José
de Matos-Cruz | 01 Julho 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
INDEPENDENTES
Ao
 longo dos anos, os leitores de Reneé French formaram uma elite
 dedicada e sem reservas. Desde a sua revelação com Grit
 Bath, até às novelas
 gráficas The Ninth Gland e
 Corny’s Fetish,
 sob chancela Dark Horse, o talento desta artista sensível, mas
 aliciante, foi conquistando o público e a crítica. Até que tudo
 se alterou em 2001, com Marbles
 In My Underpants. Por
 iniciativa da Oni Press, eis o primeiro álbum retrospectivo na
 carreira de French. Ou melhor, uma colectânea volumosa,
 especialmente dedicada aos adultos - pois concilia um olhar cúmplice
 sobre os dilemas da vida moderna, com a delicadeza surreal das suas
 personagens triviais. Esta viragem editorial de French tornou-se,
 aliás, uma oportunidade significativa - para avaliar o modo como os
 quadradinhos americanos, gerados pela expressão independente ou
 periférica, mantêm intactas a frescura de testemunho, ou a
 distorção onírica que consagraram o seu culto. Para French,
 trata-se - sobretudo - de ampliar o leque dos que apreciam a
 diferença da
 sua criatividade: «Não me interessa, apenas, aumentar a lista de
 admiradores, mas fazer de cada um deles o meu fã número 1»…
CALENDÁRiO
04FEV-07MAI2017
 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta A
 Time Coloured Space -
 exposição de desenho, escultura e instalação de Philippe Parreno
 (França), sendo comissária Suzanne Cotter.
03MAR-22MAI2017
 - Em Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian apresenta Versailles.
 A Face Escondida do Sol -
 exposição de fotografia de Manuela Marques, sendo curadores João
 Carvalho Dias e Nuno Vassallo e Silva. 
 
07MAR-28MAI2017
 - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe Álvaro
 Siza Vieira: Visões da Alhambra,
 sendo curador António Choupinha.
 IMAG.41-56-298-424-432-447-495-510-579-611-620-627
09MAR2017
 - NOS Audiovisuais estreia São
 Jorge (2016) de Marco
 Martins; com Nuno Lopes e Mariana Nunes. IMAG.58-125-292-300-499
10MAR-29ABR2017 - Bedeteca da Amadora apresenta Banda Escrita: David Soares - Uma Exposição Em Torno do Trabalho do Argumentista. IMAG.6-358-410-605
VISTORiA
Enquanto
 os homens se contentaram com as suas cabanas rústicas, enquanto se
 limitaram a coser as suas roupas de peles com espinhos ou arestas de
 pau, a enfeitarem-se com plumas e conchas, a pintar o corpo de
 diversas cores, a aperfeiçoar ou embelezar os seus arcos e flechas,
 a talhar com pedras cortantes algumas canoas de pesca ou grosseiros
 instrumentos de música; em uma palavra, enquanto se aplicaram
 exclusivamente a obras que um só podia fazer, e a artes que não
 necessitavam do concurso de muitas mãos, eles viveram livres, sãos,
 bons e felizes, tanto quanto podiam ser pela sua natureza, e
 continuaram a gozar entre si das doçuras de uma convivência
 independente. Mas, desde o instante em que um homem teve necessidade
 do socorro de outro; desde que percebeu que era útil a um só ter
 provisões para dois, a igualdade desapareceu, a propriedade foi
 introduzida, o trabalho tornou-se necessário e as vastas florestas
 transformaram-se em campos risonhos que foi preciso regar com o suor
 dos homens, e nos quais, em breve, se viram germinar a escravidão e
 a miséria a crescer com as colheitas.
Jean-Jacques
 Rousseau
- Origem da Desigualdade Entre os Homens
- Origem da Desigualdade Entre os Homens
VISTORiA
Vem
vento, varre 
sonhos e mortos.
Vem vento, varre
medos e culpas.
Quer seja dia,
quer faça treva,
varre sem pena,
leva adiante
paz e sossego,
leva contigo
nocturnas preces,
presságios fúnebres,
pávidos rostos
só cobardia.
sonhos e mortos.
Vem vento, varre
medos e culpas.
Quer seja dia,
quer faça treva,
varre sem pena,
leva adiante
paz e sossego,
leva contigo
nocturnas preces,
presságios fúnebres,
pávidos rostos
só cobardia.
Que
fique apenas 
erecto e duro
o tronco estreme
de raiz funda.
Leva a doçura,
se for preciso:
ao canto fundo
basta o que basta.
erecto e duro
o tronco estreme
de raiz funda.
Leva a doçura,
se for preciso:
ao canto fundo
basta o que basta.
Vem
vento, varre! 
Adolfo
Casais Monteiro
MEMÓRiA
1712-02JUL1778
- Jean-Jacques Rousseau: Escritor e filósofo de origem suíça,
teórico político, autor de O
Contrato Social - «O
primeiro que, tendo cercado um terreno, se lembrou de dizer: “Isto
é meu!”, e encontrou pessoas bastante simples para o acreditar,
foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes,
guerras, assassínios, misérias e horrores não teria poupado ao
género humano aquele que, arrancando as estacas ou tapando os
buracos, tivesse gritado aos seus semelhantes: “Livrai-vos de
escutar esse impostor; estareis perdidos, se esquecerdes que os
frutos são de todos, e a terra de ninguém!”».
IMAG.185-270-309-376-555
04JUL1908-1972
- Adolfo Casais Monteiro: Escritor português e crítico literário -
«Deram-me o silêncio para eu guardar dentro de mim / A vida que não
se troca por palavras. / Deram-mo para eu guardar dentro de mim / As
vozes que só em mim são verdadeiras. / Deram-mo para eu guardar
dentro de mim / A impossível palavra da verdade.».
IMAG.58-82-185-233-335-379
07JUL1858-1941
- José Leite de Vasconcellos Cardoso Pereira de Melo, aliás Leite
de Vasconcellos: Arqueólogo, etnógrafo, linguista e filólogo
português - «Convém conservar certos costumes que não contradizem
formalmente o progresso e, pelo contrário, servem para pôr ou
manter no espírito dos cidadãos o apego à vida local».
IMAG.128-185-196-651
GALERiA
Versailles
- A Face Escondida do Sol
Percorrendo os espaços mais recônditos, Manuela Marques capturou atmosferas e registou pormenores de objectos sumptuosos ou grafitis inesperados, e ainda sons que remetem para a vivência contemporânea dos espaços, lugar de trabalho para uns, e de deleite para os milhões de visitantes que percorrem as suas salas, corredores, jardins.
Este
projecto, que tem Versalhes como epicentro, suscitou a criação de
um itinerário, que se alargou pelas galerias de arte francesa do
Século XVIII da colecção Calouste Gulbenkian, destacando, entre
outros temas, o mecenato régio, as indústrias do luxo e o dinamismo
da actividade cultural, que encontrou na produção editorial um dos
seus momentos mais significativos. Para todos eles, a colecção
apresenta importantes exemplares em exposição permanente ou
provenientes das reservas, permitindo que sejam mostrados pela
primeira vez. Merecem particular destaque obras de ourivesaria,
mobiliário, pintura, têxteis, porcelanas e arte do livro, muitas
das quais encomendas régias e da nobreza francesa entre os reinados
de Luís XIV e Luís XVI.
BREVIÁRiO
Abysmo
edita A Minha Casa Não Tem
Dentro de António Jorge
Gonçalves.
IMAG.19-169-183-195-227-252-292-296-310-342-356-430-433-498-521-551-595
Polydor
edita em CD, Blue
& Lonesome por
The Rolling Stones. 
IMAG.54-118-206-309-313-384-463-556-655
IMAG.54-118-206-309-313-384-463-556-655
Pianola
edita Judea de
Diniz
Conefrey.
IMAG.289-301-325-332-377-395-430-448-504-534-596-624-651
IMAG.289-301-325-332-377-395-430-448-504-534-596-624-651
E-Primatur
edita Casos de Direito
Galáctico e Outros Textos Esquecidos
de Mário-Henrique Leiria (1923-1980). IMAG.165-190
Caminho
edita O Convidador de
Pirilampos de Ondjaki
(narrativa) e António Jorge Gonçalves (ilustração).
IMAG.19-169-183-195-227-252-292-296-310-342-356-430-433-498-521-551-595
IMAG.19-169-183-195-227-252-292-296-310-342-356-430-433-498-521-551-595
EXTRAORDINÁRiO
OS
SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico
MAL
TORNA AO CRIADOR QUEM, SUJEITO, SE REFAZ -
11
Melancolia
mansa, fúria selvagem. Nunca mais. 
Por
natureza, nunca mais seriam. Profanados, destilavam o paradoxo de tal
perplexidade, numa existência alternativa. 
– Continua 






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