PRONTUÁRiO
SOBREVIVER
Entre
crises e casos, euforias e singularidades, o cinema português
celebra uma existência mais que centenária, superando-se em
indústria precária pelo engenho artístico ou pela motivação
documental. Em 2000, José
Nascimento
realizou Tarde
Demais,
sendo ainda argumentista com João Canijo. Em causa, uma história
nossa, recente e trágica. Quatro homens tentam sobreviver ao
naufrágio de uma velha canoa de pesca, no meio do Rio Tejo, entre
Lisboa e Alcochete. Após as longas horas de submersão, esperam uma
baixa da maré para poderem caminhar entre os bancos de ostras, e
chegarem a uma das duas ilhas aluviais. As opiniões dividem-se. Os
conflitos adensam-se. A separação é inevitável. Porém, os
caminhos escolhidos reservam perigos e sacrifícios inesperados… A
estrutura clássica
permite caracterizar todo o matiz humano, pelo recorte evolutivo de
cada uma das personagens várias. Assim implicando o vínculo que
partilham, sob uma desgraça na qual se debatem, com a mera e
intrínseca coragem da persistência. Ora, em tal intenso transe
subjugadas, o domínio fluvial é determinante, na sua natureza
caprichosa e ameaçadora. IMAG.53-77-189
CALENDÁRiO
1930-09OUT2017
- Jean Raoul Robert Rochefort, aliás Jean Rochefort: Actor e
cineasta francês, intérprete de O
Relojoeiro / L’Horloger de Saint-Paul
(1973 - Bertrand Tavernier) - «A sua elegância era uma simplicidade
que lhe ficava bem» (Guy Poisley).
10OUT-31DEZ2016
- Alfândega do Porto apresenta The
World of Steve McCurry (EUA)
- exposição de fotografia com curadoria de Biba Giacchetti e
cenografia de Peter Botazzi. IMAG.615
18OUT2017-29ABR2018
- No Porto, Galeria da Biodiversidade | Centro Ciência Viva expõe
National Geographic PhotoArk -
A Nova Arca de Noé de Joel
Sartore.
19OUT2017
- NOS Audiovisuais estreia Porto
(2016) de Gabe Klinger; com Anton Yelchin e Lucie Lucas.
COMENTÁRiO
Hector
Berlioz
Antes
das visitas de Berlioz, praticamente não existia, na Rússia, uma
verdadeira música académica. Foi o seu paradigma que inspirou o
género… Para a sua Terceira
Sinfonia,
Pyotr Ilyich Tchaikovsky serviu-se da Sinfonia
Fantástica como
se de um posto de gasolina se tratasse. E Modest Petrovich
Mussorgsky
morreu com uma cópia do tratado de Berlioz em cima da cama.
Norman
Lebrecht
ELUCIDÁRiO
ALGERNON
BLACKWOOD
Bizarro,
perturbador, assustador, sublime, assim é o mestre ilusionista da
escrita ficcional, Algernon Blackwood. Evocando as forças
misteriosas da natureza, toda a escrita de Blackwood percorre a
nebulosa fronteira entre a fantasia, o surpreendente, a admiração e
o horror. Na obra de Blackwood - incluindo O
Wendigo, Luzes
Antigas, A
Outra Ala ou O
Homem à Escuta - destaca-se
Os Salgueiros,
que H.P. Lovecraft apontava como sendo «a melhor história de terror
de toda a literatura».
VISTORiA
A
leitura de obras de divulgação científica gerou em mim a convicção
de que várias passagens da Bíblia não podiam ser verdadeiras.
Desenvolvi assim um fanático livre-pensamento, associado ao
sentimento de que o Estado omitia, deliberadamente, aos jovens; foi
uma revelação para a minha vida. Extraí dessa experiência uma
desconfiança em relação a toda forma de autoridade, um cepticismo
a respeito das convicções que prevaleciam na sociedade da época,
posição que jamais abandonei, ainda que depois ela tenha perdido a
sua acuidade, graças a um melhor discernimento das relações
causais.
Albert
Einstein
-
Autobiografia
MEMÓRiA
1803-08MAR1869
- Louis Hector Berlioz, aliás Hector Berlioz: Compositor francês -
«Diz-se que o tempo é um grande maestro… O pior, infelizmente, é
que acaba por matar os seus discípulos».
IMAG.54-78-84-254-308-405-409-443
1922-08MAR1999
- António Pereira Campos, aliás António Campos: Cineasta português
- «Não me interessa que os meus filmes vão para o cartaz. O que
desejo é que circulem entre o povo, que conhece ou não os problemas
focados, pois poderá passar a debatê-los». IMAG.96-180-217-372
1810-11MAR1879
- José Feliciano de Castilho Barreto e Noronha, aliás Castilho
José, aliás José Feliciano de Castilho - Escritor, bibliotecário,
tradutor e jornalista português, autor de Grito
de Liberdade: Canto Dedicado aos Emigrantes Portuguezes / Por um
Portuguez (1830), radicado no
Brasil - «…Revelou-se latinista de profundo conhecimento da língua
de Cícero, de Horácio, de Virgílio e de Plutarco; foi feliz demais
na mestria com que reproduziu completas, vivas, no português, as
frias belezas de Ovídio, que, desterrado no Ponto, oferecia ao ótimo
e ilustrado tradutor o maravilhoso tesouro das mais enlevadoras e
sublimes melancolias e saudades do poeta no seu livro das tristezas,
os Tristes»
(Joaquim Manuel de Macedo - 1879).
1926-12MAR2009
- Blanca Leonor Varela Gonzáles, aliás Blanca Varela:
Poetisa peruana - «…El
coral clava su garra en tu sombra, / tu sangre se desliza, inunda
praderas…».
IMAG.242-574
1911-13MAR1999
- Leon Harrison Gross, aliás
Lee Falk: Autor americano de
banda desenhada, criador de Mandrake
e The
Phantom - «A minha única
política é enaltecer a democracia e criticar a ditadura…
Constatei que milhões de pessoas - em todo o mundo - diariamente
gostavam das mesmas coisas que eu apreciava». IMAG.86-218-320-471
14MAR1869-1951
- Algernon Blackwood Henry, aliás Algernon Blackwood: Ficcionista
inglês, mestre da literatura fantástica, autor de Os
Salgueiros - «Acredito que a
nossa consciência é capaz de alterar-se e de expandir-se, e que,
com tais mutações e ampliações, estaremos propícios a tornar-nos
disponíveis para a realidade de outros e novos universos» (a Peter
Penzoldt). IMAG.529
14MAR1879-1955
- Albert Einstein: Físico teórico alemão, fundador da Teoria Geral
da Relatividade, distinguido com o Prémio Nobel da Física (1921) -
«Se a minha teoria da relatividade estiver correcta, a Alemanha dirá
que sou alemão, e a França, que sou cidadão do mundo. Mas, se eu
estiver errado, a França sustentará que sou alemão, e a Alemanha
garantirá que sou judeu».
IMAG.31-51-103-218-443-444-511-640-679
14MAR1939-2012
- Keiji Nakazawa: Argumentista e ilustrador japonês, criador da
série Hadashi no Gen
(1973), mangà
autobiográfica sobre a deflagração da bomba atómica em Hiroxima,
de que foi sobrevivente. IMAG.446
PARLATÓRiO
Tendo
inesperadamente desabado sobre mim, Shakespeare fulminou-me… Nele,
reconheci a verdadeira grandeza, a verdadeira beleza e a autêntica
verdade dramática.
Hector
Berlioz
Cada
artista, para além das suas motivações e imaginação, recria um
mundo pessoal na banda desenhada de que é autor - e isto é verdade
para The Peanuts,
Beetle Bailey,
Popeye,
para todas as melhores séries. E tal consegue-se, não imitando os
outros - seguindo as nossas próprias ideias. The
Phantom e Mandrake
são bem reais - muito mais do que a maior parte das pessoas que
andam por esse mundo. Temos que acreditar nas personagens a que damos
vida.
Lee
Falk
Basta-me
pensar num filme, e ter um mínimo de dinheiro para o fazer…
Entrego-me de corpo e alma quando os temas me sensibilizam, me
apaixonam.
António
Campos
TRAJECTÓRiA
LEE
FALK
Na
banda desenhada americana, pelos rumos da aventura, um criador
influenciou a história dos heróis ao longo de décadas,
reflectindo-se por um culto mutante entre os leitores: Lee Falk, com
os essenciais Mandrake the
Magician e The
Phantom. Em talento e
inspiração, Falk era um autor esotérico, irónico, ritualista.
Narrador primordial, inspirado em cultos ancestrais, lendários de
variegadas civilizações e exotismos. Por outro lado, a partir
destes conceitos e destes símbolos fundamentais, Falk provou possuir
- também - um engenho fértil e distinto. Bastaria observar as
características que contrastam Mandrake
e o Fantasma,
praticamente num recorte de oposição entre si. Aliás, ambos
evoluíram ao longo dos anos, com as respectivas sagas. Em
cumplicidade com os leitores próprios, Falk suscitou também dois
encontros - alusivos a uma velha amizade entre si - de Mandrake e
Fantasma, em momento de excepcional importância na vida de cada um:
o casamento - do Homem-Mascarado, Kit Walker com Diana Palmer em
1977; e de Mandrake com a princesa Narda de Cockaigne, em 1997-1998.
Lee Falk (1911-1999) iniciou os prodígios de Mandrake
em 1934, dois anos antes de
explorar as proezas do Duende Caminhante na selva de Bengalla. O
modelo físico de Mandrake teria sido o próprio Falk - estilizado
pelo grafismo de Phil Davis e ajudantes, até à morte em 1964.
Depois, Fred Fredericks manteve o essencial, modernizando as
personagens e a dinâmica narrativa ou cénica. A partir de 1936, The
Phantom foi ilustrado por Ray
Moore (1936-1947), Wilson McCoy (1947-1961), e desde essa altura por
Sy Barry, com inúmeros colaboradores anónimos. Fiéis a um
justiceiro com mais de quatrocentos anos.
BREVIÁRiO
Fundação
Calouste Gulbenkian edita Ensaios
e Artigos (1951-2007) de
Agustina Bessa-Luís.
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Em
Biografias do Teatro Português, INCM / Imprensa Nacional - Casa da
Moeda edita Companhia [Amélia]
Rey Colaço [1898-1990]
- Robles Monteiro
(1888-1958).
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