pelo desenho e pelas representações cénicas. Os seus cadernos escolares de História reproduzem cenas quotidianas, batalhas, pormenores arquitetónicos ou de indumentária, a par do esmero colocado na caligrafia, revelando o seu talento.
Após ter visto uma representação de Fausto, em 1917, nasce a sua outra grande paixão, a ópera.
Em 1919, depois de concluir a Escola Comercial, começou por trabalhar em publicidade, então inteiramente ilustrada, realizando gravuras para puzzles, álbuns para colorir, jogos, catálogos para grandes armazéns e cartazes, atividade que desenvolveu nos anos 20.
Em simultâneo, Jacobs aspirava a fazer carreira na ópera, tendo começado por ser figurante numa representação de Guilherme Tell no Teatro de La Monnaie, em 1921. Chegou a barítono da Ópera de Lille em 1929, ano em que ganhou um grande prémio de canto.
Durante os anos que esteve profundamente envolvido no meio operista, aproveitou também para utilizar o seu talento gráfico, concebendo projetos de indumentárias e maquetas de cenários. Trabalhou durante dez anos na Ópera de Lille, até ser mobilizado em 1939, com o eclodir da Segunda Guerra Mundial, e, posteriormente, com a invasão da Bélgica, pelo que a sua carreira ficou comprometida.
Com a Bélgica invadida, em 1940 recorre ao desenho como meio de sustento. Contactou a revista Bravo, para a qual realizou o mais variado tipo de ilustrações. Em 1942, quando a Bravo deixa de receber as provas da muito popular banda desenhada estado-unidense Flash Gordon, Edgar foi desafiado a continuar as suas aventuras, sob o título de Gordon l'Intrepide. No entanto, por imposição da censura alemã, teve de concluir precipitadamente o seu trabalho, que visava dar uma hipotética continuação à história criada originalmente por Alex Raymond.
Entre 1943 e 1944 continuou a trabalhar em BD, tendo sido convidado pela mesma revista a desenvolver uma história que substituísse Flash Gordon. A sua primeira BD criada de raiz foi Le Rayon «U» (O Raio «U»), que surgiu na revista Bravo, em 1943. Uma segunda versão apareceu em 1974 na revista Tintin e em álbum da Lombard.
Em simultâneo, começou a colaborar com Hergé, o pai de Tintim, em 1944, tendo participado em Tintim quando Hergé sentiu a necessidade de redesenhar e colorir várias aventuras inicialmente saídas a preto e branco. Assim sendo, realizou os desenhos dos cenários e a coloração das seguintes histórias de Tintim: O Lótus Azul, O Cetro de Ottokar, As 7 Bolas de Cristal e O Templo do Sol. Como nota do seu bom humor, Jacobs não se coibiu de se desenhar a si próprio, a Hergé e a outras pessoas conhecidas de ambos, entre os figurantes de algumas histórias.
Outra colaboração sua com Hergé esteve ligada à realização de ilustrações que documentassem a história da marinha, da aviação e do caminho de ferro, para a enciclopédia Voir et Savoir.


Em 26 de Setembro de 1946 surgiu o número inaugural da mítica revista Tintin, que ficou marcado pela estreia da série Blake e Mortimer, da autoria de Edgar Pierre Jacobs, cujos protagonistas são um capitão da força aérea ligado aos serviços secretos e um físico apaixonado pela arqueologia, ambos cidadão britânicos, cultivando toda a série um ambiente muito british de meados do século XX.
A história inicial da série, Le Secret de l'Espadon (O Segredo do Espadão), impôs-se rapidamente com sucesso ante os leitores da revista, acabando por ser reunida em dois álbuns, editados em 1950 e 1953, começando assim uma das séries de culto da BD europeia.
Depois surgiram Le Mystère de la Grande Pyramide (O Mistério da Grande Pirâmide), história também em duas partes, publicada na Tintin entre 1950 e 1954 (com álbuns editados em 1954 e 1955), e La Marque Jaune (A Marca Amarela), publicada em 1953 (álbum de 1956). Seguiram-se L'Enigme de l'Atlantide (O Enigma da Atlântida), de 1955 (álbum em 1957), SOS Météores (SOS Meteoros), de 1958 (álbum de 1959), Le Piège Diabolique (A Armadilha Diabólica), de 1960 (álbum de 1962), L'Affaire du Collier (O Caso do Colar), de 1965 (álbum de 1967) e Les 3 Formules du Professeur Sato I (As 3 Fórmulas do Professor Sato I), de 1971 (álbum de 1977), todas histórias publicadas inicialmente na revista Tintin e editadas em álbum pela Lombard.
De permeio, realizou ainda uma curta história, Le Trésor de Toutânkhamon (O Tesouro de Toutânkhamon) para a Tintin, em 1964, evocando a descoberta do célebre tesouro egípcio.
A publicação do segundo tomo As 3 Fórmulas do Professor Sato I foi sendo protelada até à sua morte, ocorrida em 1987.
Em 1986 criou a chancela Éditions Blake et Mortimer, que editou todos os álbuns num novo formato, com nova coloração e páginas suplementares, como sucedeu em O Segredo do Espadão, agora editado em três volumes.
Depois de vários problemas de saúde e tributários, que marcaram os seus últimos anos de vida, faleceu vítima da doença de Parkinson, em Bruxelas, a 20 de fevereiro de 1987, deixando uma obra pequena pelo número de títulos mas de inegável qualidade narrativa e plástica, que se tornou uma importante referência da BD franco-belga.
O derradeiro álbum, Les 3 Formules du Professeur Sato II (As 3 Fórmulas do Professor Sato II), cujos esboços deixou terminados, viria a ser concluído por Bob de Moor, sendo editado em 1990. Em 1996 Jean Van Hamme e Ted Benoit prosseguiram a série com grande êxito, a que se juntou, mais tarde, outra dupla de autores, Yves Sente e André Juillard.
http://www.infopedia.pt/$edgar-pierre-jacobs
                             
BREVIÁRiO
 
¨Livros do Brasil edita O Velho e o Mar de Ernest Hemingway (1899-1961); tradução de Jorge de Sena (1919-1978). IMAG.76-180-235-329-377-474-477


1 comentário:

  1. Olá caro amigo. Muio interessante este teu site. Dá notícias se puderes. Venerando Matos (venerandomatos@gmail.com)

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