José
de Matos-Cruz | 24 Junho 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal
– Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
FANTASIAS
O que se passa na cabeça de um rapaz e de uma rapariga que, embora apaixonados um pelo outro, não conseguem libertar-se das suas inibições?… Bom, as coisas não são bem assim, como estão a especular - pelo menos, na concepção de Nicolas Vadot & Olivier Guéret, em Norbert, l’Imaginaire. Uma fantasia alegórica, irresistível, lançada em 2001, sob chancela Le Lombard pela vertente Troisième Degré.O patrão de uma grande agência imobiliária, Glonek tenta preparar o filho para lhe suceder. Porém, Simon é um apático, inteiramente dominado por Capitaine, o tirano que lhe controla as ideias. Estabilidade, rigor, autoridade - eis as palavras dessa ditadura consciente, por sua vez ameaçada por Depresseur, um monstro voraz. E há ainda o dissidente Norbert, um prisioneiro imaginário que pinta, canta, escreve - à espera de uma oportunidade para se evadir. Simon faz o que pode, para viver com tais arquétipos, benéficos ou nefastos. Até que, quando tenta vender um apartamento para agradar ao pai, conhece Elodie - uma jovem e bela cliente, mas tímida e austera. Tudo porque, no seu íntimo, está também subordinada ao poder despótico de Bernardette. É a moral feminina que, com as suas rígidas normas de conduta, impede que se manifeste Nora, a mulher-flor que Elodie traz de si. Ora, enquanto Simon se esmera no negócio, apaixona-se por Elodie - com tal entusiasmo que deixa escapar Norbert, levando finalmente a que Nora se revele…
Estilizando como referências pessoais a infância, a solidão e a inocência, a ironia simbólica e romântica de Vadot inspira-se, ao que confessa, no universo mágico do realizador Tim Burton. Quanto a Guéret, é também crítico de cinema!
CALENDÁRiO
O que se passa na cabeça de um rapaz e de uma rapariga que, embora apaixonados um pelo outro, não conseguem libertar-se das suas inibições?… Bom, as coisas não são bem assim, como estão a especular - pelo menos, na concepção de Nicolas Vadot & Olivier Guéret, em Norbert, l’Imaginaire. Uma fantasia alegórica, irresistível, lançada em 2001, sob chancela Le Lombard pela vertente Troisième Degré.O patrão de uma grande agência imobiliária, Glonek tenta preparar o filho para lhe suceder. Porém, Simon é um apático, inteiramente dominado por Capitaine, o tirano que lhe controla as ideias. Estabilidade, rigor, autoridade - eis as palavras dessa ditadura consciente, por sua vez ameaçada por Depresseur, um monstro voraz. E há ainda o dissidente Norbert, um prisioneiro imaginário que pinta, canta, escreve - à espera de uma oportunidade para se evadir. Simon faz o que pode, para viver com tais arquétipos, benéficos ou nefastos. Até que, quando tenta vender um apartamento para agradar ao pai, conhece Elodie - uma jovem e bela cliente, mas tímida e austera. Tudo porque, no seu íntimo, está também subordinada ao poder despótico de Bernardette. É a moral feminina que, com as suas rígidas normas de conduta, impede que se manifeste Nora, a mulher-flor que Elodie traz de si. Ora, enquanto Simon se esmera no negócio, apaixona-se por Elodie - com tal entusiasmo que deixa escapar Norbert, levando finalmente a que Nora se revele…
Estilizando como referências pessoais a infância, a solidão e a inocência, a ironia simbólica e romântica de Vadot inspira-se, ao que confessa, no universo mágico do realizador Tim Burton. Quanto a Guéret, é também crítico de cinema!
CALENDÁRiO
12ABR-28MAI2016
- Em Lisboa, Casa Museu Medeiros e Almeida expõe Andar Nas Nuvens
- Duas Propostas Para Um Diálogo Entre a Terra e os Céus de
Manuel Valente Alves e Carla Cabanas, sendo comissária Margarida
Medeiros. IMAG.398
1922-20ABR2016
- Guy Hamilton: Cineasta britânico, realizador da série James
Bond entre Contra Goldfinger (1964) e O Homem da
Pistola Dourada (1974) - «Eu tinha uma ideia muito clara do que
queria fazer… Se gastarmos um milhão de dólares, tem de se ver no
ecrã».
1958-21ABR2016
- Prince Rogers Nelson, aliás Prince: Músico americano, compositor,
letrista, multi-instrumentista, cantor, produtor, cineasta e actor,
autor de Around the World In a Day (1985) - «A vida é apenas
uma festa, e as festas não foram feitas para durar». IMAG.92-174
26ABR-26OUT2016
- Castelo de Belmonte apresenta O Novo Mundo e a Palavra -
exposição da Carta original que Pêro Vaz de Caminha
escreveu a El-Rei D. Manuel I, sobre o «achamento desta vossa terra
nova» (Brasil, 1500). IMAG.33-48-302-348
28ABR-26AGO2016
- Bedeteca da Amadora expõe As Jóias
da Bedeteca - Uma Mostra da Arte Original No Acervo da Bedeteca da
Amadora.
27MAI-12JUN2016
- Em Beja, decorre o XII Festival Internacional de Banda Desenhada,
sendo director Paulo Monteiro. IMAG.36-250-305-416-514-568
Não
sou um autor de farsas, mas um autor de tragédias. E a vida não é
uma farsa, é uma tragédia. O aspecto trágico da vida está
precisamente nessa lei a que o homem é forçado a obedecer, a lei
que o obriga a ser um. Cada qual pode ser um, nenhum, cem mil, mas a
escolha é um imperativo necessário.
Luigi
Pirandello
VISTORiA
Mas
eu aborreço-me, meu caro senhor, aborreço-me. A solidão, para mim…
pois é, em suma, eu cansei-me. Tenho muitos amigos; mas, acredite,
não é nada bom, com certa idade, a pessoa ir para casa e não
encontrar ninguém. Sim! Há quem o compreende e há quem não o
compreende, meu caro senhor. Quem o compreende está muito pior,
porque, no fim, caso se veja sem energias e sem vontade, quem o
compreende, com efeito, diz: «Eu não devo tentar isto, eu não devo
tentar aquilo, para não fazer esta ou aquela asneira». Muito bem!
Mas, a certa altura, percebe que a vida toda é uma asneira; e, aí,
diga lá, o que significa não ter feito nenhuma asneira? Significa,
no mínimo, não ter vivido, meu caro senhor…
Luigi
Pirandello
-
O Falecido Mattia Pascal
Um
dos aspectos simbólicos das mais altas tradições peninsulares é o
cuspir no chão. «Se proibe escupir en el suelo», «É proibido
cuspir no chão» - são dísticos que não dei fé de ver afixados
em quaisquer outros idiomas senão nos de Camões e de Cervantes. E
diz-nos uma correspondente: «Na Suíça não há escarradores». A
simples necessidade de fazer, por habitante, uma «capitação» da
saliva é, por si, um sintoma de que permanecemos fiéis a uma
histórica herança de nossos maiores.
Há
tempo fez-se, ingenuamente, a campanha de «engolir em seco».
Chegou-se a pôr um polícia na estação do Rossio, de guarda ao
cuspo. Passado, porém, certo tempo, o caso esqueceu, como os enredos
dos filmes de cinema. E o polícia foi o primeiro a cuspir, num
hábito puramente profissional.
Leitão
de Barros
-
Corvos
MEMÓRiA
28JUN1867-1936 - Luigi Pirandello: Ficcionista, poeta e dramaturgo siciliano, distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (1934) - «O campo [da consciência individual] está aberto a todas as suposições. O intelecto adquiriu uma extraordinária mobilidade. Ninguém consegue estabelecer um ponto de vista firme e indestrutível» (1893). IMAG.110-112-165-223-470-484-500-590
1896-29JUN1967
- José Júlio Marques Leitão de Barros, aliás Leitão de Barros:
Escritor, artista plástico e cineasta português - «E o milagre aí
anda, vivo, humano e ignorado, entre vocês…».
IMAG.68-76-78-82-94-95-103-115-130-154-161-164-175-180-221-222-227-232-239-242-245-269-297-307-327-370-395-436-500-583-601-606
GALERiA
O
Novo Mundo e a Palavra
A
exposição da Carta a El-Rei Dom Manoel Sobre o Achamento do
Brasil, de Pêro Vaz de Caminha, está patente na Sala Pedro
Álvares Cabral, no Castelo de Belmonte, na Beira Baixa. Esta é a
primeira vez, em Portugal, que a Carta é exposta ao público
fora da Torre do Tombo, em Lisboa, tendo sido escolhida a vila de
Belmonte, no distrito de Castelo Branco, no leste de Portugal, por
ser a terra natal de Pedro Álvares Cabral, que capitaneou a esquadra
que descobriu a costa brasileira, em Abril de 1500. A Carta de
Pêro Vaz de Caminha é um documento classificado como Património
Nacional, inscrito pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura / UNESCO, no Registo da Memória do
Mundo, que apenas saiu uma vez de Lisboa, para o Brasil, no âmbito
das comemorações do 5.º centenário do seu descobrimento. Em
comunicado, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo / ANTT, a cujo
espólio pertence o manuscrito, refere que este documento «assinala
um momento singular da História».
Após ter-se avistado terra e os portugueses desembarcado em solo a que chamaram inicialmente Terra de Vera Cruz, Pedro Álvares Cabral mandou o seu escrivão redigir o documento para informar o rei D. Manuel I do achamento de novas terras, tendo seguido para Lisboa numa nau comandada por Gaspar de Lemos. «O que se encontra neste documento burocrático, e que se insere na tradição dos cronistas medievais portugueses, é a descoberta do outro, que aqui transcende os cânones a que relatos de viagens, bestiários e outras efabulações habituaram os europeus, desde a decadência do Império Romano e da emergência das forças muçulmanas no sul da Europa», acrescenta o ANTT. «Não se trata de um relato de viagem, uma narrativa de um conjunto de peripécias com um fim e uma moral adjacentes, nem uma tentativa de exaltar os autores da gesta ou o seu suserano, nem ainda uma tentativa de relevar uma qualquer supremacia tecnológica ou racial». A carta foi escrita em Porto Seguro, sendo datada de 1 de Maio de 1500 - alguns dias após a chegada dos portugueses, e de ter sido celebrada a primeira missa em território sul-americano - por Pêro Vaz de Caminha, de quem se sabe pouco, além da origem fidalga e de ter sido escrivão e vereador na Câmara do Porto, que, com o cosmógrafo Mestre João, descreveu a chegada, a paisagem e as gentes que o habitavam. Graças à colaboração de Mestre João, neste documento surge pela primeira vez sinalizada a constelação estelar Cruzeiro do Sul, que pontifica hoje na bandeira nacional daquele país de Língua Portuguesa.
Após ter-se avistado terra e os portugueses desembarcado em solo a que chamaram inicialmente Terra de Vera Cruz, Pedro Álvares Cabral mandou o seu escrivão redigir o documento para informar o rei D. Manuel I do achamento de novas terras, tendo seguido para Lisboa numa nau comandada por Gaspar de Lemos. «O que se encontra neste documento burocrático, e que se insere na tradição dos cronistas medievais portugueses, é a descoberta do outro, que aqui transcende os cânones a que relatos de viagens, bestiários e outras efabulações habituaram os europeus, desde a decadência do Império Romano e da emergência das forças muçulmanas no sul da Europa», acrescenta o ANTT. «Não se trata de um relato de viagem, uma narrativa de um conjunto de peripécias com um fim e uma moral adjacentes, nem uma tentativa de exaltar os autores da gesta ou o seu suserano, nem ainda uma tentativa de relevar uma qualquer supremacia tecnológica ou racial». A carta foi escrita em Porto Seguro, sendo datada de 1 de Maio de 1500 - alguns dias após a chegada dos portugueses, e de ter sido celebrada a primeira missa em território sul-americano - por Pêro Vaz de Caminha, de quem se sabe pouco, além da origem fidalga e de ter sido escrivão e vereador na Câmara do Porto, que, com o cosmógrafo Mestre João, descreveu a chegada, a paisagem e as gentes que o habitavam. Graças à colaboração de Mestre João, neste documento surge pela primeira vez sinalizada a constelação estelar Cruzeiro do Sul, que pontifica hoje na bandeira nacional daquele país de Língua Portuguesa.
NL
// MAG - Lusa (excerto/adaptação)
BREVIÁRiO
Relógio D’Água edita De
Quanta Terra Precisa o Homem de Lev/Leon Tolstoi
(1828-1910); tradução de Nina e Filipe Guerra.
IMAG.56-194-299-305-358-363-444-506-515-527-593-602
Casa das Letras edita A Estrada dos Silêncios de Carlos Vale
Ferraz / Carlos Matos Gomes. IMAG.3-197
Distrijazz
edita em CD, Dino Saluzzi:
Imágenes - Music For Piano por
Horacio Lavandera.
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