José
de Matos-Cruz | 24 Julho 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal
– Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
MORDIDELAS
Sem ela, não existiriam Shi, ou Razor, ou Lady Death, ou Dawn. Aliás, a sua mordidela continua fatal, apesar da idade. Poderia ser mãe daquelas prodigiosas heroínas, já na reforma, mas ela é única e persiste em acção, mantendo uma figura escultural, estonteante. O seu nome, Vampirella – a mais célebre vampira cujas proezas foram narradas em ficção popular, desde que Bram Stoker imprimiu com sangue as páginas de Drácula, por 1897. Como todos os vampiros, também ela não nasceu - antes apareceu, pelos trágico-românticos anos ‘60, estarrecendo as histórias em quadradinhos. Quando Spider-Man começava a trepar às paredes da pop-art, e Batman se tornara um inocente produto televisivo para os miúdos, Vampirella desafiava o Comics Code Authorithy, pela luxuriante imaginação de Jim Warren, em Creepy & Eerie. A partir de então, uma extraordinária dinastia artística grafou a visão original: Neal Adams, Berni Wrightson, Barry Windsor-Smith, Richard Corben, Reed Crandall, Russ Heath, Mike Ploog, Wally Wood ou Alex Toth, até José Gonzalez lhe estabilizar a imagem fascinante e carnal…
Originária do planeta Drakulon, Vampirella chegou à Terra para caçar os monstros demoníacos que, há trinta séculos, assassinaram o seu pai. IMAG.221-301-385
Sem ela, não existiriam Shi, ou Razor, ou Lady Death, ou Dawn. Aliás, a sua mordidela continua fatal, apesar da idade. Poderia ser mãe daquelas prodigiosas heroínas, já na reforma, mas ela é única e persiste em acção, mantendo uma figura escultural, estonteante. O seu nome, Vampirella – a mais célebre vampira cujas proezas foram narradas em ficção popular, desde que Bram Stoker imprimiu com sangue as páginas de Drácula, por 1897. Como todos os vampiros, também ela não nasceu - antes apareceu, pelos trágico-românticos anos ‘60, estarrecendo as histórias em quadradinhos. Quando Spider-Man começava a trepar às paredes da pop-art, e Batman se tornara um inocente produto televisivo para os miúdos, Vampirella desafiava o Comics Code Authorithy, pela luxuriante imaginação de Jim Warren, em Creepy & Eerie. A partir de então, uma extraordinária dinastia artística grafou a visão original: Neal Adams, Berni Wrightson, Barry Windsor-Smith, Richard Corben, Reed Crandall, Russ Heath, Mike Ploog, Wally Wood ou Alex Toth, até José Gonzalez lhe estabilizar a imagem fascinante e carnal…
Originária do planeta Drakulon, Vampirella chegou à Terra para caçar os monstros demoníacos que, há trinta séculos, assassinaram o seu pai. IMAG.221-301-385
CALENDÁRiO
¢05MAI-04SET2016
- Em Lisboa, Atelier-Museu Júlio Pomar expõe Decorativo,
Apenas? Júlio
Pomar e a Integração das Artes,
sendo comissária Catarina Rosendo.
IMAG.19-312-449-495-505-534-552-553-562-582-596-604-610
µ07MAI-25SET2016
- Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Contemporânea apresenta Depois
- exposição de fotografia de André Cepeda, sendo curador Sérgio
Mah. IMAG.297-543
¢10MAI2016
- Museu de Évora expõe 15
Anos da Associação de Gravura Água-Forte.
µ13MAI-01JUL2016
- Em Évora, Casa de Burgos apresenta Malagueira
- Álvaro Siza’s Legacy -
exposição de fotografia de Brigitte Fleck, sendo curadores Pedro
Guilherme, Sofia Salema e João Soares.
IMAG.41-56-298-424-432-447-495-510-579-611
¢13MAI-30AGO2016
- Em Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda expõe Pintura
Romena Moderna (1875-1945). Acervo da Fundação Bonte,
em organização com Instituto Cultural Romeno, Fundação Bonte e
Embaixada da Roménia.
¢18MAI-15JUN2016
- Na Lousã, Museu Etnográfico Dr. Louzã Henriques apresenta
Blitzkrieg - A Última Grande
Guerra Entre a Arte e a Apatia
- exposição de pintura e desenho de João Fonte Santa e Sara
Franco. IMAG.168-248-416-430-549-568
¢18MAI-17JUL2016
- Em Cascais, Casa das Histórias Paula Rego apresenta O
Verão Era Assim Como Uma Casa de Morar Onde Todas as Coisas Estão…
- exposição de pintura de
Manuel Amado, sendo curadoras Paula Rego e Catarina Alfaro. IMAG.168
¢19MAI-10JUL2016
- Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva apresenta, na
Casa-Atelier Vieira da Silva, Tables
Sans Couples - exposição de
pintura de Catarina Castel Branco. IMAG.435
PARLATÓRiO
Quem,
como eu, nasceu numa família de pastores, aprende muito cedo a olhar
os bastidores da vida e da morte.
Em
breve, trava-se conhecimento com o diabo e, à maneira das crianças,
sente-se necessidade de dar-lhe uma expressão concreta.
O
nosso pai teve um funeral, um casamento, um baptizado, deixou uma
meditação, escreveu um sermão.
Sou
muito atraído pela minha infância, tenho por ela uma quase
obsessão.
Trata-se
de imagens, impressões claras e sensíveis. Por vezes, consigo
percorrer a paisagem das minhas origens - os quartos que habitei, os
móveis, os quadros na parede, a luz. É como cinema, pedaços de
cintilações - e faço accionar o projector. Posso reconstituir
tudo, mesmo os cheiros.
Ingmar
Bergman
COMENTÁRiO
ANTONIONI
Transfigurando
uma paisagem de névoa e angústia - território volúvel, cujas
marcas lhe são obsessivas, opressivas, através da sofisticação
urbana, ou do resguardo realista, que não esbate a densidade das
relações ou a tragédia existencial, pelo conflito das luzes e das
trevas - Michelangelo Antonioni desafia, sobretudo, a vertigem dos
limites, o abismo dos desencantos, por uma virtual incursão pelos
estímulos/mistérios da intimidade feminina, nas margens vulneráveis
do fantástico - logo, tendo Monica Vitti por musa e ícone.
Clássico, vanguardista - em ternos narrativos, em tensão dramática
- eis um prodígio de rigor e sensibilidade, entre a síntese
casuística e a dilatação emocional… Com o abandono e a tragédia,
a solidão e a fantasia, a vitimação e o vazio, o desespero e a
precariedade, vislumbra-se - para além da crispada travessia pelos
infernos sociais - uma outra dimensão afectiva e solidária, a qual
constitui a matéria transitória, sublimatória, do imaginário em
transe.
VISTORiA
Caracterização
Psicológica do Povo Português
O
Português é um misto de sonhador e de homem de acção, ou melhor,
é um sonhador activo, a que não falta certo fundo prático e
realista. A actividade portuguesa não tem raízes na vontade fria,
mas alimenta-se da imaginação, do sonho, porque o Português é
mais idealista, emotivo e imaginativo do que homem de reflexão.
Compartilha com o Espanhol o desprezo fidalgo pelo interesse
mesquinho, pelo utilitarismo puro e pelo conforto, assim como o gosto
paradoxal pela ostentação de riqueza e pelo luxo. Mas não tem,
como aquele, um forte ideal abstracto, nem acentuada tendência
mística. O Português é, sobretudo, profundamente humano, sensível,
amoroso e bondoso, sem ser fraco. Não gosta de fazer sofrer e evita
conflitos, mas, ferido no seu orgulho, pode ser violento e cruel. A
religiosidade apresenta o mesmo fundo humano peculiar ao Português.
Não tem o carácter abstracto, místico ou trágico próprio da
espanhola, mas possui uma forte crença no milagre e nas soluções
milagrosas.
Há
no Português uma enorme capacidade de adaptação a todas as coisas,
ideias e seres, sem que isso implique perda de carácter. Foi esta
faceta que lhe permitiu manter sempre a atitude de tolerância e que
imprimiu à colonização portuguesa um carácter especial
inconfundível: a assimilação por adaptação.
O
Português tem um vivo sentimento da Natureza e um fundo poético e
contemplativo estático diferente dos outros povos latinos. Falta-lhe
também a exuberância e a alegria espontânea e ruidosa dos povos
mediterrâneos. É mais inibido que os outros meridionais pelo grande
sentimento do ridículo e medo da opinião alheia. É, como os
Espanhóis, fortemente individualista, mas possui grande fundo de
solidariedade humana. O Português não tem muito humor, mas um forte
espírito crítico e trocista e uma ironia pungente.
Jorge
Dias
(1950
- excerto)
MEMÓRiA
O
24JUL1787-1858 - Rodrigo da Fonseca
Magalhães: Par do Reino, deputado, Conselheiro e Ministro de Estado
- «Quando toda a gente funcionava por exclusão, ele funcionava por
atracção. Era um congregador de pessoas… Aparentava simplicidade
e modéstia, para que a sua superior inteligência (e erudição) não
ofendesse(m) o comum dos mortais. Tinha todavia a pele fina e o seu
orgulho ofendia-se com facilidade» (Maria de Fátima Bonifácio).
IMAG.140-504
27JUL1867-1916
- Pantaleón Enrique Joaquín Granados Campiña, aliás Enrique
Granados: Compositor espanhol, autor de Goyescas
- «Amo a Catalunha. Quero-lhe acima de tudo, mas a minha música
nasce por temperamento. A fantasia do artista é como um crisol no
qual se depositam todos os materiais para que, uma vez unificados,
surja a obra». IMAG.382-556-561
¢28JUL1887-1968
- Henri-Robert-Marcel Duchamp, aliás Marcel Duchamp: Pintor,
escultor e poeta francês, cidadão americano a partir de 1955,
inventor dos ready made
- «A arte costuma ter a bela ideia de desperdiçar todas as teorias
artísticas». IMAG.24-127-595
29JUL1917-2004
- Maria Paula Rosado Couvreur de Oliveira, aliás Maria Paula: Actriz
e cantora portuguesa, de cinema e teatro - «É muito difícil ser
actor. Mas gosto da vida, gosto de tudo quanto é bonito, de tudo
quanto é bom». IMAG.11-501
1912-30JUL2007
- Michelangelo Antonioni: Cineasta italiano - «Não me considero um
sociólogo ou um político. Nos meus filmes, procuro apenas imaginar
o que será o futuro, e como se representará». IMAG.
99-158-206-264-319-343-388-403-475
1918-30JUL2007
- Ingmar Bergman: Cineasta e encenador sueco - «Muitas pessoas de
teatro esquecem que o nosso trabalho no cinema começa com o rosto
humano. Podemos, com certeza, deixar-nos absorver completamente pela
estética da montagem, podemos reunir objectos e seres inanimados num
ritmo fascinante, podemos fazer composições do real de uma beleza
indestrutível… Mas a possibilidade de nos aproximarmos de um rosto
humano é, sem dúvida, a originalidade primeira e a qualidade que
distingue o cinema».
IMAG.28-112-113-125-158-186-215-331-362-399-412-422-470-495-540
31JUL1907-1973
- António Jorge Dias: Etnólogo e antropólogo português - «[O
Português] É um povo paradoxal e difícil de governar. Os seus
defeitos podem ser as suas virtudes, e as suas virtudes os seus
defeitos, conforme a égide do momento» (Os
Elementos Fundamentais da Cultura Portuguesa
- 1953).IMAG.431
BREVIÁRiO
Universal
edita em CD, sob chancela Decca, Benjamin
Britten [1913-1976]/[Samuel]
Barber [1910-1981]:
Piano Concertos; Nocturnes por
Elizabeth Joy Roe, com London Symphony Orchestra, sob a direcção de
Emil Tabakov. IMAG.71-298-443-473-481-485-589-612
¨
Quetzal edita O Lugar das
Fitas de Dinis Machado
(1930-2008); organização de Marta Navarro.
IMAG.218-232-261-267-296-332-387-612
¨
Marcador edita Samarcanda
de
Amin Maalouf; tradução de Paula Caetano.
Sem comentários:
Enviar um comentário