José
de Matos-Cruz | 08 Março 2016 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em
2004
PRONTUÁRiO
Na
banda desenhada de expressão franco-belga, por finais do século passado, aos
estímulos da aventura correspondem os temas virtuais, estilizando-se versáteis
grafismos pela pulsão estética e narrativa. Por tais parâmetros sobressai Philippe Dupuy, cuja notoriedade de
firmou no início da década de ’90, com Monsieur Jean. Aliado ao iraniano Charles Berberian - desde 1983,
tendo-se prestigiado numa inseparável carreira publicitária - esta dupla sagrou
o vínculo argumentista / ilustrador, com fértil engenho e minuciosa
inventariação. Como causa original de
Monsieur Jean - em série repartida
por diversos títulos e episódios parisienses - está um jovem escritor entre os
dilemas de criatividade, as crises singulares e uma vivência quotidiana. Os
amigos, a solidão, a família, a boémia, os pequenos conflitos, as longas
vigílias, enquadram esta obra aliciante, crítica, sobretudo para os leitores
maduros - e apreciadores de banda desenhada em que se formaliza, pela
actualidade, uma cumplicidade intemporal.
CALENDÁRiO
¢05FEV-03MAI2015
- Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva expõe Sonnabend, Paris-New York (1962-1967); em colaboração com a
Sonnabend Collection Foundation de Nova Iorque, e a Fondazione Musei Civici di
Venezia - Ca’ Pesaro Internazionale d’Arte Moderna, de Veneza.
¨1938-07FEV2015
- Manuel João Maya de Lucena, aliás Manuel Lucena: Historiador português,
cientista político, cofundador da revista O
Tempo e o Modo (1963) - «Um dos intelectuais mais brilhantes da minha
geração, com uma forma de pensar e estar na vida muito própria, com convicções
fortes que nunca deixou de afirmar com total independência» (Jorge Sampaio).
07FEV-11AB2015
- Em Torres Vedras, Paços - Galeria Municipal expõe Obra Gráfica de João Sarzedas - Uma Homenagem.
¢07FEV-11JUL2015
- Em Viana do Castelo, Biblioteca Municipal apresenta História Natural Com Parafusos - exposição da obra gráfica de Luís
Manuel Gaspar, editada em livros, revistas e jornais. IMAG.399-417-459
µ12FEV-SET2015
- Em Lisboa, Espaço Novo Banco expõe Eu
(Título Em Construção); inclui Obras da Colecção de Fotografia do Novo
Banco por Marina Abramovic, Helena Almeida, Vasco Araújo, Jennifer Allora &
Guillermo Calzadilla, Rineke Dijkstra, Nan Goldin, Mona Hatoum, Barbara Kruger,
Sherrie Levine, Martin Parr, João Penalva, Irving Penn, Richard Prince, Martha
Rosler, Julião Sarmento, Cindy Sherman, Andres Serrano e Wolfgang Tillmans,
sendo curador Hugo Dinis.
¨1927-15FEV2015 -
Maria Luísa Saraiva Pinto dos Santos, aliás Luísa Dacosta: Escritora
portuguesa, autora de A-Ver-o-Mar (1980),
distinguida com o Prémio Vergílio Ferreira (2010) - «Nunca esqueceu como as
mulheres de A-Ver-o-Mar a ensinaram a lutar contra a injustiça, a indiferença e
o sofrimento» (Guilherme d’Oliveira Martins).
Esta Palavra saudade
¨Junto
de um catre vil, grosseiro e feio,
por uma noite de luar saudoso,
Camões, pendida a fronte sobre o seio,
cisma, embebido num pesar lutuoso…
por uma noite de luar saudoso,
Camões, pendida a fronte sobre o seio,
cisma, embebido num pesar lutuoso…
Eis que na rua um cântico amoroso
subitâneo se ouviu da noite em meio:
Já se abrem as adufas com receio…
Noites de amores! Que trovar mimoso!
subitâneo se ouviu da noite em meio:
Já se abrem as adufas com receio…
Noites de amores! Que trovar mimoso!
Camões acorda e à gelosia assoma;
e aquele canto, como um antigo aroma,
ressuscita-lhe os risos do passado.
e aquele canto, como um antigo aroma,
ressuscita-lhe os risos do passado.
Viu-se moço e feliz, e ah! nesse instante,
no azul viu perpassar, claro e distante,
de Natércia gentil o vulto amado…
no azul viu perpassar, claro e distante,
de Natércia gentil o vulto amado…
Gonçalves Crespo
INVENTÁRiO
Biblioteca
Nacional Compra Sonetos Manuscritos de Gonçalves Crespo
¨Os
manuscritos dos sonetos Na Egreja das
Chagas e Trinta Annos Depois, do
poeta luso-brasileiro Gonçalves Crespo, foram adquiridos pela Biblioteca
Nacional por 150 euros num leilão, informou ontem a instituição.
António Cândido Gonçalves
Crespo (1846-1883), filho de um negociante português e de mãe negra, nasceu nos
arredores do Rio de Janeiro, na roça do pai. Aprendeu a ler, escrever e contar
numa escola carioca e aos 14 anos viajou para Portugal onde passou a residir,
primeiro no Porto, depois em Braga, onde se revelou como poeta.
Na capital minhota
colaborou com várias publicações periódicas e participou nas tertúlias
literárias do Café Vianna.
Formou-se em Direito na
Universidade de Coimbra, em 1877, e foi eleito deputado pelo Círculo da Índia
nas eleições de 1879 e de 1881.
Em Coimbra colaborou no
jornal dirigido por João Penha, A Folha,
divulgador em Portugal do Parnasianismo, estética literária de que Gonçalves
Crespo é considerado um dos principais expoentes, refere uma nota da Biblioteca.
«Para alguns
investigadores a sua poesia reflete a estética de Lecomte de Lisle, Sully
Prudhomme, Paul Verlaine, entre outros, enriquecida pela sua longínqua
experiência de infância do universo humano brasileiro», lê-se na mesma nota.
Miniaturas (1870) foi o seu primeiro
livro de poesia que de imediato «chamou a atenção de Maria Amália Vaz de
Carvalho com quem manteve diálogos literários na forma de correspondência e com
quem veio a contrair matrimónio em 1874».
«Os salões da residência
do casal, na Travessa de Santa Catarina, em Lisboa, foram palco de tertúlias
literárias onde se reuniam intelectuais e políticos da época, como o Conde de
Sabugosa, Pinheiro Chagas, Bulhão Pato, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão,
Bernardino Machado, Guerra Junqueiro ou Sousa Martins», segundo a mesma nota.
Nocturnos (1882) foi o seu segundo e último
livro de poesia. Já na capital Crespo continuou a colaborar com vários órgãos
da imprensa.
Obras Completas (1897) reúne parte da sua
poesia, tendo no ano seguinte sido editado Poesias,
que reúne inéditos.
A bibliografia de
Gonçalves Crespo inclui ainda Contos Para
os Nossos Filhos, Colleccionados e
Traduzidos, em colaboração com Maria Amália Vaz de Carvalho, Extravagancias Extraordinarias ou As Phantasias do Bandarra, peça em quatro
atos, entre outros.
23JUN2011 - Diário de
Notícias
MEMÓRiA
¯08MAR1566-1613 - Carlo Gesualdo, aliás
Gesualdo da Venosa: Príncipe de Venosa, compositor italiano da Renascença
tardia - «Longe da exuberância dos madrigais, mas nem por isso menos
extravagante em termos cromáticos e praticamente contraintuitivo em matéria
melódica, o que se ouve é uma teia de trevas por onde ocasionalmente brota um
raio de luz, pura expiação» (J.S. - Actual
/ Expresso). IMAG.461
¨ 11MAR1846-1883 - António Cândido
Gonçalves Crespo: Poeta e jurista português, nascido no Brasil - «As velhas
negras, coitadas, / Ao longe estão assentadas / Do batuque folgazão. / Pulam
crioulas faceiras / Em derredor da fogueira / E das pipas de alcatrão.» (As Velhas Negras - excerto). IMAG.74-119-422
¨ 12MAR1926-1988 - John Clellon Holmes:
Novelista, poeta e professor americano, membro da Beat Generation - «Mais do que simples fadiga, beat implica a sensação de ter sido usado, de estar em carne viva.
Envolve uma espécie de desnudamento da mente e, em última instância, da alma: a
sensação de estar sendo reduzido às bases da consciência. Em síntese, significa
ser empurrado sem drama contra o muro do isolamento» (1952). IMAG.362
®14MAR1916-2009
- Albert Horton Foote, aliás Horton Foote: Dramaturgo e argumentista americano,
distinguido com o Óscar de Hollywood e o Prémio Pullitzer - «Focou a poesia da
solidão e da perda como temas gémeos, terreno que fez dele um Tchekov
norte-americano» (Los Angeles Times).
IMAG.241
GALERiA
João
Sarzedas - Obra Gráfica
João
Sarzedas nasceu em Lisboa a 9 de Fevereiro de 1943, e faleceu em Torres Vedras
a 27 de Julho de 2013. Era conhecido pelo subtil e refinado sentido de humor
que imprimia aos seus desenhos e cartoons.
Munido de inesgotável imaginação, de apurada técnica do desenho e possuindo um
profundo sentido de observação, deixou uma obra gráfica que ilustra,
principalmente através do humor, o quotidiano, a sociedade e a política de uma
época. A título póstumo, durante a exposição em Torres Vedras, foi lançado Sorria Com Eólicos Na Paisagem, livro
que o autor deixou praticamente todo preparado.
BREVIÁRiO
¨Assírio
& Alvim re-edita Lusitânia de
Almeida Faria. IMAG.463-498
¯Andante
edita em CD, sob chancela Hyperion, Johannes Brahms [1833-1897]: String
Quintets por Lawrence Power, com Takács Quartet. IMAG.82-171-193-199-256-286-303-324-393-417-482-531
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