segunda-feira, junho 26, 2017

IMAGINÁRiO #668

José de Matos-Cruz | 24 Julho 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

RIVALIDADES
Natural de França, onde trabalhava para a Gaumont, Maurice Mariaud (1875-1958) chegou a Portugal em 1922, contratado por Caldevilla Film, para a qual dirigiu Os Faroleiros, um «drama-documentário» de que também foi argumentista e intérprete. Tudo incide sobre triângulo amoroso, numa aldeia de pescadores, culminando em farol isolado do litoral - ambiente restrito que, tendo o mar limítrofe, precipita um termo fatídico, para o entrechocar de conflitos e paixões. O vislumbre do produtor, Raul de Caldevilla, está patente no respectivo folheto promocional: «O cinematógrafo moderno tem-se distanciado muito, nos temas escolhidos e nos fracassos, da técnica de há vinte anos. Já hoje dificilmente se suportam - e vão sendo postos de parte no estrangeiro - esses longos filmes em séries de enredo complicado e por vezes falhos de verosimilhança. O público de hoje, talvez por motivo da vida intensa que leva e lhe proporciona certos lazeres, escolhe de preferência películas de não muito longa metragem». A rodagem teve lugar na Caparica e no farol do Bugio, destacando-se no elenco Maria Sampaio, Abegaída de Almeida e A. Castro Neves - que, em 1931, convidou Mariaud a regressar ao nosso país, onde realizou Nua, para Tágide Film. IMAG.9-76-172-199-382

CALENDÁRiO

11MAR-15ABR2017 - No Porto, Mira Fórum apresenta Americanos - exposição de fotografia de Christopher Morris (EUA), sendo comissário Luís de Vasconcelos.

25MAR-30SET2017 - No Porto, Biblioteca Pública Municipal expõe Raul Brandão: 150 Anos [1867-1930] - Biografia e Obra Literária, sendo comissário Vasco Rosa. IMAG.48-161-293-301-342-350-384-394-400-431-495-582-602-641-642

30MAR2017 - Big Picture Films estreia 100 Metros (2016) de Marcel Barrena; com Dani Rovira e Maria de Medeiros.
30MAR-21MAI2017 - Em Lisboa, Atelier-Museu Júlio Pomar apresenta Estranhos Dias Recentes de Um Tempo Menos Feliz - exposição colectiva e multidisciplinar, sendo curador Hugo Dinis.

31MAR-18JUN2017 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Sensações - exposição de pintura e gravura de Miguel Angel Bedate (Espanha).

06ABR-09JUL2017 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe De Rubens a Van Dyck - Pintura Flamenga da Coleção Gerstenmaier. IMAG.176-226-267-272-530-573

26MAI-11JUN2017 - Em Beja, decorre o XIII Festival Internacional de Banda Desenhada, sendo director Paulo Monteiro. IMAG.36-250-305-416-514-568-616

COMENTÁRiO

No Grupo de Família - 1948/49, com os braços entrelaçados, uma mãe e um pai seguram o seu filho. Sentados num simples banco, estas figuras aparentam estar desgastadas - as suas feições parcialmente apagadas pelos efeitos das forças da natureza durante um longo período de tempo. Ao vesti-los com trajes clássicos, que fazem lembrar as estátuas gregas e romanas, [Henry] Moore dá às figuras uma qualidade eterna. A família é a unidade mais básica da sociedade, e é um tema tradicional que tem sido pintado e esculpido desde os tempos medievais, sob a forma de Sagrada Família. Antes desta obra, os temas de Moore eram exclusivamente mulheres sentadas e reclinadas. O Grupo de Família deu-lhe a oportunidade de representar uma figura masculina pela primeira vez. Esta escultura monumental, que se encontra no jardim de Moore, data de um período em que ele se afastou das experiências extremas sobre abstracção, que caracterizava as suas obras dos anos 30, para dar expressão à necessidade de uma nova arte humanista destinada à devastada Grã-Bretanha do pós-guerra.

VISTORiA

O Perfume

O que sou eu? – O Perfume,
Dizem os homens. – Serei.
Mas o que sou nem eu sei…
Sou uma sombra de lume!

Rasgo a aragem como um gume
De espada: Subi. Voei.
Onde passava, deixei
A essência que me resume.

Liberdade, eu me cativo:
Numa renda, um nada, eu vivo
Vida de Sonho e Verdade!

Passam os dias, e em vão!
Eu sou a Recordação;
Sou mais, ainda: a Saudade.
António Correia de Oliveira

INVENTÁRiO

STANLEY KUBRICK

Criador obsessivo, minucioso, paranóico e genial, Stanley Kubrick conquistou no cinema um domínio incomparável - como personalidade prestigiada, ou pelo fascínio do espectáculo. Tudo se consolidaria a partir de 1968, quando 2001 - Odisseia No Espaço maravilhou o mundo, reflectindo as potencialidades do imaginário à dimensão de uma identidade cósmica. Aliás, o seu génio revolucionário exacerbou-se nas incidências temática e estética - de tal modo que todas as alternativas e sucessos, entretanto explorados, passariam inevitavelmente pela sua referência essencial.


Eis o que define um cineasta vanguardista - embora, nas décadas de ’70 e ‘80, apenas realizasse quatro obras-primas: A Laranja Mecânica (1971), Barry Lindon (1974), Shining (1980) e Nascido Para Matar (1987). Falecido em Março de 1999, sem contemplar um novo milénio, Kubrick legou-nos - incompleto, ansiado - De Olhos Bem Fechados (1999), cuja produção desenvolvia desde 1996. A rodagem útil demorou mais de quinze meses, alguns planos foram feitos umas setenta vezes. Até ficarem perfeitos. Em total secretismo, a própria Warner Bros ignorava o material em progressão.
Tirânico, Kubrick impôs a Tom Cruise as suas regras inabaláveis. Insatisfeito com a prestação de Jennifer Jason Leigh, baniu-a e repetiu com outra actriz. Mas era lendária a sua obsessão maníaca de tudo controlar, até ao mínimo pormenor. Mesmo as primeiras fitas - que suscitam uma revisão apaixonada, como clássicos primordiais - eram relançadas com excepcionais precauções pessoais. Nova-iorquino nascido em 1928, e longos anos residente numa Grã Bretanha remota, ou isolado em Londres, Kubrick ficará intimamente ligado à sensibilidade artística, crítica e cultural da Europa.
Apaixonado pelo xadrez e pela fotografia, Kubrick começou na revista Look em 1945. Revelado em curtas metragens, Day of the Fight (1949) e Flying Padre (1951), ficou insatisfeito com a longa Fear and Desire (1953), retirada do mercado. Após Killer’s Kiss (1955) em Nova Iorque, veio até nós com Um Roubo No Hipódromo (1956), consagrando-se em Horizontes de Glória (1958). O épico Spartacus (1960), a sensual Lolita (1962) ou Dr. Estranho Amor na psicose da guerra-fria, culminam os primórdios de uma carreira excepcional.

MEMÓRiA

26JUL1928-1999 - Stanley Kubrick: Fotógrafo e cineasta americano, argumentista, realizador e produtor - «A tela é um meio mágico. Tem o poder de manter o interesse, pois projecta emoções e estados de alma que nenhuma outra forma de expressão artística logra transmitir». 
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30JUL1878-1960 - António Correia de Oliveira: Poeta português - «…Exibe um saudosismo nacionalista, de raiz popular e distante da metafísica de Pascoaes, cultivando temas patrióticos impregnados de doutrina católica» (Centro Virtual Camões).

30JUL1898-1986 - Henry Spencer Moore, aliás Henry Moore: Escultor e ilustrador britânico - «Depois do rosto, as mãos são a parte do corpo que, mais obviamente, expressa a emoção». IMAG-576

1815-30JUL1898 - Otto von Bismarck: Nobre, diplomata e político prussiano - «Nunca se mente tanto como em véspera de eleições, durante a guerra e depois da caça». IMAG.509

BREVIÁRiO

Alfaguara edita
Extensão do Domínio da Luta de Michel Houellebecq; tradução de Rita Carvalho e Guerra.

Livros do Brasil edita Verão Perigoso de Ernest Hemingway (1899-1961); tradução de Eduardo Saló. IMAG.76-180-235-329-377-474-477-599-608-655

Livros de Bordo edita Cartas do Tibete de António de Andrade (1581-1634). IMAG.126-264-357-479

Dom Quixote edita Mil Grous de Yasunari Kawabata (1899-1972); tradução de Mário Dias Correia. IMAG.285-366

Clube do Autor edita Noites Brancas de Fiodor Dostoievski / Fiódor Dostoiévski (1821-1881); tradução de Maria João Lourenço. 
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Quetzal edita O Meças de J. Rentes de Carvalho. IMAG.613

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