quinta-feira, maio 19, 2016

IMAGINÁRiO #610

José de Matos-Cruz | 08 Maio 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

FÓRMULAS
No último quartel do Século XX, o cinema sob chancela de Hollywood assumiu profundas mutações, marcadas pela evolução e a sobrevivência. Além de um olhar já harmonizado pelo espectáculo virtual, entre o grande e o pequeno ecrãs, tal sucessão mediática processou-se numa expressão híbrida quanto a temas ou géneros, tendo em vista um agrado espontâneo por toda a gente. Em paralelo, diluiu-se o carácter das personagens e a carisma dos intérpretes. Graças à comédia - com fascínio, conflitos e o inevitável epílogo moral ou reconciliatório - a indústria artística mantém a tradição, o espectáculo continua e o público sabe o que o espera. Na constante exploração de implicações recentes, dos fenómenos de moda, Hollywood recorre, inevitavelmente, aos processos de reciclagem temática, ou formal. Considerando, também, as fórmulas em que triunfou, tradicionalmente; e os actuais factores de ressurreição - investindo nas virtualidades da ficção, na simpatia dos intérpretes, nas potencialidades de vanguarda… Uma das vertentes mais sugestivas da comédia, como género primordial do cinema americano, o humor entrou em declínio pelo início dos anos ’80. Motivos principais: o desaparecimento de artistas que fizeram história (logo um genial Jerry Lewis); e o desvio para outros estilos (como o inconfundível Woody Allen), ou modelos (assim o extravagante Dan Aykroyd).

CALENDÁRiO

07MAR-22ABR2016 - Em Lisboa, Espaço Chiado 8 - Arte Contemporânea expõe Mauro Cerqueira e Musa Paradisíaca [Miguel Ferrão e Eduardo Guerra] Na Colecção António Cachola, sendo curador Delfim Sardo. IMAG.349

1944-09MAR2016 - Juvenal de Holanda Vasconcelos, aliás Naná Vasconcelos: Percussionista brasileiro, por oito vezes considerado «o melhor do mundo» (DownBeat) - «A minha maneira de pensar a música vai continuar viva depois de mim».

11MAR-13JUN2016 - No Centro de Arte Moderna/CAM, em Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian expõe Echolalia - quatro instalações de Ana Torfs (Bélgica), sendo curadora Caroline Dumalin.

12MAR-02ABR2016 - Em Lisboa, Livraria Sá da Costa apresenta Contraluz - exposição de pintura de Pedro Homem de Mello.

17MAR-13MAI2016 - No Estoril, Espaço Memória dos Exílios apresenta Israel Sketchbook de Ricardo Cabral; exposição de trinta quadros com desenhos sobre a obra lançada em 2009 por Edições Asa, em organização da Câmara Municipal de Cascais, com a Fundação D. Luís I e a Embaixada de Israel em Portugal. IMAG.185-340-378-393-424-430-539-589

02ABR-02OUT2016 - Em Vila Franca de Xira, Museu do Neo-Realismo expõe Os Ciclos do Arroz, sendo curador João Madeira; sobre as mulheres e o trabalho em terras alagadas, numa experiência colectiva, realizada em 1953, entre escritores e artistas plásticos, com a participação de Alves Redol, Júlio Pomar, Cipriano Dourado, Lima de Freitas, António Alfredo e Rogério Ribeiro.

INVENTÁRiO

Um alienígena é enviado à Terra para determinar um meio de vencer a crise de energia que afecta o seu planeta, pondo em risco a sobrevivência dos habitantes. Isolado, anónimo, procura garantir influências, graças ao superior conhecimento tecnológico, através de patentes que revolucionarão o sistema de produção americano e as estratégias económicas internacionais. A fama e o poder tornam-no, porém, cativo duma existência fantomática e incorruptível, enfrentando ainda a reacção de corporações rivais e da política dominante… Adaptação de um romance por Walter Trevis, O Homem Que Veio do Espaço/The Man Who Fell to Earth (1976) de Nicolas Roeg é um clássico do cinema de ficção científica, com perturbadoras implicações alegóricas e visionárias sobre a realidade mundial nos anos ’70 do Século XX, e uma projecção futurista quanto aos desígnios da aventura humana. A narração sincopada, o espectáculo crepuscular, convergem numa dimensão estética e simbólica assumida pelo protagonista David Bowie (1947-2016) - ícone sofisticado e virtual, entre o mito da eterna juventude e a nostalgia da essência original. IMAG.194-223-232-292-333-338-488-600-609

MEMÓRiA

12MAI1907-2003 - Katharine Houghton Hepburn, aliás Katharine Hepburn: Actriz americana - «A ambição média das estrelas de Hollywood é ser admirada por um americano, cortejada por um italiano, casada com um inglês e ter um namorado francês». IMAG.27-160-274-290-318-424

15MAI1567-1643 - Claudio Giovanni Antonio Monteverdi, aliás Claudio Monteverdi: Compositor italiano, maestro e cantor - «Os maiores compositores sempre tenderam a aparecer no final de um período artístico, quando as técnicas se estabilizam e a estética musical que as rodeia se torna mais ou menos estável. Talvez o mais extraordinário, quanto a Monteverdi, seja ele ter-se revelado um mestre tão completo quando ainda se forjava um novo estilo musical - um estilo que representaria, em grande medida, uma completa rotura com o passado… Há pouquíssimos compositores que, como ele, prenunciaram tanto do que estava por vir, e ainda viveram o suficiente para realizar as suas próprias profecias» (Raymond Leppard). IMAG.134-211-265-279-444

TRAJECTÓRiA

Compositor italiano do final do Renascimento. Nasceu em 1567, em Cremona, no Ducado de Milão, e morreu em 1643, em Veneza. Foi o grande impulsionador da ópera, para além de introduzir um novo espírito na música religiosa. Começou a estudar música com o diretor musical da Catedral de Cremona, Marcantonio Ingegneri, revelando-se um excelente aluno. Pouco depois, o livreiro mais famoso de Veneza publicou os seus dois primeiros livros de madrigais. Em 1590, ficou ao serviço do duque de Mântua, Gonzaga, tendo ocupado esse cargo durante vinte anos.
Monteverdi mostrou como a filosofia da sua música poderia ser utilizada na composição de pequenas áreas, de duetos e de ensembles, e de como seria possível uni-la com a expressividade recitativa, menos em voga no início do século XIX. Os seus trabalhos mais importantes incluem as óperas La Favola d'Orfeo (1607), Il Ritorno di Ulisse in Patria (1641) e L'Incoronazione di Poppea (1642); e as composições dramáticas Il Ballo delle Ingrate (1608), Tirsi e Clori (1616) e La Vittoria d'Amore (1641).

GALERiA

Contraluz – Pedro Homem de Mello
Se a principal – senão única – fonte de inspiração do artista tem sido a natureza, a imensa, belíssima e multifacetada riqueza das plantas e das flores, não é menos verdade que na sua pintura o modelo é retratado em suspensão, hierático, como se o movimento, o tempo, se tivessem evadido do espaço pictórico, sugerindo-nos, por vezes, um jardim plantado num planeta desprovido de atmosfera. Essa mesma característica manifestava-se já nas obras mais antigas, quando as paisagens eram emolduradas em ambientes de sabor surrealizante – a exuberância e riqueza cromática das pinturas era enquadrada numa grelha geométrica rigorosa, que funcionava como seu alter-ego. A dualidade entre o rigor geométrico conceptual e a espontaneidade do mundo natural são ainda visíveis nas pinturas actuais, apesar da rarefacção de elementos a que estas obras foram sujeitas. Em algumas das obras mais recentes – nomeadamente a série Ikebana Lusitana – Pedro Homem de Mello recupera o cromatismo e o lirismo suave da arte popular portuguesa, sobretudo de algumas zonas do Norte de Portugal, imprimindo-lhe uma rigorosa abstracção e síntese geométrica.
José Sousa Machado

BREVIÁRiO

Universal edita em CD, sob chancela Decca, Alexander Scriabin [1872-1915]: The Complete Works. IMAG.534

Dom Quixote edita Bichos de Miguel Torga (1907-1995). IMAG.21-142-165-168-217-261-288-307-342-352-499-538

Delphian edita em CD, Olivier Messiaen [1908-1992]: La Fauvette Passerinette - A Messiaen Premiere With Birds, Landscapes and Homages pelo pianista Peter Hill. IMAG.213-228-235-282-304-367-421-451

Relógio D’Água edita A Conquista da Felicidade de Bertrand Russell (1872-1970); tradução de José António Machado. IMAG.261-371-573

Relógio D’Água edita Carta a Um Refém de Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944); tradução de Júlia Ferreira e José Cláudio. IMAG.88-243-280-351-405-476

EXTRAORDINÁRiO

OS ALTERNATIVOS – Folhetim Aperiódico

QUANDO ME ENTERNEÇO EM VÃO, DESAPAREÇO - 5
Ora, a Chiba porfiava sempre à coca.
Enciumada, foi esticando a vista, até ficar de olhos em bico, pois que lhe estavam a molhar a doca. Podia lá ser!
Cata-lhe a caspa, antes qu’escape…
Por fim, a Chiba foi-se à borrasca - picou-o todo, deixando Petisco a parecer uma varicela póstuma.
Continua

Sem comentários:

Enviar um comentário