José de Matos-Cruz | 01
Agosto 2016 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
REMINISCÊNCIAS
Ao longo de décadas, considerou-se que o primeiro Green Lantern da Terra apareceu no
Universo dos DC Comics, durante a Época de Ouro. Afinal, o futuro também serve
para corrigir a história, quando às virtualidades do passado. Nesta
actualidade, é revelado que, antes de Alan Scott ter combatido os nazis,
durante a II Guerra Mundial, um outro Green Lantern fez cintilar a luz
esmeralda - em plena China
feudal, pelo ano 660 dC. Tão misterioso herói surge em Dragon Lord (2001) - um tríptico excitante e
perturbador, concebido por Doug Moench, para ilustração de Paul Gulacy &
Joseph Rubinstein.
Não se trata de mais um capítulo de Elsewords - especulando incidências apócrifas ou alternativas à
versão oficial das sagas - mas de um reenquadramento épico sobre Green Lantern, através do qual desponta
Jong Li. Um eleito místico, membro do Último Templo dos Lordes-Dragões, que
dedicou a sua vida à solidão, ao recolhimento interior. Até que adquire,
subitamente, um poder sobrenatural, com a visita e a dádiva de um alienígena
Green Lantern. Jong Li terá, pois, que decidir entre o heroísmo humano e a
devoção celestial… IMAG.370
CALENDÁRiO
¸1923-07MAR2015 - Maria de Lurdes Dias Costa, aliás Bárbara
Virgínia: Actriz e cineasta portuguesa (Três
Dias Sem Deus - 1946), radicada no Brasil - «A importância [da sua] obra na
história do cinema português é grande, não só por ser a primeira [de] ficção
realizada por uma mulher, como pelo facto de ter sido a única produção feminina
até 1976» (Olhares do Mediterrâneo -
Cinema No Feminino).
¸1922-07JUN2015 - Christopher Frank Carandini Lee, aliás Christopher
Lee: Actor inglês do cinema internacional, consagrado em filmes fantásticos e
de terror, em especial interpretando o Conde Drácula - «Sou alto, carismático e
assustador».
®1960-09JUN2015
- Nuno Jorge Lopes de Melo Cardoso,
aliás Nuno
Melo: Actor português de teatro, cinema e televisão - «Era muito afirmativo, mas ao mesmo tempo
muito receoso. Tinha ali uma fragilidade que me encanta. Impunha-se à bruta, ao
mesmo tempo que pedia carinho. Sentia-me desafiado quando trabalhava com ele»
(Jorge Silva Melo). IMAG.189-381
µ09JUN-16AGO2015 - No Porto, Galeria Municipal / Jardins do Palácio
de Cristal expõe Tesouros da Fotografia
Portuguesa do Século XIX, sendo curadoras Emília Tavares e Margarida
Medeiros. IMAG.566
¸18JUN2015 - Real Ficção produziu, e
estreia com Midas Filmes, Alto Bairro (2014)
de Rui Simões. IMAG.158-277-301-411
VISTORiA
¨Teus olhos
são suaves como
Os de uma moça, jovem forasteiro
E a curva delicada de teu belo rosto
Com sombras de penugem
Tem um perfil muito sedutor
Teus lábios cantam à minha porta
Em um idioma desconhecido
E encantador
Qual música desafinada
Entra! E que meu vinho te reanime
Mas não segues adiante
E de minha porta te vejo desaparecer
Acenando-me graciosamente
Com o quadril levemente inclinado
Pelo teu andar feminino e cansado
Os de uma moça, jovem forasteiro
E a curva delicada de teu belo rosto
Com sombras de penugem
Tem um perfil muito sedutor
Teus lábios cantam à minha porta
Em um idioma desconhecido
E encantador
Qual música desafinada
Entra! E que meu vinho te reanime
Mas não segues adiante
E de minha porta te vejo desaparecer
Acenando-me graciosamente
Com o quadril levemente inclinado
Pelo teu andar feminino e cansado
Tristan Klingsor
- Shéhérazade (excerto
- Tradução de Maria Sylvia Nunes)
COMENTÁRiO
¸François Truffaut: Em O Homem Que Sabia Demasiado, dirigiu Pierre Fresnay
e, na remake que fez muitos anos
depois, para o mesmo papel, escolheu também um actor francês, Daniel Gelin.
Porquê?
Alfred Hitchcock: Creio que
isso se deve a arranjos de produção. Eu não queria, necessariamente, um
francês. O actor que desejava em especial, e a quem fiz chamar, era Peter
Lorre, que faria o seu primeiro desempenho em Inglaterra. Acabara
de filmar M/Matou de Fritz Lang. Tinha um sentido de humor muito desenvolvido
e, como se tornava notado pelo seu longo gabão, que lhe chegava quase até aos
pés, chamavam-lhe «o Gabão ambulante».
Truffaut: O senhor
tinha visto M?
Hitchcock: Sim, mas
não me recordo muito bem. Não aparecia um homem que assobiava?
Truffaut: Sim, era
precisamente Peter Lorre! Suponho que, na época, terá visto outros filmes de
Fritz Lang: Os Espiões, O Testamento do
Doutor Mabuse…
Hitchcock: Sim. Mabuse, sim. Mas tudo isso foi há muito
tempo…
François Truffaut
- O Cinema de Alfred
Hitchcock
¢1450-AGO1516 - Jeroen Anthoniszoon van Aken, aliás Jeronimus
Bosch: Pintor e gravador flamengo, célebre pelos temas oníricos e fantásticos,
de inspiração religiosa, estilizando o tormento, o horror e a morte. IMAG.272-355
¸ 1890-02AGO1976 - Friedrich Anton
Christian Lang,
aliás Fritz Lang: Cineasta austríaco, com carreira na Alemanha e na América -
«Sou uma pessoa muito visual… Adquiro experiências com os meus olhos e,
raramente, pelos meus ouvidos». IMAG.38-93-272-301-419-501
¨ 1874-03AGO1966 - Arthur Justin Léon Leclère, aliás Tristan
Klingsor: Poeta, músico e pintor francês - «Ásia / Qual imenso pássaro nocturno
/ No céu dourado / Eu queria partir para as ilhas floridas / Ouvindo cantar o
mar perverso / Em ritmo que enfeitiça / Eu queria ver Damasco / E as cidades da
Pérsia / E seus leves minaretes no ar». IMAG.478
O 07AGO1876-1917
- Margaretha Gertruida Zelle, aliás Mata Hari: Dançarina exótica, aventureira, natural
dos Países Baixos, fuzilada por espionagem, como agente dupla de França e da
Alemanha - «Sou uma mulher que em si mesma se desfruta: umas vezes ganho,
outras perco». IMAG.35-93
ANUÁRiO
¨ 1936-2012 - Carlos Pujol: Escritor espanhol, membro permanente do
júri do Prémio Planeta - «Atrás da sua discrição e humildade, encontrávamos um
editor proeminente e enciclopedista, autor de uma poesia extensa e altamente
pessoal, um bom romancista, um excelente tradutor de clássicos e um grande
professor» (José Manuel Lara). IMAG.392
¢1946-2000 - João António da Silva Palolo, aliás António Palolo:
Artista plástico português - «Estes corpos desmaterializados, sem rosto nem
espessura, são os elementos pictóricos de um trabalho sem sentido descritivo, e
que se organiza para além do visível, em torno de um espaço cósmico feito de
enigmas e decifrações» (Maria Helena Freitas). IMAG.417
BREVIÁRiO
¨Relógio D’Água edita Contos
e Diários de Isaac Babel (1894-1940); tradução de Nina e Filipe Guerra. IMAG.419-474
Gradiva edita Logicomix - Uma Busca Épica da Verdade de
Apostolos Doxiadis e Christos H. Papadimitriou (narração) e Alecos Papadatos e
Annie Di Donna (imagem); a partir de Bertrand Russell (1872-1970). IMAG.261-371
¨ Gradiva edita José Veiga
Simão [1929-2014] - Uma Vida Vivida /
Volume I - Do Estado Novo de Salazar à Primavera Marcelista de Pedro
Vieira.
EXTRAORDINÁRiO
OS HUMANIMAIS – Folhetim
Aperiódico
JORNAL D’ONTEM, PAPÉIS VELHOS - 8
Plínio aquiesceu, com um enxuto sinal de cabeça. Aliás, poderia
bem compenetrar-se naquela conveniência sem compromisso que, entre as altas
patentes, cumpliciava uma família militar - inocentando a ambição camuflada, com o
artifício da incontinência pelo sangue. Ou, como representar uma estratégia de
parentesco aos paradoxos da hierarquia. Por isso, fora do seu berço e do seu
meio, impessoal pela carreira incerta, um volúvel Coronel evoluía no seu posto,
com as boas graças do General Silvino.
- Continua
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