José
de Matos-Cruz | 24 Julho 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
RIVALIDADES
Natural
de França, onde trabalhava
para a Gaumont, Maurice Mariaud (1875-1958) chegou a Portugal em
1922, contratado por Caldevilla Film, para a qual dirigiu Os
Faroleiros,
um «drama-documentário» de que também foi argumentista e
intérprete. Tudo incide sobre triângulo amoroso, numa aldeia de
pescadores, culminando em farol isolado do litoral - ambiente
restrito que, tendo o mar limítrofe, precipita um termo fatídico,
para o entrechocar de conflitos e paixões. O vislumbre do produtor,
Raul de Caldevilla, está patente no respectivo folheto promocional:
«O cinematógrafo moderno tem-se distanciado muito, nos temas
escolhidos e nos fracassos, da técnica de há vinte anos. Já hoje
dificilmente se suportam - e vão sendo postos de parte no
estrangeiro - esses longos filmes em séries de enredo complicado e
por vezes falhos de verosimilhança. O público de hoje, talvez por
motivo da vida intensa que leva e lhe proporciona certos lazeres,
escolhe de preferência películas de não muito longa metragem». A
rodagem teve lugar na Caparica e no farol do Bugio, destacando-se no
elenco Maria Sampaio, Abegaída de Almeida e A. Castro Neves - que,
em 1931, convidou Mariaud a regressar ao nosso país, onde realizou
Nua,
para Tágide Film.
IMAG.9-76-172-199-382
CALENDÁRiO
11MAR-15ABR2017
- No Porto, Mira Fórum apresenta Americanos
- exposição de fotografia de Christopher Morris (EUA), sendo
comissário Luís de Vasconcelos.
25MAR-30SET2017
- No Porto, Biblioteca Pública Municipal expõe Raul
Brandão: 150 Anos
[1867-1930] - Biografia e Obra
Literária, sendo comissário
Vasco Rosa.
IMAG.48-161-293-301-342-350-384-394-400-431-495-582-602-641-642
30MAR2017
- Big Picture Films estreia 100
Metros (2016) de Marcel
Barrena; com Dani Rovira e Maria de Medeiros.
30MAR-21MAI2017
- Em Lisboa, Atelier-Museu Júlio Pomar apresenta Estranhos
Dias Recentes de Um Tempo Menos Feliz -
exposição colectiva e multidisciplinar, sendo curador Hugo Dinis.
31MAR-18JUN2017
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta
Sensações
- exposição de pintura e gravura de Miguel Angel Bedate (Espanha).
06ABR-09JUL2017
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe De
Rubens a Van Dyck - Pintura Flamenga da Coleção Gerstenmaier.
IMAG.176-226-267-272-530-573
26MAI-11JUN2017
- Em Beja, decorre o XIII Festival Internacional de Banda Desenhada,
sendo director Paulo Monteiro. IMAG.36-250-305-416-514-568-616
COMENTÁRiO
No
Grupo de Família - 1948/49,
com os braços entrelaçados, uma mãe e um pai seguram o seu filho.
Sentados num simples banco, estas figuras aparentam estar desgastadas
- as suas feições parcialmente apagadas pelos efeitos das forças
da natureza durante um longo período de tempo. Ao vesti-los com
trajes clássicos, que fazem lembrar as estátuas gregas e romanas,
[Henry] Moore dá às figuras uma qualidade eterna. A família é a
unidade mais básica da sociedade, e é um tema tradicional que tem
sido pintado e esculpido desde os tempos medievais, sob a forma de
Sagrada Família. Antes desta obra, os temas de Moore eram
exclusivamente mulheres sentadas e reclinadas. O Grupo
de Família deu-lhe a
oportunidade de representar uma figura masculina pela primeira vez.
Esta escultura monumental, que se encontra no jardim de Moore, data
de um período em que ele se afastou das experiências extremas sobre
abstracção, que caracterizava as suas obras dos anos 30, para dar
expressão à necessidade de uma nova arte humanista destinada à
devastada Grã-Bretanha do pós-guerra.
VISTORiA
O Perfume
Dizem
os homens. – Serei.
Mas
o que sou nem eu sei…
Sou
uma sombra de lume!
Rasgo
a aragem como um gume
De
espada: Subi. Voei.
Onde
passava, deixei
A
essência que me resume.
Liberdade,
eu me cativo:
Numa
renda, um nada, eu vivo
Vida
de Sonho e Verdade!
Passam
os dias, e em vão!
– Eu
sou a Recordação;
Sou
mais, ainda: a Saudade.
António
Correia de Oliveira
INVENTÁRiO
STANLEY
KUBRICK
Criador
obsessivo, minucioso, paranóico e genial, Stanley Kubrick conquistou
no cinema um domínio incomparável - como personalidade prestigiada,
ou pelo fascínio do espectáculo. Tudo se consolidaria a partir de
1968, quando 2001 - Odisseia
No Espaço maravilhou o
mundo, reflectindo as potencialidades do imaginário à dimensão de
uma identidade cósmica. Aliás, o seu génio revolucionário
exacerbou-se nas incidências temática e estética - de tal modo que
todas as alternativas e sucessos, entretanto explorados, passariam
inevitavelmente pela sua referência essencial.
Eis
o que define um cineasta vanguardista - embora, nas décadas de ’70
e ‘80, apenas realizasse quatro obras-primas: A
Laranja Mecânica (1971),
Barry Lindon
(1974), Shining
(1980) e Nascido Para Matar
(1987). Falecido em Março de 1999, sem contemplar um novo milénio,
Kubrick legou-nos - incompleto, ansiado - De
Olhos Bem Fechados (1999),
cuja produção desenvolvia desde 1996. A rodagem útil demorou mais
de quinze meses, alguns planos foram feitos umas setenta vezes. Até
ficarem perfeitos. Em total secretismo, a própria Warner Bros
ignorava o material em progressão.
Tirânico,
Kubrick impôs a Tom Cruise as suas regras inabaláveis. Insatisfeito
com a prestação de Jennifer Jason Leigh, baniu-a e repetiu com
outra actriz. Mas era lendária a sua obsessão maníaca de tudo
controlar, até ao mínimo pormenor. Mesmo as primeiras fitas - que
suscitam uma revisão apaixonada, como clássicos primordiais - eram
relançadas com excepcionais precauções pessoais. Nova-iorquino
nascido em 1928, e longos anos residente numa Grã Bretanha remota,
ou isolado em Londres, Kubrick ficará intimamente ligado à
sensibilidade artística, crítica e cultural da Europa.
Apaixonado
pelo xadrez e pela fotografia, Kubrick começou na revista Look
em 1945. Revelado em curtas metragens, Day
of the Fight (1949) e Flying
Padre (1951), ficou
insatisfeito com a longa Fear
and Desire (1953), retirada
do mercado. Após Killer’s
Kiss (1955) em Nova Iorque,
veio até nós com Um Roubo No
Hipódromo (1956),
consagrando-se em Horizontes
de Glória (1958). O épico
Spartacus
(1960), a sensual Lolita
(1962) ou Dr. Estranho Amor
na psicose da guerra-fria, culminam os primórdios de uma carreira
excepcional.
MEMÓRiA
26JUL1928-1999
- Stanley Kubrick: Fotógrafo e cineasta americano, argumentista,
realizador e produtor - «A tela é um meio mágico. Tem o poder de
manter o interesse, pois projecta emoções e estados de alma que
nenhuma outra forma de expressão artística logra transmitir».
IMAG.7-37-83-112-145-155-158-188-204-216-264-332-443-480-492-543-576-635
30JUL1878-1960
- António Correia de Oliveira: Poeta português - «…Exibe um
saudosismo nacionalista, de raiz popular e distante da metafísica de
Pascoaes, cultivando temas patrióticos impregnados de doutrina
católica» (Centro Virtual Camões).
30JUL1898-1986
- Henry Spencer Moore, aliás Henry Moore: Escultor e ilustrador
britânico - «Depois do rosto, as mãos são a parte do corpo que,
mais obviamente, expressa a emoção». IMAG-576
1815-30JUL1898
- Otto von Bismarck: Nobre, diplomata e político prussiano - «Nunca
se mente tanto como em véspera de eleições, durante a guerra e
depois da caça». IMAG.509
BREVIÁRiO
Alfaguara edita Extensão do Domínio da Luta de Michel Houellebecq; tradução de Rita Carvalho e Guerra.
Livros
do Brasil edita Verão
Perigoso de Ernest Hemingway
(1899-1961); tradução de Eduardo Saló.
IMAG.76-180-235-329-377-474-477-599-608-655
Livros
de Bordo edita Cartas do
Tibete de António de Andrade
(1581-1634). IMAG.126-264-357-479
Dom
Quixote edita Mil Grous de
Yasunari Kawabata (1899-1972); tradução de Mário Dias Correia.
IMAG.285-366
Clube
do Autor edita Noites Brancas
de Fiodor Dostoievski /
Fiódor Dostoiévski (1821-1881); tradução de Maria João Lourenço.
IMAG.220-281-297-310-321-377-383-506-519-585-593-659
Quetzal
edita O Meças de
J. Rentes de Carvalho. IMAG.613
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