José
de Matos-Cruz | 01 Maio 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
ORIGENS
Historicamente, a banda desenhada impôs-se ao cinema como uma inspiração e uma referência, a que Hollywood raras vezes correspondeu, mas sempre privilegiou. No caso dos super-heróis clássicos, sobressaem sagas como X-Men. Criados por Stan Lee (argumento) & Jack Kirby (ilustração) em 1963, a cargo dos Marvel Comics, os X-Men intervêm numa realidade como a nossa. Tudo se passa nesta actualidade. Uma sociedade em que o fenómeno genético está em alteração. Um tempo de desafios e transformações. A humanidade enfrenta uma misteriosa subespécie dotada com poderes estranhos e terríveis. Ocultos entre a população, eles são temidos e odiados. Então, dois homens excepcionais assumem o desígnio de salvaguardarem as mentes e os corações dos jovens mutantes. Um deles, o Professor Charles Xavier torna-se mentor de discípulos como Cyclops, Jean Grey e Beast, os chamados X-Men. Mas outros há que ainda não estão na sua Escola - como Ororo Munroe, ou um mais perigoso, Logan/Wolverine. Entretanto, um terrorista conhecido por Magneto organiza a Brotherhood, um grupo militante que afrontará a autoridade estabelecida…
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ORIGENS
Historicamente, a banda desenhada impôs-se ao cinema como uma inspiração e uma referência, a que Hollywood raras vezes correspondeu, mas sempre privilegiou. No caso dos super-heróis clássicos, sobressaem sagas como X-Men. Criados por Stan Lee (argumento) & Jack Kirby (ilustração) em 1963, a cargo dos Marvel Comics, os X-Men intervêm numa realidade como a nossa. Tudo se passa nesta actualidade. Uma sociedade em que o fenómeno genético está em alteração. Um tempo de desafios e transformações. A humanidade enfrenta uma misteriosa subespécie dotada com poderes estranhos e terríveis. Ocultos entre a população, eles são temidos e odiados. Então, dois homens excepcionais assumem o desígnio de salvaguardarem as mentes e os corações dos jovens mutantes. Um deles, o Professor Charles Xavier torna-se mentor de discípulos como Cyclops, Jean Grey e Beast, os chamados X-Men. Mas outros há que ainda não estão na sua Escola - como Ororo Munroe, ou um mais perigoso, Logan/Wolverine. Entretanto, um terrorista conhecido por Magneto organiza a Brotherhood, um grupo militante que afrontará a autoridade estabelecida…
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CALENDÁRiO
04MAR-19JUN2016 - Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga/MNAA expõe, na Sala do Tecto Pintado, O Tesouro da Rainha Santa - Imagem e Poder, sendo curadora Luísa Penalva. IMAG.305-569
1929-05MAR2016 - Johann Nikolaus Graf de la Fontaine und d'Harnoncourt-Unverzagt, aliás Nikolaus Harnoncourt: Maestro austríaco - «Alguém que foi verdadeiramente um portador de luz sobre a arte de interpretar a música erudita da tradição ocidental» (Bernardo Mariano).
03JAN1926-08MAR2016 - George Henry Martin, aliás George Martin: Músico inglês, compositor e maestro, produtor discográfico de The Beatles - «Obrigado por todo o teu amor e amabilidade» (Ringo Starr). IMAG.153
10MAR2016 - NOS Audiovisuais estreia O Amor É Lindo… Porque Sim! de Vicente Alves do Ó; com Maria Rueff e André Nunes. IMAG.353-399
15MAR-28MAI2016 - Em Lisboa, Perve Galeria expõe O Som da Criação - Pinturas Sonoras de Beezy Bailey (África do Sul) e Brian Eno (Reino Unido); em tributo a David Bowie, sendo curadores Luca Berta e Francesca Giubilei. IMAG.194-223-232-292-333-338-488-600
VISTORiA
Naquele dia, que nunca esqueci,
Parti de casa ao lado de meu pai.
Minha mãe soluçava!… «Filho, vai,
Que eu ficarei rezando a Deus por ti.»
…Manhã de Maio… Adeus, oh! bem querida
Aldeia carinhosa onde eu nasci…
Mares e grandes terras percorri,
Sempre lembrando aquela despedida.
E anos passaram… Lutas, ansiedades,
E ela sempre dizendo: «Filho meu,
Volta, vem mitigar minhas saudades!
Vem descansar aqui, perto de mim.»
E eu não voltei… E minha mãe morreu
Saudosa, me esperando até ao fim!
Cruz d’Alva (Aristides de Matos-Cruz)
- Saudades (São Paulo - Brasil, 1956)
VISTORiA
À medida que me elevava, a ascensão entrava a dificultar-se; folhas em tufos compactos prendiam-me os cabelos, os ramos oscilavam sob o peso do meu corpo, e de quando em quando soavam estalidos ameaçadores. Mas via já bem o ninho de águia; primeiro um alicerce de quatro ou cinco ramos de sobro, cruzados; depois um leito de folhas secas e pequenas hastes; sobre o leito folhas macias de trevos, de tamujes e fenos – e, forrando delicadamente o estojo, uma colcha de penugens brancas que a águia arrancava do peito, nos seus transportes de mãe. Com insano trabalho cheguei-lhe ao pé. Pulava-me o coração no peito, e qual não foi a minha alegria ao ver aconchegadas no ninho, uma de encontro à outra, adormecidas e tremendo de frio, duas aguiazinhas implumes, disformes ainda, mas de vigorosas proporções! Cerrara-se de todo a noite. Um claro luar com reflexos metálicos atravessava as vaporizações do arvoredo, penetrando-as de uma poeira de átomos cintilantes. Nas faias da ribeira, os rouxinóis faziam jogos florais arremessando-se os sonetos mais rítmicos; o veio cristalino dos regatos ia contando às folhagens húmidas dos balseiros e canaviais uma lenda antiga de fadas azuis e tesouros mouriscos, narrativa muito em segredo, ente murmúrios de beijos que ao longe mansamente se perdiam.
Dava trindades o sino da aldeia – e as aspirações pairavam naquele calado ar em que borboletas negras saltitavam, traçando sinais de mulheres predestinadas. A lua, na tela do céu esmaiado, lembrava, com as suas ranhuras, a máscara da comédia de uma ópera cómica, que a luz da ribalta ilumina. Ergui os olhos – acabava de ouvir um grito. Vi a águia pairar um momento por sobre a minha cabeça, de asas abertas, cujas rémiges em cutelo siflavam como velas de um moinho em actividade. Depois aquele vulto negro desceu perpendicularmente, raivoso da minha audácia e estendendo o bico de gumes curvos, para me ferir. Agarrado à corda dei um salto, abandonando o ninho, e fiquei suspenso na árvore um instante, a dez metros do chão pedregoso, batendo os dentes de terror. Que fazer? A corda por curta não chegava ao chão. Deixar-me cair era morrer. De repente, porém a enorme pernada dá um estalido seco, houve um atrito de folhas e lentamente vim baixando. Quando pousei no chão, com os dois filhos da águia no peito da camisola e a navalha nos dentes, senti um prazer sem limites. Tinha destruído uma felicidade e praticado a façanha de subir à azinheira, sem outro auxílio mais do que uma pequena corda nodosa e fina. Levaria os implumes para a herdade e criá-los-ia com carne e sangue fresco de cordeiro. E eles cresceriam, alcançando as poderosas formas dos pais – bico adunco e córneo, a terrível garra contráctil, simetria elegante nas asas, que um jogo muscular movimenta com inexplicável destreza. E pertencer-me-iam, estariam na gaiola por minha vontade, comeriam se eu quisesse. Esta ideia de ter alguém sob a minha obediência encheu-me de orgulho. Podia fazer mal sem ter medo das queixas que arrancasse. E vinham-me tendências para oprimir, para espicaçar, para expor à tortura. Também meu pai me batia! que sofressem! Na azinheira a águia ia de ramo em ramo, soltando, a cada investigação inútil, o seu grito melancólico. Corria as árvores próximas, voejava quase à flor do terreno, batendo com as asas dos tojais da selva, e indo em todos os sentidos como alucinada. Depois abriu as asas horizontalmente com um pulo, susteve-se nas penas como um pára-quedas, e com firmeza cortou o ar obliquamente subindo à região das nuvens. De quando em quando, na calada do campo morto, o seu grito de mãe roubada ouvia-se na escuridade, como o silvo de um barco em perigo que pede socorro.
Fialho de Almeida
- O Ninho de Águia (Vila de Frades, 1881 - excerto)
MEMÓRiA
06MAI1897-1985 - Arpad Szènes: Artista plástico húngaro, nascido em Budapeste, casado com Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) em 1930 - um dos mais significativos representantes da Escola de Paris dos anos ’40 do Século XX. IMAG.39-134-162-486-490-499-500-502-567-603
07MAI1857-1911 - José Valentim Fialho de Almeida: Escritor e jornalista português, autor de Carta a D. Luís Sobre as Vantagens de Ser Assassinado - «Civilizado ou embrutecido, todo o homem é presa de duas forças rivais que constantemente se investem e disputam primazias. Uma, que o reporta ao passado e lhe transmite por hereditariedade as ideias, hábitos e modos de ser e de ver dos antecessores. Outra, evolutiva, que adapta o indivíduo aos meios novos, e não cuida senão de o renovar e transformar rapidamente. A vida humana não é mais que o duelo entre duas forças antagónicas».
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Aristides de Matos-Cruz, aliás Cruz d’Alva: Escritor português, ficcionista e poeta, radicado no Brasil, autor de A Ilha da Esperança (1944), Vida Nova (1952), Saudades (1956) ou A Caridade (1957). IMAG.156
BREVIÁRiO
Relógio D’Água edita Balada da Praia dos Cães (1982) de José Cardoso Pires (1925-1998); prefácio de António Lobo Antunes. IMAG.53-200-226-227-314-366-367-533-581-602
Dom Quixote edita Dom Quixote de la Mancha de Miguel de Cervantes (1547-1616); tradução de Miguel Serras Pereira. IMAG.25-38-79-92-103-349-503-559
Alêtheia edita O Egipto - Notas de Viagem de Eça de Queiroz (1845-1900) IMAG.14-19-52-60-90-101-148-165-178-199-203-205-214-275-287-313-342-394-434-470-483-532-540-554-593
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